Traduzindo a política

Opinião|Esquerda foca em Dirceu, direita, em anistia e Lira, no poder. Eleição acabou, que se dane o eleitor


Bastaram poucos dias após as urnas serem fechadas para que a classe política brasileira exibisse suas prioridades, congeladas apenas durante a campanha

Por Ricardo Corrêa

Quatro dias depois da ida de parte dos eleitores às urnas, as forças políticas deram subsídios às razões pelas quais muitos deixaram de comparecer, em uma das maiores abstenções da história da redemocratização. Fechadas as campanhas, não houve nem sequer tempo para que se disfarçasse as reais intenções das lideranças partidárias no Brasil que, imediatamente, voltaram seu foco para o que lhes interessa muito bem e que passa longe dos reais desafios do eleitor brasileiro.

Passe o olho no noticiário e verá que, desde que as urnas se fecharam, não houve nem sequer uma discussão relevante sobre os problemas do Brasil de nenhuma parte. Na esquerda, além da lavação de roupa suja promovida por dirigentes do PT sobre os motivos pelos quais nem a presença na máquina federal foi suficiente para garantir vitórias expressivas, o foco está na disputa interna pelo controle da legenda. No partido e no governo, como revelou Vera Rosa em sua coluna, há atenção real é em fazer com que José Dirceu, agora reabilitado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com as “descondenações” que obteve, volte a ser um articulador político capaz de garantir a reeleição de Lula daqui a dois anos.

Congresso Nacional está focado em eleições, sobretudo na Câmara, onde Arthur Lira tenta fazer de Hugo Motta seu sucessor Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados
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A oposição muito menos propõe qualquer assunto de interesse do País. O ex-presidente Jair Bolsonaro foi imediatamente ao Congresso conversar com caciques políticos pura e simplesmente para tratar de seu próprio futuro, tentando convencer os parlamentares a aprovarem uma anistia a golpistas do 8 de Janeiro que, por tabela, também poderia beneficiá-lo fazendo com que escapasse do cada dia mais provável destino atrás das grades.

Arthur Lira, que jurava ter com prioridade a reforma tributária, está de olho é na eleição do comando da Casa e trabalha dia e noite para alinhar os apoios a Hugo Motta, que arrebanhou rapidamente o endosso de Republicanos, PP e MDB e do PT e PL, que brigam nas eleições tal qual num telecatch mas estarão juntos na mesma chapa para dividir espaços na Mesa Diretora da próxima Câmara. Foi nesse sentido que Lira empurrou para uma Comissão Especial a discussão sobre a anistia proposta pela turma de Bolsonaro. Assim, impediu que o assunto tivesse já um desfecho na CCJ, podendo agora ser usado como moeda de troca capaz de amarrar os apoios do lado que não quer ver anistia prosperando de jeito nenhum e daquele que ainda sonha com a possibilidade.

O centro, que sai da eleição se dizendo o grande vencedor, exibe novamente as rachaduras que o fazem ter força nas disputas municipais, mas pouca capacidade de liderar uma candidatura competitiva a cada quatro anos nas eleições nacionais. Ciro Nogueira, presidente do PP, vai ao ataque contra Tarcísio de Freitas e, com mais alguns meses pela frente do atual mandato e quatro do próximo para cuidar da população de São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes acelera seu relógio político em entrevista ao Estadão ao já defender, em 2024, que o MDB apoie o governador ou até o inelegível Bolsonaro para a Presidência em 2026. Enquanto isso, o presidente de seu partido, Baleia Rossi, fala em ter uma opção de centro daqui a dois anos e uma ala governista da mesma sigla defende não apenas apoiar Lula como formar uma chama oferecendo um vice a ele.

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Nada se viu até aqui, no pós-eleição, apenas para dar alguns exemplos, sobre o que mudar para atingir metas de desenvolvimento da educação, coibir o desmatamento e as queimadas que varreram o País, a retomada do debate sobre como enfrentar a epidemia das bets ou uma discussão efetiva e pública sobre os necessários cortes de gastos no governo que ministros juram que haverá sem que sejam apresentados ou se dê prazo para isso. Hoje há ao menos um aceno a algo que interessa aos brasileiros depois de meses dormitando na Casa Civil: a discussão entre governo federal e os Estados sobre a PEC da Segurança, que não é a panaceia que alguns apregoam para o grave problema de segurança enfrentado pelo brasileiro, mas que, pelo menos, coloca um assunto de relevância nas mesas onde se serviu até aqui apenas acordos de interesse da classe política.

Quatro dias depois da ida de parte dos eleitores às urnas, as forças políticas deram subsídios às razões pelas quais muitos deixaram de comparecer, em uma das maiores abstenções da história da redemocratização. Fechadas as campanhas, não houve nem sequer tempo para que se disfarçasse as reais intenções das lideranças partidárias no Brasil que, imediatamente, voltaram seu foco para o que lhes interessa muito bem e que passa longe dos reais desafios do eleitor brasileiro.

Passe o olho no noticiário e verá que, desde que as urnas se fecharam, não houve nem sequer uma discussão relevante sobre os problemas do Brasil de nenhuma parte. Na esquerda, além da lavação de roupa suja promovida por dirigentes do PT sobre os motivos pelos quais nem a presença na máquina federal foi suficiente para garantir vitórias expressivas, o foco está na disputa interna pelo controle da legenda. No partido e no governo, como revelou Vera Rosa em sua coluna, há atenção real é em fazer com que José Dirceu, agora reabilitado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com as “descondenações” que obteve, volte a ser um articulador político capaz de garantir a reeleição de Lula daqui a dois anos.

Congresso Nacional está focado em eleições, sobretudo na Câmara, onde Arthur Lira tenta fazer de Hugo Motta seu sucessor Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

A oposição muito menos propõe qualquer assunto de interesse do País. O ex-presidente Jair Bolsonaro foi imediatamente ao Congresso conversar com caciques políticos pura e simplesmente para tratar de seu próprio futuro, tentando convencer os parlamentares a aprovarem uma anistia a golpistas do 8 de Janeiro que, por tabela, também poderia beneficiá-lo fazendo com que escapasse do cada dia mais provável destino atrás das grades.

Arthur Lira, que jurava ter com prioridade a reforma tributária, está de olho é na eleição do comando da Casa e trabalha dia e noite para alinhar os apoios a Hugo Motta, que arrebanhou rapidamente o endosso de Republicanos, PP e MDB e do PT e PL, que brigam nas eleições tal qual num telecatch mas estarão juntos na mesma chapa para dividir espaços na Mesa Diretora da próxima Câmara. Foi nesse sentido que Lira empurrou para uma Comissão Especial a discussão sobre a anistia proposta pela turma de Bolsonaro. Assim, impediu que o assunto tivesse já um desfecho na CCJ, podendo agora ser usado como moeda de troca capaz de amarrar os apoios do lado que não quer ver anistia prosperando de jeito nenhum e daquele que ainda sonha com a possibilidade.

O centro, que sai da eleição se dizendo o grande vencedor, exibe novamente as rachaduras que o fazem ter força nas disputas municipais, mas pouca capacidade de liderar uma candidatura competitiva a cada quatro anos nas eleições nacionais. Ciro Nogueira, presidente do PP, vai ao ataque contra Tarcísio de Freitas e, com mais alguns meses pela frente do atual mandato e quatro do próximo para cuidar da população de São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes acelera seu relógio político em entrevista ao Estadão ao já defender, em 2024, que o MDB apoie o governador ou até o inelegível Bolsonaro para a Presidência em 2026. Enquanto isso, o presidente de seu partido, Baleia Rossi, fala em ter uma opção de centro daqui a dois anos e uma ala governista da mesma sigla defende não apenas apoiar Lula como formar uma chama oferecendo um vice a ele.

Nada se viu até aqui, no pós-eleição, apenas para dar alguns exemplos, sobre o que mudar para atingir metas de desenvolvimento da educação, coibir o desmatamento e as queimadas que varreram o País, a retomada do debate sobre como enfrentar a epidemia das bets ou uma discussão efetiva e pública sobre os necessários cortes de gastos no governo que ministros juram que haverá sem que sejam apresentados ou se dê prazo para isso. Hoje há ao menos um aceno a algo que interessa aos brasileiros depois de meses dormitando na Casa Civil: a discussão entre governo federal e os Estados sobre a PEC da Segurança, que não é a panaceia que alguns apregoam para o grave problema de segurança enfrentado pelo brasileiro, mas que, pelo menos, coloca um assunto de relevância nas mesas onde se serviu até aqui apenas acordos de interesse da classe política.

Quatro dias depois da ida de parte dos eleitores às urnas, as forças políticas deram subsídios às razões pelas quais muitos deixaram de comparecer, em uma das maiores abstenções da história da redemocratização. Fechadas as campanhas, não houve nem sequer tempo para que se disfarçasse as reais intenções das lideranças partidárias no Brasil que, imediatamente, voltaram seu foco para o que lhes interessa muito bem e que passa longe dos reais desafios do eleitor brasileiro.

Passe o olho no noticiário e verá que, desde que as urnas se fecharam, não houve nem sequer uma discussão relevante sobre os problemas do Brasil de nenhuma parte. Na esquerda, além da lavação de roupa suja promovida por dirigentes do PT sobre os motivos pelos quais nem a presença na máquina federal foi suficiente para garantir vitórias expressivas, o foco está na disputa interna pelo controle da legenda. No partido e no governo, como revelou Vera Rosa em sua coluna, há atenção real é em fazer com que José Dirceu, agora reabilitado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com as “descondenações” que obteve, volte a ser um articulador político capaz de garantir a reeleição de Lula daqui a dois anos.

Congresso Nacional está focado em eleições, sobretudo na Câmara, onde Arthur Lira tenta fazer de Hugo Motta seu sucessor Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

A oposição muito menos propõe qualquer assunto de interesse do País. O ex-presidente Jair Bolsonaro foi imediatamente ao Congresso conversar com caciques políticos pura e simplesmente para tratar de seu próprio futuro, tentando convencer os parlamentares a aprovarem uma anistia a golpistas do 8 de Janeiro que, por tabela, também poderia beneficiá-lo fazendo com que escapasse do cada dia mais provável destino atrás das grades.

Arthur Lira, que jurava ter com prioridade a reforma tributária, está de olho é na eleição do comando da Casa e trabalha dia e noite para alinhar os apoios a Hugo Motta, que arrebanhou rapidamente o endosso de Republicanos, PP e MDB e do PT e PL, que brigam nas eleições tal qual num telecatch mas estarão juntos na mesma chapa para dividir espaços na Mesa Diretora da próxima Câmara. Foi nesse sentido que Lira empurrou para uma Comissão Especial a discussão sobre a anistia proposta pela turma de Bolsonaro. Assim, impediu que o assunto tivesse já um desfecho na CCJ, podendo agora ser usado como moeda de troca capaz de amarrar os apoios do lado que não quer ver anistia prosperando de jeito nenhum e daquele que ainda sonha com a possibilidade.

O centro, que sai da eleição se dizendo o grande vencedor, exibe novamente as rachaduras que o fazem ter força nas disputas municipais, mas pouca capacidade de liderar uma candidatura competitiva a cada quatro anos nas eleições nacionais. Ciro Nogueira, presidente do PP, vai ao ataque contra Tarcísio de Freitas e, com mais alguns meses pela frente do atual mandato e quatro do próximo para cuidar da população de São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes acelera seu relógio político em entrevista ao Estadão ao já defender, em 2024, que o MDB apoie o governador ou até o inelegível Bolsonaro para a Presidência em 2026. Enquanto isso, o presidente de seu partido, Baleia Rossi, fala em ter uma opção de centro daqui a dois anos e uma ala governista da mesma sigla defende não apenas apoiar Lula como formar uma chama oferecendo um vice a ele.

Nada se viu até aqui, no pós-eleição, apenas para dar alguns exemplos, sobre o que mudar para atingir metas de desenvolvimento da educação, coibir o desmatamento e as queimadas que varreram o País, a retomada do debate sobre como enfrentar a epidemia das bets ou uma discussão efetiva e pública sobre os necessários cortes de gastos no governo que ministros juram que haverá sem que sejam apresentados ou se dê prazo para isso. Hoje há ao menos um aceno a algo que interessa aos brasileiros depois de meses dormitando na Casa Civil: a discussão entre governo federal e os Estados sobre a PEC da Segurança, que não é a panaceia que alguns apregoam para o grave problema de segurança enfrentado pelo brasileiro, mas que, pelo menos, coloca um assunto de relevância nas mesas onde se serviu até aqui apenas acordos de interesse da classe política.

Quatro dias depois da ida de parte dos eleitores às urnas, as forças políticas deram subsídios às razões pelas quais muitos deixaram de comparecer, em uma das maiores abstenções da história da redemocratização. Fechadas as campanhas, não houve nem sequer tempo para que se disfarçasse as reais intenções das lideranças partidárias no Brasil que, imediatamente, voltaram seu foco para o que lhes interessa muito bem e que passa longe dos reais desafios do eleitor brasileiro.

Passe o olho no noticiário e verá que, desde que as urnas se fecharam, não houve nem sequer uma discussão relevante sobre os problemas do Brasil de nenhuma parte. Na esquerda, além da lavação de roupa suja promovida por dirigentes do PT sobre os motivos pelos quais nem a presença na máquina federal foi suficiente para garantir vitórias expressivas, o foco está na disputa interna pelo controle da legenda. No partido e no governo, como revelou Vera Rosa em sua coluna, há atenção real é em fazer com que José Dirceu, agora reabilitado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com as “descondenações” que obteve, volte a ser um articulador político capaz de garantir a reeleição de Lula daqui a dois anos.

Congresso Nacional está focado em eleições, sobretudo na Câmara, onde Arthur Lira tenta fazer de Hugo Motta seu sucessor Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

A oposição muito menos propõe qualquer assunto de interesse do País. O ex-presidente Jair Bolsonaro foi imediatamente ao Congresso conversar com caciques políticos pura e simplesmente para tratar de seu próprio futuro, tentando convencer os parlamentares a aprovarem uma anistia a golpistas do 8 de Janeiro que, por tabela, também poderia beneficiá-lo fazendo com que escapasse do cada dia mais provável destino atrás das grades.

Arthur Lira, que jurava ter com prioridade a reforma tributária, está de olho é na eleição do comando da Casa e trabalha dia e noite para alinhar os apoios a Hugo Motta, que arrebanhou rapidamente o endosso de Republicanos, PP e MDB e do PT e PL, que brigam nas eleições tal qual num telecatch mas estarão juntos na mesma chapa para dividir espaços na Mesa Diretora da próxima Câmara. Foi nesse sentido que Lira empurrou para uma Comissão Especial a discussão sobre a anistia proposta pela turma de Bolsonaro. Assim, impediu que o assunto tivesse já um desfecho na CCJ, podendo agora ser usado como moeda de troca capaz de amarrar os apoios do lado que não quer ver anistia prosperando de jeito nenhum e daquele que ainda sonha com a possibilidade.

O centro, que sai da eleição se dizendo o grande vencedor, exibe novamente as rachaduras que o fazem ter força nas disputas municipais, mas pouca capacidade de liderar uma candidatura competitiva a cada quatro anos nas eleições nacionais. Ciro Nogueira, presidente do PP, vai ao ataque contra Tarcísio de Freitas e, com mais alguns meses pela frente do atual mandato e quatro do próximo para cuidar da população de São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes acelera seu relógio político em entrevista ao Estadão ao já defender, em 2024, que o MDB apoie o governador ou até o inelegível Bolsonaro para a Presidência em 2026. Enquanto isso, o presidente de seu partido, Baleia Rossi, fala em ter uma opção de centro daqui a dois anos e uma ala governista da mesma sigla defende não apenas apoiar Lula como formar uma chama oferecendo um vice a ele.

Nada se viu até aqui, no pós-eleição, apenas para dar alguns exemplos, sobre o que mudar para atingir metas de desenvolvimento da educação, coibir o desmatamento e as queimadas que varreram o País, a retomada do debate sobre como enfrentar a epidemia das bets ou uma discussão efetiva e pública sobre os necessários cortes de gastos no governo que ministros juram que haverá sem que sejam apresentados ou se dê prazo para isso. Hoje há ao menos um aceno a algo que interessa aos brasileiros depois de meses dormitando na Casa Civil: a discussão entre governo federal e os Estados sobre a PEC da Segurança, que não é a panaceia que alguns apregoam para o grave problema de segurança enfrentado pelo brasileiro, mas que, pelo menos, coloca um assunto de relevância nas mesas onde se serviu até aqui apenas acordos de interesse da classe política.

Quatro dias depois da ida de parte dos eleitores às urnas, as forças políticas deram subsídios às razões pelas quais muitos deixaram de comparecer, em uma das maiores abstenções da história da redemocratização. Fechadas as campanhas, não houve nem sequer tempo para que se disfarçasse as reais intenções das lideranças partidárias no Brasil que, imediatamente, voltaram seu foco para o que lhes interessa muito bem e que passa longe dos reais desafios do eleitor brasileiro.

Passe o olho no noticiário e verá que, desde que as urnas se fecharam, não houve nem sequer uma discussão relevante sobre os problemas do Brasil de nenhuma parte. Na esquerda, além da lavação de roupa suja promovida por dirigentes do PT sobre os motivos pelos quais nem a presença na máquina federal foi suficiente para garantir vitórias expressivas, o foco está na disputa interna pelo controle da legenda. No partido e no governo, como revelou Vera Rosa em sua coluna, há atenção real é em fazer com que José Dirceu, agora reabilitado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com as “descondenações” que obteve, volte a ser um articulador político capaz de garantir a reeleição de Lula daqui a dois anos.

Congresso Nacional está focado em eleições, sobretudo na Câmara, onde Arthur Lira tenta fazer de Hugo Motta seu sucessor Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

A oposição muito menos propõe qualquer assunto de interesse do País. O ex-presidente Jair Bolsonaro foi imediatamente ao Congresso conversar com caciques políticos pura e simplesmente para tratar de seu próprio futuro, tentando convencer os parlamentares a aprovarem uma anistia a golpistas do 8 de Janeiro que, por tabela, também poderia beneficiá-lo fazendo com que escapasse do cada dia mais provável destino atrás das grades.

Arthur Lira, que jurava ter com prioridade a reforma tributária, está de olho é na eleição do comando da Casa e trabalha dia e noite para alinhar os apoios a Hugo Motta, que arrebanhou rapidamente o endosso de Republicanos, PP e MDB e do PT e PL, que brigam nas eleições tal qual num telecatch mas estarão juntos na mesma chapa para dividir espaços na Mesa Diretora da próxima Câmara. Foi nesse sentido que Lira empurrou para uma Comissão Especial a discussão sobre a anistia proposta pela turma de Bolsonaro. Assim, impediu que o assunto tivesse já um desfecho na CCJ, podendo agora ser usado como moeda de troca capaz de amarrar os apoios do lado que não quer ver anistia prosperando de jeito nenhum e daquele que ainda sonha com a possibilidade.

O centro, que sai da eleição se dizendo o grande vencedor, exibe novamente as rachaduras que o fazem ter força nas disputas municipais, mas pouca capacidade de liderar uma candidatura competitiva a cada quatro anos nas eleições nacionais. Ciro Nogueira, presidente do PP, vai ao ataque contra Tarcísio de Freitas e, com mais alguns meses pela frente do atual mandato e quatro do próximo para cuidar da população de São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes acelera seu relógio político em entrevista ao Estadão ao já defender, em 2024, que o MDB apoie o governador ou até o inelegível Bolsonaro para a Presidência em 2026. Enquanto isso, o presidente de seu partido, Baleia Rossi, fala em ter uma opção de centro daqui a dois anos e uma ala governista da mesma sigla defende não apenas apoiar Lula como formar uma chama oferecendo um vice a ele.

Nada se viu até aqui, no pós-eleição, apenas para dar alguns exemplos, sobre o que mudar para atingir metas de desenvolvimento da educação, coibir o desmatamento e as queimadas que varreram o País, a retomada do debate sobre como enfrentar a epidemia das bets ou uma discussão efetiva e pública sobre os necessários cortes de gastos no governo que ministros juram que haverá sem que sejam apresentados ou se dê prazo para isso. Hoje há ao menos um aceno a algo que interessa aos brasileiros depois de meses dormitando na Casa Civil: a discussão entre governo federal e os Estados sobre a PEC da Segurança, que não é a panaceia que alguns apregoam para o grave problema de segurança enfrentado pelo brasileiro, mas que, pelo menos, coloca um assunto de relevância nas mesas onde se serviu até aqui apenas acordos de interesse da classe política.

Opinião por Ricardo Corrêa

Coordenador de política em São Paulo no Estadão e comentarista na rádio Eldorado. Escreve às quintas

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