O advogado Cristiano Zanin Martins ficará frente a frente com críticos do governo Lula e adversários do passado – como o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), ex-juiz federal da Operação Lava Jato – durante a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, nesta quarta-feira, 21. A etapa é parte do processo de nomeação dele para o Supremo Tribunal Federal (STF). Com apoio das maiores bancadas da Casa, a tendência é que o indicado para a vaga deixada pelo ministro Ricardo Lewandowski seja aprovado pelo colegiado com a concordância de senadores evangélicos, petistas e membros de partidos do Centrão.
Como mostrou o Estadão, a cruzada que o advogado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) empreendeu nos corredores da Casa provocou resultados positivos. Zanin já tem o voto favorável de pelo menos 15 senadores da CCJ. O colegiado tem 26 parlamentares na composição atual – uma cadeira está vaga por falta de consenso entre os blocos na distribuição das vagas. Para aprovação, é necessária maioria simples, ou seja, 14 votos. O presidente da comissão, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), também vota.
Ele não apenas apoia como também apadrinhou a indicação de Zanin, em uma “troca de favores” que tem como horizonte uma tentativa de emplacar Pacheco para a vaga que abrirá com a saída de Rosa Weber, em outubro, como mostrou a Coluna da Vera Rosa.
A resistência em torno de Zanin está centrada nos parlamentares de direita e alinhados ao bolsonarismo. Eduardo Girão (Novo-CE), que disputou a presidência do Senado, disse que votará “não” nesta quarta-feira por entender que Lula, ao escolher o seu advogado pessoal para o cargo, fere o princípio da impessoalidade.
Apesar dos acenos feitos aos evangélicos, com quem Zanin esteve reunido na semana passada, o senador Magno Malta (PL-ES) disse que votará contra o nome de Zanin na CCJ.
Damares Alves (Republicanos-DF), também evangélica, disse que “gostou muito” do advogado, sinalizando que pode haver um posicionamento a favor do advogado no plenário. Ela não é membro da CCJ.
Outro que deve votar “não” para a indicação na CCJ é o senador bolsonarista Marcos do Val (Podemos-ES), alvo de operação da Polícia Federal na quinta-feira passada, 15. Nas redes sociais dele, derrubadas por ordem do Supremo, o parlamentar fez várias postagens contra o nome de Zanin.
Sérgio Moro, com quem Zanin protagonizou embates, criticou a escolha de Lula para o STF. Questionado pela reportagem do Estadão nesta segunda-feira, 19, o senador disse que não iria adiantar seu voto.
Na Operação Lava Jato, Zanin defendia Lula e Moro era o juiz do caso, na 13ª Vara Federal de Curitiba. Na sabatina na CCJ, entretanto, a tendência é que o clima acalorado entre os dois não se repita, segundo interlocutores do senador.
Na CCJ do Senado, cinco parlamentares são de partidos que compõem a base do governo Lula. Além do PT, que tem três senadores, PSB e PDT têm mais dois parlamentares, que já declararam voto em Zanin.
O MDB de Renan Calheiros (AL), senador aliado de Lula, também confirmou apoio unânime ao nome indicado pelo presidente. Um dos emedebistas da CCJ é o senador Jader Barbalho (MDB-PA), que foi governador do Pará e é pai do ministro das Cidades, Jader Filho.
Outro partido que também apoiará o nome de Zanin é o PSD, de Rodrigo Pacheco (MG). Cinco senadores da CCJ pertencem à sigla. Dois deles, Otto Alencar (BA) e Omar Aziz (AM), são ex-governadores. O amazonense foi relator da CPI da Covid. A atual relatora da CPMI do 8 de Janeiro, Eliziane Gama (MA), é outra parlamentar da sigla que estará na sabatina e afirmou que votará “sim”.
Se o nome de Zanin for aprovado depois da sabatina, ele será submetido ao plenário ainda nesta quarta, 21, como informou Pacheco. O relator do processo no Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), apresentou na última quinta, 15, um parecer favorável ao advogado.
Veja os nomes dos senadores que farão a sabatina de Cristiano Zanin na CCJ:
- Sérgio Moro (União Brasil-PR)
- Renan Calheiros (MDB-AL)
- Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
- Magno Malta (PL-ES)
- Eduardo Girão (Novo-CE)
- Davi Alcolumbre (União Brasil-AP)
- Ciro Nogueira (PP-PI)
- Marcio Bittar (União Brasil-AC)
- Eduardo Braga (MDB-AM)
- Jader Barbalho (MDB-PA)
- Oriovisto Guimarães (Podemos-PR)
- Marcos do Val (Podemos-ES)
- Weverton (PDT-MA)
- Plínio Valério (PSDB-AM)
- Omar Aziz (PSD-AM)
- Angelo Coronel (PSD-BA)
- Otto Alencar (PSD-BA)
- Eliziane Gama (PSD-MA)
- Lucas Barreto (PSD-AP)
- Fabiano Contarato (PT-ES)
- Rogério Carvalho (PT-SE)
- Augusta Brito (PT-CE)
- Ana Paula Lobato (PSB-MA)
- Carlos Portinho (PL-RJ)
- Esperidião Amin (PP-SC)
- Mecias de Jesus (Republicanos-RR)