Saiba quem é Daniel Noboa, novo presidente do Equador, e a relação dele com o Brasil


Especialistas apontam que a eleição do herdeiro do ‘império das bananas’ é vitória da direita e pode ser um desafio para o projeto geopolítico do governo Lula

Por Isabella Alonso Panho

A eleição do novo presidente equatoriano é um desafio político para a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Daniel Noboa, empresário de 35 anos, é herdeiro de uma exportadora de bananas e venceu as eleições do Equador neste domingo, 15, com uma margem apertada, obtendo 52,1% dos votos. Ele derrotou a candidata de esquerda Luisa González, que obteve 47,9% dos votos. Ela é aliada política do ex-presidente Rafael Correa, hoje exilado.

A vitória de Noboa permeia um período conturbado da política equatoriana. Guillermo Lasso, seu antecessor, dissolveu a Assembleia e convocou novas eleições na tentativa de trancar um processo de impeachment deflagrado contra ele e manter os aliados no poder. Por isso, Noboa, recém-eleito, ficará no poder até maio de 2025, por 15 meses, quando terminaria o mandato de Lasso.

Noboa começou a fazer campanha usando um colete balístico, depois do assassinato de um dos candidatos nas vésperas do primeiro turno das eleições Foto: AP Foto/Dolores Ochoa
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Além disso, o país atravessa uma onda de violência. Um dos candidatos, Fernando Villavicencio, foi assassinado dias antes do primeiro turno, no dia 9 de agosto, na saída de um comício. Uma facção criminosa assumiu a autoria do crime, justificando que o candidato foi financiado pelo grupo e não cumpriu o combinado. Depois desse episódio, Noboa começou a fazer campanha usando um colete à prova de balas.

O recém-eleito presidente descende de uma família de empresários exportadores de banana e é filho de Álvaro Noboa – que tentou cinco vezes se eleger chefe do Executivo do Equador e foi derrotado. Na última tentativa, perdeu para Ricardo Correa, padrinho político de González, candidata vencida no último domingo.

Daniel Noboa é filho do empresário Álvaro Noboa, que disputou cinco vezes as eleições do Equador  Foto: GUILLERMO GRANJA / REUTERS
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Um dos rótulos explorados por Noboa na campanha é o de outsider (pessoa que está “de fora” da política institucional), estratégia que, no Brasil, consagrou nomes como João Doria, ex-governador de São Paulo pelo PSDB. Antes de tentar a presidência, Daniel Noboa foi deputado e apoiou a dissolução da Assembleia Nacional feita por Lasso.

Daniel Noboa é de direita ou esquerda?

A orientação política de Noboa é uma das maiores preocupações para o governo brasileiro. No curso da campanha, ele se apresentou como um candidato de centro-esquerda, mas no cenário político ele é avaliado de outra forma. Analistas equatorianos posicionam o presidente eleito na centro-direita.

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O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e cientista social Eduardo Grin corrobora com a análise e afirma que as origens políticas e as posições de Noboa o colocam à direita. “Ele (Noboa) se apresentou como centro-esquerda para cooptar votos do correísmo (de Ricardo Correa), mas é alinhado com a direita equatoriana.” Para o professor, dois elementos fortes para sinalizar essa classificação são a proximidade com Lasso e a forma como o recém-eleito presidente lida com a pauta de segurança pública.

Especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que Noboa é um candidato com propostas de direita Foto: MARCOS PIN / AFP

Mayra Goulart, professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada (Lappcom) analisa que a plataforma ambígua de Noboa facilita a formação de maiorias no governo, distanciando-o da crise enfrentada pelo seu antecessor.

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“O caso do Equador é interessante para demonstrar a importância de formar frentes amplas no governo, pois o Legislativo é muito fragmentado. O partido de Noboa só tem 12 cadeiras na Assembleia. Como a plataforma dele é ambígua, talvez consiga formar essa frente ampla”, disse a pesquisadora.

Na economia, Goulart explica que as propostas de Noboa se distanciam da esquerda correísta. “Ele enfatiza a responsabilidade social das empresas, usando a lógica do princípio da subsidiaridade, que transfere a lógica do público para o privado. A principal proposta de ativação econômica de Noboa, que é a redução dos tributos, é muito tradicional no liberalismo econômico”, afirmou.

Um dos candidatos dessas eleições do Equador, Fernando Villavicencio, foi assassinado dias antes do primeiro turno Foto: AP Foto/Carlos Noriega
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Na questão da segurança pública, nuclear nas eleições do Equador, Goulart avalia que “a solução que ele oferece é muito clássica da direita, que é o aumento do punitivismo”. “Noboa tem uma ideia ousada de separar os presos mais perigosos, colocando-os em barcos no mar.” Para a pesquisadora, o novo presidente do Equador só se separa da direita nas pautas de costumes, que não têm viés conservador na sua plataforma de campanha.

Grin avalia que Noboa é um candidato populista, trabalhando a campanha em cima de “propostas muito afinadas com o que a população quer escutar, mas não necessariamente capazes de serem implementadas”. Para o cientista político, também há o apelo a um “salvacionismo” e a construção de um “personagem midiático, jovem, bem-sucedido, o que, por si só, não muda a conjuntura do Equador”.

A candidatura de Noboa foi construída usando o rótulo de 'outsider' da política Foto: AP Foto/Carlos Noriega
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Vitória de Noboa ameaça influência do Brasil na América Latina

Nesta segunda-feira, 16, Lula parabenizou Noboa pela vitória e se colocou à disposição para o diálogo. “Meus desejos de saúde e sucesso no seu futuro mandato. Expresso minha disposição de seguir trabalhando pelo bem-estar dos nossos povos, tradicionalmente amigos, de aprofundar as relações bilaterais e de atuar pelo desenvolvimento da América do Sul”, escreveu o presidente nas redes sociais.

A vitória do novo presidente do Equador, no entanto, acende um alerta para o governo brasileiro, ameaça a influência do País na América Latina e impõe um desafio à geopolítica da gestão petista. “Junto com a eleição da Argentina, isso (a eleição de Noboa) compõe um cenário preocupante para o governo brasileiro, que tem uma expectativa de ampliar sua influência na América do Sul”, afirmou o cientista político Eduardo Grin. Para ele, porém, é cedo para caracterizar uma nova onda da direita.

No final deste mês, a Argentina elegerá seu novo presidente. Javier Milei, candidato libertário, antagoniza com o governista Sergio Massa.

No cenário brasileiro, políticos de direita parabenizaram Noboa pela vitória no Equador. “Ele derrotou a candidata do Foro de São Paulo apoiada por Rafael Correa, hoje impossibilitado de sair da Bélgica devido à condenação de oito anos de cadeia por corrupção no Equador”, disse o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

O ex-juiz da Lava Jato e hoje senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) parabenizou Noboa e disse que a sua eleição atingiria Lula, pela derrota de uma adversária de esquerda. “A candidata de Rafael Correa, o amigo de Lula, foi derrotada nas urnas. Um bom sinal.”

Opositor do governo e presidente nacional do Progressistas, o senador Ciro Nogueira (PI) caracterizou a eleição de Noboa como parte de uma “onda de realismo” na América Latina. “Vão dizer: uma onda conservadora na AL. Ou no mundo. É uma onda de realismo. Como no Equador, o eleitor vai se perguntar: minha vida melhorou ou piorou com a esquerda? A resposta será a mudança”, disse o parlamentar no X (antigo Twitter).

A eleição do novo presidente equatoriano é um desafio político para a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Daniel Noboa, empresário de 35 anos, é herdeiro de uma exportadora de bananas e venceu as eleições do Equador neste domingo, 15, com uma margem apertada, obtendo 52,1% dos votos. Ele derrotou a candidata de esquerda Luisa González, que obteve 47,9% dos votos. Ela é aliada política do ex-presidente Rafael Correa, hoje exilado.

A vitória de Noboa permeia um período conturbado da política equatoriana. Guillermo Lasso, seu antecessor, dissolveu a Assembleia e convocou novas eleições na tentativa de trancar um processo de impeachment deflagrado contra ele e manter os aliados no poder. Por isso, Noboa, recém-eleito, ficará no poder até maio de 2025, por 15 meses, quando terminaria o mandato de Lasso.

Noboa começou a fazer campanha usando um colete balístico, depois do assassinato de um dos candidatos nas vésperas do primeiro turno das eleições Foto: AP Foto/Dolores Ochoa

Além disso, o país atravessa uma onda de violência. Um dos candidatos, Fernando Villavicencio, foi assassinado dias antes do primeiro turno, no dia 9 de agosto, na saída de um comício. Uma facção criminosa assumiu a autoria do crime, justificando que o candidato foi financiado pelo grupo e não cumpriu o combinado. Depois desse episódio, Noboa começou a fazer campanha usando um colete à prova de balas.

O recém-eleito presidente descende de uma família de empresários exportadores de banana e é filho de Álvaro Noboa – que tentou cinco vezes se eleger chefe do Executivo do Equador e foi derrotado. Na última tentativa, perdeu para Ricardo Correa, padrinho político de González, candidata vencida no último domingo.

Daniel Noboa é filho do empresário Álvaro Noboa, que disputou cinco vezes as eleições do Equador  Foto: GUILLERMO GRANJA / REUTERS

Um dos rótulos explorados por Noboa na campanha é o de outsider (pessoa que está “de fora” da política institucional), estratégia que, no Brasil, consagrou nomes como João Doria, ex-governador de São Paulo pelo PSDB. Antes de tentar a presidência, Daniel Noboa foi deputado e apoiou a dissolução da Assembleia Nacional feita por Lasso.

Daniel Noboa é de direita ou esquerda?

A orientação política de Noboa é uma das maiores preocupações para o governo brasileiro. No curso da campanha, ele se apresentou como um candidato de centro-esquerda, mas no cenário político ele é avaliado de outra forma. Analistas equatorianos posicionam o presidente eleito na centro-direita.

O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e cientista social Eduardo Grin corrobora com a análise e afirma que as origens políticas e as posições de Noboa o colocam à direita. “Ele (Noboa) se apresentou como centro-esquerda para cooptar votos do correísmo (de Ricardo Correa), mas é alinhado com a direita equatoriana.” Para o professor, dois elementos fortes para sinalizar essa classificação são a proximidade com Lasso e a forma como o recém-eleito presidente lida com a pauta de segurança pública.

Especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que Noboa é um candidato com propostas de direita Foto: MARCOS PIN / AFP

Mayra Goulart, professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada (Lappcom) analisa que a plataforma ambígua de Noboa facilita a formação de maiorias no governo, distanciando-o da crise enfrentada pelo seu antecessor.

“O caso do Equador é interessante para demonstrar a importância de formar frentes amplas no governo, pois o Legislativo é muito fragmentado. O partido de Noboa só tem 12 cadeiras na Assembleia. Como a plataforma dele é ambígua, talvez consiga formar essa frente ampla”, disse a pesquisadora.

Na economia, Goulart explica que as propostas de Noboa se distanciam da esquerda correísta. “Ele enfatiza a responsabilidade social das empresas, usando a lógica do princípio da subsidiaridade, que transfere a lógica do público para o privado. A principal proposta de ativação econômica de Noboa, que é a redução dos tributos, é muito tradicional no liberalismo econômico”, afirmou.

Um dos candidatos dessas eleições do Equador, Fernando Villavicencio, foi assassinado dias antes do primeiro turno Foto: AP Foto/Carlos Noriega

Na questão da segurança pública, nuclear nas eleições do Equador, Goulart avalia que “a solução que ele oferece é muito clássica da direita, que é o aumento do punitivismo”. “Noboa tem uma ideia ousada de separar os presos mais perigosos, colocando-os em barcos no mar.” Para a pesquisadora, o novo presidente do Equador só se separa da direita nas pautas de costumes, que não têm viés conservador na sua plataforma de campanha.

Grin avalia que Noboa é um candidato populista, trabalhando a campanha em cima de “propostas muito afinadas com o que a população quer escutar, mas não necessariamente capazes de serem implementadas”. Para o cientista político, também há o apelo a um “salvacionismo” e a construção de um “personagem midiático, jovem, bem-sucedido, o que, por si só, não muda a conjuntura do Equador”.

A candidatura de Noboa foi construída usando o rótulo de 'outsider' da política Foto: AP Foto/Carlos Noriega

Vitória de Noboa ameaça influência do Brasil na América Latina

Nesta segunda-feira, 16, Lula parabenizou Noboa pela vitória e se colocou à disposição para o diálogo. “Meus desejos de saúde e sucesso no seu futuro mandato. Expresso minha disposição de seguir trabalhando pelo bem-estar dos nossos povos, tradicionalmente amigos, de aprofundar as relações bilaterais e de atuar pelo desenvolvimento da América do Sul”, escreveu o presidente nas redes sociais.

A vitória do novo presidente do Equador, no entanto, acende um alerta para o governo brasileiro, ameaça a influência do País na América Latina e impõe um desafio à geopolítica da gestão petista. “Junto com a eleição da Argentina, isso (a eleição de Noboa) compõe um cenário preocupante para o governo brasileiro, que tem uma expectativa de ampliar sua influência na América do Sul”, afirmou o cientista político Eduardo Grin. Para ele, porém, é cedo para caracterizar uma nova onda da direita.

No final deste mês, a Argentina elegerá seu novo presidente. Javier Milei, candidato libertário, antagoniza com o governista Sergio Massa.

No cenário brasileiro, políticos de direita parabenizaram Noboa pela vitória no Equador. “Ele derrotou a candidata do Foro de São Paulo apoiada por Rafael Correa, hoje impossibilitado de sair da Bélgica devido à condenação de oito anos de cadeia por corrupção no Equador”, disse o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

O ex-juiz da Lava Jato e hoje senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) parabenizou Noboa e disse que a sua eleição atingiria Lula, pela derrota de uma adversária de esquerda. “A candidata de Rafael Correa, o amigo de Lula, foi derrotada nas urnas. Um bom sinal.”

Opositor do governo e presidente nacional do Progressistas, o senador Ciro Nogueira (PI) caracterizou a eleição de Noboa como parte de uma “onda de realismo” na América Latina. “Vão dizer: uma onda conservadora na AL. Ou no mundo. É uma onda de realismo. Como no Equador, o eleitor vai se perguntar: minha vida melhorou ou piorou com a esquerda? A resposta será a mudança”, disse o parlamentar no X (antigo Twitter).

A eleição do novo presidente equatoriano é um desafio político para a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Daniel Noboa, empresário de 35 anos, é herdeiro de uma exportadora de bananas e venceu as eleições do Equador neste domingo, 15, com uma margem apertada, obtendo 52,1% dos votos. Ele derrotou a candidata de esquerda Luisa González, que obteve 47,9% dos votos. Ela é aliada política do ex-presidente Rafael Correa, hoje exilado.

A vitória de Noboa permeia um período conturbado da política equatoriana. Guillermo Lasso, seu antecessor, dissolveu a Assembleia e convocou novas eleições na tentativa de trancar um processo de impeachment deflagrado contra ele e manter os aliados no poder. Por isso, Noboa, recém-eleito, ficará no poder até maio de 2025, por 15 meses, quando terminaria o mandato de Lasso.

Noboa começou a fazer campanha usando um colete balístico, depois do assassinato de um dos candidatos nas vésperas do primeiro turno das eleições Foto: AP Foto/Dolores Ochoa

Além disso, o país atravessa uma onda de violência. Um dos candidatos, Fernando Villavicencio, foi assassinado dias antes do primeiro turno, no dia 9 de agosto, na saída de um comício. Uma facção criminosa assumiu a autoria do crime, justificando que o candidato foi financiado pelo grupo e não cumpriu o combinado. Depois desse episódio, Noboa começou a fazer campanha usando um colete à prova de balas.

O recém-eleito presidente descende de uma família de empresários exportadores de banana e é filho de Álvaro Noboa – que tentou cinco vezes se eleger chefe do Executivo do Equador e foi derrotado. Na última tentativa, perdeu para Ricardo Correa, padrinho político de González, candidata vencida no último domingo.

Daniel Noboa é filho do empresário Álvaro Noboa, que disputou cinco vezes as eleições do Equador  Foto: GUILLERMO GRANJA / REUTERS

Um dos rótulos explorados por Noboa na campanha é o de outsider (pessoa que está “de fora” da política institucional), estratégia que, no Brasil, consagrou nomes como João Doria, ex-governador de São Paulo pelo PSDB. Antes de tentar a presidência, Daniel Noboa foi deputado e apoiou a dissolução da Assembleia Nacional feita por Lasso.

Daniel Noboa é de direita ou esquerda?

A orientação política de Noboa é uma das maiores preocupações para o governo brasileiro. No curso da campanha, ele se apresentou como um candidato de centro-esquerda, mas no cenário político ele é avaliado de outra forma. Analistas equatorianos posicionam o presidente eleito na centro-direita.

O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e cientista social Eduardo Grin corrobora com a análise e afirma que as origens políticas e as posições de Noboa o colocam à direita. “Ele (Noboa) se apresentou como centro-esquerda para cooptar votos do correísmo (de Ricardo Correa), mas é alinhado com a direita equatoriana.” Para o professor, dois elementos fortes para sinalizar essa classificação são a proximidade com Lasso e a forma como o recém-eleito presidente lida com a pauta de segurança pública.

Especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que Noboa é um candidato com propostas de direita Foto: MARCOS PIN / AFP

Mayra Goulart, professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada (Lappcom) analisa que a plataforma ambígua de Noboa facilita a formação de maiorias no governo, distanciando-o da crise enfrentada pelo seu antecessor.

“O caso do Equador é interessante para demonstrar a importância de formar frentes amplas no governo, pois o Legislativo é muito fragmentado. O partido de Noboa só tem 12 cadeiras na Assembleia. Como a plataforma dele é ambígua, talvez consiga formar essa frente ampla”, disse a pesquisadora.

Na economia, Goulart explica que as propostas de Noboa se distanciam da esquerda correísta. “Ele enfatiza a responsabilidade social das empresas, usando a lógica do princípio da subsidiaridade, que transfere a lógica do público para o privado. A principal proposta de ativação econômica de Noboa, que é a redução dos tributos, é muito tradicional no liberalismo econômico”, afirmou.

Um dos candidatos dessas eleições do Equador, Fernando Villavicencio, foi assassinado dias antes do primeiro turno Foto: AP Foto/Carlos Noriega

Na questão da segurança pública, nuclear nas eleições do Equador, Goulart avalia que “a solução que ele oferece é muito clássica da direita, que é o aumento do punitivismo”. “Noboa tem uma ideia ousada de separar os presos mais perigosos, colocando-os em barcos no mar.” Para a pesquisadora, o novo presidente do Equador só se separa da direita nas pautas de costumes, que não têm viés conservador na sua plataforma de campanha.

Grin avalia que Noboa é um candidato populista, trabalhando a campanha em cima de “propostas muito afinadas com o que a população quer escutar, mas não necessariamente capazes de serem implementadas”. Para o cientista político, também há o apelo a um “salvacionismo” e a construção de um “personagem midiático, jovem, bem-sucedido, o que, por si só, não muda a conjuntura do Equador”.

A candidatura de Noboa foi construída usando o rótulo de 'outsider' da política Foto: AP Foto/Carlos Noriega

Vitória de Noboa ameaça influência do Brasil na América Latina

Nesta segunda-feira, 16, Lula parabenizou Noboa pela vitória e se colocou à disposição para o diálogo. “Meus desejos de saúde e sucesso no seu futuro mandato. Expresso minha disposição de seguir trabalhando pelo bem-estar dos nossos povos, tradicionalmente amigos, de aprofundar as relações bilaterais e de atuar pelo desenvolvimento da América do Sul”, escreveu o presidente nas redes sociais.

A vitória do novo presidente do Equador, no entanto, acende um alerta para o governo brasileiro, ameaça a influência do País na América Latina e impõe um desafio à geopolítica da gestão petista. “Junto com a eleição da Argentina, isso (a eleição de Noboa) compõe um cenário preocupante para o governo brasileiro, que tem uma expectativa de ampliar sua influência na América do Sul”, afirmou o cientista político Eduardo Grin. Para ele, porém, é cedo para caracterizar uma nova onda da direita.

No final deste mês, a Argentina elegerá seu novo presidente. Javier Milei, candidato libertário, antagoniza com o governista Sergio Massa.

No cenário brasileiro, políticos de direita parabenizaram Noboa pela vitória no Equador. “Ele derrotou a candidata do Foro de São Paulo apoiada por Rafael Correa, hoje impossibilitado de sair da Bélgica devido à condenação de oito anos de cadeia por corrupção no Equador”, disse o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

O ex-juiz da Lava Jato e hoje senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) parabenizou Noboa e disse que a sua eleição atingiria Lula, pela derrota de uma adversária de esquerda. “A candidata de Rafael Correa, o amigo de Lula, foi derrotada nas urnas. Um bom sinal.”

Opositor do governo e presidente nacional do Progressistas, o senador Ciro Nogueira (PI) caracterizou a eleição de Noboa como parte de uma “onda de realismo” na América Latina. “Vão dizer: uma onda conservadora na AL. Ou no mundo. É uma onda de realismo. Como no Equador, o eleitor vai se perguntar: minha vida melhorou ou piorou com a esquerda? A resposta será a mudança”, disse o parlamentar no X (antigo Twitter).

A eleição do novo presidente equatoriano é um desafio político para a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Daniel Noboa, empresário de 35 anos, é herdeiro de uma exportadora de bananas e venceu as eleições do Equador neste domingo, 15, com uma margem apertada, obtendo 52,1% dos votos. Ele derrotou a candidata de esquerda Luisa González, que obteve 47,9% dos votos. Ela é aliada política do ex-presidente Rafael Correa, hoje exilado.

A vitória de Noboa permeia um período conturbado da política equatoriana. Guillermo Lasso, seu antecessor, dissolveu a Assembleia e convocou novas eleições na tentativa de trancar um processo de impeachment deflagrado contra ele e manter os aliados no poder. Por isso, Noboa, recém-eleito, ficará no poder até maio de 2025, por 15 meses, quando terminaria o mandato de Lasso.

Noboa começou a fazer campanha usando um colete balístico, depois do assassinato de um dos candidatos nas vésperas do primeiro turno das eleições Foto: AP Foto/Dolores Ochoa

Além disso, o país atravessa uma onda de violência. Um dos candidatos, Fernando Villavicencio, foi assassinado dias antes do primeiro turno, no dia 9 de agosto, na saída de um comício. Uma facção criminosa assumiu a autoria do crime, justificando que o candidato foi financiado pelo grupo e não cumpriu o combinado. Depois desse episódio, Noboa começou a fazer campanha usando um colete à prova de balas.

O recém-eleito presidente descende de uma família de empresários exportadores de banana e é filho de Álvaro Noboa – que tentou cinco vezes se eleger chefe do Executivo do Equador e foi derrotado. Na última tentativa, perdeu para Ricardo Correa, padrinho político de González, candidata vencida no último domingo.

Daniel Noboa é filho do empresário Álvaro Noboa, que disputou cinco vezes as eleições do Equador  Foto: GUILLERMO GRANJA / REUTERS

Um dos rótulos explorados por Noboa na campanha é o de outsider (pessoa que está “de fora” da política institucional), estratégia que, no Brasil, consagrou nomes como João Doria, ex-governador de São Paulo pelo PSDB. Antes de tentar a presidência, Daniel Noboa foi deputado e apoiou a dissolução da Assembleia Nacional feita por Lasso.

Daniel Noboa é de direita ou esquerda?

A orientação política de Noboa é uma das maiores preocupações para o governo brasileiro. No curso da campanha, ele se apresentou como um candidato de centro-esquerda, mas no cenário político ele é avaliado de outra forma. Analistas equatorianos posicionam o presidente eleito na centro-direita.

O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e cientista social Eduardo Grin corrobora com a análise e afirma que as origens políticas e as posições de Noboa o colocam à direita. “Ele (Noboa) se apresentou como centro-esquerda para cooptar votos do correísmo (de Ricardo Correa), mas é alinhado com a direita equatoriana.” Para o professor, dois elementos fortes para sinalizar essa classificação são a proximidade com Lasso e a forma como o recém-eleito presidente lida com a pauta de segurança pública.

Especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que Noboa é um candidato com propostas de direita Foto: MARCOS PIN / AFP

Mayra Goulart, professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada (Lappcom) analisa que a plataforma ambígua de Noboa facilita a formação de maiorias no governo, distanciando-o da crise enfrentada pelo seu antecessor.

“O caso do Equador é interessante para demonstrar a importância de formar frentes amplas no governo, pois o Legislativo é muito fragmentado. O partido de Noboa só tem 12 cadeiras na Assembleia. Como a plataforma dele é ambígua, talvez consiga formar essa frente ampla”, disse a pesquisadora.

Na economia, Goulart explica que as propostas de Noboa se distanciam da esquerda correísta. “Ele enfatiza a responsabilidade social das empresas, usando a lógica do princípio da subsidiaridade, que transfere a lógica do público para o privado. A principal proposta de ativação econômica de Noboa, que é a redução dos tributos, é muito tradicional no liberalismo econômico”, afirmou.

Um dos candidatos dessas eleições do Equador, Fernando Villavicencio, foi assassinado dias antes do primeiro turno Foto: AP Foto/Carlos Noriega

Na questão da segurança pública, nuclear nas eleições do Equador, Goulart avalia que “a solução que ele oferece é muito clássica da direita, que é o aumento do punitivismo”. “Noboa tem uma ideia ousada de separar os presos mais perigosos, colocando-os em barcos no mar.” Para a pesquisadora, o novo presidente do Equador só se separa da direita nas pautas de costumes, que não têm viés conservador na sua plataforma de campanha.

Grin avalia que Noboa é um candidato populista, trabalhando a campanha em cima de “propostas muito afinadas com o que a população quer escutar, mas não necessariamente capazes de serem implementadas”. Para o cientista político, também há o apelo a um “salvacionismo” e a construção de um “personagem midiático, jovem, bem-sucedido, o que, por si só, não muda a conjuntura do Equador”.

A candidatura de Noboa foi construída usando o rótulo de 'outsider' da política Foto: AP Foto/Carlos Noriega

Vitória de Noboa ameaça influência do Brasil na América Latina

Nesta segunda-feira, 16, Lula parabenizou Noboa pela vitória e se colocou à disposição para o diálogo. “Meus desejos de saúde e sucesso no seu futuro mandato. Expresso minha disposição de seguir trabalhando pelo bem-estar dos nossos povos, tradicionalmente amigos, de aprofundar as relações bilaterais e de atuar pelo desenvolvimento da América do Sul”, escreveu o presidente nas redes sociais.

A vitória do novo presidente do Equador, no entanto, acende um alerta para o governo brasileiro, ameaça a influência do País na América Latina e impõe um desafio à geopolítica da gestão petista. “Junto com a eleição da Argentina, isso (a eleição de Noboa) compõe um cenário preocupante para o governo brasileiro, que tem uma expectativa de ampliar sua influência na América do Sul”, afirmou o cientista político Eduardo Grin. Para ele, porém, é cedo para caracterizar uma nova onda da direita.

No final deste mês, a Argentina elegerá seu novo presidente. Javier Milei, candidato libertário, antagoniza com o governista Sergio Massa.

No cenário brasileiro, políticos de direita parabenizaram Noboa pela vitória no Equador. “Ele derrotou a candidata do Foro de São Paulo apoiada por Rafael Correa, hoje impossibilitado de sair da Bélgica devido à condenação de oito anos de cadeia por corrupção no Equador”, disse o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

O ex-juiz da Lava Jato e hoje senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) parabenizou Noboa e disse que a sua eleição atingiria Lula, pela derrota de uma adversária de esquerda. “A candidata de Rafael Correa, o amigo de Lula, foi derrotada nas urnas. Um bom sinal.”

Opositor do governo e presidente nacional do Progressistas, o senador Ciro Nogueira (PI) caracterizou a eleição de Noboa como parte de uma “onda de realismo” na América Latina. “Vão dizer: uma onda conservadora na AL. Ou no mundo. É uma onda de realismo. Como no Equador, o eleitor vai se perguntar: minha vida melhorou ou piorou com a esquerda? A resposta será a mudança”, disse o parlamentar no X (antigo Twitter).

A eleição do novo presidente equatoriano é um desafio político para a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Daniel Noboa, empresário de 35 anos, é herdeiro de uma exportadora de bananas e venceu as eleições do Equador neste domingo, 15, com uma margem apertada, obtendo 52,1% dos votos. Ele derrotou a candidata de esquerda Luisa González, que obteve 47,9% dos votos. Ela é aliada política do ex-presidente Rafael Correa, hoje exilado.

A vitória de Noboa permeia um período conturbado da política equatoriana. Guillermo Lasso, seu antecessor, dissolveu a Assembleia e convocou novas eleições na tentativa de trancar um processo de impeachment deflagrado contra ele e manter os aliados no poder. Por isso, Noboa, recém-eleito, ficará no poder até maio de 2025, por 15 meses, quando terminaria o mandato de Lasso.

Noboa começou a fazer campanha usando um colete balístico, depois do assassinato de um dos candidatos nas vésperas do primeiro turno das eleições Foto: AP Foto/Dolores Ochoa

Além disso, o país atravessa uma onda de violência. Um dos candidatos, Fernando Villavicencio, foi assassinado dias antes do primeiro turno, no dia 9 de agosto, na saída de um comício. Uma facção criminosa assumiu a autoria do crime, justificando que o candidato foi financiado pelo grupo e não cumpriu o combinado. Depois desse episódio, Noboa começou a fazer campanha usando um colete à prova de balas.

O recém-eleito presidente descende de uma família de empresários exportadores de banana e é filho de Álvaro Noboa – que tentou cinco vezes se eleger chefe do Executivo do Equador e foi derrotado. Na última tentativa, perdeu para Ricardo Correa, padrinho político de González, candidata vencida no último domingo.

Daniel Noboa é filho do empresário Álvaro Noboa, que disputou cinco vezes as eleições do Equador  Foto: GUILLERMO GRANJA / REUTERS

Um dos rótulos explorados por Noboa na campanha é o de outsider (pessoa que está “de fora” da política institucional), estratégia que, no Brasil, consagrou nomes como João Doria, ex-governador de São Paulo pelo PSDB. Antes de tentar a presidência, Daniel Noboa foi deputado e apoiou a dissolução da Assembleia Nacional feita por Lasso.

Daniel Noboa é de direita ou esquerda?

A orientação política de Noboa é uma das maiores preocupações para o governo brasileiro. No curso da campanha, ele se apresentou como um candidato de centro-esquerda, mas no cenário político ele é avaliado de outra forma. Analistas equatorianos posicionam o presidente eleito na centro-direita.

O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e cientista social Eduardo Grin corrobora com a análise e afirma que as origens políticas e as posições de Noboa o colocam à direita. “Ele (Noboa) se apresentou como centro-esquerda para cooptar votos do correísmo (de Ricardo Correa), mas é alinhado com a direita equatoriana.” Para o professor, dois elementos fortes para sinalizar essa classificação são a proximidade com Lasso e a forma como o recém-eleito presidente lida com a pauta de segurança pública.

Especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que Noboa é um candidato com propostas de direita Foto: MARCOS PIN / AFP

Mayra Goulart, professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada (Lappcom) analisa que a plataforma ambígua de Noboa facilita a formação de maiorias no governo, distanciando-o da crise enfrentada pelo seu antecessor.

“O caso do Equador é interessante para demonstrar a importância de formar frentes amplas no governo, pois o Legislativo é muito fragmentado. O partido de Noboa só tem 12 cadeiras na Assembleia. Como a plataforma dele é ambígua, talvez consiga formar essa frente ampla”, disse a pesquisadora.

Na economia, Goulart explica que as propostas de Noboa se distanciam da esquerda correísta. “Ele enfatiza a responsabilidade social das empresas, usando a lógica do princípio da subsidiaridade, que transfere a lógica do público para o privado. A principal proposta de ativação econômica de Noboa, que é a redução dos tributos, é muito tradicional no liberalismo econômico”, afirmou.

Um dos candidatos dessas eleições do Equador, Fernando Villavicencio, foi assassinado dias antes do primeiro turno Foto: AP Foto/Carlos Noriega

Na questão da segurança pública, nuclear nas eleições do Equador, Goulart avalia que “a solução que ele oferece é muito clássica da direita, que é o aumento do punitivismo”. “Noboa tem uma ideia ousada de separar os presos mais perigosos, colocando-os em barcos no mar.” Para a pesquisadora, o novo presidente do Equador só se separa da direita nas pautas de costumes, que não têm viés conservador na sua plataforma de campanha.

Grin avalia que Noboa é um candidato populista, trabalhando a campanha em cima de “propostas muito afinadas com o que a população quer escutar, mas não necessariamente capazes de serem implementadas”. Para o cientista político, também há o apelo a um “salvacionismo” e a construção de um “personagem midiático, jovem, bem-sucedido, o que, por si só, não muda a conjuntura do Equador”.

A candidatura de Noboa foi construída usando o rótulo de 'outsider' da política Foto: AP Foto/Carlos Noriega

Vitória de Noboa ameaça influência do Brasil na América Latina

Nesta segunda-feira, 16, Lula parabenizou Noboa pela vitória e se colocou à disposição para o diálogo. “Meus desejos de saúde e sucesso no seu futuro mandato. Expresso minha disposição de seguir trabalhando pelo bem-estar dos nossos povos, tradicionalmente amigos, de aprofundar as relações bilaterais e de atuar pelo desenvolvimento da América do Sul”, escreveu o presidente nas redes sociais.

A vitória do novo presidente do Equador, no entanto, acende um alerta para o governo brasileiro, ameaça a influência do País na América Latina e impõe um desafio à geopolítica da gestão petista. “Junto com a eleição da Argentina, isso (a eleição de Noboa) compõe um cenário preocupante para o governo brasileiro, que tem uma expectativa de ampliar sua influência na América do Sul”, afirmou o cientista político Eduardo Grin. Para ele, porém, é cedo para caracterizar uma nova onda da direita.

No final deste mês, a Argentina elegerá seu novo presidente. Javier Milei, candidato libertário, antagoniza com o governista Sergio Massa.

No cenário brasileiro, políticos de direita parabenizaram Noboa pela vitória no Equador. “Ele derrotou a candidata do Foro de São Paulo apoiada por Rafael Correa, hoje impossibilitado de sair da Bélgica devido à condenação de oito anos de cadeia por corrupção no Equador”, disse o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

O ex-juiz da Lava Jato e hoje senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) parabenizou Noboa e disse que a sua eleição atingiria Lula, pela derrota de uma adversária de esquerda. “A candidata de Rafael Correa, o amigo de Lula, foi derrotada nas urnas. Um bom sinal.”

Opositor do governo e presidente nacional do Progressistas, o senador Ciro Nogueira (PI) caracterizou a eleição de Noboa como parte de uma “onda de realismo” na América Latina. “Vão dizer: uma onda conservadora na AL. Ou no mundo. É uma onda de realismo. Como no Equador, o eleitor vai se perguntar: minha vida melhorou ou piorou com a esquerda? A resposta será a mudança”, disse o parlamentar no X (antigo Twitter).

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