Traduzindo a política

Opinião|Debate Estadão e Record tem Nunes com objetivo mais claro, mesmo com Boulos mais à vontade


Prefeito foi ao encontro com um foco cumprido até o fim: acenar ao eleitor de direita e tentar manter a rejeição do deputado federal em alta; psolista misturou várias estratégias apesar de ter bons momentos

Por Ricardo Corrêa

No debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo organizado pelo Estadão e pela Record, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) até parecia mais à vontade e desenvolto. Mas coube ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) encaixar uma estratégia mais clara, com objetivo direto de manter em alta a rejeição do oponente. Nunes bateu o tempo inteiro em uma tecla que é chave para essa busca, acenando para o eleitor de direita com temas relacionados à segurança pública e à pauta de costumes. Enquanto isso, o psolista foi intercalando várias estratégias diferentes, tentando cumprir vários objetivos ao mesmo tempo, o que pode dificultar que alcance cada um deles.

Candidatos à Prefeitura de São Paulo participam de debate organizado pelo Estadão e pela Record Foto: Werther Santana/Estadão

Durante todo o segundo turno, o que move o eleitor, até aqui, é a rejeição de Guilherme Boulos, que está acima de 50% na maioria dos levantamentos. Seria, portanto, natural esperar que o candidato do PSOL buscasse reduzir esses índices. Isso se daria gastando seu tempo, seja no horário eleitoral, seja no debate, para colocar suas posições sobre as históricas acusações que são feitas contra ele. Mas Boulos insiste em outra linha: buscando aumentar a rejeição a Nunes, o que não apenas parece bem mais difícil para a atual disputa como serve muito menos também ao futuro político do candidato da esquerda.

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No debate da Record, apenas por duas ou três vezes o postulante do PSOL buscou usar as respostas para defender sua história nos movimentos sociais e posições acerca de temas polêmicos sempre explorados pelo adversário. No restante do programa, Boulos usou o espaço para atacar Nunes com escândalos da Prefeitura, colocar o ex-presidente Jair Bolsonaro no colo do prefeito, apontar o emedebista como um prefeito que dribla suas responsabilidades e que a cidade que apresenta é muito diferente daquela da vida real. Entre vários objetivos, Boulos não conseguiu enfatizar nenhum deles.

É fato que teve também bons momentos. Talvez os melhores do debate. Como, por exemplo, quando lembrou do episódio em que Nunes foi parar na delegacia após dar tiros por alto na porta de uma boate, o que fez o assunto ser a principal busca relacionada ao prefeito no Google, ou quando o emedebista deu-lhe o maior presente ao dizer que crianças brincam às 22h na Praça da Sé em tempos de violência flagrante na cidade. A estratégia de falar para que as pessoas buscassem os assuntos no mecanismo de busca, aliás, funcionou muito bem para Boulos no debate inteiro, também garantindo vinculação das buscas a Nunes ao Primeiro Comando da Capital e ao episódio de benefícios a um cunhado.

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Mas mesmo sem brilhar, Nunes parece ter sido mais efetivo em seu objetivo. O prefeito foi para o debate com o ativo da grande vantagem nas pesquisas e mirou em apenas um alvo: solidificar a rejeição de Guilherme Boulos, que é proibitiva para um candidato que quer ser eleito no segundo turno. Assim, e considerando também o público da Record, uma das organizadoras e transmissoras do evento, focou quase o tempo inteiro no eleitor de direita que se dividiu entre ele e Pablo Marçal no segundo turno.

A estratégia consistia em repisar os grandes temas que movem a rejeição a Boulos. Ele citou então a invasão e depredação da Fiesp pelo movimento comandado pelo adversário, as posições históricas de Boulos críticas à Polícia Militar, os posicionamentos do PSOL na pauta da segurança pública, na questão das saidinhas de presos, descriminalização das drogas e na flexibilização da lei do aborto ou em questões econômicas, como o tema da redução do Estado, com consequente diminuição de impostos. E como Boulos gastou pouco tempo para esclarecer essas posições, a tendência é que a estratégia de Nunes funcione melhor.

Boulos deixa o evento ao menos com alguns cortes para usar nas redes sociais. Talvez tenha conseguido cravar em Nunes algumas questões que até então não tinham pegado, como o episódio dos tiros na boate. Mas graças muito mais ao foco definido por seus marqueteiros e seguido à risca do início ao fim, o prefeito sai do programa com mais motivos para comemorar, sobretudo em razão da vantagem que já ostentava antes do encontro começar. Resta apenas um debate e uma semana para a eleição. Só um fato novo muito marcante ou uma abstenção gigante e fora da curva entre os antigos eleitores de Marçal poderia agora mudar uma eleição aparentemente encaminhada para o emedebista.

No debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo organizado pelo Estadão e pela Record, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) até parecia mais à vontade e desenvolto. Mas coube ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) encaixar uma estratégia mais clara, com objetivo direto de manter em alta a rejeição do oponente. Nunes bateu o tempo inteiro em uma tecla que é chave para essa busca, acenando para o eleitor de direita com temas relacionados à segurança pública e à pauta de costumes. Enquanto isso, o psolista foi intercalando várias estratégias diferentes, tentando cumprir vários objetivos ao mesmo tempo, o que pode dificultar que alcance cada um deles.

Candidatos à Prefeitura de São Paulo participam de debate organizado pelo Estadão e pela Record Foto: Werther Santana/Estadão

Durante todo o segundo turno, o que move o eleitor, até aqui, é a rejeição de Guilherme Boulos, que está acima de 50% na maioria dos levantamentos. Seria, portanto, natural esperar que o candidato do PSOL buscasse reduzir esses índices. Isso se daria gastando seu tempo, seja no horário eleitoral, seja no debate, para colocar suas posições sobre as históricas acusações que são feitas contra ele. Mas Boulos insiste em outra linha: buscando aumentar a rejeição a Nunes, o que não apenas parece bem mais difícil para a atual disputa como serve muito menos também ao futuro político do candidato da esquerda.

No debate da Record, apenas por duas ou três vezes o postulante do PSOL buscou usar as respostas para defender sua história nos movimentos sociais e posições acerca de temas polêmicos sempre explorados pelo adversário. No restante do programa, Boulos usou o espaço para atacar Nunes com escândalos da Prefeitura, colocar o ex-presidente Jair Bolsonaro no colo do prefeito, apontar o emedebista como um prefeito que dribla suas responsabilidades e que a cidade que apresenta é muito diferente daquela da vida real. Entre vários objetivos, Boulos não conseguiu enfatizar nenhum deles.

É fato que teve também bons momentos. Talvez os melhores do debate. Como, por exemplo, quando lembrou do episódio em que Nunes foi parar na delegacia após dar tiros por alto na porta de uma boate, o que fez o assunto ser a principal busca relacionada ao prefeito no Google, ou quando o emedebista deu-lhe o maior presente ao dizer que crianças brincam às 22h na Praça da Sé em tempos de violência flagrante na cidade. A estratégia de falar para que as pessoas buscassem os assuntos no mecanismo de busca, aliás, funcionou muito bem para Boulos no debate inteiro, também garantindo vinculação das buscas a Nunes ao Primeiro Comando da Capital e ao episódio de benefícios a um cunhado.

Mas mesmo sem brilhar, Nunes parece ter sido mais efetivo em seu objetivo. O prefeito foi para o debate com o ativo da grande vantagem nas pesquisas e mirou em apenas um alvo: solidificar a rejeição de Guilherme Boulos, que é proibitiva para um candidato que quer ser eleito no segundo turno. Assim, e considerando também o público da Record, uma das organizadoras e transmissoras do evento, focou quase o tempo inteiro no eleitor de direita que se dividiu entre ele e Pablo Marçal no segundo turno.

A estratégia consistia em repisar os grandes temas que movem a rejeição a Boulos. Ele citou então a invasão e depredação da Fiesp pelo movimento comandado pelo adversário, as posições históricas de Boulos críticas à Polícia Militar, os posicionamentos do PSOL na pauta da segurança pública, na questão das saidinhas de presos, descriminalização das drogas e na flexibilização da lei do aborto ou em questões econômicas, como o tema da redução do Estado, com consequente diminuição de impostos. E como Boulos gastou pouco tempo para esclarecer essas posições, a tendência é que a estratégia de Nunes funcione melhor.

Boulos deixa o evento ao menos com alguns cortes para usar nas redes sociais. Talvez tenha conseguido cravar em Nunes algumas questões que até então não tinham pegado, como o episódio dos tiros na boate. Mas graças muito mais ao foco definido por seus marqueteiros e seguido à risca do início ao fim, o prefeito sai do programa com mais motivos para comemorar, sobretudo em razão da vantagem que já ostentava antes do encontro começar. Resta apenas um debate e uma semana para a eleição. Só um fato novo muito marcante ou uma abstenção gigante e fora da curva entre os antigos eleitores de Marçal poderia agora mudar uma eleição aparentemente encaminhada para o emedebista.

No debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo organizado pelo Estadão e pela Record, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) até parecia mais à vontade e desenvolto. Mas coube ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) encaixar uma estratégia mais clara, com objetivo direto de manter em alta a rejeição do oponente. Nunes bateu o tempo inteiro em uma tecla que é chave para essa busca, acenando para o eleitor de direita com temas relacionados à segurança pública e à pauta de costumes. Enquanto isso, o psolista foi intercalando várias estratégias diferentes, tentando cumprir vários objetivos ao mesmo tempo, o que pode dificultar que alcance cada um deles.

Candidatos à Prefeitura de São Paulo participam de debate organizado pelo Estadão e pela Record Foto: Werther Santana/Estadão

Durante todo o segundo turno, o que move o eleitor, até aqui, é a rejeição de Guilherme Boulos, que está acima de 50% na maioria dos levantamentos. Seria, portanto, natural esperar que o candidato do PSOL buscasse reduzir esses índices. Isso se daria gastando seu tempo, seja no horário eleitoral, seja no debate, para colocar suas posições sobre as históricas acusações que são feitas contra ele. Mas Boulos insiste em outra linha: buscando aumentar a rejeição a Nunes, o que não apenas parece bem mais difícil para a atual disputa como serve muito menos também ao futuro político do candidato da esquerda.

No debate da Record, apenas por duas ou três vezes o postulante do PSOL buscou usar as respostas para defender sua história nos movimentos sociais e posições acerca de temas polêmicos sempre explorados pelo adversário. No restante do programa, Boulos usou o espaço para atacar Nunes com escândalos da Prefeitura, colocar o ex-presidente Jair Bolsonaro no colo do prefeito, apontar o emedebista como um prefeito que dribla suas responsabilidades e que a cidade que apresenta é muito diferente daquela da vida real. Entre vários objetivos, Boulos não conseguiu enfatizar nenhum deles.

É fato que teve também bons momentos. Talvez os melhores do debate. Como, por exemplo, quando lembrou do episódio em que Nunes foi parar na delegacia após dar tiros por alto na porta de uma boate, o que fez o assunto ser a principal busca relacionada ao prefeito no Google, ou quando o emedebista deu-lhe o maior presente ao dizer que crianças brincam às 22h na Praça da Sé em tempos de violência flagrante na cidade. A estratégia de falar para que as pessoas buscassem os assuntos no mecanismo de busca, aliás, funcionou muito bem para Boulos no debate inteiro, também garantindo vinculação das buscas a Nunes ao Primeiro Comando da Capital e ao episódio de benefícios a um cunhado.

Mas mesmo sem brilhar, Nunes parece ter sido mais efetivo em seu objetivo. O prefeito foi para o debate com o ativo da grande vantagem nas pesquisas e mirou em apenas um alvo: solidificar a rejeição de Guilherme Boulos, que é proibitiva para um candidato que quer ser eleito no segundo turno. Assim, e considerando também o público da Record, uma das organizadoras e transmissoras do evento, focou quase o tempo inteiro no eleitor de direita que se dividiu entre ele e Pablo Marçal no segundo turno.

A estratégia consistia em repisar os grandes temas que movem a rejeição a Boulos. Ele citou então a invasão e depredação da Fiesp pelo movimento comandado pelo adversário, as posições históricas de Boulos críticas à Polícia Militar, os posicionamentos do PSOL na pauta da segurança pública, na questão das saidinhas de presos, descriminalização das drogas e na flexibilização da lei do aborto ou em questões econômicas, como o tema da redução do Estado, com consequente diminuição de impostos. E como Boulos gastou pouco tempo para esclarecer essas posições, a tendência é que a estratégia de Nunes funcione melhor.

Boulos deixa o evento ao menos com alguns cortes para usar nas redes sociais. Talvez tenha conseguido cravar em Nunes algumas questões que até então não tinham pegado, como o episódio dos tiros na boate. Mas graças muito mais ao foco definido por seus marqueteiros e seguido à risca do início ao fim, o prefeito sai do programa com mais motivos para comemorar, sobretudo em razão da vantagem que já ostentava antes do encontro começar. Resta apenas um debate e uma semana para a eleição. Só um fato novo muito marcante ou uma abstenção gigante e fora da curva entre os antigos eleitores de Marçal poderia agora mudar uma eleição aparentemente encaminhada para o emedebista.

No debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo organizado pelo Estadão e pela Record, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) até parecia mais à vontade e desenvolto. Mas coube ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) encaixar uma estratégia mais clara, com objetivo direto de manter em alta a rejeição do oponente. Nunes bateu o tempo inteiro em uma tecla que é chave para essa busca, acenando para o eleitor de direita com temas relacionados à segurança pública e à pauta de costumes. Enquanto isso, o psolista foi intercalando várias estratégias diferentes, tentando cumprir vários objetivos ao mesmo tempo, o que pode dificultar que alcance cada um deles.

Candidatos à Prefeitura de São Paulo participam de debate organizado pelo Estadão e pela Record Foto: Werther Santana/Estadão

Durante todo o segundo turno, o que move o eleitor, até aqui, é a rejeição de Guilherme Boulos, que está acima de 50% na maioria dos levantamentos. Seria, portanto, natural esperar que o candidato do PSOL buscasse reduzir esses índices. Isso se daria gastando seu tempo, seja no horário eleitoral, seja no debate, para colocar suas posições sobre as históricas acusações que são feitas contra ele. Mas Boulos insiste em outra linha: buscando aumentar a rejeição a Nunes, o que não apenas parece bem mais difícil para a atual disputa como serve muito menos também ao futuro político do candidato da esquerda.

No debate da Record, apenas por duas ou três vezes o postulante do PSOL buscou usar as respostas para defender sua história nos movimentos sociais e posições acerca de temas polêmicos sempre explorados pelo adversário. No restante do programa, Boulos usou o espaço para atacar Nunes com escândalos da Prefeitura, colocar o ex-presidente Jair Bolsonaro no colo do prefeito, apontar o emedebista como um prefeito que dribla suas responsabilidades e que a cidade que apresenta é muito diferente daquela da vida real. Entre vários objetivos, Boulos não conseguiu enfatizar nenhum deles.

É fato que teve também bons momentos. Talvez os melhores do debate. Como, por exemplo, quando lembrou do episódio em que Nunes foi parar na delegacia após dar tiros por alto na porta de uma boate, o que fez o assunto ser a principal busca relacionada ao prefeito no Google, ou quando o emedebista deu-lhe o maior presente ao dizer que crianças brincam às 22h na Praça da Sé em tempos de violência flagrante na cidade. A estratégia de falar para que as pessoas buscassem os assuntos no mecanismo de busca, aliás, funcionou muito bem para Boulos no debate inteiro, também garantindo vinculação das buscas a Nunes ao Primeiro Comando da Capital e ao episódio de benefícios a um cunhado.

Mas mesmo sem brilhar, Nunes parece ter sido mais efetivo em seu objetivo. O prefeito foi para o debate com o ativo da grande vantagem nas pesquisas e mirou em apenas um alvo: solidificar a rejeição de Guilherme Boulos, que é proibitiva para um candidato que quer ser eleito no segundo turno. Assim, e considerando também o público da Record, uma das organizadoras e transmissoras do evento, focou quase o tempo inteiro no eleitor de direita que se dividiu entre ele e Pablo Marçal no segundo turno.

A estratégia consistia em repisar os grandes temas que movem a rejeição a Boulos. Ele citou então a invasão e depredação da Fiesp pelo movimento comandado pelo adversário, as posições históricas de Boulos críticas à Polícia Militar, os posicionamentos do PSOL na pauta da segurança pública, na questão das saidinhas de presos, descriminalização das drogas e na flexibilização da lei do aborto ou em questões econômicas, como o tema da redução do Estado, com consequente diminuição de impostos. E como Boulos gastou pouco tempo para esclarecer essas posições, a tendência é que a estratégia de Nunes funcione melhor.

Boulos deixa o evento ao menos com alguns cortes para usar nas redes sociais. Talvez tenha conseguido cravar em Nunes algumas questões que até então não tinham pegado, como o episódio dos tiros na boate. Mas graças muito mais ao foco definido por seus marqueteiros e seguido à risca do início ao fim, o prefeito sai do programa com mais motivos para comemorar, sobretudo em razão da vantagem que já ostentava antes do encontro começar. Resta apenas um debate e uma semana para a eleição. Só um fato novo muito marcante ou uma abstenção gigante e fora da curva entre os antigos eleitores de Marçal poderia agora mudar uma eleição aparentemente encaminhada para o emedebista.

Opinião por Ricardo Corrêa

Coordenador de política em São Paulo no Estadão e comentarista na rádio Eldorado. Escreve às quintas

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