Traduzindo a política

Opinião|Tentativa de invasão na Alesp mostra desafio de Tarcísio para fazer valer pauta eleita nas urnas


Confronto entre policiais e manifestantes que tentaram impedir votação que autorizou privatização da Sabesp traz também discurso político a ser explorado por esquerda e direita

Por Ricardo Corrêa

A confusão registrada na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) durante votação da privatização da Sabesp, aprovada por larga margem, mostrou o tamanho do desafio que o governador Tarcísio de Freitas terá no enfrentamento com a oposição as principais pautas de um governo de direita validado pelas urnas. Com a aprovação já contabilizada antes do início da sessão, restou à esquerda criar o máximo de barulho possível em cima do tema. E o resultado foi uma tentativa de invasão do plenário por parte de grupos ligados ao partido Unidade Popular, com reação da PM que, para impedir que tivessem êxito, ocupou as galerias. Daí em diante o que se viu foi um conflito que será bastante explorado.

Pancadaria e conflito na Alesp com manifestantes contra a privatização da Sabesp e policiais militares Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Do lado de Tarcísio, ainda que a ordem para a entrada da polícia tenha sido do presidente da Alesp, André do Prado, ficou o recado de que o governador e seus aliados reagirão com ênfase a qualquer tentativa de impedir que votações possam ser levadas adiante. O resultado no plenário, gostem ou não os opositores, terá que ser reconhecido e qualquer movimento para impedir que a Alesp se manifeste foi rechaçado com dureza. Por essa lógica, coube à PM agir para impedir o mesmo quebra-quebra que se viu no 8 de janeiro em Brasília, quando bolsonaristas tentaram impedir a prevalência do resultado das urnas.

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Para a esquerda, porém, o confronto com imagens de manifestantes feridos serviu como oportunidade tanto de discurso político como para engordar o pedido judicial que já planejavam para tentar anular a votação. A oposição já começou a espalhar nas redes que o governo foi truculento e que ‘tratorou’ na votação. À Justiça, alegará que a decisão de não estar presente na reta final da sessão se deu por falta de segurança e que, por isso, os trabalhos não deveriam ser abertos. Se alguém corria riscos ali, naturalmente não eram os deputados de oposição, que estavam do mesmo lado dos manifestantes. Contudo, do ponto de vista do discurso político, pouco importa.

Há, porém, um efeito colateral que também pode impactar uma candidatura à esquerda em 2024, como a de Guilherme Boulos (PSOL). O eleitor que vê as cenas da tentativa de grupos à esquerda de quebrar o vidro da galeria da Alesp para impedir uma votação pode enxergar ali o radicalismo que o candidato do PSOL tanto tenta apagar de sua imagem. Isso as pesquisas poderão medir nos próximos dias. O fato é que muito além da simples aprovação da privatização da companhia de saneamento, a noite na Alesp mostrou uma batalha política de proporções muito maiores e que ainda não acabou.

A confusão registrada na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) durante votação da privatização da Sabesp, aprovada por larga margem, mostrou o tamanho do desafio que o governador Tarcísio de Freitas terá no enfrentamento com a oposição as principais pautas de um governo de direita validado pelas urnas. Com a aprovação já contabilizada antes do início da sessão, restou à esquerda criar o máximo de barulho possível em cima do tema. E o resultado foi uma tentativa de invasão do plenário por parte de grupos ligados ao partido Unidade Popular, com reação da PM que, para impedir que tivessem êxito, ocupou as galerias. Daí em diante o que se viu foi um conflito que será bastante explorado.

Pancadaria e conflito na Alesp com manifestantes contra a privatização da Sabesp e policiais militares Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Do lado de Tarcísio, ainda que a ordem para a entrada da polícia tenha sido do presidente da Alesp, André do Prado, ficou o recado de que o governador e seus aliados reagirão com ênfase a qualquer tentativa de impedir que votações possam ser levadas adiante. O resultado no plenário, gostem ou não os opositores, terá que ser reconhecido e qualquer movimento para impedir que a Alesp se manifeste foi rechaçado com dureza. Por essa lógica, coube à PM agir para impedir o mesmo quebra-quebra que se viu no 8 de janeiro em Brasília, quando bolsonaristas tentaram impedir a prevalência do resultado das urnas.

Para a esquerda, porém, o confronto com imagens de manifestantes feridos serviu como oportunidade tanto de discurso político como para engordar o pedido judicial que já planejavam para tentar anular a votação. A oposição já começou a espalhar nas redes que o governo foi truculento e que ‘tratorou’ na votação. À Justiça, alegará que a decisão de não estar presente na reta final da sessão se deu por falta de segurança e que, por isso, os trabalhos não deveriam ser abertos. Se alguém corria riscos ali, naturalmente não eram os deputados de oposição, que estavam do mesmo lado dos manifestantes. Contudo, do ponto de vista do discurso político, pouco importa.

Há, porém, um efeito colateral que também pode impactar uma candidatura à esquerda em 2024, como a de Guilherme Boulos (PSOL). O eleitor que vê as cenas da tentativa de grupos à esquerda de quebrar o vidro da galeria da Alesp para impedir uma votação pode enxergar ali o radicalismo que o candidato do PSOL tanto tenta apagar de sua imagem. Isso as pesquisas poderão medir nos próximos dias. O fato é que muito além da simples aprovação da privatização da companhia de saneamento, a noite na Alesp mostrou uma batalha política de proporções muito maiores e que ainda não acabou.

A confusão registrada na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) durante votação da privatização da Sabesp, aprovada por larga margem, mostrou o tamanho do desafio que o governador Tarcísio de Freitas terá no enfrentamento com a oposição as principais pautas de um governo de direita validado pelas urnas. Com a aprovação já contabilizada antes do início da sessão, restou à esquerda criar o máximo de barulho possível em cima do tema. E o resultado foi uma tentativa de invasão do plenário por parte de grupos ligados ao partido Unidade Popular, com reação da PM que, para impedir que tivessem êxito, ocupou as galerias. Daí em diante o que se viu foi um conflito que será bastante explorado.

Pancadaria e conflito na Alesp com manifestantes contra a privatização da Sabesp e policiais militares Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Do lado de Tarcísio, ainda que a ordem para a entrada da polícia tenha sido do presidente da Alesp, André do Prado, ficou o recado de que o governador e seus aliados reagirão com ênfase a qualquer tentativa de impedir que votações possam ser levadas adiante. O resultado no plenário, gostem ou não os opositores, terá que ser reconhecido e qualquer movimento para impedir que a Alesp se manifeste foi rechaçado com dureza. Por essa lógica, coube à PM agir para impedir o mesmo quebra-quebra que se viu no 8 de janeiro em Brasília, quando bolsonaristas tentaram impedir a prevalência do resultado das urnas.

Para a esquerda, porém, o confronto com imagens de manifestantes feridos serviu como oportunidade tanto de discurso político como para engordar o pedido judicial que já planejavam para tentar anular a votação. A oposição já começou a espalhar nas redes que o governo foi truculento e que ‘tratorou’ na votação. À Justiça, alegará que a decisão de não estar presente na reta final da sessão se deu por falta de segurança e que, por isso, os trabalhos não deveriam ser abertos. Se alguém corria riscos ali, naturalmente não eram os deputados de oposição, que estavam do mesmo lado dos manifestantes. Contudo, do ponto de vista do discurso político, pouco importa.

Há, porém, um efeito colateral que também pode impactar uma candidatura à esquerda em 2024, como a de Guilherme Boulos (PSOL). O eleitor que vê as cenas da tentativa de grupos à esquerda de quebrar o vidro da galeria da Alesp para impedir uma votação pode enxergar ali o radicalismo que o candidato do PSOL tanto tenta apagar de sua imagem. Isso as pesquisas poderão medir nos próximos dias. O fato é que muito além da simples aprovação da privatização da companhia de saneamento, a noite na Alesp mostrou uma batalha política de proporções muito maiores e que ainda não acabou.

Opinião por Ricardo Corrêa

Coordenador de política em São Paulo no Estadão e comentarista na rádio Eldorado. Escreve às quintas

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