Traduzindo a política

Opinião|Desafio de Tabata é chegar viável à campanha, e levar o debate eleitoral em SP para o mundo real


Candidata do PSB precisa alcançar o momento das definições partidárias mostrando-se alternativa consistente para ganhar apoio e espaço para falar dos problemas da cidade driblando a polarização

Por Ricardo Corrêa

Na ousadia de enfrentar uma polarização que suplantou a mera eleição presidencial e afeta os mais básicos debates do dia a dia nas redes sociais, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) sabe que tem dois desafios prioritários para suplantar o primeiro turno e, em um segundo momento, ela própria beneficiar-se da polarização: manter-se viável no momento da definição de caminhos por parte das legendas e trazer o debate das eleições em São Paulo para o mundo real.

A tarefa é naturalmente complicada. Sua candidatura terá que enfrentar as três máquinas ao mesmo tempo: a da própria Prefeitura e a do Estado em favor do prefeito Ricardo Nunes (MDB), e a federal ao lado do deputado Guilherme Boulos (PSOL). Mesmo a viabilização do nome de Tabata, apesar de todo otimismo de aliados, depende, de certa forma, de como vai se dar o enfrentamento nos meses que antecedem o período oficial de campanha. Afinal, por mais que esteja determinada em concorrer, seria difícil resistir às investidas para tirá-la da corrida se, lá na frente, suas chances de vitória forem reduzidas e a candidatura de Boulos tiver alguma chance de vencer já no primeiro turno sem a presença dela.

Tabata Amaral tentará levar o debate sobre os problemas da população para a centralidade da discussão em 2024 Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo
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Sobre isso, inclusive, contribui para ela a interpretação de que sua presença pode afetar mais a candidatura de Nunes do que a de Boulos, como mostrou o Estadão por meio de um estudo do mestre em Políticas Públicas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) Wagner Vargas. Ele indicou, com base no cruzamento de votos entre os diversos concorrentes em eleições anteriores, que o eleitor de Tabata se aproxima mais do voto tucano que venceu a última corrida com Bruno Covas, e que tinha Nunes como vice, do que do voto historicamente conquistado pela esquerda e, em especial, pelo PSOL. Essa interpretação, combinada ao fato de que Nunes parece mais forte nesse momento do que no início dos debates sobre 2024, derrubaria a tese de parte do PT de que tirar o PSB da corrida seria vantajoso.

Mais que isso, mostrar-se competitiva no momento das convenções pode garantir o apoio de partidos que vão deixar para a última hora a decisão sobre o apoio a cada uma das candidaturas. Ainda que a propaganda eleitoral no rádio e na TV não seja mais tão central como já foi em outros momentos, para quem precisa tornar-se mais conhecida, é importante ter mais do que apenas o apoio solitário de seu partido.

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Nessa luta pro manter-se viável até o momento das definições, Tabata pode festejar o fato de que não há no horizonte ninguém hoje capaz de reunir apoio para despontar como melhor opção na terceira via. A direita bolsonarista foi arrastada pelas circunstâncias para o apoio a Ricardo Nunes. O mesmo tende a acontecer com o União Brasil, tirando a legenda de Kim Kataguiri. E a coalizão de esquerda entre PT e PSOL impede que outro nome surja nessa campo. Sobraria o dividido e enfraquecido PSDB, que Tabata sonha em ter na chapa e que amplia debates entre o apoio a Nunes ou uma candidatura própria para marcar território.

Uma vez entrando viva na campanha, Tabata passa a enfrentar o real desafio dessa campanha: falar com os paulistanos a despeito do choque de ideologias e das figuras nacionais de Lula e Bolsonaro que estarão fortemente presentes. É na conversa sobre os problemas diários que afligem o cidadão paulistano, sobretudo o da periferia, que reside a esperança de que é possível garimpar votos daqueles que querem solução, independentemente de quem venha a propô-las. Nunca é fácil, mas se há uma eleição em que se pode fazer essa argumentação sobre o mundo real é na disputa municipal, quando se faz o debate olho no olho e de forma pulverizada, com as grandes bolhas divididas em meio a tantos concorrentes e disputas diferentes.

Na ousadia de enfrentar uma polarização que suplantou a mera eleição presidencial e afeta os mais básicos debates do dia a dia nas redes sociais, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) sabe que tem dois desafios prioritários para suplantar o primeiro turno e, em um segundo momento, ela própria beneficiar-se da polarização: manter-se viável no momento da definição de caminhos por parte das legendas e trazer o debate das eleições em São Paulo para o mundo real.

A tarefa é naturalmente complicada. Sua candidatura terá que enfrentar as três máquinas ao mesmo tempo: a da própria Prefeitura e a do Estado em favor do prefeito Ricardo Nunes (MDB), e a federal ao lado do deputado Guilherme Boulos (PSOL). Mesmo a viabilização do nome de Tabata, apesar de todo otimismo de aliados, depende, de certa forma, de como vai se dar o enfrentamento nos meses que antecedem o período oficial de campanha. Afinal, por mais que esteja determinada em concorrer, seria difícil resistir às investidas para tirá-la da corrida se, lá na frente, suas chances de vitória forem reduzidas e a candidatura de Boulos tiver alguma chance de vencer já no primeiro turno sem a presença dela.

Tabata Amaral tentará levar o debate sobre os problemas da população para a centralidade da discussão em 2024 Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo

Sobre isso, inclusive, contribui para ela a interpretação de que sua presença pode afetar mais a candidatura de Nunes do que a de Boulos, como mostrou o Estadão por meio de um estudo do mestre em Políticas Públicas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) Wagner Vargas. Ele indicou, com base no cruzamento de votos entre os diversos concorrentes em eleições anteriores, que o eleitor de Tabata se aproxima mais do voto tucano que venceu a última corrida com Bruno Covas, e que tinha Nunes como vice, do que do voto historicamente conquistado pela esquerda e, em especial, pelo PSOL. Essa interpretação, combinada ao fato de que Nunes parece mais forte nesse momento do que no início dos debates sobre 2024, derrubaria a tese de parte do PT de que tirar o PSB da corrida seria vantajoso.

Mais que isso, mostrar-se competitiva no momento das convenções pode garantir o apoio de partidos que vão deixar para a última hora a decisão sobre o apoio a cada uma das candidaturas. Ainda que a propaganda eleitoral no rádio e na TV não seja mais tão central como já foi em outros momentos, para quem precisa tornar-se mais conhecida, é importante ter mais do que apenas o apoio solitário de seu partido.

Nessa luta pro manter-se viável até o momento das definições, Tabata pode festejar o fato de que não há no horizonte ninguém hoje capaz de reunir apoio para despontar como melhor opção na terceira via. A direita bolsonarista foi arrastada pelas circunstâncias para o apoio a Ricardo Nunes. O mesmo tende a acontecer com o União Brasil, tirando a legenda de Kim Kataguiri. E a coalizão de esquerda entre PT e PSOL impede que outro nome surja nessa campo. Sobraria o dividido e enfraquecido PSDB, que Tabata sonha em ter na chapa e que amplia debates entre o apoio a Nunes ou uma candidatura própria para marcar território.

Uma vez entrando viva na campanha, Tabata passa a enfrentar o real desafio dessa campanha: falar com os paulistanos a despeito do choque de ideologias e das figuras nacionais de Lula e Bolsonaro que estarão fortemente presentes. É na conversa sobre os problemas diários que afligem o cidadão paulistano, sobretudo o da periferia, que reside a esperança de que é possível garimpar votos daqueles que querem solução, independentemente de quem venha a propô-las. Nunca é fácil, mas se há uma eleição em que se pode fazer essa argumentação sobre o mundo real é na disputa municipal, quando se faz o debate olho no olho e de forma pulverizada, com as grandes bolhas divididas em meio a tantos concorrentes e disputas diferentes.

Na ousadia de enfrentar uma polarização que suplantou a mera eleição presidencial e afeta os mais básicos debates do dia a dia nas redes sociais, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) sabe que tem dois desafios prioritários para suplantar o primeiro turno e, em um segundo momento, ela própria beneficiar-se da polarização: manter-se viável no momento da definição de caminhos por parte das legendas e trazer o debate das eleições em São Paulo para o mundo real.

A tarefa é naturalmente complicada. Sua candidatura terá que enfrentar as três máquinas ao mesmo tempo: a da própria Prefeitura e a do Estado em favor do prefeito Ricardo Nunes (MDB), e a federal ao lado do deputado Guilherme Boulos (PSOL). Mesmo a viabilização do nome de Tabata, apesar de todo otimismo de aliados, depende, de certa forma, de como vai se dar o enfrentamento nos meses que antecedem o período oficial de campanha. Afinal, por mais que esteja determinada em concorrer, seria difícil resistir às investidas para tirá-la da corrida se, lá na frente, suas chances de vitória forem reduzidas e a candidatura de Boulos tiver alguma chance de vencer já no primeiro turno sem a presença dela.

Tabata Amaral tentará levar o debate sobre os problemas da população para a centralidade da discussão em 2024 Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo

Sobre isso, inclusive, contribui para ela a interpretação de que sua presença pode afetar mais a candidatura de Nunes do que a de Boulos, como mostrou o Estadão por meio de um estudo do mestre em Políticas Públicas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) Wagner Vargas. Ele indicou, com base no cruzamento de votos entre os diversos concorrentes em eleições anteriores, que o eleitor de Tabata se aproxima mais do voto tucano que venceu a última corrida com Bruno Covas, e que tinha Nunes como vice, do que do voto historicamente conquistado pela esquerda e, em especial, pelo PSOL. Essa interpretação, combinada ao fato de que Nunes parece mais forte nesse momento do que no início dos debates sobre 2024, derrubaria a tese de parte do PT de que tirar o PSB da corrida seria vantajoso.

Mais que isso, mostrar-se competitiva no momento das convenções pode garantir o apoio de partidos que vão deixar para a última hora a decisão sobre o apoio a cada uma das candidaturas. Ainda que a propaganda eleitoral no rádio e na TV não seja mais tão central como já foi em outros momentos, para quem precisa tornar-se mais conhecida, é importante ter mais do que apenas o apoio solitário de seu partido.

Nessa luta pro manter-se viável até o momento das definições, Tabata pode festejar o fato de que não há no horizonte ninguém hoje capaz de reunir apoio para despontar como melhor opção na terceira via. A direita bolsonarista foi arrastada pelas circunstâncias para o apoio a Ricardo Nunes. O mesmo tende a acontecer com o União Brasil, tirando a legenda de Kim Kataguiri. E a coalizão de esquerda entre PT e PSOL impede que outro nome surja nessa campo. Sobraria o dividido e enfraquecido PSDB, que Tabata sonha em ter na chapa e que amplia debates entre o apoio a Nunes ou uma candidatura própria para marcar território.

Uma vez entrando viva na campanha, Tabata passa a enfrentar o real desafio dessa campanha: falar com os paulistanos a despeito do choque de ideologias e das figuras nacionais de Lula e Bolsonaro que estarão fortemente presentes. É na conversa sobre os problemas diários que afligem o cidadão paulistano, sobretudo o da periferia, que reside a esperança de que é possível garimpar votos daqueles que querem solução, independentemente de quem venha a propô-las. Nunca é fácil, mas se há uma eleição em que se pode fazer essa argumentação sobre o mundo real é na disputa municipal, quando se faz o debate olho no olho e de forma pulverizada, com as grandes bolhas divididas em meio a tantos concorrentes e disputas diferentes.

Opinião por Ricardo Corrêa

Coordenador de política em São Paulo no Estadão e comentarista na rádio Eldorado. Escreve às quintas

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