Após abrir mão de lançar-se candidato ao Senado e se sair vitorioso na missão de eleger seu sucessor, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), foi o escolhido pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para comandar a Casa Civil, um dos ministérios mais importantes na relação com a Presidência da República. Considerado dedicado e bom gestor, o petista também é classificado como um nome mais técnico do que político.
“Considero Rui Costa um político experiente e preparado. Se eu tivesse que o definir em uma palavra, diria que ele é determinado”, disse o senador Otto Alencar (PSD-BA), que compõe a base do governo no Estado. A Bahia foi o segundo Estado que mais votos deu a Lula no segundo turno das eleições: 71%. Dos 417 municípios, apenas dois escolheram Jair Bolsonaro (PL).
Sucessor do também petista Jaques Wagner no Palácio de Ondina, Rui Costa tem 59 anos, é economista formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e começou a carreira política no Polo Petroquímico de Camaçari. Assim como Wagner, dirigiu o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Petroquímica (Sindiquímica) e ajudou a fundar o PT na Bahia ainda na década de 1980.
Foi eleito duas vezes vereador, em 2000 e 2004, antes de assumir a Secretaria de Relações Institucionais da Bahia, em 2007, durante o primeiro governo Jaques Wagner. Em seguida, venceu mais uma eleição, desta vez para a Câmara dos Deputados, em 2010, tornando-se potencial candidato ao governo baiano.
A candidatura veio em 2014, quando venceu a disputa em primeiro turno. Quatro anos depois, reelegeu-se também na primeira etapa, com 75,71% dos votos. Desde então, Rui Costa manteve bons índices de aprovação, o que ajudou na corrida para definir seu sucessor.
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Aliados e assessores descrevem Rui como uma figura muito hábil em construir parcerias com prefeitos baianos, o que lhe rendeu grande popularidade no interior. Foi com essa característica e a parceria com o PSD — sigla que tem o maior número de prefeitos no Estado — que o atual governador construiu a base que elegeu seu ex-secretário da educação Jerônimo Rodrigues. Até então desconhecido, o petista venceu uma disputa acirrada contra o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) em segundo turno.
“Rui teve um grande papel na vitória de Jerônimo”, disse o deputado federal Jorge Solla (PT-BA). “Não só como governador, transferindo avaliação positiva, mas na coordenação da campanha. Ele é a pessoa que acompanha de perto todas as áreas de governo e monitora.”
Otto Alencar diz ainda que Rui Costa é alguém “detalhista”, avaliação feita também por figuras do entorno ouvidas pela reportagem. “Ele é muito detalhista, vai profundamente na análise dos projetos e termina o dia com a mesa vazia. Despacha tudo, resolve tudo”, afirmou o senador.
Críticas
Críticos, no entanto, afirmam que o governador baiano mantém pouco diálogo com deputados na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), o que pode prejudicar sua atuação na Casa Civil. “Ele nunca teve relacionamento (com os deputados), tratava com truculência e sem relacionamento”, afirma o deputado estadual Robinho (PP), que rompeu com o petista em 2021.
João Leão (PP) — que foi vice-governador nos dois mandatos e rompeu com o governo nas eleições deste ano — acredita que Rui fará um bom trabalho porque é “trabalhador” e que não tem nada a reclamar da relação que teve enquanto estiveram juntos. Mas destaca o perfil mais técnico do ex-aliado. “Ele é muito mais técnico do que político”, disse.
O deputado estadual Robinho (PP) vê a escolha ao ministério com desconfiança. “(A Casa Civil) é o ministério dos ministros. Lá, irá se relacionar com os deputados, com os ministérios, com as autarquias e Rui é ruim de relacionamento”, afirmou.
Outras pessoas qualificam Rui como “duro”. Diferentemente de Wagner, o atual governador teve maior proximidade com as polícias no Estado. Quando policiais militares entraram em confronto no bairro do Cabula, por exemplo, e mataram 12 pessoas, Rui Costa disse que os policiais eram “como um artilheiro em frente ao gol”. O episódio lhe rendeu críticas dentro do PT.