O revisor da ação penal do chamado mensalão, ministro Ricardo Lewandowski, condenou nesta quarta-feira o ex-deputado e presidente do PTB, Roberto Jefferson, delator do suposto esquema, pelo crime de corrupção ativa, mas o absolveu da acusação de lavagem de dinheiro. Jefferson é acusado de ter recebido 4,5 milhões de reais entre dezembro de 2003 e maio de 2004 para que o PTB aderisse à base aliada do governo. Ele teria sido auxiliado pelo também deputado Romeu Queiroz e por Emerson Palmieri, primeiro-secretário do PTB, que trabalhava como tesoureiro informal do partido. O relator disse que o recebimento de dinheiro está relacionado ao crime de corrupção passiva, repetindo posição anterior de que o réu não pode responder a dois crimes por uma mesma ilicitude. Lewandowski disse que Jefferson recebeu elevadas quantias de dinheiro em nome do partido. "Roberto Jefferson não só assumiu a autoria dos delitos sozinho, sempre, sempre assumiu as responsabilidades por esses fatos isoladamente, excluindo inclusive a participação de Emerson Palmieri e de qualquer outra pessoa e recusou-se a informar o destino dos valores", disse Lewandowski. Jefferson delatou a existência do suposto esquema em entrevista em 2005. O dinheiro recebido por ele seria parte do valor de 20 milhões de reais que teria sido acertado com o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, em troca de apoio do partido, segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF). O relator ainda irá analisar as acusações contra Queiroz e Palmieri. (Reportagem de Hugo Bachega e Ana Flor)