BRASÍLIA — O senador Carlos Favaro (PSD-MT) e o deputado Neri Geller (Progressistas-MT) decidiram que vão apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência. O embarque na pré-candidatura do petista representa uma derrota para o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem o Progressistas como um dos principais partidos da base de apoio e os ruralistas como um dos principais grupos que planejam o financiamento de sua tentativa de reeleição.
”Deixamos encaminhado, fechado nosso apoio, meu, do Neri, dos nossos partidos, além da federação PT-PV-PCdoB no Estado do Mato Grosso no apoio incondicional a Lula e Alckmin”, disse Favaro ao Estadão, citando também Geraldo Alckmin (PSB), ex-governador de São Paulo e pré-candidato a vice de Lula.
O apoio no Mato Grosso foi sacramentado nesta tarde, quando Lula recebeu Favaro e Geller para uma reunião em Brasília. O ex-presidente também se comprometeu a encaminhar o apoio do PT para a pré-candidatura ao Senado de Neri Geller.
O deputado do Progressistas já foi ministro da Agricultura da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e é um dos principais representantes da bancada ruralista do Congresso. Ele faz parte do Centrão, que comanda a base de Bolsonaro no Poder Legislativo.
Favaro, que já foi vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja), grupo hoje dominado por bolsonaristas, disse que os governos de Lula foram melhores para o setor do agro do que a gestão de Bolsonaro.
”Foi um ótimo diálogo, vamos estruturar as bases desse debate democrático com o contraponto de como foi o governo Lula para o agronegócio brasileiro, em especial de Mato Grosso, comparado com o atual governo para que possamos ser voz do debate democrático e respeitoso”, declarou o senador.
”Compreendemos que os avanços foram muito maiores na administração do presidente Lula, por isso vamos apoiá-lo nessa nova candidatura”, completou o senador do PSD. O partido de Favaro decidiu que não vai apoiar nenhum candidato a presidente formalmente e definiu que cada diretório estadual terá a liberdade para fechar as alianças que preferirem.
Apesar do aceno do agronegócio no Mato Grosso, hoje o setor está majoritariamente com Bolsonaro. Empresários do setor têm articulado reuniões da pré-campanha bolsonarista, participado e tomado a frente da arrecadação da tentativa de reeleição de Bolsonaro.