Quem é Chiquinho Brazão e por que foi citado em delação sobre o assassinato de Marielle Franco


Deputado federal é irmão de Domingos Inácio Brazão, apontado por Ronnie Lessa como o mandante do crime; Chiquinho Brazão apontou ‘falta de idoneidade’ em delator

Por Rayanderson Guerra
Atualização:

RIO – Citado pelo ex-policial militar Ronnie Lessa em delação premiada à Polícia Federal (PF) que trata sobre o assassinato de Marielle Franco, o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ) é irmão do conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Inácio Brazão, apontado como mandante do crime, segundo o site The Intercept Brasil, e mantém influência em redutos da zona oeste do Rio de Janeiro.

A citação ao parlamentar foi o que motivou o deslocamento do caso do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para o Supremo Tribunal Federal (STF), segundo relatou uma pessoa com acesso ao inquérito no tribunal ao Estadão.

Deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ) Foto: Câmara dos Deputados
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O parlamentar foi procurado pela reportagem e apontou “falta de idoneidade” no relato de Lessa.

“Surpreendido por especulações que buscam lhe envolver no crime que vitimou Marielle Franco e Anderson Gomes, o deputado federal Chiquinho Brazão esclarece que seu convívio com a vereadora sempre foi amistoso e cordial, sem espaço para desavenças, uma vez que ambos compartilhavam dos mesmos posicionamentos acerca da instalação de condomínios em comunidades carentes na zona oeste do Rio de Janeiro”, disse Brazão em nota enviada à reportagem.

“A despeito das hipóteses levantadas pela mídia e da falta de idoneidade do relato de um criminoso que fez dos assassinatos sua forma de vida, coloca-se à disposição das autoridades para todo e qualquer esclarecimento, ao passo em que, com serenidade e amparado pela verdade, aguarda o esclarecimento dos fatos”, prosseguiu.

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Brazão ainda afirmou que “causa estranheza” que seu nome só tenha surgido após “muitos meses” da colaboração. O parlamentar também afirmou que delações premiadas devem indicar, desde o início, “todos os envolvidos que gozem de foro por prerrogativa de função”, o que, segundo ele, não teria acontecido. Lessa fechou acordo para delatar outros envolvidos no crime em janeiro deste ano. A homologação da colaboração foi anunciada nesta terça-feira, 19, pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

O clã político Brazão detém influência política em âmbito municipal, estadual e federal, com representantes em cargos na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), na Câmara dos Deputados, em Brasília, e no Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ).

O sucesso político dos irmãos Brazão foi construído com base no eleitorado dos bairros da zona oeste da capital fluminense. Antes de chegar ao Congresso Nacional, Chiquinho Brazão foi vereador na Câmara Municipal do Rio de Janeiro por 14 anos, entre janeiro de 2005 a fevereiro de 2019. Em 2018, foi eleito pela primeira vez à Câmara, sendo reeleito em 2022.

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As primeiras associações da família Brazão ao caso Marielle vieram à tona em 2019, quando um relatório da Polícia Federal (PF) apontou Domingos Brazão como o “principal suspeito de ser autor intelectual” dos assassinatos da vereadora e do motorista. O conselheiro do TCE sempre negou a participação no crime. Ele já havia sido denunciado pela então procuradora-geral da República Raquel Dodge, em 2019, por atrapalhar a investigação, mas a Justiça do Rio rejeitou o pedido.

Domingos Brazão ainda mantém influência política, por meio dos irmãos Chiquinho Brazão, na Câmara, e Pedro Brazão (União Brasil), deputado estadual. Em eleições passadas, chegou a emprestar o sobrenome a outros candidatos sem parentesco com ele. Outras acusações recorrentes são de ligação com milícias, que atuam em bairros onde tem muitos votos.

Em outubro do ano passado, o ex-policial militar Élcio Queiroz – o primeiro acusado a assumir a coparticipação no assassinato – citou Domingos Brazão em delação, o que fez com que o caso fosse remetido ao Superior Tribunal de Justiça.

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Deputado gasta R$ 200 mil para abastecer em posto de sócio

Como mostrou o Estadão, de 2019 a 2023, Chiquinho Brazão desembolsou R$ 200 mil de verba da Câmara abastecendo no posto de gasolina de um sócio. O deputado federal utiliza um posto de gasolina que fica a oito quilômetros do seu escritório político no Rio de Janeiro. No caminho até lá, o parlamentar passa por outros sete postos, um deles a um minuto de distância.

Posto Leiroz de sócio do deputado Chiquinho Brazão no Rio de Janeiro Foto: Reprodução Google Maps / Estadão
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Notas fiscais apresentadas na prestação de contas mostram que, além de distante do escritório político, o posto fica a 20 quilômetros de onde ele mora na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

O Posto Leiroz, usado por Brazão, está localizado no Jardim Sulacap, no Rio de Janeiro. O estabelecimento é de propriedade de Albano Gonçalves Marinho e Albano Lemos da Silva. Os dois são sócios do deputado em um outro posto de combustíveis, o Auto Posto 500, em Tingui, em Campo Grande, também na capital fluminense.

Procurado no ano passado, Brazão alegou que não tem como comprar em apenas um estabelecimento, ignorando o fato de que só utiliza o mesmo posto desde 2019. “O combustível que a gente recebe é para rodar todo o Estado, então não tem condição de só abastecer num posto. Eu abasteço onde der para abastecer”, alegou Brazão ao Estadão. “O combustível que todos os deputados têm para rodar o Estado todo. É assim que funciona. É o sistema. Não tem nada que proíba de você abastecer em qualquer posto.”

RIO – Citado pelo ex-policial militar Ronnie Lessa em delação premiada à Polícia Federal (PF) que trata sobre o assassinato de Marielle Franco, o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ) é irmão do conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Inácio Brazão, apontado como mandante do crime, segundo o site The Intercept Brasil, e mantém influência em redutos da zona oeste do Rio de Janeiro.

A citação ao parlamentar foi o que motivou o deslocamento do caso do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para o Supremo Tribunal Federal (STF), segundo relatou uma pessoa com acesso ao inquérito no tribunal ao Estadão.

Deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ) Foto: Câmara dos Deputados

O parlamentar foi procurado pela reportagem e apontou “falta de idoneidade” no relato de Lessa.

“Surpreendido por especulações que buscam lhe envolver no crime que vitimou Marielle Franco e Anderson Gomes, o deputado federal Chiquinho Brazão esclarece que seu convívio com a vereadora sempre foi amistoso e cordial, sem espaço para desavenças, uma vez que ambos compartilhavam dos mesmos posicionamentos acerca da instalação de condomínios em comunidades carentes na zona oeste do Rio de Janeiro”, disse Brazão em nota enviada à reportagem.

“A despeito das hipóteses levantadas pela mídia e da falta de idoneidade do relato de um criminoso que fez dos assassinatos sua forma de vida, coloca-se à disposição das autoridades para todo e qualquer esclarecimento, ao passo em que, com serenidade e amparado pela verdade, aguarda o esclarecimento dos fatos”, prosseguiu.

Brazão ainda afirmou que “causa estranheza” que seu nome só tenha surgido após “muitos meses” da colaboração. O parlamentar também afirmou que delações premiadas devem indicar, desde o início, “todos os envolvidos que gozem de foro por prerrogativa de função”, o que, segundo ele, não teria acontecido. Lessa fechou acordo para delatar outros envolvidos no crime em janeiro deste ano. A homologação da colaboração foi anunciada nesta terça-feira, 19, pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

O clã político Brazão detém influência política em âmbito municipal, estadual e federal, com representantes em cargos na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), na Câmara dos Deputados, em Brasília, e no Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ).

O sucesso político dos irmãos Brazão foi construído com base no eleitorado dos bairros da zona oeste da capital fluminense. Antes de chegar ao Congresso Nacional, Chiquinho Brazão foi vereador na Câmara Municipal do Rio de Janeiro por 14 anos, entre janeiro de 2005 a fevereiro de 2019. Em 2018, foi eleito pela primeira vez à Câmara, sendo reeleito em 2022.

As primeiras associações da família Brazão ao caso Marielle vieram à tona em 2019, quando um relatório da Polícia Federal (PF) apontou Domingos Brazão como o “principal suspeito de ser autor intelectual” dos assassinatos da vereadora e do motorista. O conselheiro do TCE sempre negou a participação no crime. Ele já havia sido denunciado pela então procuradora-geral da República Raquel Dodge, em 2019, por atrapalhar a investigação, mas a Justiça do Rio rejeitou o pedido.

Domingos Brazão ainda mantém influência política, por meio dos irmãos Chiquinho Brazão, na Câmara, e Pedro Brazão (União Brasil), deputado estadual. Em eleições passadas, chegou a emprestar o sobrenome a outros candidatos sem parentesco com ele. Outras acusações recorrentes são de ligação com milícias, que atuam em bairros onde tem muitos votos.

Em outubro do ano passado, o ex-policial militar Élcio Queiroz – o primeiro acusado a assumir a coparticipação no assassinato – citou Domingos Brazão em delação, o que fez com que o caso fosse remetido ao Superior Tribunal de Justiça.

Deputado gasta R$ 200 mil para abastecer em posto de sócio

Como mostrou o Estadão, de 2019 a 2023, Chiquinho Brazão desembolsou R$ 200 mil de verba da Câmara abastecendo no posto de gasolina de um sócio. O deputado federal utiliza um posto de gasolina que fica a oito quilômetros do seu escritório político no Rio de Janeiro. No caminho até lá, o parlamentar passa por outros sete postos, um deles a um minuto de distância.

Posto Leiroz de sócio do deputado Chiquinho Brazão no Rio de Janeiro Foto: Reprodução Google Maps / Estadão

Notas fiscais apresentadas na prestação de contas mostram que, além de distante do escritório político, o posto fica a 20 quilômetros de onde ele mora na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

O Posto Leiroz, usado por Brazão, está localizado no Jardim Sulacap, no Rio de Janeiro. O estabelecimento é de propriedade de Albano Gonçalves Marinho e Albano Lemos da Silva. Os dois são sócios do deputado em um outro posto de combustíveis, o Auto Posto 500, em Tingui, em Campo Grande, também na capital fluminense.

Procurado no ano passado, Brazão alegou que não tem como comprar em apenas um estabelecimento, ignorando o fato de que só utiliza o mesmo posto desde 2019. “O combustível que a gente recebe é para rodar todo o Estado, então não tem condição de só abastecer num posto. Eu abasteço onde der para abastecer”, alegou Brazão ao Estadão. “O combustível que todos os deputados têm para rodar o Estado todo. É assim que funciona. É o sistema. Não tem nada que proíba de você abastecer em qualquer posto.”

RIO – Citado pelo ex-policial militar Ronnie Lessa em delação premiada à Polícia Federal (PF) que trata sobre o assassinato de Marielle Franco, o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ) é irmão do conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Inácio Brazão, apontado como mandante do crime, segundo o site The Intercept Brasil, e mantém influência em redutos da zona oeste do Rio de Janeiro.

A citação ao parlamentar foi o que motivou o deslocamento do caso do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para o Supremo Tribunal Federal (STF), segundo relatou uma pessoa com acesso ao inquérito no tribunal ao Estadão.

Deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ) Foto: Câmara dos Deputados

O parlamentar foi procurado pela reportagem e apontou “falta de idoneidade” no relato de Lessa.

“Surpreendido por especulações que buscam lhe envolver no crime que vitimou Marielle Franco e Anderson Gomes, o deputado federal Chiquinho Brazão esclarece que seu convívio com a vereadora sempre foi amistoso e cordial, sem espaço para desavenças, uma vez que ambos compartilhavam dos mesmos posicionamentos acerca da instalação de condomínios em comunidades carentes na zona oeste do Rio de Janeiro”, disse Brazão em nota enviada à reportagem.

“A despeito das hipóteses levantadas pela mídia e da falta de idoneidade do relato de um criminoso que fez dos assassinatos sua forma de vida, coloca-se à disposição das autoridades para todo e qualquer esclarecimento, ao passo em que, com serenidade e amparado pela verdade, aguarda o esclarecimento dos fatos”, prosseguiu.

Brazão ainda afirmou que “causa estranheza” que seu nome só tenha surgido após “muitos meses” da colaboração. O parlamentar também afirmou que delações premiadas devem indicar, desde o início, “todos os envolvidos que gozem de foro por prerrogativa de função”, o que, segundo ele, não teria acontecido. Lessa fechou acordo para delatar outros envolvidos no crime em janeiro deste ano. A homologação da colaboração foi anunciada nesta terça-feira, 19, pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

O clã político Brazão detém influência política em âmbito municipal, estadual e federal, com representantes em cargos na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), na Câmara dos Deputados, em Brasília, e no Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ).

O sucesso político dos irmãos Brazão foi construído com base no eleitorado dos bairros da zona oeste da capital fluminense. Antes de chegar ao Congresso Nacional, Chiquinho Brazão foi vereador na Câmara Municipal do Rio de Janeiro por 14 anos, entre janeiro de 2005 a fevereiro de 2019. Em 2018, foi eleito pela primeira vez à Câmara, sendo reeleito em 2022.

As primeiras associações da família Brazão ao caso Marielle vieram à tona em 2019, quando um relatório da Polícia Federal (PF) apontou Domingos Brazão como o “principal suspeito de ser autor intelectual” dos assassinatos da vereadora e do motorista. O conselheiro do TCE sempre negou a participação no crime. Ele já havia sido denunciado pela então procuradora-geral da República Raquel Dodge, em 2019, por atrapalhar a investigação, mas a Justiça do Rio rejeitou o pedido.

Domingos Brazão ainda mantém influência política, por meio dos irmãos Chiquinho Brazão, na Câmara, e Pedro Brazão (União Brasil), deputado estadual. Em eleições passadas, chegou a emprestar o sobrenome a outros candidatos sem parentesco com ele. Outras acusações recorrentes são de ligação com milícias, que atuam em bairros onde tem muitos votos.

Em outubro do ano passado, o ex-policial militar Élcio Queiroz – o primeiro acusado a assumir a coparticipação no assassinato – citou Domingos Brazão em delação, o que fez com que o caso fosse remetido ao Superior Tribunal de Justiça.

Deputado gasta R$ 200 mil para abastecer em posto de sócio

Como mostrou o Estadão, de 2019 a 2023, Chiquinho Brazão desembolsou R$ 200 mil de verba da Câmara abastecendo no posto de gasolina de um sócio. O deputado federal utiliza um posto de gasolina que fica a oito quilômetros do seu escritório político no Rio de Janeiro. No caminho até lá, o parlamentar passa por outros sete postos, um deles a um minuto de distância.

Posto Leiroz de sócio do deputado Chiquinho Brazão no Rio de Janeiro Foto: Reprodução Google Maps / Estadão

Notas fiscais apresentadas na prestação de contas mostram que, além de distante do escritório político, o posto fica a 20 quilômetros de onde ele mora na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

O Posto Leiroz, usado por Brazão, está localizado no Jardim Sulacap, no Rio de Janeiro. O estabelecimento é de propriedade de Albano Gonçalves Marinho e Albano Lemos da Silva. Os dois são sócios do deputado em um outro posto de combustíveis, o Auto Posto 500, em Tingui, em Campo Grande, também na capital fluminense.

Procurado no ano passado, Brazão alegou que não tem como comprar em apenas um estabelecimento, ignorando o fato de que só utiliza o mesmo posto desde 2019. “O combustível que a gente recebe é para rodar todo o Estado, então não tem condição de só abastecer num posto. Eu abasteço onde der para abastecer”, alegou Brazão ao Estadão. “O combustível que todos os deputados têm para rodar o Estado todo. É assim que funciona. É o sistema. Não tem nada que proíba de você abastecer em qualquer posto.”

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