BRASÍLIA - Originalmente planejado para ser uma área vital de um possível governo de Michel Temer, sob o comando do senador José Serra (PSDB-SP) com o objetivo de ser um dos motores da retomada da atividade econômica, o comércio exterior está sendo fatiado na reta final da formação da nova estrutura administrativa.
O Ministério das Relações Exteriores, que seria chefiado por Serra e receberia a fatia do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) responsável pelas transações do Brasil com o mercado estrangeiro, deverá receber uma fração do que foi sinalizado: apenas a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento (Apex), que promove eventos mundo afora para vender produtos brasileiros. Por exemplo, a agência patrocinou a Fórmula Indy e a Copa do Mundo para ajudar empresas nacionais a prospectar negócios.
Nada a ver com as negociações de acordos internacionais de comércio, que seriam o tema de maior interesse do senador e que hoje são tocadas conjuntamente pelo Itamaraty e pelo ministério. A Apex, além de tudo, faz um trabalho semelhante à área de promoção comercial que já existe no Itamaraty. As duas estruturas se sobrepõem e, não raro, se estranham.
Dessa forma, a estrutura do Mdic permaneceria praticamente igual à que está hoje. A Secretaria de Comércio Exterior (Secex), que possui um departamento encarregado dos acordos internacionais de comércio, deverá permanecer na pasta, segundo informou um interlocutor do vice-presidente Michel Temer. E, para o comando do Mdic, o principal cotado é o ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, aliado de Temer.
No arranjo que está sobre a mesa, a Câmara de Comércio Exterior (Camex), um colegiado de ministros que dá as linhas políticas do comércio exterior, iria para a Presidência da República. Essa estrutura está no Mdic atualmente, mas no passado já esteve na Presidência, o que lhe conferia um papel mais forte dentro do governo.
A ideia original de Temer era extinguir o Mdic, passando a parte de comércio para o Itamaraty e o restante da estrutura, inclusive do BNDES, para o Planejamento. Mas a ideia sofreu resistência das entidades representativas da indústria, que deram forte apoio às manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.