Traduzindo a política

Opinião|Entrada de Pablo Marçal na disputa assusta e coloca em risco estratégia de Ricardo Nunes em SP


Prefeito pode ter que se vincular mais ao bolsonarismo, o que ele não queria fazer na campanha, além de fechar o caminho para os crescimentos de Kim Kataguiri e Marina Helena; Tabata, por sua vez, depende da desistência de Datena

Por Ricardo Corrêa

As presenças de Pablo Marçal (PRTB) e José Luiz Datena (PSDB) na lista de pré-candidatos na corrida eleitoral em São Paulo trouxeram mudanças no cenário que podem forçar outros postulantes a traçarem novas estratégias na disputa. Sobre o segundo, ainda há dúvidas se de fato estará nas urnas na hora em que tudo se tornar oficial. No caso do primeiro, porém, os resultados obtidos nas primeiras pesquisas são motivo de preocupação no entorno daquele que é o favorito: o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição.

O incômodo para Nunes vai muito além dos números inicialmente apresentados por Marçal nos levantamentos divulgados nesta semana. O pré-candidato do PRTB aparece com 10,4% na pesquisa CNN/Atlas, com 7% no Datafolha e com 5,1% no Paraná Pesquisas. Mais do que de quanto Marçal vai partir, muda a vida de Nunes ter que repensar sua estratégia para lidar com a disputa. Nunes vem construindo até aqui a ideia de que se trata de um candidato de frente ampla contra Guilherme Boulos (PSOL), o nome da esquerda. Embora apoiado por Bolsonaro, o prefeito faz um esforço grande para não ser visto como um nome de direita, mas de centro. No máximo, centro-direita.

Ricardo Nunes e Pablo Marçal, pré-candidatos na disputa pela Prefeitura de São Paulo Foto: Tiago Queiroz/Estadão e Enzo Beckham/Divulgação Blog Pablo Marçal
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O cálculo é o de que a presença do ex-presidente no arco de apoiadores serviria para impedir que outro nome de direita despontasse, colocando em risco a presença do prefeito no segundo turno. Contudo, não havia nenhuma intenção de abraçar o bolsonarismo fazendo parte dele, já que isso tende a causar estragos em um eventual segundo turno da disputa à Prefeitura. Bolsonaro é majoritariamente rejeitado na capital. Seus eleitores, hoje, unidos, levam um candidato para o segundo turno, mas sua rejeição também é capaz de derrotá-lo.

Marçal, porém, pode ter começado a mostrar um furo nessa estratégia. Segundo dados estratificados da pesquisa Atlas, um em cada quatro eleitores do ex-presidente o apoia à Prefeitura. Nunes, por sua vez, abarca 44% dos que disseram ter votado Bolsonaro no ano passado. O restante se distribui entre vários candidatos, brancos, nulos e indecisos. E só haveria um jeito de neutralizar a debandada de aliados de Bolsonaro para a candidatura de Marçal: mostrar-se verdadeiramente como um candidato de direita, que era tudo que Nunes não queria.

Se para Nunes a presença de Marçal estanca votos e pode se tornar uma ameaça com mais crescimento, para nomes como Kim Kataguiri (União) e Marina Helena (Novo), a nova figura na corrida pode causar problemas ainda mais definitivos. Mesmo que o coach não cresça. Apenas a presença ali ao redor de 7% já reduziria a capacidade de crescimento dos dois que, como ele, se declaram verdadeiramente de direita. Ambos apostavam que o eleitor desse espectro, na hora H, poderia não engolir Nunes, um político historicamente de centro, como candidato desse grupo. Agora, terão que competir por esse espaço com um candidato com perfil semelhante, redes mais pujantes, um público que o venera messianicamente mesmo diante das polêmicas que o rodeiam e muito mais dinheiro para investir.

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De outro lado temos, na disputa, a situação de Tabata Amaral, que hoje depende muito mais das promessas que lhe foram feitas do que de qualquer atitude para virar o jogo. Se José Luiz Datena descumprir o acordo de bastidores feito com ela e resolver ser mesmo candidato pelo PSDB, pulverizaria qualquer chance de que ela pudesse chegar nos dois primeiros colocados. Para que isso não aconteça, seria fundamental que ela pontuasse acima dele nos próximos levantamentos. Embora com um percentual promissor nas primeiras sondagens, a candidata do PSB não tem avançado. Ao contrário: em alguns estudos tem perdido intenções de voto.

No cálculo tucano, por qual motivo faria sentido perder como vice de Tabata se podem perder como titulares, mantendo o nome do partido em evidência? Para piorar para ela, não há muito o que ela possa fazer até julho para mudar o quadro. Sua grande aposta é justamente o fato de que Datena é dado a desistências e, mesmo após ser lançado pelo PSDB, continua dizendo nas conversas com ela que a aliança entre os dois continua de pé. A ela só resta acreditar.

As presenças de Pablo Marçal (PRTB) e José Luiz Datena (PSDB) na lista de pré-candidatos na corrida eleitoral em São Paulo trouxeram mudanças no cenário que podem forçar outros postulantes a traçarem novas estratégias na disputa. Sobre o segundo, ainda há dúvidas se de fato estará nas urnas na hora em que tudo se tornar oficial. No caso do primeiro, porém, os resultados obtidos nas primeiras pesquisas são motivo de preocupação no entorno daquele que é o favorito: o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição.

O incômodo para Nunes vai muito além dos números inicialmente apresentados por Marçal nos levantamentos divulgados nesta semana. O pré-candidato do PRTB aparece com 10,4% na pesquisa CNN/Atlas, com 7% no Datafolha e com 5,1% no Paraná Pesquisas. Mais do que de quanto Marçal vai partir, muda a vida de Nunes ter que repensar sua estratégia para lidar com a disputa. Nunes vem construindo até aqui a ideia de que se trata de um candidato de frente ampla contra Guilherme Boulos (PSOL), o nome da esquerda. Embora apoiado por Bolsonaro, o prefeito faz um esforço grande para não ser visto como um nome de direita, mas de centro. No máximo, centro-direita.

Ricardo Nunes e Pablo Marçal, pré-candidatos na disputa pela Prefeitura de São Paulo Foto: Tiago Queiroz/Estadão e Enzo Beckham/Divulgação Blog Pablo Marçal

O cálculo é o de que a presença do ex-presidente no arco de apoiadores serviria para impedir que outro nome de direita despontasse, colocando em risco a presença do prefeito no segundo turno. Contudo, não havia nenhuma intenção de abraçar o bolsonarismo fazendo parte dele, já que isso tende a causar estragos em um eventual segundo turno da disputa à Prefeitura. Bolsonaro é majoritariamente rejeitado na capital. Seus eleitores, hoje, unidos, levam um candidato para o segundo turno, mas sua rejeição também é capaz de derrotá-lo.

Marçal, porém, pode ter começado a mostrar um furo nessa estratégia. Segundo dados estratificados da pesquisa Atlas, um em cada quatro eleitores do ex-presidente o apoia à Prefeitura. Nunes, por sua vez, abarca 44% dos que disseram ter votado Bolsonaro no ano passado. O restante se distribui entre vários candidatos, brancos, nulos e indecisos. E só haveria um jeito de neutralizar a debandada de aliados de Bolsonaro para a candidatura de Marçal: mostrar-se verdadeiramente como um candidato de direita, que era tudo que Nunes não queria.

Se para Nunes a presença de Marçal estanca votos e pode se tornar uma ameaça com mais crescimento, para nomes como Kim Kataguiri (União) e Marina Helena (Novo), a nova figura na corrida pode causar problemas ainda mais definitivos. Mesmo que o coach não cresça. Apenas a presença ali ao redor de 7% já reduziria a capacidade de crescimento dos dois que, como ele, se declaram verdadeiramente de direita. Ambos apostavam que o eleitor desse espectro, na hora H, poderia não engolir Nunes, um político historicamente de centro, como candidato desse grupo. Agora, terão que competir por esse espaço com um candidato com perfil semelhante, redes mais pujantes, um público que o venera messianicamente mesmo diante das polêmicas que o rodeiam e muito mais dinheiro para investir.

De outro lado temos, na disputa, a situação de Tabata Amaral, que hoje depende muito mais das promessas que lhe foram feitas do que de qualquer atitude para virar o jogo. Se José Luiz Datena descumprir o acordo de bastidores feito com ela e resolver ser mesmo candidato pelo PSDB, pulverizaria qualquer chance de que ela pudesse chegar nos dois primeiros colocados. Para que isso não aconteça, seria fundamental que ela pontuasse acima dele nos próximos levantamentos. Embora com um percentual promissor nas primeiras sondagens, a candidata do PSB não tem avançado. Ao contrário: em alguns estudos tem perdido intenções de voto.

No cálculo tucano, por qual motivo faria sentido perder como vice de Tabata se podem perder como titulares, mantendo o nome do partido em evidência? Para piorar para ela, não há muito o que ela possa fazer até julho para mudar o quadro. Sua grande aposta é justamente o fato de que Datena é dado a desistências e, mesmo após ser lançado pelo PSDB, continua dizendo nas conversas com ela que a aliança entre os dois continua de pé. A ela só resta acreditar.

As presenças de Pablo Marçal (PRTB) e José Luiz Datena (PSDB) na lista de pré-candidatos na corrida eleitoral em São Paulo trouxeram mudanças no cenário que podem forçar outros postulantes a traçarem novas estratégias na disputa. Sobre o segundo, ainda há dúvidas se de fato estará nas urnas na hora em que tudo se tornar oficial. No caso do primeiro, porém, os resultados obtidos nas primeiras pesquisas são motivo de preocupação no entorno daquele que é o favorito: o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição.

O incômodo para Nunes vai muito além dos números inicialmente apresentados por Marçal nos levantamentos divulgados nesta semana. O pré-candidato do PRTB aparece com 10,4% na pesquisa CNN/Atlas, com 7% no Datafolha e com 5,1% no Paraná Pesquisas. Mais do que de quanto Marçal vai partir, muda a vida de Nunes ter que repensar sua estratégia para lidar com a disputa. Nunes vem construindo até aqui a ideia de que se trata de um candidato de frente ampla contra Guilherme Boulos (PSOL), o nome da esquerda. Embora apoiado por Bolsonaro, o prefeito faz um esforço grande para não ser visto como um nome de direita, mas de centro. No máximo, centro-direita.

Ricardo Nunes e Pablo Marçal, pré-candidatos na disputa pela Prefeitura de São Paulo Foto: Tiago Queiroz/Estadão e Enzo Beckham/Divulgação Blog Pablo Marçal

O cálculo é o de que a presença do ex-presidente no arco de apoiadores serviria para impedir que outro nome de direita despontasse, colocando em risco a presença do prefeito no segundo turno. Contudo, não havia nenhuma intenção de abraçar o bolsonarismo fazendo parte dele, já que isso tende a causar estragos em um eventual segundo turno da disputa à Prefeitura. Bolsonaro é majoritariamente rejeitado na capital. Seus eleitores, hoje, unidos, levam um candidato para o segundo turno, mas sua rejeição também é capaz de derrotá-lo.

Marçal, porém, pode ter começado a mostrar um furo nessa estratégia. Segundo dados estratificados da pesquisa Atlas, um em cada quatro eleitores do ex-presidente o apoia à Prefeitura. Nunes, por sua vez, abarca 44% dos que disseram ter votado Bolsonaro no ano passado. O restante se distribui entre vários candidatos, brancos, nulos e indecisos. E só haveria um jeito de neutralizar a debandada de aliados de Bolsonaro para a candidatura de Marçal: mostrar-se verdadeiramente como um candidato de direita, que era tudo que Nunes não queria.

Se para Nunes a presença de Marçal estanca votos e pode se tornar uma ameaça com mais crescimento, para nomes como Kim Kataguiri (União) e Marina Helena (Novo), a nova figura na corrida pode causar problemas ainda mais definitivos. Mesmo que o coach não cresça. Apenas a presença ali ao redor de 7% já reduziria a capacidade de crescimento dos dois que, como ele, se declaram verdadeiramente de direita. Ambos apostavam que o eleitor desse espectro, na hora H, poderia não engolir Nunes, um político historicamente de centro, como candidato desse grupo. Agora, terão que competir por esse espaço com um candidato com perfil semelhante, redes mais pujantes, um público que o venera messianicamente mesmo diante das polêmicas que o rodeiam e muito mais dinheiro para investir.

De outro lado temos, na disputa, a situação de Tabata Amaral, que hoje depende muito mais das promessas que lhe foram feitas do que de qualquer atitude para virar o jogo. Se José Luiz Datena descumprir o acordo de bastidores feito com ela e resolver ser mesmo candidato pelo PSDB, pulverizaria qualquer chance de que ela pudesse chegar nos dois primeiros colocados. Para que isso não aconteça, seria fundamental que ela pontuasse acima dele nos próximos levantamentos. Embora com um percentual promissor nas primeiras sondagens, a candidata do PSB não tem avançado. Ao contrário: em alguns estudos tem perdido intenções de voto.

No cálculo tucano, por qual motivo faria sentido perder como vice de Tabata se podem perder como titulares, mantendo o nome do partido em evidência? Para piorar para ela, não há muito o que ela possa fazer até julho para mudar o quadro. Sua grande aposta é justamente o fato de que Datena é dado a desistências e, mesmo após ser lançado pelo PSDB, continua dizendo nas conversas com ela que a aliança entre os dois continua de pé. A ela só resta acreditar.

Opinião por Ricardo Corrêa

Coordenador de política em São Paulo no Estadão e comentarista na rádio Eldorado. Escreve às quintas

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