Nesta terça-feira, 31, a Polícia Civil de Goiás prendeu o ex-senador Telmário Mota (Solidariedade), suspeito de ser o mandante do assassinato da ex-mulher. O roraimense ocupou uma cadeira no Senado Federal até o final de janeiro deste ano. Apesar da gravidade do caso, este não é o único crime de assassinato - suspeito ou confirmado - que integra o cenário político brasileiro. Relembre outros casos:
Ex-Mulher de Telmário Mota foi assassinada à queima-roupa
Antônia Araújo de Sousa foi morta com um tiro na cabeça no último domingo, 29, por dois homens em uma moto, no bairro Senador Hélio Campos, na zona oeste de Boa Vista. O crime aconteceu na véspera do depoimento que ela daria à Polícia Civil na investigação que o ex-parlamentar Telmário Mota responde por estupro da filha de 17 anos.
No Dia dos Pais do ano passado, ele teria colocado as mãos em suas partes íntimas e tentado tirar a roupa da adolescente à força. Ela denunciou, obteve uma medida protetiva e a mãe, Antônia, ficou ao lado da filha. Mota disse que é vítima de uma “perseguição política”.
Hildebrando Pascoal, o ‘Deputado da Motosserra’
O ex-coronel da Polícia Militar do Estado do Acre Hildebrando Pascoal foi eleito deputado federal pelo PFL (que virou o Democratas e, depois, se juntou ao PSL para formar o União Brasil) em 1999, mas não chegou a completar o primeiro ano de mandato.
Ele foi acusado e condenado por comandar um grupo de extermínio no Acre. O apelido de “Deputado da Motosserra” se deve ao fato de ele ter esquartejado suas vítimas com o equipamento. Hildebrando Pascoal foi cassado pelos pares e condenado a penas que passam dos 100 anos de prisão.
Além dos homicídios, ele foi condenado por envolvimento com o narcotráfico, posse ilegal de arma de fogo, formação de quadrilha e crimes contra o sistema financeiro. Entre idas e vindas no regime fechado, desde outubro de 2019 ele cumpre o restante da sua pena em regime domiciliar.
Flordelis, a cantora gospel condenada pela morte do marido
A pastora, cantora gospel e ex-deputada federal Flordelis dos Santos de Souza foi condenada pelo Tribunal do Júri de Niterói pelo assassinato do seu marido, o pastor Anderson do Carmo. Ele foi morto dentro da garagem de casa com mais de 30 tiros. Tanto a pastora quanto o Ministério Público recorrem da decisão. Ela sempre alegou ser inocente.
Na primeira instância, Flordelis foi condenada por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, emprego de meio cruel e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima), tentativa de homicídio duplamente qualificado (pelas tentativas de envenenar a vítima), uso de documento falso (duas vezes) e associação criminosa armada.
De acordo com a acusação, a ex-deputada e seus familiares estavam descontentes com a forma como Do Carmo geria o dinheiro e a carreira da pastora. Eles tentaram matá-lo por envenenamento e depois arquitetaram o atentado na garagem de casa.
Em junho deste ano, Flordelis, que está com 62 anos, pediu à Justiça autorização para se casar de dentro do presídio feminino Talavera Bruce, no complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu (zona oeste do Rio). O noivo é o produtor musical gospel Allan Soares, de 28 anos.
Relembre o julgamento
Wallace Souza, o ex-deputado que virou caso de série na Netflix
Um dos casos mais midiáticos envolvendo parlamentares e crimes de assassinato é o do ex-deputado estadual Wallace Souza. Ele foi apresentador de TV e uma figura bastante popular em Manaus. Sua história de vida ganhou uma série na plataforma de streaming Netflix.
Souza foi acusado de comandar uma quadrilha de tráfico de drogas, na qual estariam envolvidos seu filho e seu irmão. A Assembleia do Amazonas cassou o seu mandato por causa dessas acusações. Ele também foi investigado por encomendar assassinatos e transmiti-los no programa de TV que apresentava.
Antes da conclusão das investigações, Souza morreu vítima de uma parada cardíaca, em 2010. Mais de 6 mil pessoas foram ao seu velório. Até hoje, familiares e fãs lutam pela inocência do ex-deputado.
Arnon de Mello, pai de Fernando Collor, que mirou em um, mas acertou em outro
Em 1963, o pai do ex-presidente Fernando Collor de Mello, o ex-senador Arnon de Mello, foi armado ao Senado Federal e tentou matar o adversário político, Silvestre Pericles. Contudo, ele errou o alvo e acertou José Kairala, que estava no último dia de suplência de outro parlamentar. Ele chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu e morreu. Veja na galeria de fotos imagens do episódio:
Tiroteio no Senado
Arnon de Mello foi preso em flagrante e ficou detido durante sete meses. No final do processo, ele foi inocentado. No dia seguinte à absolvição, ele voltou para as suas atividades como senador da República. O ex-senador faleceu em 1983.
Talvane Albuquerque Neto
O médico e ex-deputado federal Talvane Albuquerque Neto, então filiado ao PFL, foi condenado por ser o mandante do assassinato de Ceci Cunha, morta a tiros na sacada de casa horas depois de ter sido diplomada como deputada federal. Três parentes dela também foram executados no local.
O crime aconteceu no dia 16 de dezembro de 1998 e ficou conhecido como “Chacina da Gruta”, por causa do nome do bairro em que Cunha vivia, em Alagoas. Albuquerque Neto foi condenado a 103 anos de prisão, pena que foi confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça em 2019. Para a Justiça, o motivo do crime foi político: com a morte de Cunha, o médico assumiria o seu cargo.
Em outubro de 2021, Albuquerque Neto foi beneficiado com uma progressão de regime para o semiaberto.
Ex-deputado do Rio é acusado de mandar matar o namorado da ex-mulher
O ex-deputado estadual do Rio de Janeiro Geraldo Moreira, então filiado ao PSB, é acusado de mandar matar o namorado da sua ex-esposa, o médico Carlos Alberto Pires Miranda. O crime aconteceu na luz do dia, na barra da Tijuca, em março de 2008.
O júri do caso estava marcado para acontecer em setembro deste ano, mas foi adiado. De acordo com informações do Portal G1, Moreira não foi encontrado para receber a intimação. O próximo júri foi marcado para maio de 2024.
Cícero Ferro, o ex-deputado acusado de duplo homicídio
O ex-deputado estadual de Alagoas Cícero Ferro (MDB) foi acusado de dois homicídios: do vereador Fernando Aldo Gomes Brandão e do próprio primo, Jacó Ferro, ambos em 2007. Os dois crimes teriam acontecido por motivos políticos. Antes disso, em 2004, o ex-deputado havia sobrevivido a uma tentativa de assassinato: ele levou oito tiros e o suspeito de encomendar o crime foi outro primo seu, José Nilton Cardoso Ferro.
Outro fator que provocou as idas e vindas de Cícero Ferro na prisão foram acusações de desvio de verbas na Assembleia de Alagoas. Em dezembro de 2007, ele foi preso na Operação Taturama, da Polícia Federal, suspeito de participar do desvio de mais de R$ 300 milhões dos cofres públicos.
Em dezembro de 2017, Ferro morreu devido a uma parada cardíaca.