As quatro capitais da região Sudeste contam com candidatos apoiados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL). O Partido Liberal (PL) lançou nomes próprios em três delas: Rio de Janeiro (RJ), com Alexandre Ramagem; em Vitória (ES), com Capitão Assumção; e em Belo Horizonte (MG), com Bruno Engler. Em São Paulo (SP), o nome apoiado pela sigla e por Bolsonaro é o do atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB).
Já o Partido dos Trabalhadores (PT) lançou candidatos próprios como cabeça de chapa na capital de Minas Gerais, com Rogério Correia, e do Espírito Santo, com João Coser. Nas duas capitais, o confronto é direto contra candidatos do PL.
Ao contrário de São Paulo, onde o PT conseguiu na aliança com o PSOL, de Guilherme Boulos, emplacar como vice a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, no Rio a chapa que tem o apoio de Lula é puro-sangue, com o prefeito Eduardo Paes (PSD) e o deputado estadual Eduardo Cavaliere (PSD).
São Paulo (SP)
- Apoiado por Lula: Guilherme Boulos (PSOL)
A aliança formada entre o partido do deputado federal Guilherme Boulos e o PT de Lula começou a tomar forma no final de 2023, com o nome da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy cotada para vice na chapa. Mas os acordos vêm de antes. Em 2022, Boulos pretendia concorrer ao governo do Estado, mas desistiu em benefício do candidato do PT, Fernando Haddad.
Como alternativa, Boulos concorreu e se elegeu deputado federal, com mais de 1 milhão de votos. Atual ministro da Fazenda, Haddad não conseguiu o Palácio dos Bandeirantes, perdendo para Tarcísio de Freitas (Republicanos) no segundo turno. O acordo pactuava o apoio do PT a Boulos dois anos mais tarde, nas eleições municipais, como cabeça de chapa com um nome petista como vice.
O nome escolhido foi o de Marta Suplicy, cujo retorno ao partido após nove anos, em fevereiro, causou desconfortos internos e de alas do PSOL, sobretudo por posicionamentos anteriores de Marta contrários ao PT. Essa é a primeira vez em quatro décadas que o partido não encabeçará uma candidatura ao comando da maior cidade do País.
- Apoiado por Bolsonaro: Ricardo Nunes (MDB)
Em São Paulo, o PL pretendia lançar candidatura própria, mas em janeiro retirou o nome do deputado federal Ricardo Salles, hoje filiado ao Novo, da corrida municipal. Bolsonaro chegou a afirmar que preferia seu ex-ministro do Meio Ambiente, mas que o apoio iria para a campanha de Nunes.
O acordo passou pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), linha de frente entre os aliados bolsonaristas, competindo ao PL a escolha do vice-prefeito. Entre meses de suspense da parte de Nunes em escolher o companheiro de chapa, insatisfação de aliados e recentes afagos a Bolsonaro vindos de um novo pré-candidato que disputa votos no mesmo espectro político, o empresário Pablo Marçal (PRTB), a indicação veio.
O escolhido foi o coronel da reserva Ricardo de Mello Araújo, ex-comandante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), anunciado em junho como vice-prefeito na chapa.
Rio de Janeiro (RJ)
- Apoiado por Lula: Eduardo Paes (PSD)
O apoio de Lula ao atual prefeito do Rio já se desenhou durante as eleições de 2022, com o apoio de Paes ao então candidato à Presidência. O benefício da aliança, do lado de Lula, é recuperar em partes a influência no reduto bolsonarista. Do lado de Paes, se sair vitorioso em outubro, é ter o apoio do presidente em 2026, quando deve se lançar à vaga de governador do Rio.
Embora Lula tenha cobrado a indicação de um nome do PT para a vaga de vice, a chapa será puro-sangue. O escolhido no início de agosto foi o deputado estadual e ex-secretário da Casa Civil da capital Eduardo Cavaliere (PSD). O deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ) era o nome favorito, mas no final de julho procurou o prefeito para pedir que desconsiderasse seu nome – a desistência se deve à suposta existência de um vídeo íntimo dele que poderia ser explorado durante a campanha eleitoral.
Mesmo sem indicar um vice, Lula segue apoiando Paes, que lidera em todas as pesquisas eleitorais. A contrapartida, além do apoio em 2026, seria a maior proximidade do presidente na próxima gestão do prefeito carioca, com a pretensão petista de fortalecer a sigla no Estado.
- Apoiado por Bolsonaro: Alexandre Ramagem (PL)
Candidato próprio do PL, o ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na gestão bolsonarista e deputado federal Alexandre Ramagem é o nome de Bolsonaro no Rio. A aliança foi articulada e é mantida pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o filho “01″, tido como principal defensor da candidatura do aliado e ponte entre Ramagem e Bolsonaro.
Flávio e o pai estiveram ao lado de Ramagem no lançamento da pré-candidatura do aliado em março, na quadra da Mocidade Independente de Padre Miguel, na zona oeste do Rio de Janeiro. Antes do registro oficial da candidatura, veio à tona a gravação de uma reunião em que o ex-chefe do Executivo discute um plano para anular o inquérito das “rachadinhas” – investigação que fechou o cerco a Flávio. Mesmo assim, Ramagem, que segue em segundo lugar nas pesquisas com ampla diferença com Paes, foi oficializado pelo PL no final de julho, ao lado do vereador Carlos Bolsonaro.
Vitória (ES)
- Apoiado por Lula: João Coser (PT)
Na capital capixaba, Lula apoia o deputado estadual petista e ex-prefeito, entre 2005 a 2013, João Coser. Ele segue atrás de Lorenzo Pazolini (Republicanos), atual prefeito de Vitória, que lidera nas pesquisas de intenção de voto e de quem perdeu a disputa pela prefeitura em 2020.
Na última eleição, Lula fez campanha aberta ao correligionário, com mais de 40 anos de filiação ao PT. Coser foi um dos dois únicos candidatos do PT que foi ao segundo turno em 2020. Naquelas eleições, o partido não conseguiu eleger sequer um prefeito de capital.
- Apoiado por Bolsonaro: Capitão Assumção (PL)
Com candidatura própria, o PL lançou oficialmente o deputado estadual Capitão Assumção (PL) à prefeitura de Vitória, na convenção do partido no final de julho. O deputado chegou a ser preso em fevereiro deste ano por descumprir medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no inquérito dos atos antidemocráticos. Ele foi solto após votação da Assembleia Estadual do Espírito Santo (Ales) pela revogação da prisão.
O candidato está proibido de usar as redes sociais desde dezembro de 2022. No entanto, ele seguiu movimentando seus perfis na internet e chegou a publicar imagens dos atos golpistas de 8 de Janeiro, com o comentário: “Supremo é o povo”.
Belo Horizonte (BH)
- Apoiado por Lula: Rogério Correia (PT)
A candidatura do deputado federal Rogério Correia (PT) à prefeitura de Belo Horizonte foi oficializada na convenção dos petistas na capital mineira no último mês. A vice da chapa é a deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL).
Embora Lula já tenha declarado apoio publicamente ao deputado, o próprio Correia afirmou à mídia local que ainda não é conhecido como o “candidato de Lula”, e que vai trabalhar para colar a imagem com a do presidente.
O próprio mandatário não esteve presente na convenção, mas os ministros petistas Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança Climática) e Márcio Macedo (Secretaria Geral da Presidência), além da presidente nacional da sigla e deputada federal, Gleisi Hoffman (PR), estiveram no palanque de Correia durante o evento.
- Apoiado por Bolsonaro: Bruno Engler (PL)
O deputado estadual Bruno Engler (PL) recebe o apoio do ex-presidente pela segunda vez. Antes, em 2020, ele também concorreu à prefeitura de BH, pelo PRTB, mas ficou em segundo lugar, atingindo quase 10% dos votos.
Segundo a mídia local, Engler foi escolhido pelo próprio Bolsonaro para a disputa da capital mineira. O ex-presidente não esteve presente no lançamento da pré-candidatura do deputado, em maio, nem na convenção do partido, dia 2, mas gravou um vídeo em apoio.