BRASÍLIA - A possibilidade de o ex-ministro do Meio Ambiente e, agora, deputado eleito pelo PL em São Paulo, Ricardo Salles, assumir a presidência da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, passou a circular nos bastidores do Congresso. Na área ambiental, causou alvoroço entre os especialistas, que veem em sua possível nomeação o retorno da gestão ambiental que desempenhou durante o governo Bolsonaro.
Ao Estadão, Salles negou que vá se candidatar para o posto e disse que seu partido sequer ficou com a Comissão de Meio Ambiente, conforme acordos feitos entre os líderes de das legendas. Afirmou ainda que precisa “aprender como é que as coisas funcionam” antes de assumir qualquer comissão. “Em princípio, pra te falar a verdade, preferia nem presidir nada nesse primeiro ano.”
Salles deixou o Ministério do Meio Ambiente em 2021, em meio a investigações da Polícia Federal, que apurava suposto envolvimento do então ministro com esquemas de facilitação para exportação de madeira ilegal. Ele nega as acusações.
Leia os trechos da entrevista
O PL vai te indicar para presidir a Comissão de Meio Ambiente da Câmara?
Não, não tem nada disso.
Então, o senhor não vai ser indicado pelo partido? É isso?
O PL não vai pegar a Comissão de Meio Ambiente, não está entre as comissões do PL. Na divisão das comissões, a de Meio Ambiente não coube ao PL. Então, eu não posso ser presidente de uma comissão que sequer está com meu partido.
Então, para ficar claro, essa possibilidade não procede?
Está errada.
O senhor deve ser indicado para presidir alguma outra comissão?
Esse negócio das presidências de comissões, isso vai depender do que o partido vai contemplar. Esse jogo das comissões, me parece que não está estabilizado. Em princípio, as comissões iam ser definidas em reuniões de líderes. Como o pessoal tem mudado de ideia com muita frequência, eu não sei até que ponto os partidos já vão poder começar a dividir presidência de comissão ou coisa que o valha, antes que sejam efetivamente atribuídas, de parte a parte, para ver quem vai ficar com o quê.
Então, não está definida a sua indicação para alguma outra comissão?
Não. Eu, em princípio, pra te falar a verdade, preferia nem presidir nada nesse primeiro ano. Eu não sou do parlamento. Até aprender como é que as coisas funcionam no parlamento, eu acho que você tem que segurar um pouco a onda.
Mas isso é uma decisão sua ou de seu partido?
Sim, é minha, se você perguntar qual é a minha preferência, eu digo que é não presidir comissão. Agora, se o partido virar pra mim e falar, ‘você tem uma missão de fazer tal assunto e participar de tal’, não vou fazer disso um cavalo de batalha, mas a minha posição é não presidir.
Novamente, eu questiono: a Comissão de Meio Ambiente, portanto, está fora do seu caminho?
Num primeiro momento, a informação que me foi dada na quinta-feira da semana passada, é de que, ao PL, não caberia a Comissão do Meio Ambiente. Consequentemente, nem se cogita discutir se sou eu ou outra pessoa para presidir.