Traduzindo a política

Opinião|Pablo Marçal já tomou um naco da direita de Bolsonaro para ser opção para 2026 mesmo se perder em SP


Fama da candidatura se alastra pelo Brasil, nas redes ou na manifestação de 7 de Setembro, em meio a inelegibilidade do ex-presidente e resistência de Tarcísio de concorrer

Por Ricardo Corrêa
Atualização:

No debate entre candidatos à prefeitura da cidade, um deles ostenta um boné azul marinho – mesma cor da camisa social que veste –, com a letra que identifica seu nome e o número do partido, o PRTB. No microfone, diz que o comunismo não comandará a cidade e, ao mesmo tempo, bombardeia o prefeito que está no poder com expressões jocosas. Aconteceu em Ipatinga, cidade do Vale do Aço mineiro localizada a cerca de 700 km da capital paulista. Não era Pablo Marçal, mas um candidato do mesmo partido que buscou emular sua estratégia. A campanha municipal do ex-coach está ganhando a direita pelo Brasil em um movimento que pode culminar em 2026, queira ou não Jair Bolsonaro.

A disputa de 2024 em São Paulo seria, portanto, não um fim para o candidato do PRTB, mas o início de um plano maior. Ganhar talvez não estivesse nos planos e nem se sabe se será possível. Hoje, pesquisas divergem em números, mas indicam empate técnico entre Marçal, Guilherme Boulos e Ricardo Nunes ou vantagens muito pequenas entre eles. Não dá para dizer que Marçal ganhará a Prefeitura. Nem mesmo se irá para o segundo turno. Só o voto da direita, ou parte dele, pode não ser suficiente.

Pablo Marçal, candidato do PRTB em São Paulo, durante entrevista para o Estadão Foto: Werther Santana/Estadão
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Uma coisa, porém, ele já ganhou. Tornou-se um nome relevante na direita, capaz de fazer frente à máquina bolsonarista nas redes e colocar-se como opção para a eleição presidencial. Não apenas por sua capacidade de mobilização, mas pelo cenário que o aguarda em seu campo político.

Vejamos o recorte extraído da manifestação do último domingo na Avenida Paulista, convocada por apoiadores de Jair Bolsonaro. Por lá, segundo levantamento do Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP, 50% dos presentes enfatizaram o nome de Tarcísio de Freitas como melhor opção à direita em 2026, considerando um Bolsonaro inelegível e talvez até preso em menos de dois anos.

Governador do Estado mais rico do Brasil, bem avaliado e endossado pelo ex-presidente, seria natural imaginar que, uma vez que queira disputar com Lula em 2026, terá seu nome ungido como concorrente. Acontece que Tarcísio não quer. Já avisou no público e no privado ser zero a chance de ser candidato ao Planalto. Prefere a reeleição, mais segura, do que enfrentar Lula e a máquina federal. Só trocaria de ideia se houvesse, até lá, uma mudança brusca no cenário de avaliação do atual presidente.

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Atrás dele aparece Michelle Bolsonaro, com 19% de citações. Embora frequentemente apontada como opção, inclusive por Valdemar Costa Neto, ela já ouviu do próprio Bolsonaro que seu caminho mais natural seria concorrer ao Senado para ganhar experiência política.

Com 14% já aparece Pablo Marçal, mesmo sem endosso de Bolsonaro, sem colocar-se como opção, em sua primeira campanha municipal e em um partido nanico. Bem à frente de Romeu Zema (6%), governador do segundo maior colégio eleitoral do Brasil já em segundo mandato e que é citado como opção desde a virada das urnas no ano passado. Outros nomes, que incluem por exemplo os governadores Ratinho Júnior ou Ronaldo Caiado, somados, só alcançam 6%.

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Deve se ponderar que a manifestação ocorria em São Paulo, onde a campanha de Marçal está a todo vapor nas redes e nas ruas. O boné com o M era vendido nas esquinas na Paulista e está disponível na 25 de março. Podendo ou não. E apetrechos relacionados a ele apareciam na mesma profusão ou talvez em até maior quantidade do que os direcionados a Jair Bolsonaro na manifestação do dia 7. Na transmissão oficial do ato, também havia mais Marçal que Bolsonaro, o que só reforça seu tamanho atual.

Isso ajuda a explicar as razões pelas quais o ex-presidente, em um primeiro momento, tentou esvaziar o candidato do PRTB. Ensaiou, na época, por temer um golpe até menor de Marçal: uma eventual candidatura do Senado em São Paulo contra Eduardo Bolsonaro, que tem o mesmo plano. Não conseguiu ser efetivo e recuou, comprovando a força do agora novo rival na direita. Quando faz críticas, o faz de forma indireta, pois sabe que está perdendo terreno para uma figura que construiu uma versão de seu legado igualmente disruptiva e truculenta, mas sem ataques ao STF ou apoio aos golpistas de 8 de Janeiro. Que parece tentar criar um pós-bolsonarismo aproveitando-se de um momento em que a força do ex-presidente será colocada à prova pela falta de sucessores e por seu destino jurídico.

A não ser que seja derrubado espetacularmente na reta final da campanha em São Paulo, com as vinculações de figuras de seu partido ao PCC e com um contragolpe inesperado de seus adversários, Marçal sairá da campanha ou como prefeito ou como pré-candidato ao Planalto em 2026. E, neste segundo caso, com o ônus de sua derrota podendo recair não nele mas justamente em Bolsonaro que, poderão dizer, em vez de apoiar um nome de seu campo, optou por endossar o MDB, representante de um dito sistema que esse eleitorado jura querer derrubar. Até se perder, e hoje eu diria que ele ainda tem mais chances de perder, Marçal pode ganhar.

No debate entre candidatos à prefeitura da cidade, um deles ostenta um boné azul marinho – mesma cor da camisa social que veste –, com a letra que identifica seu nome e o número do partido, o PRTB. No microfone, diz que o comunismo não comandará a cidade e, ao mesmo tempo, bombardeia o prefeito que está no poder com expressões jocosas. Aconteceu em Ipatinga, cidade do Vale do Aço mineiro localizada a cerca de 700 km da capital paulista. Não era Pablo Marçal, mas um candidato do mesmo partido que buscou emular sua estratégia. A campanha municipal do ex-coach está ganhando a direita pelo Brasil em um movimento que pode culminar em 2026, queira ou não Jair Bolsonaro.

A disputa de 2024 em São Paulo seria, portanto, não um fim para o candidato do PRTB, mas o início de um plano maior. Ganhar talvez não estivesse nos planos e nem se sabe se será possível. Hoje, pesquisas divergem em números, mas indicam empate técnico entre Marçal, Guilherme Boulos e Ricardo Nunes ou vantagens muito pequenas entre eles. Não dá para dizer que Marçal ganhará a Prefeitura. Nem mesmo se irá para o segundo turno. Só o voto da direita, ou parte dele, pode não ser suficiente.

Pablo Marçal, candidato do PRTB em São Paulo, durante entrevista para o Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

Uma coisa, porém, ele já ganhou. Tornou-se um nome relevante na direita, capaz de fazer frente à máquina bolsonarista nas redes e colocar-se como opção para a eleição presidencial. Não apenas por sua capacidade de mobilização, mas pelo cenário que o aguarda em seu campo político.

Vejamos o recorte extraído da manifestação do último domingo na Avenida Paulista, convocada por apoiadores de Jair Bolsonaro. Por lá, segundo levantamento do Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP, 50% dos presentes enfatizaram o nome de Tarcísio de Freitas como melhor opção à direita em 2026, considerando um Bolsonaro inelegível e talvez até preso em menos de dois anos.

Governador do Estado mais rico do Brasil, bem avaliado e endossado pelo ex-presidente, seria natural imaginar que, uma vez que queira disputar com Lula em 2026, terá seu nome ungido como concorrente. Acontece que Tarcísio não quer. Já avisou no público e no privado ser zero a chance de ser candidato ao Planalto. Prefere a reeleição, mais segura, do que enfrentar Lula e a máquina federal. Só trocaria de ideia se houvesse, até lá, uma mudança brusca no cenário de avaliação do atual presidente.

Atrás dele aparece Michelle Bolsonaro, com 19% de citações. Embora frequentemente apontada como opção, inclusive por Valdemar Costa Neto, ela já ouviu do próprio Bolsonaro que seu caminho mais natural seria concorrer ao Senado para ganhar experiência política.

Com 14% já aparece Pablo Marçal, mesmo sem endosso de Bolsonaro, sem colocar-se como opção, em sua primeira campanha municipal e em um partido nanico. Bem à frente de Romeu Zema (6%), governador do segundo maior colégio eleitoral do Brasil já em segundo mandato e que é citado como opção desde a virada das urnas no ano passado. Outros nomes, que incluem por exemplo os governadores Ratinho Júnior ou Ronaldo Caiado, somados, só alcançam 6%.

Deve se ponderar que a manifestação ocorria em São Paulo, onde a campanha de Marçal está a todo vapor nas redes e nas ruas. O boné com o M era vendido nas esquinas na Paulista e está disponível na 25 de março. Podendo ou não. E apetrechos relacionados a ele apareciam na mesma profusão ou talvez em até maior quantidade do que os direcionados a Jair Bolsonaro na manifestação do dia 7. Na transmissão oficial do ato, também havia mais Marçal que Bolsonaro, o que só reforça seu tamanho atual.

Isso ajuda a explicar as razões pelas quais o ex-presidente, em um primeiro momento, tentou esvaziar o candidato do PRTB. Ensaiou, na época, por temer um golpe até menor de Marçal: uma eventual candidatura do Senado em São Paulo contra Eduardo Bolsonaro, que tem o mesmo plano. Não conseguiu ser efetivo e recuou, comprovando a força do agora novo rival na direita. Quando faz críticas, o faz de forma indireta, pois sabe que está perdendo terreno para uma figura que construiu uma versão de seu legado igualmente disruptiva e truculenta, mas sem ataques ao STF ou apoio aos golpistas de 8 de Janeiro. Que parece tentar criar um pós-bolsonarismo aproveitando-se de um momento em que a força do ex-presidente será colocada à prova pela falta de sucessores e por seu destino jurídico.

A não ser que seja derrubado espetacularmente na reta final da campanha em São Paulo, com as vinculações de figuras de seu partido ao PCC e com um contragolpe inesperado de seus adversários, Marçal sairá da campanha ou como prefeito ou como pré-candidato ao Planalto em 2026. E, neste segundo caso, com o ônus de sua derrota podendo recair não nele mas justamente em Bolsonaro que, poderão dizer, em vez de apoiar um nome de seu campo, optou por endossar o MDB, representante de um dito sistema que esse eleitorado jura querer derrubar. Até se perder, e hoje eu diria que ele ainda tem mais chances de perder, Marçal pode ganhar.

No debate entre candidatos à prefeitura da cidade, um deles ostenta um boné azul marinho – mesma cor da camisa social que veste –, com a letra que identifica seu nome e o número do partido, o PRTB. No microfone, diz que o comunismo não comandará a cidade e, ao mesmo tempo, bombardeia o prefeito que está no poder com expressões jocosas. Aconteceu em Ipatinga, cidade do Vale do Aço mineiro localizada a cerca de 700 km da capital paulista. Não era Pablo Marçal, mas um candidato do mesmo partido que buscou emular sua estratégia. A campanha municipal do ex-coach está ganhando a direita pelo Brasil em um movimento que pode culminar em 2026, queira ou não Jair Bolsonaro.

A disputa de 2024 em São Paulo seria, portanto, não um fim para o candidato do PRTB, mas o início de um plano maior. Ganhar talvez não estivesse nos planos e nem se sabe se será possível. Hoje, pesquisas divergem em números, mas indicam empate técnico entre Marçal, Guilherme Boulos e Ricardo Nunes ou vantagens muito pequenas entre eles. Não dá para dizer que Marçal ganhará a Prefeitura. Nem mesmo se irá para o segundo turno. Só o voto da direita, ou parte dele, pode não ser suficiente.

Pablo Marçal, candidato do PRTB em São Paulo, durante entrevista para o Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

Uma coisa, porém, ele já ganhou. Tornou-se um nome relevante na direita, capaz de fazer frente à máquina bolsonarista nas redes e colocar-se como opção para a eleição presidencial. Não apenas por sua capacidade de mobilização, mas pelo cenário que o aguarda em seu campo político.

Vejamos o recorte extraído da manifestação do último domingo na Avenida Paulista, convocada por apoiadores de Jair Bolsonaro. Por lá, segundo levantamento do Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP, 50% dos presentes enfatizaram o nome de Tarcísio de Freitas como melhor opção à direita em 2026, considerando um Bolsonaro inelegível e talvez até preso em menos de dois anos.

Governador do Estado mais rico do Brasil, bem avaliado e endossado pelo ex-presidente, seria natural imaginar que, uma vez que queira disputar com Lula em 2026, terá seu nome ungido como concorrente. Acontece que Tarcísio não quer. Já avisou no público e no privado ser zero a chance de ser candidato ao Planalto. Prefere a reeleição, mais segura, do que enfrentar Lula e a máquina federal. Só trocaria de ideia se houvesse, até lá, uma mudança brusca no cenário de avaliação do atual presidente.

Atrás dele aparece Michelle Bolsonaro, com 19% de citações. Embora frequentemente apontada como opção, inclusive por Valdemar Costa Neto, ela já ouviu do próprio Bolsonaro que seu caminho mais natural seria concorrer ao Senado para ganhar experiência política.

Com 14% já aparece Pablo Marçal, mesmo sem endosso de Bolsonaro, sem colocar-se como opção, em sua primeira campanha municipal e em um partido nanico. Bem à frente de Romeu Zema (6%), governador do segundo maior colégio eleitoral do Brasil já em segundo mandato e que é citado como opção desde a virada das urnas no ano passado. Outros nomes, que incluem por exemplo os governadores Ratinho Júnior ou Ronaldo Caiado, somados, só alcançam 6%.

Deve se ponderar que a manifestação ocorria em São Paulo, onde a campanha de Marçal está a todo vapor nas redes e nas ruas. O boné com o M era vendido nas esquinas na Paulista e está disponível na 25 de março. Podendo ou não. E apetrechos relacionados a ele apareciam na mesma profusão ou talvez em até maior quantidade do que os direcionados a Jair Bolsonaro na manifestação do dia 7. Na transmissão oficial do ato, também havia mais Marçal que Bolsonaro, o que só reforça seu tamanho atual.

Isso ajuda a explicar as razões pelas quais o ex-presidente, em um primeiro momento, tentou esvaziar o candidato do PRTB. Ensaiou, na época, por temer um golpe até menor de Marçal: uma eventual candidatura do Senado em São Paulo contra Eduardo Bolsonaro, que tem o mesmo plano. Não conseguiu ser efetivo e recuou, comprovando a força do agora novo rival na direita. Quando faz críticas, o faz de forma indireta, pois sabe que está perdendo terreno para uma figura que construiu uma versão de seu legado igualmente disruptiva e truculenta, mas sem ataques ao STF ou apoio aos golpistas de 8 de Janeiro. Que parece tentar criar um pós-bolsonarismo aproveitando-se de um momento em que a força do ex-presidente será colocada à prova pela falta de sucessores e por seu destino jurídico.

A não ser que seja derrubado espetacularmente na reta final da campanha em São Paulo, com as vinculações de figuras de seu partido ao PCC e com um contragolpe inesperado de seus adversários, Marçal sairá da campanha ou como prefeito ou como pré-candidato ao Planalto em 2026. E, neste segundo caso, com o ônus de sua derrota podendo recair não nele mas justamente em Bolsonaro que, poderão dizer, em vez de apoiar um nome de seu campo, optou por endossar o MDB, representante de um dito sistema que esse eleitorado jura querer derrubar. Até se perder, e hoje eu diria que ele ainda tem mais chances de perder, Marçal pode ganhar.

No debate entre candidatos à prefeitura da cidade, um deles ostenta um boné azul marinho – mesma cor da camisa social que veste –, com a letra que identifica seu nome e o número do partido, o PRTB. No microfone, diz que o comunismo não comandará a cidade e, ao mesmo tempo, bombardeia o prefeito que está no poder com expressões jocosas. Aconteceu em Ipatinga, cidade do Vale do Aço mineiro localizada a cerca de 700 km da capital paulista. Não era Pablo Marçal, mas um candidato do mesmo partido que buscou emular sua estratégia. A campanha municipal do ex-coach está ganhando a direita pelo Brasil em um movimento que pode culminar em 2026, queira ou não Jair Bolsonaro.

A disputa de 2024 em São Paulo seria, portanto, não um fim para o candidato do PRTB, mas o início de um plano maior. Ganhar talvez não estivesse nos planos e nem se sabe se será possível. Hoje, pesquisas divergem em números, mas indicam empate técnico entre Marçal, Guilherme Boulos e Ricardo Nunes ou vantagens muito pequenas entre eles. Não dá para dizer que Marçal ganhará a Prefeitura. Nem mesmo se irá para o segundo turno. Só o voto da direita, ou parte dele, pode não ser suficiente.

Pablo Marçal, candidato do PRTB em São Paulo, durante entrevista para o Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

Uma coisa, porém, ele já ganhou. Tornou-se um nome relevante na direita, capaz de fazer frente à máquina bolsonarista nas redes e colocar-se como opção para a eleição presidencial. Não apenas por sua capacidade de mobilização, mas pelo cenário que o aguarda em seu campo político.

Vejamos o recorte extraído da manifestação do último domingo na Avenida Paulista, convocada por apoiadores de Jair Bolsonaro. Por lá, segundo levantamento do Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP, 50% dos presentes enfatizaram o nome de Tarcísio de Freitas como melhor opção à direita em 2026, considerando um Bolsonaro inelegível e talvez até preso em menos de dois anos.

Governador do Estado mais rico do Brasil, bem avaliado e endossado pelo ex-presidente, seria natural imaginar que, uma vez que queira disputar com Lula em 2026, terá seu nome ungido como concorrente. Acontece que Tarcísio não quer. Já avisou no público e no privado ser zero a chance de ser candidato ao Planalto. Prefere a reeleição, mais segura, do que enfrentar Lula e a máquina federal. Só trocaria de ideia se houvesse, até lá, uma mudança brusca no cenário de avaliação do atual presidente.

Atrás dele aparece Michelle Bolsonaro, com 19% de citações. Embora frequentemente apontada como opção, inclusive por Valdemar Costa Neto, ela já ouviu do próprio Bolsonaro que seu caminho mais natural seria concorrer ao Senado para ganhar experiência política.

Com 14% já aparece Pablo Marçal, mesmo sem endosso de Bolsonaro, sem colocar-se como opção, em sua primeira campanha municipal e em um partido nanico. Bem à frente de Romeu Zema (6%), governador do segundo maior colégio eleitoral do Brasil já em segundo mandato e que é citado como opção desde a virada das urnas no ano passado. Outros nomes, que incluem por exemplo os governadores Ratinho Júnior ou Ronaldo Caiado, somados, só alcançam 6%.

Deve se ponderar que a manifestação ocorria em São Paulo, onde a campanha de Marçal está a todo vapor nas redes e nas ruas. O boné com o M era vendido nas esquinas na Paulista e está disponível na 25 de março. Podendo ou não. E apetrechos relacionados a ele apareciam na mesma profusão ou talvez em até maior quantidade do que os direcionados a Jair Bolsonaro na manifestação do dia 7. Na transmissão oficial do ato, também havia mais Marçal que Bolsonaro, o que só reforça seu tamanho atual.

Isso ajuda a explicar as razões pelas quais o ex-presidente, em um primeiro momento, tentou esvaziar o candidato do PRTB. Ensaiou, na época, por temer um golpe até menor de Marçal: uma eventual candidatura do Senado em São Paulo contra Eduardo Bolsonaro, que tem o mesmo plano. Não conseguiu ser efetivo e recuou, comprovando a força do agora novo rival na direita. Quando faz críticas, o faz de forma indireta, pois sabe que está perdendo terreno para uma figura que construiu uma versão de seu legado igualmente disruptiva e truculenta, mas sem ataques ao STF ou apoio aos golpistas de 8 de Janeiro. Que parece tentar criar um pós-bolsonarismo aproveitando-se de um momento em que a força do ex-presidente será colocada à prova pela falta de sucessores e por seu destino jurídico.

A não ser que seja derrubado espetacularmente na reta final da campanha em São Paulo, com as vinculações de figuras de seu partido ao PCC e com um contragolpe inesperado de seus adversários, Marçal sairá da campanha ou como prefeito ou como pré-candidato ao Planalto em 2026. E, neste segundo caso, com o ônus de sua derrota podendo recair não nele mas justamente em Bolsonaro que, poderão dizer, em vez de apoiar um nome de seu campo, optou por endossar o MDB, representante de um dito sistema que esse eleitorado jura querer derrubar. Até se perder, e hoje eu diria que ele ainda tem mais chances de perder, Marçal pode ganhar.

Opinião por Ricardo Corrêa

Coordenador de política em São Paulo no Estadão e comentarista na rádio Eldorado. Escreve às quintas

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