A relação entre o governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e o ex-presidente Jair Bolsonaro é caracterizada pela instabilidade. Os políticos se aliaram nas eleições de 2018, quando dividiram palanque na capital federal, e, desde então, têm protagonizado episódios de ruptura - como na gestão da pandemia e covid-19 - e de alinhamento, como na campanha eleitoral de 2022.
Ao assumir o Palácio do Buriti, sede do governo do Distrito Federal, Ibaneis manteve contato com Bolsonaro. Uma das conquistas dessa relação foi o reajuste de 8% para forças de segurança do DF assinado pelo ex-presidente. A aproximação com os funcionários de segurança era uma demanda dos dois políticos.
Pandemia
Durante a pandemia de covid-19, a relação dos dois gestores sofreu alguns abalos. Ibaneis foi um dos primeiros governadores do País a fechar escolas e o comércio por causa do coronavírus, em 2020. Na época, ao se alinhar ao governador de São Paulo, João Doria, o emedebista criticou a postura do ex-presidente Bolsonaro, favorável ao retorno das pessoas para as ruas e trabalho, enquanto o Ministério da Saúde recomendava o isolamento social.
“Bolsonaro está dando sinais trocados desde o início do mandato. Eu tenho buscado não politizar. Ele tem encaminhado muito para o rumo da política. O que eu vejo é que o Doria (João Doria) tem uma preocupação muito grande, e acho que ele não está agindo errado. Ele está no caminho certo”, disse Ibaneis. “O presidente Bolsonaro, desde o início do mandato dele, está fazendo o que sempre fez. Tenta não ser político, sendo, a vida toda”, afirmou Ibaneis.
A postura de Ibaneis, entretanto, mudou radicalmente durante a pandemia. Em maio de 2021, o governador voltou a se alinhar ao ex-presidente e disse que “restrições” não serviam para nada. O alinhamento ao discurso do Palácio do Planalto coincide com o processo de liberação de recursos do orçamento secreto por indicação de Ibaneis para obras e compras de veículos e máquinas para o Distrito Federal e o Piauí, Estado de sua família.
Eleições 2022
Durante campanha eleitoral, Ibaneis se posicionou a favor da reeleição de Bolsonaro. A aliança firmada entre o ex-presidente e governador uniu palanques bolsonaristas locais e obrigou recuo de ex-ministra Damares Alves (Republicanos) e ex-governador José Roberto Arruda (PL). Com o acordo, a candidatura ao Senado na chapa de Ibaneis passou ser a também ex-ministra do governo Bolsonaro, Flávia Arruda (PL).
Bolsonaro chegou a declarar que acreditava na reeleição de Ibaneis logo no primeiro turno, entretanto a apoio do governador afastado chegou ao ex-presidente somente no segundo turno. Na época, Bolsonaro agradeceu o apoio do governador, chamou Ibaneis de “amigo” e afirmou que as discordâncias sobre a pandemia são “coisa do passado”.