Quem são os jovens candidatos a vereador de direita que dominam o tema da segurança pública em SP


Monitoramento da USP identificou que candidatos de direita dominam interações nas redes sociais em dois campos cruciais nas eleições

Por Guilherme Caetano
Atualização:

BRASÍLIA - Candidatos bolsonaristas têm prevalecido sobre os rivais de esquerda no engajamento em dois campos cruciais na disputa pelas cadeiras na Câmara Municipal de São Paulo: na juventude (em que progressistas costumam mostrar força) e na segurança pública (tema mais associado aos conservadores).

Entre os candidatos com 18 a 29 anos no pleito, dispersos em 19 diferentes partidos, lideranças bolsonaristas dominam o mercado dos likes. Lucas Pavanato (PL) é o campeão de interações (soma de curtidas, comentários e compartilhamentos) no Instagram e no TikTok, seguido por Zoe Martínez (PL), Renato Battista (União), Gabriel Marrom (PRD) e Maicon Sulivan (PMN), todos de direita.

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O candidato a vereador Lucas Pavanato (PL-SP), à esquerda, e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) Foto: Reprodução/ Facebook: Lucas Pavanato

As informações constam no relatório quinzenal (entre 30 de agosto e 13 de setembro) do “Monitoramento das Eleições Municipais de 2024″, coordenado por um grupo interdisciplinar de pesquisadores da USP (da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e do Instituto de Ciências Matemáticas e Computação de São Carlos). O projeto “Criminalidade, Insegurança e Legitimidade: uma abordagem transdisciplinar” (CIL) extraiu dados de cinco mídias sociais (Instagram, Facebook, TikTok, YouTube e X, antes de ser derrubado no Brasil), em perfis dos candidatos à Prefeitura de São Paulo, comunicadores ligados às campanhas, veículos de comunicação e candidatos à Câmara Municipal.

Pavanato é uma das principais apostas do PL para aumentar a bancada de vereadores. Ele recebeu R$ 1 milhão do diretório nacional do partido, é seguido por 1,3 milhão de pessoas no TikTok e tem feito uma campanha radical contra a esquerda e a imprensa. Nas redes sociais, Pavanato ostenta apoio do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), ícone da juventude bolsonarista.

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Zoe é outro grande investimento do PL, que aportou R$ 950 mil em sua candidatura. Também advinda do comentarismo político da Jovem Pan, veículo alinhado ao bolsonarismo, a cubana naturalizada brasileira concentra sua campanha nos ataques à esquerda. Ela tem apoio da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e da deputada federal Bia Kicis (PL-DF), além de manter 1,3 milhão de seguidores no Instagram.

Battista, por sua vez, é o nome do Movimento Brasil Livre (MBL) na disputa. O grupo conta com Kim Kataguiri (União) na Câmara dos Deputados e Guto Zacarias (União) na Assembleia Legislativa de São Paulo, e agora visa retomar uma cadeira na Câmara Municipal. Com 352 mil seguidores no Instagram, ele também aposta no enfrentamento à esquerda como bandeira eleitoral: ele se define como “líder da frente anti-Boulos”. Sua campanha recebeu R$ 700 mil do diretório estadual do União Brasil.

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A postura virulenta contra a esquerda, numa tentativa de demonizar o campo ideológico adversário com abuso de descontextualização de cortes de vídeos, confere a esses candidatos grande visualização de suas publicações.

O candidato jovem de esquerda que mais se aproxima dos adversários em interações, segundo o relatório, é Leonardo Grandini (PSOL). Ele se vende como “o vereador do Janones em São Paulo”, em referência ao deputado federal André Janones (Avante-MG) — que se transformou na principal arma digital da campanha de Lula em 2022 e foi indiciado pela Polícia Federal neste mês por supostos crimes de corrupção, associação criminosa e peculato — e como “o terror dos bolsonaristas da Jovem Pan” em suas redes sociais. O PSOL investiu R$ 130 mil em sua candidatura.

Com 77,2 mil seguidores no Instagram e 35 mil no TikTok, Grandini partilha da ideia de que a briga com a direita é desproporcional. Numa publicação nesta terça-feira, ele divulgou um recado de apoio de Janones e tratou do assunto: “Estamos na reta final de campanha e tenho um pedido MUITO importante a todos vocês! A extrema-direita dominou a comunicação e deixou a esquerda para trás. Mais do que nunca, precisamos eleger na maior cidade do Brasil, o vereador com mais chances e o único que teve a coragem de enfrentar Marçal, as milícias bolsonaristas e todo o gado!”, escreveu o candidato do PSOL.

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Na segurança pública, por sua vez, apesar do tradicional predomínio de candidaturas e partidos de direita entre representantes das forças do Estado, um nome de esquerda se sobressai entre os candidatos com mais interações.

O comandante Robinson Farinazzo, do canal Arte da Guerra, é filiado ao PDT de Ciro Gomes e defende um “resgate ao nacionalismo”, em linha com a ala de esquerda radical abrigada no partido. Sob o lema “hierarquia e disciplina”, ele é seguido por 87 mil seguidores no Instagram, critica o que avalia como uma cobiça internacional sobre a Amazônia e é contrário à divisão esquerda contra direita.

O restante dos adversários no topo do ranking de interações é de direita: o líder Deycon Silva (bombeiro militar, do Podemos), Sargento Nantes (policial militar, do PP), Tenente Bahia (policial militar, do PL), Major Palumbo (bombeiro militar, PP) e Sargento Cavalcanti (militar reformado, do PSD). Os candidatos a vice-prefeito Coronel Mello Araújo (ex-Rota, do PL) e Antônia de Jesus (policial militar, do PRTB) também aparecem na lista, em sexto e sétimo lugares.

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A socióloga Natasha Bachini, pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP e uma das coordenadoras do estudo, diz que, apesar de pesquisas mostrarem o voto jovem mais à esquerda do expectro político — e existir uma “espécie de expectativa compartilhada de que os jovens teriam uma inclinação mais progressista e utópico, própria da idade” —, o ambiente digital tem peculiaridades.

“Diversas pesquisas sugerem que pessoas alinhadas à direita e, sobretudo, à extrema-direita, são mais engajadas nas redes sociais do que pessoas do campo progressista. Neste último, os candidatos costumam provir da atuação orgânica em movimentos sociais. Assim, enquanto as redes são para os candidatos jovens da direita e da extrema-direita o principal meio de promoção política (Lucas Pavanato e Zoe Martinez são as principais expressões dessa tendência entre os candidatos jovens nesse sentido) para os de esquerda elas funcionam como uma extensão de sua militância política em outras instâncias”, diz Natasha.

A pesquisadora identificou que, além de esses candidatos de direita procurarem se associar à imagem de Bolsonaro, e alvejar personalidades políticas como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Alexandre de Moraes (ministro do Supremo Tribunal Federal), são os candidatos que mais se utilizam de marcadores ideológicos para expressar seu posicionamento político à direita, reforçando a polarização política.

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“Seus conteúdos, frequentemente, apresentam um tom bastante agressivo com relação à esquerda, e aos movimentos feministas e LGBTQIA+, refletindo um caráter misógino e transfóbico. Ou seja, verifica-se que não se colocam apenas como adversários, pertencentes a outro campo político, não é uma simples demarcação de fronteira, uma distinção. Apresentam-se como combatentes do outro lado da disputa”, afirma ela.

BRASÍLIA - Candidatos bolsonaristas têm prevalecido sobre os rivais de esquerda no engajamento em dois campos cruciais na disputa pelas cadeiras na Câmara Municipal de São Paulo: na juventude (em que progressistas costumam mostrar força) e na segurança pública (tema mais associado aos conservadores).

Entre os candidatos com 18 a 29 anos no pleito, dispersos em 19 diferentes partidos, lideranças bolsonaristas dominam o mercado dos likes. Lucas Pavanato (PL) é o campeão de interações (soma de curtidas, comentários e compartilhamentos) no Instagram e no TikTok, seguido por Zoe Martínez (PL), Renato Battista (União), Gabriel Marrom (PRD) e Maicon Sulivan (PMN), todos de direita.

O candidato a vereador Lucas Pavanato (PL-SP), à esquerda, e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) Foto: Reprodução/ Facebook: Lucas Pavanato

As informações constam no relatório quinzenal (entre 30 de agosto e 13 de setembro) do “Monitoramento das Eleições Municipais de 2024″, coordenado por um grupo interdisciplinar de pesquisadores da USP (da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e do Instituto de Ciências Matemáticas e Computação de São Carlos). O projeto “Criminalidade, Insegurança e Legitimidade: uma abordagem transdisciplinar” (CIL) extraiu dados de cinco mídias sociais (Instagram, Facebook, TikTok, YouTube e X, antes de ser derrubado no Brasil), em perfis dos candidatos à Prefeitura de São Paulo, comunicadores ligados às campanhas, veículos de comunicação e candidatos à Câmara Municipal.

Pavanato é uma das principais apostas do PL para aumentar a bancada de vereadores. Ele recebeu R$ 1 milhão do diretório nacional do partido, é seguido por 1,3 milhão de pessoas no TikTok e tem feito uma campanha radical contra a esquerda e a imprensa. Nas redes sociais, Pavanato ostenta apoio do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), ícone da juventude bolsonarista.

Zoe é outro grande investimento do PL, que aportou R$ 950 mil em sua candidatura. Também advinda do comentarismo político da Jovem Pan, veículo alinhado ao bolsonarismo, a cubana naturalizada brasileira concentra sua campanha nos ataques à esquerda. Ela tem apoio da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e da deputada federal Bia Kicis (PL-DF), além de manter 1,3 milhão de seguidores no Instagram.

Battista, por sua vez, é o nome do Movimento Brasil Livre (MBL) na disputa. O grupo conta com Kim Kataguiri (União) na Câmara dos Deputados e Guto Zacarias (União) na Assembleia Legislativa de São Paulo, e agora visa retomar uma cadeira na Câmara Municipal. Com 352 mil seguidores no Instagram, ele também aposta no enfrentamento à esquerda como bandeira eleitoral: ele se define como “líder da frente anti-Boulos”. Sua campanha recebeu R$ 700 mil do diretório estadual do União Brasil.

A postura virulenta contra a esquerda, numa tentativa de demonizar o campo ideológico adversário com abuso de descontextualização de cortes de vídeos, confere a esses candidatos grande visualização de suas publicações.

O candidato jovem de esquerda que mais se aproxima dos adversários em interações, segundo o relatório, é Leonardo Grandini (PSOL). Ele se vende como “o vereador do Janones em São Paulo”, em referência ao deputado federal André Janones (Avante-MG) — que se transformou na principal arma digital da campanha de Lula em 2022 e foi indiciado pela Polícia Federal neste mês por supostos crimes de corrupção, associação criminosa e peculato — e como “o terror dos bolsonaristas da Jovem Pan” em suas redes sociais. O PSOL investiu R$ 130 mil em sua candidatura.

Com 77,2 mil seguidores no Instagram e 35 mil no TikTok, Grandini partilha da ideia de que a briga com a direita é desproporcional. Numa publicação nesta terça-feira, ele divulgou um recado de apoio de Janones e tratou do assunto: “Estamos na reta final de campanha e tenho um pedido MUITO importante a todos vocês! A extrema-direita dominou a comunicação e deixou a esquerda para trás. Mais do que nunca, precisamos eleger na maior cidade do Brasil, o vereador com mais chances e o único que teve a coragem de enfrentar Marçal, as milícias bolsonaristas e todo o gado!”, escreveu o candidato do PSOL.

Na segurança pública, por sua vez, apesar do tradicional predomínio de candidaturas e partidos de direita entre representantes das forças do Estado, um nome de esquerda se sobressai entre os candidatos com mais interações.

O comandante Robinson Farinazzo, do canal Arte da Guerra, é filiado ao PDT de Ciro Gomes e defende um “resgate ao nacionalismo”, em linha com a ala de esquerda radical abrigada no partido. Sob o lema “hierarquia e disciplina”, ele é seguido por 87 mil seguidores no Instagram, critica o que avalia como uma cobiça internacional sobre a Amazônia e é contrário à divisão esquerda contra direita.

O restante dos adversários no topo do ranking de interações é de direita: o líder Deycon Silva (bombeiro militar, do Podemos), Sargento Nantes (policial militar, do PP), Tenente Bahia (policial militar, do PL), Major Palumbo (bombeiro militar, PP) e Sargento Cavalcanti (militar reformado, do PSD). Os candidatos a vice-prefeito Coronel Mello Araújo (ex-Rota, do PL) e Antônia de Jesus (policial militar, do PRTB) também aparecem na lista, em sexto e sétimo lugares.

A socióloga Natasha Bachini, pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP e uma das coordenadoras do estudo, diz que, apesar de pesquisas mostrarem o voto jovem mais à esquerda do expectro político — e existir uma “espécie de expectativa compartilhada de que os jovens teriam uma inclinação mais progressista e utópico, própria da idade” —, o ambiente digital tem peculiaridades.

“Diversas pesquisas sugerem que pessoas alinhadas à direita e, sobretudo, à extrema-direita, são mais engajadas nas redes sociais do que pessoas do campo progressista. Neste último, os candidatos costumam provir da atuação orgânica em movimentos sociais. Assim, enquanto as redes são para os candidatos jovens da direita e da extrema-direita o principal meio de promoção política (Lucas Pavanato e Zoe Martinez são as principais expressões dessa tendência entre os candidatos jovens nesse sentido) para os de esquerda elas funcionam como uma extensão de sua militância política em outras instâncias”, diz Natasha.

A pesquisadora identificou que, além de esses candidatos de direita procurarem se associar à imagem de Bolsonaro, e alvejar personalidades políticas como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Alexandre de Moraes (ministro do Supremo Tribunal Federal), são os candidatos que mais se utilizam de marcadores ideológicos para expressar seu posicionamento político à direita, reforçando a polarização política.

“Seus conteúdos, frequentemente, apresentam um tom bastante agressivo com relação à esquerda, e aos movimentos feministas e LGBTQIA+, refletindo um caráter misógino e transfóbico. Ou seja, verifica-se que não se colocam apenas como adversários, pertencentes a outro campo político, não é uma simples demarcação de fronteira, uma distinção. Apresentam-se como combatentes do outro lado da disputa”, afirma ela.

BRASÍLIA - Candidatos bolsonaristas têm prevalecido sobre os rivais de esquerda no engajamento em dois campos cruciais na disputa pelas cadeiras na Câmara Municipal de São Paulo: na juventude (em que progressistas costumam mostrar força) e na segurança pública (tema mais associado aos conservadores).

Entre os candidatos com 18 a 29 anos no pleito, dispersos em 19 diferentes partidos, lideranças bolsonaristas dominam o mercado dos likes. Lucas Pavanato (PL) é o campeão de interações (soma de curtidas, comentários e compartilhamentos) no Instagram e no TikTok, seguido por Zoe Martínez (PL), Renato Battista (União), Gabriel Marrom (PRD) e Maicon Sulivan (PMN), todos de direita.

O candidato a vereador Lucas Pavanato (PL-SP), à esquerda, e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) Foto: Reprodução/ Facebook: Lucas Pavanato

As informações constam no relatório quinzenal (entre 30 de agosto e 13 de setembro) do “Monitoramento das Eleições Municipais de 2024″, coordenado por um grupo interdisciplinar de pesquisadores da USP (da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e do Instituto de Ciências Matemáticas e Computação de São Carlos). O projeto “Criminalidade, Insegurança e Legitimidade: uma abordagem transdisciplinar” (CIL) extraiu dados de cinco mídias sociais (Instagram, Facebook, TikTok, YouTube e X, antes de ser derrubado no Brasil), em perfis dos candidatos à Prefeitura de São Paulo, comunicadores ligados às campanhas, veículos de comunicação e candidatos à Câmara Municipal.

Pavanato é uma das principais apostas do PL para aumentar a bancada de vereadores. Ele recebeu R$ 1 milhão do diretório nacional do partido, é seguido por 1,3 milhão de pessoas no TikTok e tem feito uma campanha radical contra a esquerda e a imprensa. Nas redes sociais, Pavanato ostenta apoio do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), ícone da juventude bolsonarista.

Zoe é outro grande investimento do PL, que aportou R$ 950 mil em sua candidatura. Também advinda do comentarismo político da Jovem Pan, veículo alinhado ao bolsonarismo, a cubana naturalizada brasileira concentra sua campanha nos ataques à esquerda. Ela tem apoio da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e da deputada federal Bia Kicis (PL-DF), além de manter 1,3 milhão de seguidores no Instagram.

Battista, por sua vez, é o nome do Movimento Brasil Livre (MBL) na disputa. O grupo conta com Kim Kataguiri (União) na Câmara dos Deputados e Guto Zacarias (União) na Assembleia Legislativa de São Paulo, e agora visa retomar uma cadeira na Câmara Municipal. Com 352 mil seguidores no Instagram, ele também aposta no enfrentamento à esquerda como bandeira eleitoral: ele se define como “líder da frente anti-Boulos”. Sua campanha recebeu R$ 700 mil do diretório estadual do União Brasil.

A postura virulenta contra a esquerda, numa tentativa de demonizar o campo ideológico adversário com abuso de descontextualização de cortes de vídeos, confere a esses candidatos grande visualização de suas publicações.

O candidato jovem de esquerda que mais se aproxima dos adversários em interações, segundo o relatório, é Leonardo Grandini (PSOL). Ele se vende como “o vereador do Janones em São Paulo”, em referência ao deputado federal André Janones (Avante-MG) — que se transformou na principal arma digital da campanha de Lula em 2022 e foi indiciado pela Polícia Federal neste mês por supostos crimes de corrupção, associação criminosa e peculato — e como “o terror dos bolsonaristas da Jovem Pan” em suas redes sociais. O PSOL investiu R$ 130 mil em sua candidatura.

Com 77,2 mil seguidores no Instagram e 35 mil no TikTok, Grandini partilha da ideia de que a briga com a direita é desproporcional. Numa publicação nesta terça-feira, ele divulgou um recado de apoio de Janones e tratou do assunto: “Estamos na reta final de campanha e tenho um pedido MUITO importante a todos vocês! A extrema-direita dominou a comunicação e deixou a esquerda para trás. Mais do que nunca, precisamos eleger na maior cidade do Brasil, o vereador com mais chances e o único que teve a coragem de enfrentar Marçal, as milícias bolsonaristas e todo o gado!”, escreveu o candidato do PSOL.

Na segurança pública, por sua vez, apesar do tradicional predomínio de candidaturas e partidos de direita entre representantes das forças do Estado, um nome de esquerda se sobressai entre os candidatos com mais interações.

O comandante Robinson Farinazzo, do canal Arte da Guerra, é filiado ao PDT de Ciro Gomes e defende um “resgate ao nacionalismo”, em linha com a ala de esquerda radical abrigada no partido. Sob o lema “hierarquia e disciplina”, ele é seguido por 87 mil seguidores no Instagram, critica o que avalia como uma cobiça internacional sobre a Amazônia e é contrário à divisão esquerda contra direita.

O restante dos adversários no topo do ranking de interações é de direita: o líder Deycon Silva (bombeiro militar, do Podemos), Sargento Nantes (policial militar, do PP), Tenente Bahia (policial militar, do PL), Major Palumbo (bombeiro militar, PP) e Sargento Cavalcanti (militar reformado, do PSD). Os candidatos a vice-prefeito Coronel Mello Araújo (ex-Rota, do PL) e Antônia de Jesus (policial militar, do PRTB) também aparecem na lista, em sexto e sétimo lugares.

A socióloga Natasha Bachini, pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP e uma das coordenadoras do estudo, diz que, apesar de pesquisas mostrarem o voto jovem mais à esquerda do expectro político — e existir uma “espécie de expectativa compartilhada de que os jovens teriam uma inclinação mais progressista e utópico, própria da idade” —, o ambiente digital tem peculiaridades.

“Diversas pesquisas sugerem que pessoas alinhadas à direita e, sobretudo, à extrema-direita, são mais engajadas nas redes sociais do que pessoas do campo progressista. Neste último, os candidatos costumam provir da atuação orgânica em movimentos sociais. Assim, enquanto as redes são para os candidatos jovens da direita e da extrema-direita o principal meio de promoção política (Lucas Pavanato e Zoe Martinez são as principais expressões dessa tendência entre os candidatos jovens nesse sentido) para os de esquerda elas funcionam como uma extensão de sua militância política em outras instâncias”, diz Natasha.

A pesquisadora identificou que, além de esses candidatos de direita procurarem se associar à imagem de Bolsonaro, e alvejar personalidades políticas como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Alexandre de Moraes (ministro do Supremo Tribunal Federal), são os candidatos que mais se utilizam de marcadores ideológicos para expressar seu posicionamento político à direita, reforçando a polarização política.

“Seus conteúdos, frequentemente, apresentam um tom bastante agressivo com relação à esquerda, e aos movimentos feministas e LGBTQIA+, refletindo um caráter misógino e transfóbico. Ou seja, verifica-se que não se colocam apenas como adversários, pertencentes a outro campo político, não é uma simples demarcação de fronteira, uma distinção. Apresentam-se como combatentes do outro lado da disputa”, afirma ela.

BRASÍLIA - Candidatos bolsonaristas têm prevalecido sobre os rivais de esquerda no engajamento em dois campos cruciais na disputa pelas cadeiras na Câmara Municipal de São Paulo: na juventude (em que progressistas costumam mostrar força) e na segurança pública (tema mais associado aos conservadores).

Entre os candidatos com 18 a 29 anos no pleito, dispersos em 19 diferentes partidos, lideranças bolsonaristas dominam o mercado dos likes. Lucas Pavanato (PL) é o campeão de interações (soma de curtidas, comentários e compartilhamentos) no Instagram e no TikTok, seguido por Zoe Martínez (PL), Renato Battista (União), Gabriel Marrom (PRD) e Maicon Sulivan (PMN), todos de direita.

O candidato a vereador Lucas Pavanato (PL-SP), à esquerda, e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) Foto: Reprodução/ Facebook: Lucas Pavanato

As informações constam no relatório quinzenal (entre 30 de agosto e 13 de setembro) do “Monitoramento das Eleições Municipais de 2024″, coordenado por um grupo interdisciplinar de pesquisadores da USP (da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e do Instituto de Ciências Matemáticas e Computação de São Carlos). O projeto “Criminalidade, Insegurança e Legitimidade: uma abordagem transdisciplinar” (CIL) extraiu dados de cinco mídias sociais (Instagram, Facebook, TikTok, YouTube e X, antes de ser derrubado no Brasil), em perfis dos candidatos à Prefeitura de São Paulo, comunicadores ligados às campanhas, veículos de comunicação e candidatos à Câmara Municipal.

Pavanato é uma das principais apostas do PL para aumentar a bancada de vereadores. Ele recebeu R$ 1 milhão do diretório nacional do partido, é seguido por 1,3 milhão de pessoas no TikTok e tem feito uma campanha radical contra a esquerda e a imprensa. Nas redes sociais, Pavanato ostenta apoio do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), ícone da juventude bolsonarista.

Zoe é outro grande investimento do PL, que aportou R$ 950 mil em sua candidatura. Também advinda do comentarismo político da Jovem Pan, veículo alinhado ao bolsonarismo, a cubana naturalizada brasileira concentra sua campanha nos ataques à esquerda. Ela tem apoio da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e da deputada federal Bia Kicis (PL-DF), além de manter 1,3 milhão de seguidores no Instagram.

Battista, por sua vez, é o nome do Movimento Brasil Livre (MBL) na disputa. O grupo conta com Kim Kataguiri (União) na Câmara dos Deputados e Guto Zacarias (União) na Assembleia Legislativa de São Paulo, e agora visa retomar uma cadeira na Câmara Municipal. Com 352 mil seguidores no Instagram, ele também aposta no enfrentamento à esquerda como bandeira eleitoral: ele se define como “líder da frente anti-Boulos”. Sua campanha recebeu R$ 700 mil do diretório estadual do União Brasil.

A postura virulenta contra a esquerda, numa tentativa de demonizar o campo ideológico adversário com abuso de descontextualização de cortes de vídeos, confere a esses candidatos grande visualização de suas publicações.

O candidato jovem de esquerda que mais se aproxima dos adversários em interações, segundo o relatório, é Leonardo Grandini (PSOL). Ele se vende como “o vereador do Janones em São Paulo”, em referência ao deputado federal André Janones (Avante-MG) — que se transformou na principal arma digital da campanha de Lula em 2022 e foi indiciado pela Polícia Federal neste mês por supostos crimes de corrupção, associação criminosa e peculato — e como “o terror dos bolsonaristas da Jovem Pan” em suas redes sociais. O PSOL investiu R$ 130 mil em sua candidatura.

Com 77,2 mil seguidores no Instagram e 35 mil no TikTok, Grandini partilha da ideia de que a briga com a direita é desproporcional. Numa publicação nesta terça-feira, ele divulgou um recado de apoio de Janones e tratou do assunto: “Estamos na reta final de campanha e tenho um pedido MUITO importante a todos vocês! A extrema-direita dominou a comunicação e deixou a esquerda para trás. Mais do que nunca, precisamos eleger na maior cidade do Brasil, o vereador com mais chances e o único que teve a coragem de enfrentar Marçal, as milícias bolsonaristas e todo o gado!”, escreveu o candidato do PSOL.

Na segurança pública, por sua vez, apesar do tradicional predomínio de candidaturas e partidos de direita entre representantes das forças do Estado, um nome de esquerda se sobressai entre os candidatos com mais interações.

O comandante Robinson Farinazzo, do canal Arte da Guerra, é filiado ao PDT de Ciro Gomes e defende um “resgate ao nacionalismo”, em linha com a ala de esquerda radical abrigada no partido. Sob o lema “hierarquia e disciplina”, ele é seguido por 87 mil seguidores no Instagram, critica o que avalia como uma cobiça internacional sobre a Amazônia e é contrário à divisão esquerda contra direita.

O restante dos adversários no topo do ranking de interações é de direita: o líder Deycon Silva (bombeiro militar, do Podemos), Sargento Nantes (policial militar, do PP), Tenente Bahia (policial militar, do PL), Major Palumbo (bombeiro militar, PP) e Sargento Cavalcanti (militar reformado, do PSD). Os candidatos a vice-prefeito Coronel Mello Araújo (ex-Rota, do PL) e Antônia de Jesus (policial militar, do PRTB) também aparecem na lista, em sexto e sétimo lugares.

A socióloga Natasha Bachini, pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP e uma das coordenadoras do estudo, diz que, apesar de pesquisas mostrarem o voto jovem mais à esquerda do expectro político — e existir uma “espécie de expectativa compartilhada de que os jovens teriam uma inclinação mais progressista e utópico, própria da idade” —, o ambiente digital tem peculiaridades.

“Diversas pesquisas sugerem que pessoas alinhadas à direita e, sobretudo, à extrema-direita, são mais engajadas nas redes sociais do que pessoas do campo progressista. Neste último, os candidatos costumam provir da atuação orgânica em movimentos sociais. Assim, enquanto as redes são para os candidatos jovens da direita e da extrema-direita o principal meio de promoção política (Lucas Pavanato e Zoe Martinez são as principais expressões dessa tendência entre os candidatos jovens nesse sentido) para os de esquerda elas funcionam como uma extensão de sua militância política em outras instâncias”, diz Natasha.

A pesquisadora identificou que, além de esses candidatos de direita procurarem se associar à imagem de Bolsonaro, e alvejar personalidades políticas como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Alexandre de Moraes (ministro do Supremo Tribunal Federal), são os candidatos que mais se utilizam de marcadores ideológicos para expressar seu posicionamento político à direita, reforçando a polarização política.

“Seus conteúdos, frequentemente, apresentam um tom bastante agressivo com relação à esquerda, e aos movimentos feministas e LGBTQIA+, refletindo um caráter misógino e transfóbico. Ou seja, verifica-se que não se colocam apenas como adversários, pertencentes a outro campo político, não é uma simples demarcação de fronteira, uma distinção. Apresentam-se como combatentes do outro lado da disputa”, afirma ela.

BRASÍLIA - Candidatos bolsonaristas têm prevalecido sobre os rivais de esquerda no engajamento em dois campos cruciais na disputa pelas cadeiras na Câmara Municipal de São Paulo: na juventude (em que progressistas costumam mostrar força) e na segurança pública (tema mais associado aos conservadores).

Entre os candidatos com 18 a 29 anos no pleito, dispersos em 19 diferentes partidos, lideranças bolsonaristas dominam o mercado dos likes. Lucas Pavanato (PL) é o campeão de interações (soma de curtidas, comentários e compartilhamentos) no Instagram e no TikTok, seguido por Zoe Martínez (PL), Renato Battista (União), Gabriel Marrom (PRD) e Maicon Sulivan (PMN), todos de direita.

O candidato a vereador Lucas Pavanato (PL-SP), à esquerda, e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) Foto: Reprodução/ Facebook: Lucas Pavanato

As informações constam no relatório quinzenal (entre 30 de agosto e 13 de setembro) do “Monitoramento das Eleições Municipais de 2024″, coordenado por um grupo interdisciplinar de pesquisadores da USP (da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e do Instituto de Ciências Matemáticas e Computação de São Carlos). O projeto “Criminalidade, Insegurança e Legitimidade: uma abordagem transdisciplinar” (CIL) extraiu dados de cinco mídias sociais (Instagram, Facebook, TikTok, YouTube e X, antes de ser derrubado no Brasil), em perfis dos candidatos à Prefeitura de São Paulo, comunicadores ligados às campanhas, veículos de comunicação e candidatos à Câmara Municipal.

Pavanato é uma das principais apostas do PL para aumentar a bancada de vereadores. Ele recebeu R$ 1 milhão do diretório nacional do partido, é seguido por 1,3 milhão de pessoas no TikTok e tem feito uma campanha radical contra a esquerda e a imprensa. Nas redes sociais, Pavanato ostenta apoio do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), ícone da juventude bolsonarista.

Zoe é outro grande investimento do PL, que aportou R$ 950 mil em sua candidatura. Também advinda do comentarismo político da Jovem Pan, veículo alinhado ao bolsonarismo, a cubana naturalizada brasileira concentra sua campanha nos ataques à esquerda. Ela tem apoio da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e da deputada federal Bia Kicis (PL-DF), além de manter 1,3 milhão de seguidores no Instagram.

Battista, por sua vez, é o nome do Movimento Brasil Livre (MBL) na disputa. O grupo conta com Kim Kataguiri (União) na Câmara dos Deputados e Guto Zacarias (União) na Assembleia Legislativa de São Paulo, e agora visa retomar uma cadeira na Câmara Municipal. Com 352 mil seguidores no Instagram, ele também aposta no enfrentamento à esquerda como bandeira eleitoral: ele se define como “líder da frente anti-Boulos”. Sua campanha recebeu R$ 700 mil do diretório estadual do União Brasil.

A postura virulenta contra a esquerda, numa tentativa de demonizar o campo ideológico adversário com abuso de descontextualização de cortes de vídeos, confere a esses candidatos grande visualização de suas publicações.

O candidato jovem de esquerda que mais se aproxima dos adversários em interações, segundo o relatório, é Leonardo Grandini (PSOL). Ele se vende como “o vereador do Janones em São Paulo”, em referência ao deputado federal André Janones (Avante-MG) — que se transformou na principal arma digital da campanha de Lula em 2022 e foi indiciado pela Polícia Federal neste mês por supostos crimes de corrupção, associação criminosa e peculato — e como “o terror dos bolsonaristas da Jovem Pan” em suas redes sociais. O PSOL investiu R$ 130 mil em sua candidatura.

Com 77,2 mil seguidores no Instagram e 35 mil no TikTok, Grandini partilha da ideia de que a briga com a direita é desproporcional. Numa publicação nesta terça-feira, ele divulgou um recado de apoio de Janones e tratou do assunto: “Estamos na reta final de campanha e tenho um pedido MUITO importante a todos vocês! A extrema-direita dominou a comunicação e deixou a esquerda para trás. Mais do que nunca, precisamos eleger na maior cidade do Brasil, o vereador com mais chances e o único que teve a coragem de enfrentar Marçal, as milícias bolsonaristas e todo o gado!”, escreveu o candidato do PSOL.

Na segurança pública, por sua vez, apesar do tradicional predomínio de candidaturas e partidos de direita entre representantes das forças do Estado, um nome de esquerda se sobressai entre os candidatos com mais interações.

O comandante Robinson Farinazzo, do canal Arte da Guerra, é filiado ao PDT de Ciro Gomes e defende um “resgate ao nacionalismo”, em linha com a ala de esquerda radical abrigada no partido. Sob o lema “hierarquia e disciplina”, ele é seguido por 87 mil seguidores no Instagram, critica o que avalia como uma cobiça internacional sobre a Amazônia e é contrário à divisão esquerda contra direita.

O restante dos adversários no topo do ranking de interações é de direita: o líder Deycon Silva (bombeiro militar, do Podemos), Sargento Nantes (policial militar, do PP), Tenente Bahia (policial militar, do PL), Major Palumbo (bombeiro militar, PP) e Sargento Cavalcanti (militar reformado, do PSD). Os candidatos a vice-prefeito Coronel Mello Araújo (ex-Rota, do PL) e Antônia de Jesus (policial militar, do PRTB) também aparecem na lista, em sexto e sétimo lugares.

A socióloga Natasha Bachini, pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP e uma das coordenadoras do estudo, diz que, apesar de pesquisas mostrarem o voto jovem mais à esquerda do expectro político — e existir uma “espécie de expectativa compartilhada de que os jovens teriam uma inclinação mais progressista e utópico, própria da idade” —, o ambiente digital tem peculiaridades.

“Diversas pesquisas sugerem que pessoas alinhadas à direita e, sobretudo, à extrema-direita, são mais engajadas nas redes sociais do que pessoas do campo progressista. Neste último, os candidatos costumam provir da atuação orgânica em movimentos sociais. Assim, enquanto as redes são para os candidatos jovens da direita e da extrema-direita o principal meio de promoção política (Lucas Pavanato e Zoe Martinez são as principais expressões dessa tendência entre os candidatos jovens nesse sentido) para os de esquerda elas funcionam como uma extensão de sua militância política em outras instâncias”, diz Natasha.

A pesquisadora identificou que, além de esses candidatos de direita procurarem se associar à imagem de Bolsonaro, e alvejar personalidades políticas como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Alexandre de Moraes (ministro do Supremo Tribunal Federal), são os candidatos que mais se utilizam de marcadores ideológicos para expressar seu posicionamento político à direita, reforçando a polarização política.

“Seus conteúdos, frequentemente, apresentam um tom bastante agressivo com relação à esquerda, e aos movimentos feministas e LGBTQIA+, refletindo um caráter misógino e transfóbico. Ou seja, verifica-se que não se colocam apenas como adversários, pertencentes a outro campo político, não é uma simples demarcação de fronteira, uma distinção. Apresentam-se como combatentes do outro lado da disputa”, afirma ela.

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