Racha no Centrão ameaça poder de Lira, que já articula bloco paralelo


Grupo pode ganhar mais espaço em comissões e negociar apoio ao governo; embate também reflete disputa antecipada pela sucessão do presidente da Câmara, daqui a dois anos

Por Daniel Weterman e Vera Rosa
Atualização:

BRASÍLIA – O Centrão se dividiu na Câmara. A formação de um novo bloco de partidos, com 142 deputados, contrariou o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que, após o racha, articula contraofensiva para não perder poder. Agora, os aliados de Lira se preparam para apresentar um megabloco, desta vez com 164 deputados, unindo PP, União Brasil, PSDB, Cidadania, PSB, Avante e PDT.

A queda de braço começou depois que o Republicanos, partido que integrava o Centrão ao lado do PP de Lira e do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, deixou o grupo e se aliou ao MDB, PSD, Podemos e PSC.

A nova correlação de forças, que mais parece uma sopa de letrinhas, tem impacto na base aliada do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, nas negociações dos partidos com o Palácio do Planalto e, de quebra, reflete a disputa antecipada pela cadeira do presidente da Câmara.

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O líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), é o favorito de Lira para a sucessão ao comando da Casa, em fevereiro de 2025. Articulador do novo bloco, o deputado Marcos Pereira (SP), presidente do Republicanos, busca se fortalecer para o embate e, ao deixar o núcleo do Centrão, conseguiu montar um grupo que inclui o MDB e o PSD. Juntos, esses dois partidos têm seis ministérios no governo. Ligado à Igreja Universal, o Republicanos não integra a base de Lula.

O movimento que rachou o Centrão não só agrada como interessa ao Planalto, principalmente por ter surgido numa quadra em que Lira vem criando problemas para o governo, por causa da disputa com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O arranjo que desafia Lira foi planejado para ter a mesma formação durante os quatro anos da legislatura e pode conferir mais vagas a aliados do governo na Comissão Mista de Orçamento (CMO). Trata-se do colegiado que vota e determina para onde vão os recursos da União.

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A composição deste ano já está definida, mas mudará nos próximos. A CMO é decisiva para o Planalto, pois lá são travadas importantes disputas envolvendo as contas públicas. Brigas recentes no colegiado já ameaçaram, por exemplo, a votação do Orçamento e a liberação de dinheiro para os ministérios.

Casamento

Na prática, os blocos são formados para dar musculatura aos partidos na eleição da cúpula da Câmara, a chamada Mesa Diretora, e também nas comissões em que atuam. No início deste ano, por exemplo, Lira juntou um “blocão” com 20 partidos e 496 deputados para a disputa que o reelegeu presidente da Câmara.

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Arhur Lira se reuniu com líderes do MDB, PSD, Podemos e Republicanos antes de oficialização de novo bloco. Foto: Reprodução

O tamanho de cada um nesse casamento define quantas vagas serão ocupadas nos colegiados. A estrutura também é decisiva para as votações em plenário.

O Estadão apurou que o deputado Marcos Pereira, do Republicanos, espera atrair o apoio do PT de Lula e de outros partidos de esquerda para sua possível candidatura à presidência da Câmara, em 2025, mas ele nega qualquer tentativa de se opor a Lira. “Somos aliados e leais ao Arthur. Ele é nosso líder maior e comandante principal”, afirmou Pereira ao Estadão. O deputado disse que o impacto dessas articulações sempre dependerá dos acordos “pilotados” por Lira.

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“São partidos do centro, que possuem alguns pensamentos iguais sobre o andamento da Casa. Claro que não 100%, mas a grande maioria é governista e tem tudo para dar certo”, argumentou o líder do novo bloco, Fábio Macedo (Podemos-MA).

Na outra ponta, o deputado Alex Manente (SP), vice-líder da federação PSDB-Cidadania, admitiu as conversas com Lira. “Naturalmente, após o primeiro bloco, haverá a formação de outros, até para poder ter novo jogo de poder na Câmara”, disse ele.

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O PP e o União Brasil tentam agora fisgar a federação formada por PSDB e Cidadania, que têm 18 deputados. A dupla liderada por tucanos também é cobiçada pelo bloco composto por MDB, PSD e Republicanos.

De largada, a formação do novo bloco reduzirá o poder exclusivo de Lira no plenário. Os partidos poderão protocolar requerimentos de votação e até de obstrução sem depender do partido do presidente da Câmara. O grupo também passou a defender a retomada das comissões mistas de medidas provisórias, tema que divide Lira e Pacheco.

Elmar Nascumento (União-BA) é o candidato favorito de Lira para a sucessão na presidência da Câmara. Foto: Wilton Junior/Estadão
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Os dissidentes do Centrão calculam que podem conquistar mais cadeiras com a nova composição. A ideia é garantir três das 12 vagas em cada comissão, aumentando o poder de barganha para negociações com o Planalto.

Nos bastidores, o bloco quer mandar um recado a Lira: os deputados não aceitam a imposição de um candidato à sua sucessão e têm restrições a Elmar Nascimento. Além disso, o grupo está disposto a negociar com o Planalto, oferecendo uma base sólida a Lula, em troca de cargos e verbas, com a promessa de tirar a “faca no pescoço” do Executivo.

Em público, porém, os líderes dos partidos tiraram foto com o presidente da Câmara, na quarta-feira, 29, para anunciar a aliança. O presidente da Câmara não passou recibo. “Sempre defendi a unidade para reduzirmos o número de partidos, fortalecendo-os e dando à sociedade confiança no nosso sistema partidário”, escreveu Lira nas redes sociais.

BRASÍLIA – O Centrão se dividiu na Câmara. A formação de um novo bloco de partidos, com 142 deputados, contrariou o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que, após o racha, articula contraofensiva para não perder poder. Agora, os aliados de Lira se preparam para apresentar um megabloco, desta vez com 164 deputados, unindo PP, União Brasil, PSDB, Cidadania, PSB, Avante e PDT.

A queda de braço começou depois que o Republicanos, partido que integrava o Centrão ao lado do PP de Lira e do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, deixou o grupo e se aliou ao MDB, PSD, Podemos e PSC.

A nova correlação de forças, que mais parece uma sopa de letrinhas, tem impacto na base aliada do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, nas negociações dos partidos com o Palácio do Planalto e, de quebra, reflete a disputa antecipada pela cadeira do presidente da Câmara.

O líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), é o favorito de Lira para a sucessão ao comando da Casa, em fevereiro de 2025. Articulador do novo bloco, o deputado Marcos Pereira (SP), presidente do Republicanos, busca se fortalecer para o embate e, ao deixar o núcleo do Centrão, conseguiu montar um grupo que inclui o MDB e o PSD. Juntos, esses dois partidos têm seis ministérios no governo. Ligado à Igreja Universal, o Republicanos não integra a base de Lula.

O movimento que rachou o Centrão não só agrada como interessa ao Planalto, principalmente por ter surgido numa quadra em que Lira vem criando problemas para o governo, por causa da disputa com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O arranjo que desafia Lira foi planejado para ter a mesma formação durante os quatro anos da legislatura e pode conferir mais vagas a aliados do governo na Comissão Mista de Orçamento (CMO). Trata-se do colegiado que vota e determina para onde vão os recursos da União.

A composição deste ano já está definida, mas mudará nos próximos. A CMO é decisiva para o Planalto, pois lá são travadas importantes disputas envolvendo as contas públicas. Brigas recentes no colegiado já ameaçaram, por exemplo, a votação do Orçamento e a liberação de dinheiro para os ministérios.

Casamento

Na prática, os blocos são formados para dar musculatura aos partidos na eleição da cúpula da Câmara, a chamada Mesa Diretora, e também nas comissões em que atuam. No início deste ano, por exemplo, Lira juntou um “blocão” com 20 partidos e 496 deputados para a disputa que o reelegeu presidente da Câmara.

Arhur Lira se reuniu com líderes do MDB, PSD, Podemos e Republicanos antes de oficialização de novo bloco. Foto: Reprodução

O tamanho de cada um nesse casamento define quantas vagas serão ocupadas nos colegiados. A estrutura também é decisiva para as votações em plenário.

O Estadão apurou que o deputado Marcos Pereira, do Republicanos, espera atrair o apoio do PT de Lula e de outros partidos de esquerda para sua possível candidatura à presidência da Câmara, em 2025, mas ele nega qualquer tentativa de se opor a Lira. “Somos aliados e leais ao Arthur. Ele é nosso líder maior e comandante principal”, afirmou Pereira ao Estadão. O deputado disse que o impacto dessas articulações sempre dependerá dos acordos “pilotados” por Lira.

“São partidos do centro, que possuem alguns pensamentos iguais sobre o andamento da Casa. Claro que não 100%, mas a grande maioria é governista e tem tudo para dar certo”, argumentou o líder do novo bloco, Fábio Macedo (Podemos-MA).

Na outra ponta, o deputado Alex Manente (SP), vice-líder da federação PSDB-Cidadania, admitiu as conversas com Lira. “Naturalmente, após o primeiro bloco, haverá a formação de outros, até para poder ter novo jogo de poder na Câmara”, disse ele.

O PP e o União Brasil tentam agora fisgar a federação formada por PSDB e Cidadania, que têm 18 deputados. A dupla liderada por tucanos também é cobiçada pelo bloco composto por MDB, PSD e Republicanos.

De largada, a formação do novo bloco reduzirá o poder exclusivo de Lira no plenário. Os partidos poderão protocolar requerimentos de votação e até de obstrução sem depender do partido do presidente da Câmara. O grupo também passou a defender a retomada das comissões mistas de medidas provisórias, tema que divide Lira e Pacheco.

Elmar Nascumento (União-BA) é o candidato favorito de Lira para a sucessão na presidência da Câmara. Foto: Wilton Junior/Estadão

Os dissidentes do Centrão calculam que podem conquistar mais cadeiras com a nova composição. A ideia é garantir três das 12 vagas em cada comissão, aumentando o poder de barganha para negociações com o Planalto.

Nos bastidores, o bloco quer mandar um recado a Lira: os deputados não aceitam a imposição de um candidato à sua sucessão e têm restrições a Elmar Nascimento. Além disso, o grupo está disposto a negociar com o Planalto, oferecendo uma base sólida a Lula, em troca de cargos e verbas, com a promessa de tirar a “faca no pescoço” do Executivo.

Em público, porém, os líderes dos partidos tiraram foto com o presidente da Câmara, na quarta-feira, 29, para anunciar a aliança. O presidente da Câmara não passou recibo. “Sempre defendi a unidade para reduzirmos o número de partidos, fortalecendo-os e dando à sociedade confiança no nosso sistema partidário”, escreveu Lira nas redes sociais.

BRASÍLIA – O Centrão se dividiu na Câmara. A formação de um novo bloco de partidos, com 142 deputados, contrariou o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que, após o racha, articula contraofensiva para não perder poder. Agora, os aliados de Lira se preparam para apresentar um megabloco, desta vez com 164 deputados, unindo PP, União Brasil, PSDB, Cidadania, PSB, Avante e PDT.

A queda de braço começou depois que o Republicanos, partido que integrava o Centrão ao lado do PP de Lira e do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, deixou o grupo e se aliou ao MDB, PSD, Podemos e PSC.

A nova correlação de forças, que mais parece uma sopa de letrinhas, tem impacto na base aliada do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, nas negociações dos partidos com o Palácio do Planalto e, de quebra, reflete a disputa antecipada pela cadeira do presidente da Câmara.

O líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), é o favorito de Lira para a sucessão ao comando da Casa, em fevereiro de 2025. Articulador do novo bloco, o deputado Marcos Pereira (SP), presidente do Republicanos, busca se fortalecer para o embate e, ao deixar o núcleo do Centrão, conseguiu montar um grupo que inclui o MDB e o PSD. Juntos, esses dois partidos têm seis ministérios no governo. Ligado à Igreja Universal, o Republicanos não integra a base de Lula.

O movimento que rachou o Centrão não só agrada como interessa ao Planalto, principalmente por ter surgido numa quadra em que Lira vem criando problemas para o governo, por causa da disputa com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O arranjo que desafia Lira foi planejado para ter a mesma formação durante os quatro anos da legislatura e pode conferir mais vagas a aliados do governo na Comissão Mista de Orçamento (CMO). Trata-se do colegiado que vota e determina para onde vão os recursos da União.

A composição deste ano já está definida, mas mudará nos próximos. A CMO é decisiva para o Planalto, pois lá são travadas importantes disputas envolvendo as contas públicas. Brigas recentes no colegiado já ameaçaram, por exemplo, a votação do Orçamento e a liberação de dinheiro para os ministérios.

Casamento

Na prática, os blocos são formados para dar musculatura aos partidos na eleição da cúpula da Câmara, a chamada Mesa Diretora, e também nas comissões em que atuam. No início deste ano, por exemplo, Lira juntou um “blocão” com 20 partidos e 496 deputados para a disputa que o reelegeu presidente da Câmara.

Arhur Lira se reuniu com líderes do MDB, PSD, Podemos e Republicanos antes de oficialização de novo bloco. Foto: Reprodução

O tamanho de cada um nesse casamento define quantas vagas serão ocupadas nos colegiados. A estrutura também é decisiva para as votações em plenário.

O Estadão apurou que o deputado Marcos Pereira, do Republicanos, espera atrair o apoio do PT de Lula e de outros partidos de esquerda para sua possível candidatura à presidência da Câmara, em 2025, mas ele nega qualquer tentativa de se opor a Lira. “Somos aliados e leais ao Arthur. Ele é nosso líder maior e comandante principal”, afirmou Pereira ao Estadão. O deputado disse que o impacto dessas articulações sempre dependerá dos acordos “pilotados” por Lira.

“São partidos do centro, que possuem alguns pensamentos iguais sobre o andamento da Casa. Claro que não 100%, mas a grande maioria é governista e tem tudo para dar certo”, argumentou o líder do novo bloco, Fábio Macedo (Podemos-MA).

Na outra ponta, o deputado Alex Manente (SP), vice-líder da federação PSDB-Cidadania, admitiu as conversas com Lira. “Naturalmente, após o primeiro bloco, haverá a formação de outros, até para poder ter novo jogo de poder na Câmara”, disse ele.

O PP e o União Brasil tentam agora fisgar a federação formada por PSDB e Cidadania, que têm 18 deputados. A dupla liderada por tucanos também é cobiçada pelo bloco composto por MDB, PSD e Republicanos.

De largada, a formação do novo bloco reduzirá o poder exclusivo de Lira no plenário. Os partidos poderão protocolar requerimentos de votação e até de obstrução sem depender do partido do presidente da Câmara. O grupo também passou a defender a retomada das comissões mistas de medidas provisórias, tema que divide Lira e Pacheco.

Elmar Nascumento (União-BA) é o candidato favorito de Lira para a sucessão na presidência da Câmara. Foto: Wilton Junior/Estadão

Os dissidentes do Centrão calculam que podem conquistar mais cadeiras com a nova composição. A ideia é garantir três das 12 vagas em cada comissão, aumentando o poder de barganha para negociações com o Planalto.

Nos bastidores, o bloco quer mandar um recado a Lira: os deputados não aceitam a imposição de um candidato à sua sucessão e têm restrições a Elmar Nascimento. Além disso, o grupo está disposto a negociar com o Planalto, oferecendo uma base sólida a Lula, em troca de cargos e verbas, com a promessa de tirar a “faca no pescoço” do Executivo.

Em público, porém, os líderes dos partidos tiraram foto com o presidente da Câmara, na quarta-feira, 29, para anunciar a aliança. O presidente da Câmara não passou recibo. “Sempre defendi a unidade para reduzirmos o número de partidos, fortalecendo-os e dando à sociedade confiança no nosso sistema partidário”, escreveu Lira nas redes sociais.

BRASÍLIA – O Centrão se dividiu na Câmara. A formação de um novo bloco de partidos, com 142 deputados, contrariou o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que, após o racha, articula contraofensiva para não perder poder. Agora, os aliados de Lira se preparam para apresentar um megabloco, desta vez com 164 deputados, unindo PP, União Brasil, PSDB, Cidadania, PSB, Avante e PDT.

A queda de braço começou depois que o Republicanos, partido que integrava o Centrão ao lado do PP de Lira e do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, deixou o grupo e se aliou ao MDB, PSD, Podemos e PSC.

A nova correlação de forças, que mais parece uma sopa de letrinhas, tem impacto na base aliada do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, nas negociações dos partidos com o Palácio do Planalto e, de quebra, reflete a disputa antecipada pela cadeira do presidente da Câmara.

O líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), é o favorito de Lira para a sucessão ao comando da Casa, em fevereiro de 2025. Articulador do novo bloco, o deputado Marcos Pereira (SP), presidente do Republicanos, busca se fortalecer para o embate e, ao deixar o núcleo do Centrão, conseguiu montar um grupo que inclui o MDB e o PSD. Juntos, esses dois partidos têm seis ministérios no governo. Ligado à Igreja Universal, o Republicanos não integra a base de Lula.

O movimento que rachou o Centrão não só agrada como interessa ao Planalto, principalmente por ter surgido numa quadra em que Lira vem criando problemas para o governo, por causa da disputa com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O arranjo que desafia Lira foi planejado para ter a mesma formação durante os quatro anos da legislatura e pode conferir mais vagas a aliados do governo na Comissão Mista de Orçamento (CMO). Trata-se do colegiado que vota e determina para onde vão os recursos da União.

A composição deste ano já está definida, mas mudará nos próximos. A CMO é decisiva para o Planalto, pois lá são travadas importantes disputas envolvendo as contas públicas. Brigas recentes no colegiado já ameaçaram, por exemplo, a votação do Orçamento e a liberação de dinheiro para os ministérios.

Casamento

Na prática, os blocos são formados para dar musculatura aos partidos na eleição da cúpula da Câmara, a chamada Mesa Diretora, e também nas comissões em que atuam. No início deste ano, por exemplo, Lira juntou um “blocão” com 20 partidos e 496 deputados para a disputa que o reelegeu presidente da Câmara.

Arhur Lira se reuniu com líderes do MDB, PSD, Podemos e Republicanos antes de oficialização de novo bloco. Foto: Reprodução

O tamanho de cada um nesse casamento define quantas vagas serão ocupadas nos colegiados. A estrutura também é decisiva para as votações em plenário.

O Estadão apurou que o deputado Marcos Pereira, do Republicanos, espera atrair o apoio do PT de Lula e de outros partidos de esquerda para sua possível candidatura à presidência da Câmara, em 2025, mas ele nega qualquer tentativa de se opor a Lira. “Somos aliados e leais ao Arthur. Ele é nosso líder maior e comandante principal”, afirmou Pereira ao Estadão. O deputado disse que o impacto dessas articulações sempre dependerá dos acordos “pilotados” por Lira.

“São partidos do centro, que possuem alguns pensamentos iguais sobre o andamento da Casa. Claro que não 100%, mas a grande maioria é governista e tem tudo para dar certo”, argumentou o líder do novo bloco, Fábio Macedo (Podemos-MA).

Na outra ponta, o deputado Alex Manente (SP), vice-líder da federação PSDB-Cidadania, admitiu as conversas com Lira. “Naturalmente, após o primeiro bloco, haverá a formação de outros, até para poder ter novo jogo de poder na Câmara”, disse ele.

O PP e o União Brasil tentam agora fisgar a federação formada por PSDB e Cidadania, que têm 18 deputados. A dupla liderada por tucanos também é cobiçada pelo bloco composto por MDB, PSD e Republicanos.

De largada, a formação do novo bloco reduzirá o poder exclusivo de Lira no plenário. Os partidos poderão protocolar requerimentos de votação e até de obstrução sem depender do partido do presidente da Câmara. O grupo também passou a defender a retomada das comissões mistas de medidas provisórias, tema que divide Lira e Pacheco.

Elmar Nascumento (União-BA) é o candidato favorito de Lira para a sucessão na presidência da Câmara. Foto: Wilton Junior/Estadão

Os dissidentes do Centrão calculam que podem conquistar mais cadeiras com a nova composição. A ideia é garantir três das 12 vagas em cada comissão, aumentando o poder de barganha para negociações com o Planalto.

Nos bastidores, o bloco quer mandar um recado a Lira: os deputados não aceitam a imposição de um candidato à sua sucessão e têm restrições a Elmar Nascimento. Além disso, o grupo está disposto a negociar com o Planalto, oferecendo uma base sólida a Lula, em troca de cargos e verbas, com a promessa de tirar a “faca no pescoço” do Executivo.

Em público, porém, os líderes dos partidos tiraram foto com o presidente da Câmara, na quarta-feira, 29, para anunciar a aliança. O presidente da Câmara não passou recibo. “Sempre defendi a unidade para reduzirmos o número de partidos, fortalecendo-os e dando à sociedade confiança no nosso sistema partidário”, escreveu Lira nas redes sociais.

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