A ex-governadora Rosinha Garotinho (PMDB) vai disputar a eleição para a Prefeitura de Campos, no norte fluminense. A decisão foi tomada pelo grupo político do ex-governador e presidente do PMDB fluminense, Anthony Garotinho, em reunião na noite de quinta-feira. No encontro, seguidores do ex-governador avaliaram que retomar a Prefeitura de Campos, seu berço político, é essencial para o projeto político do grupo - que inclui a volta de Garotinho ao comando do Estado em 2010. Embora reconheçam que há riscos - uma derrota em sua própria base poderia ser politicamente fatal -, Garotinho e seus seguidores acham que não têm alternativa. Precisam da máquina pública a fim de adquirir cacife para a disputa pelo governo estadual, possivelmente contra o próprio governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) em 2010. DESGASTE Garotinho enfrenta profundo desgaste político e foi duramente atingido na semana passada pela Operação Segurança Pública S.A., da Polícia Federal. Na operação, a PF prendeu o deputado estadual Álvaro Lins (PMDB), que foi chefe de Polícia Civil em seu governo e no de Rosinha e é apontado como chefe de uma quadrilha que usava a polícia do Rio como "balcão de negócios". Na denúncia feita pelo Ministério Público, Garotinho é citado ao lado de Lins por formação de quadrilha armada. GUERRA O controle da Prefeitura de Campos é objeto de uma guerra política desde as eleições de 2004. Na ocasião, Carlos Alberto Campista (PDT) derrotou Geraldo Pudim (PMDB), que teve no ex-governador seu grande cabo eleitoral. Mas, como as eleições foram marcadas por suposta compra de votos dos dois lados, acabaram anuladas. Nova eleição deu a vitória a Alexandre Mocaiber (PSB), que, em março deste ano, foi alvo da Polícia Federal na Operação Telhado de Vidro e acabou afastado do cargo a pedido do Ministério Público. Depois de batalha judicial, voltou ao posto, por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ). ROYALTIES Campos é uma cidade de população pobre e com a administração cronicamente quebrada, mas conta com um orçamento anual acima de R$ 1 bilhão. Mais da metade desse valor é produzido pelos royalties e participações especiais pagos pela exploração do petróleo, extraído por plataformas no litoral norte do Estado do Rio. O dinheiro garante ao prefeito razoável influência política regional.