Traduzindo a política

Opinião|Após efeito Pablo Marçal, agora é Datena quem assombra Nunes e Boulos com força em pesquisa


Dados do levantamento mostram que, mais que o empate técnico com os escolhidos de Lula e Bolsonaro, apresentador indica ter potencial para tomar votos de vários rivais se for mesmo candidato

Por Ricardo Corrêa
Atualização:

A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira, 27, é mais um dos acontecimentos do período de pré-candidaturas capazes de sacudir um pouco as peças do tabuleiro eleitoral. Se os 10 pontos obtidos por Pablo Marçal (PRTB) em uma pesquisa AtlasIntel em 28 de maio fizeram o prefeito Ricardo Nunes (MDB) alterar a rota de sua campanha, acelerando e aceitando a escolha do vice imposto por Bolsonaro, o que dirá dos 17 pontos obtidos por José Luiz Datena (PSDB) no primeiro cenário da pesquisa estimulada divulgada pelo instituto?

O empate técnico neste cenário com Nunes (que marca 22%) e Guilherme Boulos (que pontua com 21%), se confirmado mais adiante por outras pesquisas, traz uma real chance de que algum dos dois possa acabar fora do segundo turno se Datena for mesmo candidato e conseguir catalisar os votos dos descontentes, diante dos índices de rejeição inerente aos escolhidos por Bolsonaro e Lula.

Datena pontua bem em pesquisa Genial/Quaest e indica potencial de crescimento Foto: PSDB MUNICIPAL SP/Divulgação
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É verdade que Datena estreia na pesquisa também liderando em rejeição, com 51% dos paulistanos dizendo que o conhecem e não votariam nele (número acima dos 41% de Boulos e dos 38% de Nunes). Mas com 39% de potencial de voto medido (igual a o de Nunes e maior que os 35% de Boulos), e com a ampla exposição diária que possui há anos na TV, não é adversário de se desprezar, sobretudo na batalha por uma vaga na segunda etapa da disputa. Só aí a rejeição realmente poderia fazer diferença.

Alguns poderiam igualar Datena a Celso Russomanno, candidato que aparecia liderando pesquisas daqui e dali e sempre fracassou em seu objetivo. Há uma diferença sensível entre eles: Datena tem a pauta da segurança pública muito mais arraigada a seu nome, e não há outro tema que não apareça no topo das preocupações dos brasileiros, e também dos paulistanos, do que esse, atualmente.

Mas seu potencial de ameaçar os adversários vai além disso. A pesquisa mostra que ele teria capacidade de atrair eleitores de cada um desses rivais e não de apenas uma única faixa do eleitorado. Para detectar isso, é preciso comparar dois outros cenários medidos pela Quaest. Ambos sem a presença de Kim Kataguiri, que será rifado pelo União Brasil, sendo um com e outro sem Datena. Quando o apresentador é incluído na lista, ele toma quatro pontos percentuais de Nunes, um de Boulos, dois de Marçal, dois de Tabata Amaral (PSB), um de Marina Helena (Novo), dois dos indecisos e quatro dos que falavam em votar em branco ou nulo. Nesse cenário sem Kim, Datena não chega a empatar tecnicamente com os dois líderes, mas pontua próximo. Nunes teria 24%, Boulos 23% e ele ficaria com 16%.

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Outro dado joga a favor de Datena. São 50% os eleitores de São Paulo que gostariam que o próximo prefeito da capital fosse “independente”, enquanto 29% preferem um aliado de Lula e, 19%, um aliado de Bolsonaro. Nesse público que prefere um nome independente, Datena pontua com 20%, contra 24% de Nunes e apenas 13% de Boulos. Mas o ‘neotucano’ tem índices razoáveis também entre os que preferem aliados de Lula ou de Bolsonaro. Soma 13% no primeiro caso (contra 47% de Boulos e 12% de Nunes) e 14% no segundo (contra 32% de Nunes e 31% de Pablo Marçal).

Claro que, para que essa ameaça se torne real, é preciso primeiro saber se Datena de fato será candidato. Foram diversas as empreitadas abortadas em anos anteriores. Mesmo os tucanos que dizem que “agora vai” continuam esperando o momento em que ele se desligará da Band e formalizará a candidatura para comemorar que o partido tem de fato um nome. Como ele deve entrar de férias no dia 30, prazo para um candidato sair do ar na TV e no rádio, será preciso esperar até as convenções para que saibamos se Datena é um candidato real. Uma pesquisa como essa, porém, tende a estimulá-lo a topar ser lançado oficialmente.

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Se uma eventual presença na disputa preocupa Nunes e Boulos, é bem pior para Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB). No caso do primeiro, pois reduz a margem de crescimento apenas ao eleitorado de Nunes. Seria necessário convencer muita gente a mudar de lado para atropelar o prefeito, com a máquina na mão, na corrida eleitoral. Para Tabata, são duas notícias ruins ao mesmo tempo: torna mais improvável que o PSDB aceite abrir mão de Datena para oferecer um vice a ela. E ele passa a ser mais um nome a disputar o eleitorado de terceira via, partindo, pelo menos no cenário medido pela Quaest, de um patamar maior do que o dela.

A campanha nem começou, pesquisas têm trazido cenários muito distintos, inclusive quanto ao empate ou não entre Nunes e Boulos. Mas um levantamento como esse tem potencial de mexer peças, inclusive em apoios partidários a um PSDB que, até outro dia mesmo, era dado como morto no cenário paulistano. O partido que venceu as duas últimas eleições municipais perdeu capilaridade, viu seus vereadores abandonarem o barco para abraçar o prefeito em meio a um conflito interno e ao esvaziamento flagrante nos últimos anos em todos os níveis mas, de repente, pode ter um candidato competitivo. Se ele for mesmo um candidato…

A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira, 27, é mais um dos acontecimentos do período de pré-candidaturas capazes de sacudir um pouco as peças do tabuleiro eleitoral. Se os 10 pontos obtidos por Pablo Marçal (PRTB) em uma pesquisa AtlasIntel em 28 de maio fizeram o prefeito Ricardo Nunes (MDB) alterar a rota de sua campanha, acelerando e aceitando a escolha do vice imposto por Bolsonaro, o que dirá dos 17 pontos obtidos por José Luiz Datena (PSDB) no primeiro cenário da pesquisa estimulada divulgada pelo instituto?

O empate técnico neste cenário com Nunes (que marca 22%) e Guilherme Boulos (que pontua com 21%), se confirmado mais adiante por outras pesquisas, traz uma real chance de que algum dos dois possa acabar fora do segundo turno se Datena for mesmo candidato e conseguir catalisar os votos dos descontentes, diante dos índices de rejeição inerente aos escolhidos por Bolsonaro e Lula.

Datena pontua bem em pesquisa Genial/Quaest e indica potencial de crescimento Foto: PSDB MUNICIPAL SP/Divulgação

É verdade que Datena estreia na pesquisa também liderando em rejeição, com 51% dos paulistanos dizendo que o conhecem e não votariam nele (número acima dos 41% de Boulos e dos 38% de Nunes). Mas com 39% de potencial de voto medido (igual a o de Nunes e maior que os 35% de Boulos), e com a ampla exposição diária que possui há anos na TV, não é adversário de se desprezar, sobretudo na batalha por uma vaga na segunda etapa da disputa. Só aí a rejeição realmente poderia fazer diferença.

Alguns poderiam igualar Datena a Celso Russomanno, candidato que aparecia liderando pesquisas daqui e dali e sempre fracassou em seu objetivo. Há uma diferença sensível entre eles: Datena tem a pauta da segurança pública muito mais arraigada a seu nome, e não há outro tema que não apareça no topo das preocupações dos brasileiros, e também dos paulistanos, do que esse, atualmente.

Mas seu potencial de ameaçar os adversários vai além disso. A pesquisa mostra que ele teria capacidade de atrair eleitores de cada um desses rivais e não de apenas uma única faixa do eleitorado. Para detectar isso, é preciso comparar dois outros cenários medidos pela Quaest. Ambos sem a presença de Kim Kataguiri, que será rifado pelo União Brasil, sendo um com e outro sem Datena. Quando o apresentador é incluído na lista, ele toma quatro pontos percentuais de Nunes, um de Boulos, dois de Marçal, dois de Tabata Amaral (PSB), um de Marina Helena (Novo), dois dos indecisos e quatro dos que falavam em votar em branco ou nulo. Nesse cenário sem Kim, Datena não chega a empatar tecnicamente com os dois líderes, mas pontua próximo. Nunes teria 24%, Boulos 23% e ele ficaria com 16%.

Outro dado joga a favor de Datena. São 50% os eleitores de São Paulo que gostariam que o próximo prefeito da capital fosse “independente”, enquanto 29% preferem um aliado de Lula e, 19%, um aliado de Bolsonaro. Nesse público que prefere um nome independente, Datena pontua com 20%, contra 24% de Nunes e apenas 13% de Boulos. Mas o ‘neotucano’ tem índices razoáveis também entre os que preferem aliados de Lula ou de Bolsonaro. Soma 13% no primeiro caso (contra 47% de Boulos e 12% de Nunes) e 14% no segundo (contra 32% de Nunes e 31% de Pablo Marçal).

Claro que, para que essa ameaça se torne real, é preciso primeiro saber se Datena de fato será candidato. Foram diversas as empreitadas abortadas em anos anteriores. Mesmo os tucanos que dizem que “agora vai” continuam esperando o momento em que ele se desligará da Band e formalizará a candidatura para comemorar que o partido tem de fato um nome. Como ele deve entrar de férias no dia 30, prazo para um candidato sair do ar na TV e no rádio, será preciso esperar até as convenções para que saibamos se Datena é um candidato real. Uma pesquisa como essa, porém, tende a estimulá-lo a topar ser lançado oficialmente.

Se uma eventual presença na disputa preocupa Nunes e Boulos, é bem pior para Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB). No caso do primeiro, pois reduz a margem de crescimento apenas ao eleitorado de Nunes. Seria necessário convencer muita gente a mudar de lado para atropelar o prefeito, com a máquina na mão, na corrida eleitoral. Para Tabata, são duas notícias ruins ao mesmo tempo: torna mais improvável que o PSDB aceite abrir mão de Datena para oferecer um vice a ela. E ele passa a ser mais um nome a disputar o eleitorado de terceira via, partindo, pelo menos no cenário medido pela Quaest, de um patamar maior do que o dela.

A campanha nem começou, pesquisas têm trazido cenários muito distintos, inclusive quanto ao empate ou não entre Nunes e Boulos. Mas um levantamento como esse tem potencial de mexer peças, inclusive em apoios partidários a um PSDB que, até outro dia mesmo, era dado como morto no cenário paulistano. O partido que venceu as duas últimas eleições municipais perdeu capilaridade, viu seus vereadores abandonarem o barco para abraçar o prefeito em meio a um conflito interno e ao esvaziamento flagrante nos últimos anos em todos os níveis mas, de repente, pode ter um candidato competitivo. Se ele for mesmo um candidato…

A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira, 27, é mais um dos acontecimentos do período de pré-candidaturas capazes de sacudir um pouco as peças do tabuleiro eleitoral. Se os 10 pontos obtidos por Pablo Marçal (PRTB) em uma pesquisa AtlasIntel em 28 de maio fizeram o prefeito Ricardo Nunes (MDB) alterar a rota de sua campanha, acelerando e aceitando a escolha do vice imposto por Bolsonaro, o que dirá dos 17 pontos obtidos por José Luiz Datena (PSDB) no primeiro cenário da pesquisa estimulada divulgada pelo instituto?

O empate técnico neste cenário com Nunes (que marca 22%) e Guilherme Boulos (que pontua com 21%), se confirmado mais adiante por outras pesquisas, traz uma real chance de que algum dos dois possa acabar fora do segundo turno se Datena for mesmo candidato e conseguir catalisar os votos dos descontentes, diante dos índices de rejeição inerente aos escolhidos por Bolsonaro e Lula.

Datena pontua bem em pesquisa Genial/Quaest e indica potencial de crescimento Foto: PSDB MUNICIPAL SP/Divulgação

É verdade que Datena estreia na pesquisa também liderando em rejeição, com 51% dos paulistanos dizendo que o conhecem e não votariam nele (número acima dos 41% de Boulos e dos 38% de Nunes). Mas com 39% de potencial de voto medido (igual a o de Nunes e maior que os 35% de Boulos), e com a ampla exposição diária que possui há anos na TV, não é adversário de se desprezar, sobretudo na batalha por uma vaga na segunda etapa da disputa. Só aí a rejeição realmente poderia fazer diferença.

Alguns poderiam igualar Datena a Celso Russomanno, candidato que aparecia liderando pesquisas daqui e dali e sempre fracassou em seu objetivo. Há uma diferença sensível entre eles: Datena tem a pauta da segurança pública muito mais arraigada a seu nome, e não há outro tema que não apareça no topo das preocupações dos brasileiros, e também dos paulistanos, do que esse, atualmente.

Mas seu potencial de ameaçar os adversários vai além disso. A pesquisa mostra que ele teria capacidade de atrair eleitores de cada um desses rivais e não de apenas uma única faixa do eleitorado. Para detectar isso, é preciso comparar dois outros cenários medidos pela Quaest. Ambos sem a presença de Kim Kataguiri, que será rifado pelo União Brasil, sendo um com e outro sem Datena. Quando o apresentador é incluído na lista, ele toma quatro pontos percentuais de Nunes, um de Boulos, dois de Marçal, dois de Tabata Amaral (PSB), um de Marina Helena (Novo), dois dos indecisos e quatro dos que falavam em votar em branco ou nulo. Nesse cenário sem Kim, Datena não chega a empatar tecnicamente com os dois líderes, mas pontua próximo. Nunes teria 24%, Boulos 23% e ele ficaria com 16%.

Outro dado joga a favor de Datena. São 50% os eleitores de São Paulo que gostariam que o próximo prefeito da capital fosse “independente”, enquanto 29% preferem um aliado de Lula e, 19%, um aliado de Bolsonaro. Nesse público que prefere um nome independente, Datena pontua com 20%, contra 24% de Nunes e apenas 13% de Boulos. Mas o ‘neotucano’ tem índices razoáveis também entre os que preferem aliados de Lula ou de Bolsonaro. Soma 13% no primeiro caso (contra 47% de Boulos e 12% de Nunes) e 14% no segundo (contra 32% de Nunes e 31% de Pablo Marçal).

Claro que, para que essa ameaça se torne real, é preciso primeiro saber se Datena de fato será candidato. Foram diversas as empreitadas abortadas em anos anteriores. Mesmo os tucanos que dizem que “agora vai” continuam esperando o momento em que ele se desligará da Band e formalizará a candidatura para comemorar que o partido tem de fato um nome. Como ele deve entrar de férias no dia 30, prazo para um candidato sair do ar na TV e no rádio, será preciso esperar até as convenções para que saibamos se Datena é um candidato real. Uma pesquisa como essa, porém, tende a estimulá-lo a topar ser lançado oficialmente.

Se uma eventual presença na disputa preocupa Nunes e Boulos, é bem pior para Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB). No caso do primeiro, pois reduz a margem de crescimento apenas ao eleitorado de Nunes. Seria necessário convencer muita gente a mudar de lado para atropelar o prefeito, com a máquina na mão, na corrida eleitoral. Para Tabata, são duas notícias ruins ao mesmo tempo: torna mais improvável que o PSDB aceite abrir mão de Datena para oferecer um vice a ela. E ele passa a ser mais um nome a disputar o eleitorado de terceira via, partindo, pelo menos no cenário medido pela Quaest, de um patamar maior do que o dela.

A campanha nem começou, pesquisas têm trazido cenários muito distintos, inclusive quanto ao empate ou não entre Nunes e Boulos. Mas um levantamento como esse tem potencial de mexer peças, inclusive em apoios partidários a um PSDB que, até outro dia mesmo, era dado como morto no cenário paulistano. O partido que venceu as duas últimas eleições municipais perdeu capilaridade, viu seus vereadores abandonarem o barco para abraçar o prefeito em meio a um conflito interno e ao esvaziamento flagrante nos últimos anos em todos os níveis mas, de repente, pode ter um candidato competitivo. Se ele for mesmo um candidato…

A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira, 27, é mais um dos acontecimentos do período de pré-candidaturas capazes de sacudir um pouco as peças do tabuleiro eleitoral. Se os 10 pontos obtidos por Pablo Marçal (PRTB) em uma pesquisa AtlasIntel em 28 de maio fizeram o prefeito Ricardo Nunes (MDB) alterar a rota de sua campanha, acelerando e aceitando a escolha do vice imposto por Bolsonaro, o que dirá dos 17 pontos obtidos por José Luiz Datena (PSDB) no primeiro cenário da pesquisa estimulada divulgada pelo instituto?

O empate técnico neste cenário com Nunes (que marca 22%) e Guilherme Boulos (que pontua com 21%), se confirmado mais adiante por outras pesquisas, traz uma real chance de que algum dos dois possa acabar fora do segundo turno se Datena for mesmo candidato e conseguir catalisar os votos dos descontentes, diante dos índices de rejeição inerente aos escolhidos por Bolsonaro e Lula.

Datena pontua bem em pesquisa Genial/Quaest e indica potencial de crescimento Foto: PSDB MUNICIPAL SP/Divulgação

É verdade que Datena estreia na pesquisa também liderando em rejeição, com 51% dos paulistanos dizendo que o conhecem e não votariam nele (número acima dos 41% de Boulos e dos 38% de Nunes). Mas com 39% de potencial de voto medido (igual a o de Nunes e maior que os 35% de Boulos), e com a ampla exposição diária que possui há anos na TV, não é adversário de se desprezar, sobretudo na batalha por uma vaga na segunda etapa da disputa. Só aí a rejeição realmente poderia fazer diferença.

Alguns poderiam igualar Datena a Celso Russomanno, candidato que aparecia liderando pesquisas daqui e dali e sempre fracassou em seu objetivo. Há uma diferença sensível entre eles: Datena tem a pauta da segurança pública muito mais arraigada a seu nome, e não há outro tema que não apareça no topo das preocupações dos brasileiros, e também dos paulistanos, do que esse, atualmente.

Mas seu potencial de ameaçar os adversários vai além disso. A pesquisa mostra que ele teria capacidade de atrair eleitores de cada um desses rivais e não de apenas uma única faixa do eleitorado. Para detectar isso, é preciso comparar dois outros cenários medidos pela Quaest. Ambos sem a presença de Kim Kataguiri, que será rifado pelo União Brasil, sendo um com e outro sem Datena. Quando o apresentador é incluído na lista, ele toma quatro pontos percentuais de Nunes, um de Boulos, dois de Marçal, dois de Tabata Amaral (PSB), um de Marina Helena (Novo), dois dos indecisos e quatro dos que falavam em votar em branco ou nulo. Nesse cenário sem Kim, Datena não chega a empatar tecnicamente com os dois líderes, mas pontua próximo. Nunes teria 24%, Boulos 23% e ele ficaria com 16%.

Outro dado joga a favor de Datena. São 50% os eleitores de São Paulo que gostariam que o próximo prefeito da capital fosse “independente”, enquanto 29% preferem um aliado de Lula e, 19%, um aliado de Bolsonaro. Nesse público que prefere um nome independente, Datena pontua com 20%, contra 24% de Nunes e apenas 13% de Boulos. Mas o ‘neotucano’ tem índices razoáveis também entre os que preferem aliados de Lula ou de Bolsonaro. Soma 13% no primeiro caso (contra 47% de Boulos e 12% de Nunes) e 14% no segundo (contra 32% de Nunes e 31% de Pablo Marçal).

Claro que, para que essa ameaça se torne real, é preciso primeiro saber se Datena de fato será candidato. Foram diversas as empreitadas abortadas em anos anteriores. Mesmo os tucanos que dizem que “agora vai” continuam esperando o momento em que ele se desligará da Band e formalizará a candidatura para comemorar que o partido tem de fato um nome. Como ele deve entrar de férias no dia 30, prazo para um candidato sair do ar na TV e no rádio, será preciso esperar até as convenções para que saibamos se Datena é um candidato real. Uma pesquisa como essa, porém, tende a estimulá-lo a topar ser lançado oficialmente.

Se uma eventual presença na disputa preocupa Nunes e Boulos, é bem pior para Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB). No caso do primeiro, pois reduz a margem de crescimento apenas ao eleitorado de Nunes. Seria necessário convencer muita gente a mudar de lado para atropelar o prefeito, com a máquina na mão, na corrida eleitoral. Para Tabata, são duas notícias ruins ao mesmo tempo: torna mais improvável que o PSDB aceite abrir mão de Datena para oferecer um vice a ela. E ele passa a ser mais um nome a disputar o eleitorado de terceira via, partindo, pelo menos no cenário medido pela Quaest, de um patamar maior do que o dela.

A campanha nem começou, pesquisas têm trazido cenários muito distintos, inclusive quanto ao empate ou não entre Nunes e Boulos. Mas um levantamento como esse tem potencial de mexer peças, inclusive em apoios partidários a um PSDB que, até outro dia mesmo, era dado como morto no cenário paulistano. O partido que venceu as duas últimas eleições municipais perdeu capilaridade, viu seus vereadores abandonarem o barco para abraçar o prefeito em meio a um conflito interno e ao esvaziamento flagrante nos últimos anos em todos os níveis mas, de repente, pode ter um candidato competitivo. Se ele for mesmo um candidato…

Opinião por Ricardo Corrêa

Coordenador de política em São Paulo no Estadão e comentarista na rádio Eldorado. Escreve às quintas

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