No primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo no segundo turno, realizado na Band, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) expuseram suas estratégias para o momento da disputa em que tentam atrair os eleitores dos nomes que ficaram de fora na primeira etapa. No caso de Nunes, a meta foi explorar a ideia de que Boulos seria inexperiente e que não teria conhecimento da máquina pública. O deputado federal, por sua vez, esforçou-se para emplacar a versão de que o prefeito seria fraco e incapaz de assumir responsabilidades.
Como esperado, o tema do apagão vivenciado por milhões de paulistanos abriu o debate. Nenhum dos dois candidatos trouxe, porém, qualquer abordagem nova sobre o tema que pudesse surpreender o adversário. Boulos repetiu incessantemente que Nunes não operou corretamente a poda de árvores na cidade e que um indicado de Jair Bolsonaro, aliado do prefeito, seria o responsável por derrubar a concessão da Enel na Aneel. Já Nunes fustigou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para apontar que aliados de Boulos é que são responsáveis por manter a companhia operando em São Paulo, ao mesmo tempo em que dizia que o deputado não fez nada sobre o assunto no mandato de deputado federal.
No debate, viu-se muito pouco da boca de Boulos sobre sua associação com Lula. Mas ele se esforçou bastante para lembrar que Nunes é apoiado por Jair Bolsonaro. O foco era a tentativa de colar em Nunes a alta rejeição de Bolsonaro. Exatamente por isso, Nunes esquivou-se de qualquer defesa do ex-presidente, ao contrário do que fez no primeiro turno, quando lutava diretamente com Marçal pelos votos do bolsonarismo.
No fim, viu-se um debate sem surpresas, com poucos momentos de tensão, um momento em que os candidatos até saíram do personagem para sorrir em um abraço em reação à aproximação, mas, acima de tudo, um confronto bastante equilibrado, definido nos detalhes, o que é bastante positivo para Ricardo Nunes, líder das pesquisas de intenção de voto com boa frente.
Mesmo claramente mais nervoso e menos confortável no formato, Nunes conseguiu sobreviver bem às críticas sobre as ações da Prefeitura. Boulos teve bons momentos ao repetir perguntas que Nunes não tinha interesse de responder, como a quebra do sigilo bancário, a defesa de Bolsonaro na pandemia ou a poda de árvores na cidade. Parece pouco, porém, para fazer a grande diferença que precisa para virar o jogo. Sobretudo se os encontros forem poucos com a decisão do adversário de só ir a alguns deles.