A resposta de Sarney ao piloto que o salvou de atentado 35 anos após sequestro de avião


Comandante de voo sequestrado em 1988 morreu sem ter ouvido agradecimento pessoal de presidente; fato é relatado em filme lançado no fim do ano passado

Por Tácio Lorran
Atualização:

BRASÍLIA - O piloto Fernando Murilo de Lima e Silva, que salvou o então presidente José Sarney e mais de 100 pessoas de um atentando ao Palácio do Planalto, morreu em 26 de agosto de 2020 com uma mágoa no coração: nunca ter recebido pessoalmente um agradecimento do ex-presidente. O caso, que agora virou filme, ganhou um novo capítulo. Trinta e cinco anos depois, em entrevista ao Estadão, Sarney disse aquilo que o piloto sempre quis ouvir: “Gratidão. Foi um herói”.

Fernando era o comandante do voo 375 da Vasp que, em 29 de setembro de 1988, foi sequestrado por um homem armado, o maranhense Raimundo Nonato Alves da Conceição, de 28 anos, desempregado e decepcionado com a gestão Sarney. O avião saiu do Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, com destino ao Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, mas teve a rota alterada no meio do caminho a mando do criminoso. Raimundo pretendia jogar a aeronave sobre o Palácio do Planalto. No total, 104 pessoas estavam no voo, mas foram salvas graças a manobras do comandante.

O piloto Fernando Murilo de Lima e Silva em 2001, quando recebeu homenagens do Sindicado Nacional dos Aeronautas, no Rio de Janeiro Foto: Otávio Magalhães/AE
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No dia seguinte ao atentado, o piloto foi condecorado com uma medalha pela Força Aérea Brasileira (FAB). Fernando recebeu uma insígnia da Ordem do Mérito Aeronáutico, mas Sarney nunca lhe dirigiu uma palavra, como o próprio comandante relatou, decepcionado, em entrevistas. A espera por um gesto presidencial que não veio é lembrada no filme lançado em 2023.

Procurado pelo Estadão, Sarney concordou em falar sobre o tema. “Olha. Já faz tanto tempo isso. Mas a verdade é que eu condecorei ele com a condecoração mais alta. A mais alta condecoração da Aeronáutica foi dada para ele. Um herói”, disse.

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O ex-presidente conta que, na época, não tinha muitas informações sobre o caso do atentado. Hoje, admite que seu sentimento é de agradecimento. “Você conhece o meu temperamento, eu jamais deixaria de ter o maior carinho com ele, agradecimento e gratidão. Mas essa fato, eu não tinha até hoje... fui ver agora o que foi que se passou. Nem naquele dia me comunicaram”.

Sarney também relembra bastidores da decisão do governo. “Naquele momento ninguém me disse nada. Dentro do Palácio não se sabia de nada. Não tinha informação, nem podia ter. Quando o general Ivan disse, logo depois – não se tinha detalhes nem o que se sabia – que ‘é prudente o senhor sair do Palácio’, eu disse: ‘Não, vou ficar aqui. Se eu tenho que morrer aqui, vai ser aqui’”, afirma o ex-presidente.

O ex-presidente José Sarney conta que, na época, não tinha muitas informações sobre o caso do atentado Foto: Dida Sampaio/Estadão
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Apesar de não ter especificado em sua fala, Sarney possivelmente faz referência ao general Ivan de Souza Mendes, que na época do atentado era ministro-chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI). O órgão foi criado durante a ditadura militar e era responsável pelos serviços de inteligência, mas acabou sendo usado para espionar e reprimir opositores durante o regime.

A falta de um agradecimento pessoal de Sarney ao piloto Fernando foi registrada no filme ‘O Sequestro do Voo 375′, lançado nos cinemas brasileiros no fim do ano passado. O longa tem produção de Joana Henning, foi escrito por Lusa Silvestre e Mikael de Albuquerque e dirigido por Marcus Baldini.

O filme mostra que, além de ter ajudado Raimundo a desistir da ideia de atingir o Planalto, o piloto Fernando fez manobras arriscadas para desestabilizar o sequestrador. Em um primeiro momento, realizou a acrobacia em que o avião executa uma rotação completa em torno do seu eixo, conhecida como Tonneau Barril; em seguida, deixou o avião cair em parafuso numa queda livre.

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Sarney disse que ainda não viu o filme, mas já ouviu comentários de amigos. “Mas eu pretendo assistir. Me disseram que o filme é muito bom.”

'O Sequestro do Voo' 375 virou filme e foi lançado nos cinemas brasileiros no fim do ano passado Foto: Star/Divulgação

BRASÍLIA - O piloto Fernando Murilo de Lima e Silva, que salvou o então presidente José Sarney e mais de 100 pessoas de um atentando ao Palácio do Planalto, morreu em 26 de agosto de 2020 com uma mágoa no coração: nunca ter recebido pessoalmente um agradecimento do ex-presidente. O caso, que agora virou filme, ganhou um novo capítulo. Trinta e cinco anos depois, em entrevista ao Estadão, Sarney disse aquilo que o piloto sempre quis ouvir: “Gratidão. Foi um herói”.

Fernando era o comandante do voo 375 da Vasp que, em 29 de setembro de 1988, foi sequestrado por um homem armado, o maranhense Raimundo Nonato Alves da Conceição, de 28 anos, desempregado e decepcionado com a gestão Sarney. O avião saiu do Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, com destino ao Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, mas teve a rota alterada no meio do caminho a mando do criminoso. Raimundo pretendia jogar a aeronave sobre o Palácio do Planalto. No total, 104 pessoas estavam no voo, mas foram salvas graças a manobras do comandante.

O piloto Fernando Murilo de Lima e Silva em 2001, quando recebeu homenagens do Sindicado Nacional dos Aeronautas, no Rio de Janeiro Foto: Otávio Magalhães/AE

No dia seguinte ao atentado, o piloto foi condecorado com uma medalha pela Força Aérea Brasileira (FAB). Fernando recebeu uma insígnia da Ordem do Mérito Aeronáutico, mas Sarney nunca lhe dirigiu uma palavra, como o próprio comandante relatou, decepcionado, em entrevistas. A espera por um gesto presidencial que não veio é lembrada no filme lançado em 2023.

Procurado pelo Estadão, Sarney concordou em falar sobre o tema. “Olha. Já faz tanto tempo isso. Mas a verdade é que eu condecorei ele com a condecoração mais alta. A mais alta condecoração da Aeronáutica foi dada para ele. Um herói”, disse.

O ex-presidente conta que, na época, não tinha muitas informações sobre o caso do atentado. Hoje, admite que seu sentimento é de agradecimento. “Você conhece o meu temperamento, eu jamais deixaria de ter o maior carinho com ele, agradecimento e gratidão. Mas essa fato, eu não tinha até hoje... fui ver agora o que foi que se passou. Nem naquele dia me comunicaram”.

Sarney também relembra bastidores da decisão do governo. “Naquele momento ninguém me disse nada. Dentro do Palácio não se sabia de nada. Não tinha informação, nem podia ter. Quando o general Ivan disse, logo depois – não se tinha detalhes nem o que se sabia – que ‘é prudente o senhor sair do Palácio’, eu disse: ‘Não, vou ficar aqui. Se eu tenho que morrer aqui, vai ser aqui’”, afirma o ex-presidente.

O ex-presidente José Sarney conta que, na época, não tinha muitas informações sobre o caso do atentado Foto: Dida Sampaio/Estadão

Apesar de não ter especificado em sua fala, Sarney possivelmente faz referência ao general Ivan de Souza Mendes, que na época do atentado era ministro-chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI). O órgão foi criado durante a ditadura militar e era responsável pelos serviços de inteligência, mas acabou sendo usado para espionar e reprimir opositores durante o regime.

A falta de um agradecimento pessoal de Sarney ao piloto Fernando foi registrada no filme ‘O Sequestro do Voo 375′, lançado nos cinemas brasileiros no fim do ano passado. O longa tem produção de Joana Henning, foi escrito por Lusa Silvestre e Mikael de Albuquerque e dirigido por Marcus Baldini.

O filme mostra que, além de ter ajudado Raimundo a desistir da ideia de atingir o Planalto, o piloto Fernando fez manobras arriscadas para desestabilizar o sequestrador. Em um primeiro momento, realizou a acrobacia em que o avião executa uma rotação completa em torno do seu eixo, conhecida como Tonneau Barril; em seguida, deixou o avião cair em parafuso numa queda livre.

Sarney disse que ainda não viu o filme, mas já ouviu comentários de amigos. “Mas eu pretendo assistir. Me disseram que o filme é muito bom.”

'O Sequestro do Voo' 375 virou filme e foi lançado nos cinemas brasileiros no fim do ano passado Foto: Star/Divulgação

BRASÍLIA - O piloto Fernando Murilo de Lima e Silva, que salvou o então presidente José Sarney e mais de 100 pessoas de um atentando ao Palácio do Planalto, morreu em 26 de agosto de 2020 com uma mágoa no coração: nunca ter recebido pessoalmente um agradecimento do ex-presidente. O caso, que agora virou filme, ganhou um novo capítulo. Trinta e cinco anos depois, em entrevista ao Estadão, Sarney disse aquilo que o piloto sempre quis ouvir: “Gratidão. Foi um herói”.

Fernando era o comandante do voo 375 da Vasp que, em 29 de setembro de 1988, foi sequestrado por um homem armado, o maranhense Raimundo Nonato Alves da Conceição, de 28 anos, desempregado e decepcionado com a gestão Sarney. O avião saiu do Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, com destino ao Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, mas teve a rota alterada no meio do caminho a mando do criminoso. Raimundo pretendia jogar a aeronave sobre o Palácio do Planalto. No total, 104 pessoas estavam no voo, mas foram salvas graças a manobras do comandante.

O piloto Fernando Murilo de Lima e Silva em 2001, quando recebeu homenagens do Sindicado Nacional dos Aeronautas, no Rio de Janeiro Foto: Otávio Magalhães/AE

No dia seguinte ao atentado, o piloto foi condecorado com uma medalha pela Força Aérea Brasileira (FAB). Fernando recebeu uma insígnia da Ordem do Mérito Aeronáutico, mas Sarney nunca lhe dirigiu uma palavra, como o próprio comandante relatou, decepcionado, em entrevistas. A espera por um gesto presidencial que não veio é lembrada no filme lançado em 2023.

Procurado pelo Estadão, Sarney concordou em falar sobre o tema. “Olha. Já faz tanto tempo isso. Mas a verdade é que eu condecorei ele com a condecoração mais alta. A mais alta condecoração da Aeronáutica foi dada para ele. Um herói”, disse.

O ex-presidente conta que, na época, não tinha muitas informações sobre o caso do atentado. Hoje, admite que seu sentimento é de agradecimento. “Você conhece o meu temperamento, eu jamais deixaria de ter o maior carinho com ele, agradecimento e gratidão. Mas essa fato, eu não tinha até hoje... fui ver agora o que foi que se passou. Nem naquele dia me comunicaram”.

Sarney também relembra bastidores da decisão do governo. “Naquele momento ninguém me disse nada. Dentro do Palácio não se sabia de nada. Não tinha informação, nem podia ter. Quando o general Ivan disse, logo depois – não se tinha detalhes nem o que se sabia – que ‘é prudente o senhor sair do Palácio’, eu disse: ‘Não, vou ficar aqui. Se eu tenho que morrer aqui, vai ser aqui’”, afirma o ex-presidente.

O ex-presidente José Sarney conta que, na época, não tinha muitas informações sobre o caso do atentado Foto: Dida Sampaio/Estadão

Apesar de não ter especificado em sua fala, Sarney possivelmente faz referência ao general Ivan de Souza Mendes, que na época do atentado era ministro-chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI). O órgão foi criado durante a ditadura militar e era responsável pelos serviços de inteligência, mas acabou sendo usado para espionar e reprimir opositores durante o regime.

A falta de um agradecimento pessoal de Sarney ao piloto Fernando foi registrada no filme ‘O Sequestro do Voo 375′, lançado nos cinemas brasileiros no fim do ano passado. O longa tem produção de Joana Henning, foi escrito por Lusa Silvestre e Mikael de Albuquerque e dirigido por Marcus Baldini.

O filme mostra que, além de ter ajudado Raimundo a desistir da ideia de atingir o Planalto, o piloto Fernando fez manobras arriscadas para desestabilizar o sequestrador. Em um primeiro momento, realizou a acrobacia em que o avião executa uma rotação completa em torno do seu eixo, conhecida como Tonneau Barril; em seguida, deixou o avião cair em parafuso numa queda livre.

Sarney disse que ainda não viu o filme, mas já ouviu comentários de amigos. “Mas eu pretendo assistir. Me disseram que o filme é muito bom.”

'O Sequestro do Voo' 375 virou filme e foi lançado nos cinemas brasileiros no fim do ano passado Foto: Star/Divulgação

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