O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), apresentou em 2016, quando era vereador, uma homenagem ao padre José Eduardo de Oliveira, que foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira, 8. O clérigo é investigado por participação no núcleo jurídico da trama, que supostamente colaborava na “elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado”.
Há sete anos, o padre recebeu a salva de prata, maior honraria da Câmara Municipal da capital paulista, sob a justificativa de ser um “indispensável defensor da família e da educação frente ao tema Ideologia de Gênero”, expressão criada por alas conservadoras da Igreja Católica para contrapor discussões acerca de diversidade, orientação sexual, e identidade de gênero.
Membro da diocese de Osasco, grande São Paulo, o sacerdote tem doutorado em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz, Roma. A PF identificou que o padre participou de uma reunião no dia 19 de novembro de 2022 no Palácio do Planalto, ocasião em que teria sido discutida uma minuta golpista para impedir a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na representação da PF, é informado que o padre “possui um site com seu nome no qual foi possível verificar diversos vínculos com pessoas e empresas já investigadas em inquéritos correlacionados à produção e divulgação de notícias falsas”.
O religioso possui mais de 300 mil seguidores nas redes sociais. No dia do resultado do primeiro turno das eleições presidenciais, 2 de outubro, José Eduardo postou uma foto de um altar com a bandeira do Brasil em baixo de uma imagem da Virgem Maria. Na legenda, ele escreveu: “Uns confiam em carros, outros em cavalos. Nós, porém, confiamos no Senhor e, assim, resistiremos”.