Traduzindo a política

Opinião|Debate na Band: Marçal cai em armadilha de Tabata e Nunes vira alvo


Para quem precisava se tornar conhecida de boa parte do eleitorado e não sofreu ataques, como a candidata do PSB, funcionou melhor; Nunes se viu sem aliados e Boulos precisou responder apenas por questões já colocadas; Datena esteve apagado

Por Ricardo Corrêa
Atualização:

O primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, na Band, mostrou que o nível da campanha eleitoral em São Paulo em 2024 promete ser subterrâneo. Puxados sobretudo por um Pablo Marçal (PRTB) fora do controle, os cinco candidatos precisaram lidar muito mais com os ataques pessoais do que efetivamente com os problemas da cidade. Não houve quem não tenha se excedido, e sobraram para Guilherme Boulos e, sobretudo, para Ricardo Nunes, os principais petardos lançados pelos adversários. Para quem foi ao debate buscando justamente transformá-lo em um ringue, como é o caso de Marçal, a luta na lama servia muito bem, não fosse a armadilha que ele próprio armou para si na discussão sobre sua condenação. Para quem precisava se tornar conhecida de boa parte do eleitorado, como Tabata, funcionou melhor.

Demorou pouco tempo para que Nunes percebesse que não teria aliados na disputa desde que o nome de Marina Helena deixou de ser considerado na lista de candidatos no debate. O prefeito foi alvo preferencial de todos os concorrentes e, na única vez em que tentou fazer uma dobradinha com Pablo Marçal para criticar Boulos, viu o influenciador e empresário devolver com ataques de cunho pessoal, como apontar “problemas cognitivos” no emedebista. É até natural que o incumbente seja o principal alvo, mas a ofensiva veio das mais diversas maneiras: seja por críticas ao trabalho da prefeitura, por acusações de ilicitudes em obras ou até as acusações de que já teria batido na mulher. Nunes precisou ficar quase o tempo todo na defensiva, exatamente como já estava esperando.

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Debate foi quente, com ataques pessoais entre os candidatos e pouco espaço para discutir os problemas da cidade  Foto: Daniel Teixeira/Estadão

A fúria dos demais com Nunes ajudou Boulos a apanhar menos do que o previsto. Sobretudo de Datena e Tabata que parecem muito mais dispostos a fustigar o prefeito. O psolista não escapou ileso, é verdade. Mas as respostas que precisou dar foram sobre temas pelos quais já é abordado há outros tempos: a relação com o governo Lula, as contradições da esquerda na defesa de democracia e a posição no movimento social que promove invasões de prédios desocupados.

Enquanto as trocas de farpas ganhavam atenções, Datena ficou apagado a maior parte do tempo, sobretudo no primeiro bloco, o que tem a maior audiência nesse tipo de encontro. Ganhou atenção apenas nos embates com Nunes. Não que precise de conhecimento quem tanto tempo ficou na TV, mas em meio ao desafio de despontar em meio à disputa particular com Tabata e Marçal pelo título de opção à polarização dos dois primeiros, foi pouco. Tanto que saiu reclamando de que foi atrapalhado e que não estava acostumado com o formato.

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Pablo Marçal, como dito, queria fazer do embate um picadeiro para ganhar evidência nas redes sociais. As frases de efeito e o estilo kamikaze não trazem nada para o debate público, mas funcionam para quem queria chocar quem não o conhece e viralizar nas redes sociais. Saiu como o previsto, sendo sem qualquer dúvida o candidato mais citado nas redes. Mas ele acabou caindo em uma armadilha ao ver o tema de sua condenação por fraude bancária tornar-se o principal assunto relacionado ao seu nome. Ao prometer desistir da candidatura se a condenação existisse (e ela existe), levantou a bola primeiro para Tabata e depois para Boulos. Na fala dela sobre o tema, ficou visivelmente nervoso.

Nesse cenário, o debate serviu mais justamente a Tabata. Não pelo fato de que ela tenha se destacado em relação aos demais. Mas enquanto pouco apanhou e tentou mostrar postura mais ponderada, a candidata do PSB acabou aproveitando sobretudo os embates com Marçal em relação à condenação do ex-coach, e com o prefeito sobre o boletim de ocorrência de agressão à mulher, para tornar-se conhecida de parte do eleitorado. Se a essa hora não são tantos os que ficam acordados para ver o debate, os recortes nas redes e a repercussão no dia seguinte devem ajudá-la nesses dois pontos.

O primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, na Band, mostrou que o nível da campanha eleitoral em São Paulo em 2024 promete ser subterrâneo. Puxados sobretudo por um Pablo Marçal (PRTB) fora do controle, os cinco candidatos precisaram lidar muito mais com os ataques pessoais do que efetivamente com os problemas da cidade. Não houve quem não tenha se excedido, e sobraram para Guilherme Boulos e, sobretudo, para Ricardo Nunes, os principais petardos lançados pelos adversários. Para quem foi ao debate buscando justamente transformá-lo em um ringue, como é o caso de Marçal, a luta na lama servia muito bem, não fosse a armadilha que ele próprio armou para si na discussão sobre sua condenação. Para quem precisava se tornar conhecida de boa parte do eleitorado, como Tabata, funcionou melhor.

Demorou pouco tempo para que Nunes percebesse que não teria aliados na disputa desde que o nome de Marina Helena deixou de ser considerado na lista de candidatos no debate. O prefeito foi alvo preferencial de todos os concorrentes e, na única vez em que tentou fazer uma dobradinha com Pablo Marçal para criticar Boulos, viu o influenciador e empresário devolver com ataques de cunho pessoal, como apontar “problemas cognitivos” no emedebista. É até natural que o incumbente seja o principal alvo, mas a ofensiva veio das mais diversas maneiras: seja por críticas ao trabalho da prefeitura, por acusações de ilicitudes em obras ou até as acusações de que já teria batido na mulher. Nunes precisou ficar quase o tempo todo na defensiva, exatamente como já estava esperando.

Debate foi quente, com ataques pessoais entre os candidatos e pouco espaço para discutir os problemas da cidade  Foto: Daniel Teixeira/Estadão

A fúria dos demais com Nunes ajudou Boulos a apanhar menos do que o previsto. Sobretudo de Datena e Tabata que parecem muito mais dispostos a fustigar o prefeito. O psolista não escapou ileso, é verdade. Mas as respostas que precisou dar foram sobre temas pelos quais já é abordado há outros tempos: a relação com o governo Lula, as contradições da esquerda na defesa de democracia e a posição no movimento social que promove invasões de prédios desocupados.

Enquanto as trocas de farpas ganhavam atenções, Datena ficou apagado a maior parte do tempo, sobretudo no primeiro bloco, o que tem a maior audiência nesse tipo de encontro. Ganhou atenção apenas nos embates com Nunes. Não que precise de conhecimento quem tanto tempo ficou na TV, mas em meio ao desafio de despontar em meio à disputa particular com Tabata e Marçal pelo título de opção à polarização dos dois primeiros, foi pouco. Tanto que saiu reclamando de que foi atrapalhado e que não estava acostumado com o formato.

Pablo Marçal, como dito, queria fazer do embate um picadeiro para ganhar evidência nas redes sociais. As frases de efeito e o estilo kamikaze não trazem nada para o debate público, mas funcionam para quem queria chocar quem não o conhece e viralizar nas redes sociais. Saiu como o previsto, sendo sem qualquer dúvida o candidato mais citado nas redes. Mas ele acabou caindo em uma armadilha ao ver o tema de sua condenação por fraude bancária tornar-se o principal assunto relacionado ao seu nome. Ao prometer desistir da candidatura se a condenação existisse (e ela existe), levantou a bola primeiro para Tabata e depois para Boulos. Na fala dela sobre o tema, ficou visivelmente nervoso.

Nesse cenário, o debate serviu mais justamente a Tabata. Não pelo fato de que ela tenha se destacado em relação aos demais. Mas enquanto pouco apanhou e tentou mostrar postura mais ponderada, a candidata do PSB acabou aproveitando sobretudo os embates com Marçal em relação à condenação do ex-coach, e com o prefeito sobre o boletim de ocorrência de agressão à mulher, para tornar-se conhecida de parte do eleitorado. Se a essa hora não são tantos os que ficam acordados para ver o debate, os recortes nas redes e a repercussão no dia seguinte devem ajudá-la nesses dois pontos.

O primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, na Band, mostrou que o nível da campanha eleitoral em São Paulo em 2024 promete ser subterrâneo. Puxados sobretudo por um Pablo Marçal (PRTB) fora do controle, os cinco candidatos precisaram lidar muito mais com os ataques pessoais do que efetivamente com os problemas da cidade. Não houve quem não tenha se excedido, e sobraram para Guilherme Boulos e, sobretudo, para Ricardo Nunes, os principais petardos lançados pelos adversários. Para quem foi ao debate buscando justamente transformá-lo em um ringue, como é o caso de Marçal, a luta na lama servia muito bem, não fosse a armadilha que ele próprio armou para si na discussão sobre sua condenação. Para quem precisava se tornar conhecida de boa parte do eleitorado, como Tabata, funcionou melhor.

Demorou pouco tempo para que Nunes percebesse que não teria aliados na disputa desde que o nome de Marina Helena deixou de ser considerado na lista de candidatos no debate. O prefeito foi alvo preferencial de todos os concorrentes e, na única vez em que tentou fazer uma dobradinha com Pablo Marçal para criticar Boulos, viu o influenciador e empresário devolver com ataques de cunho pessoal, como apontar “problemas cognitivos” no emedebista. É até natural que o incumbente seja o principal alvo, mas a ofensiva veio das mais diversas maneiras: seja por críticas ao trabalho da prefeitura, por acusações de ilicitudes em obras ou até as acusações de que já teria batido na mulher. Nunes precisou ficar quase o tempo todo na defensiva, exatamente como já estava esperando.

Debate foi quente, com ataques pessoais entre os candidatos e pouco espaço para discutir os problemas da cidade  Foto: Daniel Teixeira/Estadão

A fúria dos demais com Nunes ajudou Boulos a apanhar menos do que o previsto. Sobretudo de Datena e Tabata que parecem muito mais dispostos a fustigar o prefeito. O psolista não escapou ileso, é verdade. Mas as respostas que precisou dar foram sobre temas pelos quais já é abordado há outros tempos: a relação com o governo Lula, as contradições da esquerda na defesa de democracia e a posição no movimento social que promove invasões de prédios desocupados.

Enquanto as trocas de farpas ganhavam atenções, Datena ficou apagado a maior parte do tempo, sobretudo no primeiro bloco, o que tem a maior audiência nesse tipo de encontro. Ganhou atenção apenas nos embates com Nunes. Não que precise de conhecimento quem tanto tempo ficou na TV, mas em meio ao desafio de despontar em meio à disputa particular com Tabata e Marçal pelo título de opção à polarização dos dois primeiros, foi pouco. Tanto que saiu reclamando de que foi atrapalhado e que não estava acostumado com o formato.

Pablo Marçal, como dito, queria fazer do embate um picadeiro para ganhar evidência nas redes sociais. As frases de efeito e o estilo kamikaze não trazem nada para o debate público, mas funcionam para quem queria chocar quem não o conhece e viralizar nas redes sociais. Saiu como o previsto, sendo sem qualquer dúvida o candidato mais citado nas redes. Mas ele acabou caindo em uma armadilha ao ver o tema de sua condenação por fraude bancária tornar-se o principal assunto relacionado ao seu nome. Ao prometer desistir da candidatura se a condenação existisse (e ela existe), levantou a bola primeiro para Tabata e depois para Boulos. Na fala dela sobre o tema, ficou visivelmente nervoso.

Nesse cenário, o debate serviu mais justamente a Tabata. Não pelo fato de que ela tenha se destacado em relação aos demais. Mas enquanto pouco apanhou e tentou mostrar postura mais ponderada, a candidata do PSB acabou aproveitando sobretudo os embates com Marçal em relação à condenação do ex-coach, e com o prefeito sobre o boletim de ocorrência de agressão à mulher, para tornar-se conhecida de parte do eleitorado. Se a essa hora não são tantos os que ficam acordados para ver o debate, os recortes nas redes e a repercussão no dia seguinte devem ajudá-la nesses dois pontos.

O primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, na Band, mostrou que o nível da campanha eleitoral em São Paulo em 2024 promete ser subterrâneo. Puxados sobretudo por um Pablo Marçal (PRTB) fora do controle, os cinco candidatos precisaram lidar muito mais com os ataques pessoais do que efetivamente com os problemas da cidade. Não houve quem não tenha se excedido, e sobraram para Guilherme Boulos e, sobretudo, para Ricardo Nunes, os principais petardos lançados pelos adversários. Para quem foi ao debate buscando justamente transformá-lo em um ringue, como é o caso de Marçal, a luta na lama servia muito bem, não fosse a armadilha que ele próprio armou para si na discussão sobre sua condenação. Para quem precisava se tornar conhecida de boa parte do eleitorado, como Tabata, funcionou melhor.

Demorou pouco tempo para que Nunes percebesse que não teria aliados na disputa desde que o nome de Marina Helena deixou de ser considerado na lista de candidatos no debate. O prefeito foi alvo preferencial de todos os concorrentes e, na única vez em que tentou fazer uma dobradinha com Pablo Marçal para criticar Boulos, viu o influenciador e empresário devolver com ataques de cunho pessoal, como apontar “problemas cognitivos” no emedebista. É até natural que o incumbente seja o principal alvo, mas a ofensiva veio das mais diversas maneiras: seja por críticas ao trabalho da prefeitura, por acusações de ilicitudes em obras ou até as acusações de que já teria batido na mulher. Nunes precisou ficar quase o tempo todo na defensiva, exatamente como já estava esperando.

Debate foi quente, com ataques pessoais entre os candidatos e pouco espaço para discutir os problemas da cidade  Foto: Daniel Teixeira/Estadão

A fúria dos demais com Nunes ajudou Boulos a apanhar menos do que o previsto. Sobretudo de Datena e Tabata que parecem muito mais dispostos a fustigar o prefeito. O psolista não escapou ileso, é verdade. Mas as respostas que precisou dar foram sobre temas pelos quais já é abordado há outros tempos: a relação com o governo Lula, as contradições da esquerda na defesa de democracia e a posição no movimento social que promove invasões de prédios desocupados.

Enquanto as trocas de farpas ganhavam atenções, Datena ficou apagado a maior parte do tempo, sobretudo no primeiro bloco, o que tem a maior audiência nesse tipo de encontro. Ganhou atenção apenas nos embates com Nunes. Não que precise de conhecimento quem tanto tempo ficou na TV, mas em meio ao desafio de despontar em meio à disputa particular com Tabata e Marçal pelo título de opção à polarização dos dois primeiros, foi pouco. Tanto que saiu reclamando de que foi atrapalhado e que não estava acostumado com o formato.

Pablo Marçal, como dito, queria fazer do embate um picadeiro para ganhar evidência nas redes sociais. As frases de efeito e o estilo kamikaze não trazem nada para o debate público, mas funcionam para quem queria chocar quem não o conhece e viralizar nas redes sociais. Saiu como o previsto, sendo sem qualquer dúvida o candidato mais citado nas redes. Mas ele acabou caindo em uma armadilha ao ver o tema de sua condenação por fraude bancária tornar-se o principal assunto relacionado ao seu nome. Ao prometer desistir da candidatura se a condenação existisse (e ela existe), levantou a bola primeiro para Tabata e depois para Boulos. Na fala dela sobre o tema, ficou visivelmente nervoso.

Nesse cenário, o debate serviu mais justamente a Tabata. Não pelo fato de que ela tenha se destacado em relação aos demais. Mas enquanto pouco apanhou e tentou mostrar postura mais ponderada, a candidata do PSB acabou aproveitando sobretudo os embates com Marçal em relação à condenação do ex-coach, e com o prefeito sobre o boletim de ocorrência de agressão à mulher, para tornar-se conhecida de parte do eleitorado. Se a essa hora não são tantos os que ficam acordados para ver o debate, os recortes nas redes e a repercussão no dia seguinte devem ajudá-la nesses dois pontos.

Opinião por Ricardo Corrêa

Coordenador de política em São Paulo no Estadão e comentarista na rádio Eldorado. Escreve às quintas

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