Quem ganhou o debate da Globo em SP entre Nunes e Boulos? Veja a opinião dos colunistas do Estadão


Candidatos fizeram nesta sexta-feira o último embate da campanha eleitoral antes da ida às urnas no domingo

Por Redação
Atualização:

No último encontro na televisão antes de os eleitores irem às urnas para o segundo turno, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) participaram de um debate na TV Globo nesta sexta-feira, 25. Na ocasião, em meio à tradicional troca de acusações, enquanto Nunes fez acenos ao público liberal e exaltou ações na Prefeitura da capital paulista, Boulos pregou a mudança e questionou os resultados da atual administração.

Debate realizado pela TV Globo no segundo turno das eleições em São Paulo com Ricardo Nunes e Guilherme Boulos Foto: Reprodução/TV Globo

Mas, afinal, quem ganhou o debate na Globo? Veja a análise dos colunistas do Estadão sobre o desempenho e as estratégias dos dois candidatos.

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Ricardo Corrêa: Debate monótono e sem novidades é o final dos sonhos para Ricardo Nunes

O debate morno e sem grandes momentos ou fatos novos entre os candidatos na Globo foi um final de campanha dos sonhos para Ricardo Nunes. Líder nas pesquisas e vendo o adversário se aproximar bem lentamente e insuficientemente nos últimos dias, o prefeito e candidato à reeleição não pode reclamar de sair do último encontro sem que quase nada possa ser aproveitado para repercussões ou cortes nas redes sociais.

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Não significa que o debate tenha sido inútil para qualquer um dos dois. Guilherme Boulos, por exemplo, com uma postura bem mais moderada que nas ocasiões anteriores e um discurso mais emocional e direto para o eleitor, fez acenos aos empreendedores da periferia identificados com Pablo Marçal e buscou uma última tentativa de reduzir a rejeição assustadoramente alta. E tentou cravar no adversário suspeitas de irregularidades na máfia das creches em em obras emergenciais na Prefeitura.

Já Nunes enfatizou o discurso liberal que também agrada fortemente ao eleitorado marçalista e buscou pregar no deputado posições do PSOL e do próprio deputado contrários a políticas de segurança pública. Além disso, reforçou as críticas ao que chamou de “radicalismo” na postura de Boulos nos movimentos sociais, como no episódio da invasão da Fiesp.

Boulos outra vez esteve mais à vontade. É inegável que tem mais capacidade de comunicação para essas ocasiões. Também usou melhor a chamada “segunda tela”, convocando eleitores a todo tempo para consultar assuntos nas redes sociais ou nos mecanismos de busca. Conseguiu que a principal busca sobre Nunes nas redes fosse sobre os tiros para o alto na porta de uma boate em Embu das Artes, em 1997.

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O prefeito se atrapalhou com papéis e até com o uso do celular, o que dificultou a estratégia de citar autoridades para se referir a casos relacionados ao passado de Boulos. Mas mostrou-se sereno na maior parte do tempo e manteve-se dentro do script que estava previsto por seus assessores, assim como no debate anterior. Também conseguiu enfatizar em muitas ocasiões as suas ações na Prefeitura. Parar quem entrou querendo perder de pouco para manter a maior parte da vantagem que tinha antes do encontro começar, o prefeito conseguiu o que queria.

Francisco Leali: Quando a munição acaba, quem ganha o debate na Globo e a eleição?

O último confronto entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo reeditou temas já conhecidos. Ricardo Nunes e Guilherme Boulos pareciam sem munição nova para expor as fragilidades do adversário. O debate na TV Globo acabou sendo mais uma demonstração de quem estava treinado para explorar o espaço do cenário do que uma oportunidade de apresentar propostas ao eleitor.

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Nunes e Boulos circularam pelo palco e, em alguns momentos, ficaram num cara a cara artificial. O deputado do PSOL tentou impor-se, acuando Nunes. E repetiu frases para dizer que é firme e o atual prefeito fraco.

Nunes cutucou o adversário com os temas que parecem fragilizá-lo diante do eleitor mais conservador, como o passado de Boulos em ocupações de prédios e seus desdobramentos policiais.

O debate não mostrou nem um Nunes diferente, nem um Boulos inovador. O prefeito segue em vantagem nas pesquisas. Já o deputado precisará que sua aparição inesperada numa sabatina com o ex-coach Pablo Marçal tenha servido para alguma coisa, além do fato de ter levado à sério o personagem que transformou a campanha na capital paulista num circo de horrores.

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Vera Rosa: Um debate com cara de fim de campeonato sem graça

O debate da TV Globo, o último desta campanha pela Prefeitura de São Paulo, foi como um clássico de final de campeonato aos 45 minutos do segundo tempo. À frente nas pesquisas de intenção de voto, Ricardo Nunes (MDB) fez tudo para jogar parado, enquanto Guilherme Boulos (PSOL) partia para a ofensiva.

Boulos não deixou dúvidas de que sua estratégia era tentar virar votos até o último minuto. Disse que a continuidade de Nunes representava um risco. O prefeito andava com uma colinha no estúdio, que tinha o mapa de São Paulo no chão, e chegou a ser advertido pelo mediador, César Tralli.

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O candidato do PSOL não perdeu a chance para dar uma estocada no adversário. “Diferente dele, eu sei andar de bicicleta sem rodinha. Não preciso ficar lendo as coisas”, fustigou. Na tentativa de carimbar Nunes como “fantoche”, disse, ainda, que uma das rodinhas ali era o governador Tarcísio de Freitas e outra, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Embora o formato do debate tenha permitido que os candidatos saíssem do púlpito para andar de um lado para o outro, não houve inovação quanto à troca de acusações de ambas as partes. Foram muitos ataques e poucas propostas. Nunes torce pelo apito final e Boulos, se pudesse, pediria prorrogação para mudar votos e conquistar eleitores indecisos, além dos de Pablo Marçal (PRTB), no último minuto do jogo. Não foi à toa que, quase dez horas antes do debate, ele participou de uma sabatina promovida por Marçal, apesar de parte do comando de sua campanha ter sido contra. Ao vencedor, as batatas.

Monica Gugliano: Debate teve pouca utilidade para quem ainda não escolheu em quem votar

Mais do mesmo. O último debate, antes da eleição que escolherá o próximo prefeito de São Paulo neste domingo terá pouca utilidade para quem ainda não escolheu em quem votar. Os dois candidatos, Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB), passaram os blocos, mais uma vez, se atacando mutuamente, trocando acusações, tentando se desqualificar.

Com estratégias bem definidas, mas não diferentes das que usaram até agora - Boulos atacando e Nunes tentando falar de suas realizações - os candidatos gastaram os quatro blocos de 20 minutos.

Algum tema de interesse do cidadão? Nada. É provável que tenha sido uma das campanhas eleitorais mais pobres dos últimos anos. Desde que a entrada de Pablo Marçal (PRTB) na campanha degringolou de vez os debates, eles nunca mais se recompuseram.

Dessa forma, é muito pouco provável que os eleitores - ouvindo o que os dois falaram - possam ter tido oportunidade de decidir pelas qualidades e até pelos defeitos, em qual candidato votar.

No último encontro na televisão antes de os eleitores irem às urnas para o segundo turno, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) participaram de um debate na TV Globo nesta sexta-feira, 25. Na ocasião, em meio à tradicional troca de acusações, enquanto Nunes fez acenos ao público liberal e exaltou ações na Prefeitura da capital paulista, Boulos pregou a mudança e questionou os resultados da atual administração.

Debate realizado pela TV Globo no segundo turno das eleições em São Paulo com Ricardo Nunes e Guilherme Boulos Foto: Reprodução/TV Globo

Mas, afinal, quem ganhou o debate na Globo? Veja a análise dos colunistas do Estadão sobre o desempenho e as estratégias dos dois candidatos.

Ricardo Corrêa: Debate monótono e sem novidades é o final dos sonhos para Ricardo Nunes

O debate morno e sem grandes momentos ou fatos novos entre os candidatos na Globo foi um final de campanha dos sonhos para Ricardo Nunes. Líder nas pesquisas e vendo o adversário se aproximar bem lentamente e insuficientemente nos últimos dias, o prefeito e candidato à reeleição não pode reclamar de sair do último encontro sem que quase nada possa ser aproveitado para repercussões ou cortes nas redes sociais.

Não significa que o debate tenha sido inútil para qualquer um dos dois. Guilherme Boulos, por exemplo, com uma postura bem mais moderada que nas ocasiões anteriores e um discurso mais emocional e direto para o eleitor, fez acenos aos empreendedores da periferia identificados com Pablo Marçal e buscou uma última tentativa de reduzir a rejeição assustadoramente alta. E tentou cravar no adversário suspeitas de irregularidades na máfia das creches em em obras emergenciais na Prefeitura.

Já Nunes enfatizou o discurso liberal que também agrada fortemente ao eleitorado marçalista e buscou pregar no deputado posições do PSOL e do próprio deputado contrários a políticas de segurança pública. Além disso, reforçou as críticas ao que chamou de “radicalismo” na postura de Boulos nos movimentos sociais, como no episódio da invasão da Fiesp.

Boulos outra vez esteve mais à vontade. É inegável que tem mais capacidade de comunicação para essas ocasiões. Também usou melhor a chamada “segunda tela”, convocando eleitores a todo tempo para consultar assuntos nas redes sociais ou nos mecanismos de busca. Conseguiu que a principal busca sobre Nunes nas redes fosse sobre os tiros para o alto na porta de uma boate em Embu das Artes, em 1997.

O prefeito se atrapalhou com papéis e até com o uso do celular, o que dificultou a estratégia de citar autoridades para se referir a casos relacionados ao passado de Boulos. Mas mostrou-se sereno na maior parte do tempo e manteve-se dentro do script que estava previsto por seus assessores, assim como no debate anterior. Também conseguiu enfatizar em muitas ocasiões as suas ações na Prefeitura. Parar quem entrou querendo perder de pouco para manter a maior parte da vantagem que tinha antes do encontro começar, o prefeito conseguiu o que queria.

Francisco Leali: Quando a munição acaba, quem ganha o debate na Globo e a eleição?

O último confronto entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo reeditou temas já conhecidos. Ricardo Nunes e Guilherme Boulos pareciam sem munição nova para expor as fragilidades do adversário. O debate na TV Globo acabou sendo mais uma demonstração de quem estava treinado para explorar o espaço do cenário do que uma oportunidade de apresentar propostas ao eleitor.

Nunes e Boulos circularam pelo palco e, em alguns momentos, ficaram num cara a cara artificial. O deputado do PSOL tentou impor-se, acuando Nunes. E repetiu frases para dizer que é firme e o atual prefeito fraco.

Nunes cutucou o adversário com os temas que parecem fragilizá-lo diante do eleitor mais conservador, como o passado de Boulos em ocupações de prédios e seus desdobramentos policiais.

O debate não mostrou nem um Nunes diferente, nem um Boulos inovador. O prefeito segue em vantagem nas pesquisas. Já o deputado precisará que sua aparição inesperada numa sabatina com o ex-coach Pablo Marçal tenha servido para alguma coisa, além do fato de ter levado à sério o personagem que transformou a campanha na capital paulista num circo de horrores.

Vera Rosa: Um debate com cara de fim de campeonato sem graça

O debate da TV Globo, o último desta campanha pela Prefeitura de São Paulo, foi como um clássico de final de campeonato aos 45 minutos do segundo tempo. À frente nas pesquisas de intenção de voto, Ricardo Nunes (MDB) fez tudo para jogar parado, enquanto Guilherme Boulos (PSOL) partia para a ofensiva.

Boulos não deixou dúvidas de que sua estratégia era tentar virar votos até o último minuto. Disse que a continuidade de Nunes representava um risco. O prefeito andava com uma colinha no estúdio, que tinha o mapa de São Paulo no chão, e chegou a ser advertido pelo mediador, César Tralli.

O candidato do PSOL não perdeu a chance para dar uma estocada no adversário. “Diferente dele, eu sei andar de bicicleta sem rodinha. Não preciso ficar lendo as coisas”, fustigou. Na tentativa de carimbar Nunes como “fantoche”, disse, ainda, que uma das rodinhas ali era o governador Tarcísio de Freitas e outra, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Embora o formato do debate tenha permitido que os candidatos saíssem do púlpito para andar de um lado para o outro, não houve inovação quanto à troca de acusações de ambas as partes. Foram muitos ataques e poucas propostas. Nunes torce pelo apito final e Boulos, se pudesse, pediria prorrogação para mudar votos e conquistar eleitores indecisos, além dos de Pablo Marçal (PRTB), no último minuto do jogo. Não foi à toa que, quase dez horas antes do debate, ele participou de uma sabatina promovida por Marçal, apesar de parte do comando de sua campanha ter sido contra. Ao vencedor, as batatas.

Monica Gugliano: Debate teve pouca utilidade para quem ainda não escolheu em quem votar

Mais do mesmo. O último debate, antes da eleição que escolherá o próximo prefeito de São Paulo neste domingo terá pouca utilidade para quem ainda não escolheu em quem votar. Os dois candidatos, Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB), passaram os blocos, mais uma vez, se atacando mutuamente, trocando acusações, tentando se desqualificar.

Com estratégias bem definidas, mas não diferentes das que usaram até agora - Boulos atacando e Nunes tentando falar de suas realizações - os candidatos gastaram os quatro blocos de 20 minutos.

Algum tema de interesse do cidadão? Nada. É provável que tenha sido uma das campanhas eleitorais mais pobres dos últimos anos. Desde que a entrada de Pablo Marçal (PRTB) na campanha degringolou de vez os debates, eles nunca mais se recompuseram.

Dessa forma, é muito pouco provável que os eleitores - ouvindo o que os dois falaram - possam ter tido oportunidade de decidir pelas qualidades e até pelos defeitos, em qual candidato votar.

No último encontro na televisão antes de os eleitores irem às urnas para o segundo turno, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) participaram de um debate na TV Globo nesta sexta-feira, 25. Na ocasião, em meio à tradicional troca de acusações, enquanto Nunes fez acenos ao público liberal e exaltou ações na Prefeitura da capital paulista, Boulos pregou a mudança e questionou os resultados da atual administração.

Debate realizado pela TV Globo no segundo turno das eleições em São Paulo com Ricardo Nunes e Guilherme Boulos Foto: Reprodução/TV Globo

Mas, afinal, quem ganhou o debate na Globo? Veja a análise dos colunistas do Estadão sobre o desempenho e as estratégias dos dois candidatos.

Ricardo Corrêa: Debate monótono e sem novidades é o final dos sonhos para Ricardo Nunes

O debate morno e sem grandes momentos ou fatos novos entre os candidatos na Globo foi um final de campanha dos sonhos para Ricardo Nunes. Líder nas pesquisas e vendo o adversário se aproximar bem lentamente e insuficientemente nos últimos dias, o prefeito e candidato à reeleição não pode reclamar de sair do último encontro sem que quase nada possa ser aproveitado para repercussões ou cortes nas redes sociais.

Não significa que o debate tenha sido inútil para qualquer um dos dois. Guilherme Boulos, por exemplo, com uma postura bem mais moderada que nas ocasiões anteriores e um discurso mais emocional e direto para o eleitor, fez acenos aos empreendedores da periferia identificados com Pablo Marçal e buscou uma última tentativa de reduzir a rejeição assustadoramente alta. E tentou cravar no adversário suspeitas de irregularidades na máfia das creches em em obras emergenciais na Prefeitura.

Já Nunes enfatizou o discurso liberal que também agrada fortemente ao eleitorado marçalista e buscou pregar no deputado posições do PSOL e do próprio deputado contrários a políticas de segurança pública. Além disso, reforçou as críticas ao que chamou de “radicalismo” na postura de Boulos nos movimentos sociais, como no episódio da invasão da Fiesp.

Boulos outra vez esteve mais à vontade. É inegável que tem mais capacidade de comunicação para essas ocasiões. Também usou melhor a chamada “segunda tela”, convocando eleitores a todo tempo para consultar assuntos nas redes sociais ou nos mecanismos de busca. Conseguiu que a principal busca sobre Nunes nas redes fosse sobre os tiros para o alto na porta de uma boate em Embu das Artes, em 1997.

O prefeito se atrapalhou com papéis e até com o uso do celular, o que dificultou a estratégia de citar autoridades para se referir a casos relacionados ao passado de Boulos. Mas mostrou-se sereno na maior parte do tempo e manteve-se dentro do script que estava previsto por seus assessores, assim como no debate anterior. Também conseguiu enfatizar em muitas ocasiões as suas ações na Prefeitura. Parar quem entrou querendo perder de pouco para manter a maior parte da vantagem que tinha antes do encontro começar, o prefeito conseguiu o que queria.

Francisco Leali: Quando a munição acaba, quem ganha o debate na Globo e a eleição?

O último confronto entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo reeditou temas já conhecidos. Ricardo Nunes e Guilherme Boulos pareciam sem munição nova para expor as fragilidades do adversário. O debate na TV Globo acabou sendo mais uma demonstração de quem estava treinado para explorar o espaço do cenário do que uma oportunidade de apresentar propostas ao eleitor.

Nunes e Boulos circularam pelo palco e, em alguns momentos, ficaram num cara a cara artificial. O deputado do PSOL tentou impor-se, acuando Nunes. E repetiu frases para dizer que é firme e o atual prefeito fraco.

Nunes cutucou o adversário com os temas que parecem fragilizá-lo diante do eleitor mais conservador, como o passado de Boulos em ocupações de prédios e seus desdobramentos policiais.

O debate não mostrou nem um Nunes diferente, nem um Boulos inovador. O prefeito segue em vantagem nas pesquisas. Já o deputado precisará que sua aparição inesperada numa sabatina com o ex-coach Pablo Marçal tenha servido para alguma coisa, além do fato de ter levado à sério o personagem que transformou a campanha na capital paulista num circo de horrores.

Vera Rosa: Um debate com cara de fim de campeonato sem graça

O debate da TV Globo, o último desta campanha pela Prefeitura de São Paulo, foi como um clássico de final de campeonato aos 45 minutos do segundo tempo. À frente nas pesquisas de intenção de voto, Ricardo Nunes (MDB) fez tudo para jogar parado, enquanto Guilherme Boulos (PSOL) partia para a ofensiva.

Boulos não deixou dúvidas de que sua estratégia era tentar virar votos até o último minuto. Disse que a continuidade de Nunes representava um risco. O prefeito andava com uma colinha no estúdio, que tinha o mapa de São Paulo no chão, e chegou a ser advertido pelo mediador, César Tralli.

O candidato do PSOL não perdeu a chance para dar uma estocada no adversário. “Diferente dele, eu sei andar de bicicleta sem rodinha. Não preciso ficar lendo as coisas”, fustigou. Na tentativa de carimbar Nunes como “fantoche”, disse, ainda, que uma das rodinhas ali era o governador Tarcísio de Freitas e outra, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Embora o formato do debate tenha permitido que os candidatos saíssem do púlpito para andar de um lado para o outro, não houve inovação quanto à troca de acusações de ambas as partes. Foram muitos ataques e poucas propostas. Nunes torce pelo apito final e Boulos, se pudesse, pediria prorrogação para mudar votos e conquistar eleitores indecisos, além dos de Pablo Marçal (PRTB), no último minuto do jogo. Não foi à toa que, quase dez horas antes do debate, ele participou de uma sabatina promovida por Marçal, apesar de parte do comando de sua campanha ter sido contra. Ao vencedor, as batatas.

Monica Gugliano: Debate teve pouca utilidade para quem ainda não escolheu em quem votar

Mais do mesmo. O último debate, antes da eleição que escolherá o próximo prefeito de São Paulo neste domingo terá pouca utilidade para quem ainda não escolheu em quem votar. Os dois candidatos, Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB), passaram os blocos, mais uma vez, se atacando mutuamente, trocando acusações, tentando se desqualificar.

Com estratégias bem definidas, mas não diferentes das que usaram até agora - Boulos atacando e Nunes tentando falar de suas realizações - os candidatos gastaram os quatro blocos de 20 minutos.

Algum tema de interesse do cidadão? Nada. É provável que tenha sido uma das campanhas eleitorais mais pobres dos últimos anos. Desde que a entrada de Pablo Marçal (PRTB) na campanha degringolou de vez os debates, eles nunca mais se recompuseram.

Dessa forma, é muito pouco provável que os eleitores - ouvindo o que os dois falaram - possam ter tido oportunidade de decidir pelas qualidades e até pelos defeitos, em qual candidato votar.

No último encontro na televisão antes de os eleitores irem às urnas para o segundo turno, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) participaram de um debate na TV Globo nesta sexta-feira, 25. Na ocasião, em meio à tradicional troca de acusações, enquanto Nunes fez acenos ao público liberal e exaltou ações na Prefeitura da capital paulista, Boulos pregou a mudança e questionou os resultados da atual administração.

Debate realizado pela TV Globo no segundo turno das eleições em São Paulo com Ricardo Nunes e Guilherme Boulos Foto: Reprodução/TV Globo

Mas, afinal, quem ganhou o debate na Globo? Veja a análise dos colunistas do Estadão sobre o desempenho e as estratégias dos dois candidatos.

Ricardo Corrêa: Debate monótono e sem novidades é o final dos sonhos para Ricardo Nunes

O debate morno e sem grandes momentos ou fatos novos entre os candidatos na Globo foi um final de campanha dos sonhos para Ricardo Nunes. Líder nas pesquisas e vendo o adversário se aproximar bem lentamente e insuficientemente nos últimos dias, o prefeito e candidato à reeleição não pode reclamar de sair do último encontro sem que quase nada possa ser aproveitado para repercussões ou cortes nas redes sociais.

Não significa que o debate tenha sido inútil para qualquer um dos dois. Guilherme Boulos, por exemplo, com uma postura bem mais moderada que nas ocasiões anteriores e um discurso mais emocional e direto para o eleitor, fez acenos aos empreendedores da periferia identificados com Pablo Marçal e buscou uma última tentativa de reduzir a rejeição assustadoramente alta. E tentou cravar no adversário suspeitas de irregularidades na máfia das creches em em obras emergenciais na Prefeitura.

Já Nunes enfatizou o discurso liberal que também agrada fortemente ao eleitorado marçalista e buscou pregar no deputado posições do PSOL e do próprio deputado contrários a políticas de segurança pública. Além disso, reforçou as críticas ao que chamou de “radicalismo” na postura de Boulos nos movimentos sociais, como no episódio da invasão da Fiesp.

Boulos outra vez esteve mais à vontade. É inegável que tem mais capacidade de comunicação para essas ocasiões. Também usou melhor a chamada “segunda tela”, convocando eleitores a todo tempo para consultar assuntos nas redes sociais ou nos mecanismos de busca. Conseguiu que a principal busca sobre Nunes nas redes fosse sobre os tiros para o alto na porta de uma boate em Embu das Artes, em 1997.

O prefeito se atrapalhou com papéis e até com o uso do celular, o que dificultou a estratégia de citar autoridades para se referir a casos relacionados ao passado de Boulos. Mas mostrou-se sereno na maior parte do tempo e manteve-se dentro do script que estava previsto por seus assessores, assim como no debate anterior. Também conseguiu enfatizar em muitas ocasiões as suas ações na Prefeitura. Parar quem entrou querendo perder de pouco para manter a maior parte da vantagem que tinha antes do encontro começar, o prefeito conseguiu o que queria.

Francisco Leali: Quando a munição acaba, quem ganha o debate na Globo e a eleição?

O último confronto entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo reeditou temas já conhecidos. Ricardo Nunes e Guilherme Boulos pareciam sem munição nova para expor as fragilidades do adversário. O debate na TV Globo acabou sendo mais uma demonstração de quem estava treinado para explorar o espaço do cenário do que uma oportunidade de apresentar propostas ao eleitor.

Nunes e Boulos circularam pelo palco e, em alguns momentos, ficaram num cara a cara artificial. O deputado do PSOL tentou impor-se, acuando Nunes. E repetiu frases para dizer que é firme e o atual prefeito fraco.

Nunes cutucou o adversário com os temas que parecem fragilizá-lo diante do eleitor mais conservador, como o passado de Boulos em ocupações de prédios e seus desdobramentos policiais.

O debate não mostrou nem um Nunes diferente, nem um Boulos inovador. O prefeito segue em vantagem nas pesquisas. Já o deputado precisará que sua aparição inesperada numa sabatina com o ex-coach Pablo Marçal tenha servido para alguma coisa, além do fato de ter levado à sério o personagem que transformou a campanha na capital paulista num circo de horrores.

Vera Rosa: Um debate com cara de fim de campeonato sem graça

O debate da TV Globo, o último desta campanha pela Prefeitura de São Paulo, foi como um clássico de final de campeonato aos 45 minutos do segundo tempo. À frente nas pesquisas de intenção de voto, Ricardo Nunes (MDB) fez tudo para jogar parado, enquanto Guilherme Boulos (PSOL) partia para a ofensiva.

Boulos não deixou dúvidas de que sua estratégia era tentar virar votos até o último minuto. Disse que a continuidade de Nunes representava um risco. O prefeito andava com uma colinha no estúdio, que tinha o mapa de São Paulo no chão, e chegou a ser advertido pelo mediador, César Tralli.

O candidato do PSOL não perdeu a chance para dar uma estocada no adversário. “Diferente dele, eu sei andar de bicicleta sem rodinha. Não preciso ficar lendo as coisas”, fustigou. Na tentativa de carimbar Nunes como “fantoche”, disse, ainda, que uma das rodinhas ali era o governador Tarcísio de Freitas e outra, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Embora o formato do debate tenha permitido que os candidatos saíssem do púlpito para andar de um lado para o outro, não houve inovação quanto à troca de acusações de ambas as partes. Foram muitos ataques e poucas propostas. Nunes torce pelo apito final e Boulos, se pudesse, pediria prorrogação para mudar votos e conquistar eleitores indecisos, além dos de Pablo Marçal (PRTB), no último minuto do jogo. Não foi à toa que, quase dez horas antes do debate, ele participou de uma sabatina promovida por Marçal, apesar de parte do comando de sua campanha ter sido contra. Ao vencedor, as batatas.

Monica Gugliano: Debate teve pouca utilidade para quem ainda não escolheu em quem votar

Mais do mesmo. O último debate, antes da eleição que escolherá o próximo prefeito de São Paulo neste domingo terá pouca utilidade para quem ainda não escolheu em quem votar. Os dois candidatos, Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB), passaram os blocos, mais uma vez, se atacando mutuamente, trocando acusações, tentando se desqualificar.

Com estratégias bem definidas, mas não diferentes das que usaram até agora - Boulos atacando e Nunes tentando falar de suas realizações - os candidatos gastaram os quatro blocos de 20 minutos.

Algum tema de interesse do cidadão? Nada. É provável que tenha sido uma das campanhas eleitorais mais pobres dos últimos anos. Desde que a entrada de Pablo Marçal (PRTB) na campanha degringolou de vez os debates, eles nunca mais se recompuseram.

Dessa forma, é muito pouco provável que os eleitores - ouvindo o que os dois falaram - possam ter tido oportunidade de decidir pelas qualidades e até pelos defeitos, em qual candidato votar.

No último encontro na televisão antes de os eleitores irem às urnas para o segundo turno, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) participaram de um debate na TV Globo nesta sexta-feira, 25. Na ocasião, em meio à tradicional troca de acusações, enquanto Nunes fez acenos ao público liberal e exaltou ações na Prefeitura da capital paulista, Boulos pregou a mudança e questionou os resultados da atual administração.

Debate realizado pela TV Globo no segundo turno das eleições em São Paulo com Ricardo Nunes e Guilherme Boulos Foto: Reprodução/TV Globo

Mas, afinal, quem ganhou o debate na Globo? Veja a análise dos colunistas do Estadão sobre o desempenho e as estratégias dos dois candidatos.

Ricardo Corrêa: Debate monótono e sem novidades é o final dos sonhos para Ricardo Nunes

O debate morno e sem grandes momentos ou fatos novos entre os candidatos na Globo foi um final de campanha dos sonhos para Ricardo Nunes. Líder nas pesquisas e vendo o adversário se aproximar bem lentamente e insuficientemente nos últimos dias, o prefeito e candidato à reeleição não pode reclamar de sair do último encontro sem que quase nada possa ser aproveitado para repercussões ou cortes nas redes sociais.

Não significa que o debate tenha sido inútil para qualquer um dos dois. Guilherme Boulos, por exemplo, com uma postura bem mais moderada que nas ocasiões anteriores e um discurso mais emocional e direto para o eleitor, fez acenos aos empreendedores da periferia identificados com Pablo Marçal e buscou uma última tentativa de reduzir a rejeição assustadoramente alta. E tentou cravar no adversário suspeitas de irregularidades na máfia das creches em em obras emergenciais na Prefeitura.

Já Nunes enfatizou o discurso liberal que também agrada fortemente ao eleitorado marçalista e buscou pregar no deputado posições do PSOL e do próprio deputado contrários a políticas de segurança pública. Além disso, reforçou as críticas ao que chamou de “radicalismo” na postura de Boulos nos movimentos sociais, como no episódio da invasão da Fiesp.

Boulos outra vez esteve mais à vontade. É inegável que tem mais capacidade de comunicação para essas ocasiões. Também usou melhor a chamada “segunda tela”, convocando eleitores a todo tempo para consultar assuntos nas redes sociais ou nos mecanismos de busca. Conseguiu que a principal busca sobre Nunes nas redes fosse sobre os tiros para o alto na porta de uma boate em Embu das Artes, em 1997.

O prefeito se atrapalhou com papéis e até com o uso do celular, o que dificultou a estratégia de citar autoridades para se referir a casos relacionados ao passado de Boulos. Mas mostrou-se sereno na maior parte do tempo e manteve-se dentro do script que estava previsto por seus assessores, assim como no debate anterior. Também conseguiu enfatizar em muitas ocasiões as suas ações na Prefeitura. Parar quem entrou querendo perder de pouco para manter a maior parte da vantagem que tinha antes do encontro começar, o prefeito conseguiu o que queria.

Francisco Leali: Quando a munição acaba, quem ganha o debate na Globo e a eleição?

O último confronto entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo reeditou temas já conhecidos. Ricardo Nunes e Guilherme Boulos pareciam sem munição nova para expor as fragilidades do adversário. O debate na TV Globo acabou sendo mais uma demonstração de quem estava treinado para explorar o espaço do cenário do que uma oportunidade de apresentar propostas ao eleitor.

Nunes e Boulos circularam pelo palco e, em alguns momentos, ficaram num cara a cara artificial. O deputado do PSOL tentou impor-se, acuando Nunes. E repetiu frases para dizer que é firme e o atual prefeito fraco.

Nunes cutucou o adversário com os temas que parecem fragilizá-lo diante do eleitor mais conservador, como o passado de Boulos em ocupações de prédios e seus desdobramentos policiais.

O debate não mostrou nem um Nunes diferente, nem um Boulos inovador. O prefeito segue em vantagem nas pesquisas. Já o deputado precisará que sua aparição inesperada numa sabatina com o ex-coach Pablo Marçal tenha servido para alguma coisa, além do fato de ter levado à sério o personagem que transformou a campanha na capital paulista num circo de horrores.

Vera Rosa: Um debate com cara de fim de campeonato sem graça

O debate da TV Globo, o último desta campanha pela Prefeitura de São Paulo, foi como um clássico de final de campeonato aos 45 minutos do segundo tempo. À frente nas pesquisas de intenção de voto, Ricardo Nunes (MDB) fez tudo para jogar parado, enquanto Guilherme Boulos (PSOL) partia para a ofensiva.

Boulos não deixou dúvidas de que sua estratégia era tentar virar votos até o último minuto. Disse que a continuidade de Nunes representava um risco. O prefeito andava com uma colinha no estúdio, que tinha o mapa de São Paulo no chão, e chegou a ser advertido pelo mediador, César Tralli.

O candidato do PSOL não perdeu a chance para dar uma estocada no adversário. “Diferente dele, eu sei andar de bicicleta sem rodinha. Não preciso ficar lendo as coisas”, fustigou. Na tentativa de carimbar Nunes como “fantoche”, disse, ainda, que uma das rodinhas ali era o governador Tarcísio de Freitas e outra, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Embora o formato do debate tenha permitido que os candidatos saíssem do púlpito para andar de um lado para o outro, não houve inovação quanto à troca de acusações de ambas as partes. Foram muitos ataques e poucas propostas. Nunes torce pelo apito final e Boulos, se pudesse, pediria prorrogação para mudar votos e conquistar eleitores indecisos, além dos de Pablo Marçal (PRTB), no último minuto do jogo. Não foi à toa que, quase dez horas antes do debate, ele participou de uma sabatina promovida por Marçal, apesar de parte do comando de sua campanha ter sido contra. Ao vencedor, as batatas.

Monica Gugliano: Debate teve pouca utilidade para quem ainda não escolheu em quem votar

Mais do mesmo. O último debate, antes da eleição que escolherá o próximo prefeito de São Paulo neste domingo terá pouca utilidade para quem ainda não escolheu em quem votar. Os dois candidatos, Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB), passaram os blocos, mais uma vez, se atacando mutuamente, trocando acusações, tentando se desqualificar.

Com estratégias bem definidas, mas não diferentes das que usaram até agora - Boulos atacando e Nunes tentando falar de suas realizações - os candidatos gastaram os quatro blocos de 20 minutos.

Algum tema de interesse do cidadão? Nada. É provável que tenha sido uma das campanhas eleitorais mais pobres dos últimos anos. Desde que a entrada de Pablo Marçal (PRTB) na campanha degringolou de vez os debates, eles nunca mais se recompuseram.

Dessa forma, é muito pouco provável que os eleitores - ouvindo o que os dois falaram - possam ter tido oportunidade de decidir pelas qualidades e até pelos defeitos, em qual candidato votar.

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