Sabatina Estadão: Marçal promete receber Lula se vencer, e se acertar com Bolsonaro; veja entrevista


Em entrevista na qual tratou de suas propostas para a cidade, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo disse que torce para governo do petista dar certo e afirmou que relação com o ex-presidente está normal

Por Pedro Augusto Figueiredo
Atualização:
Foto: Werther Santana/Estadão
Entrevista comPablo Marçalcandidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo

O candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, disse durante sabatina realizada pelo Estadão na manhã desta quarta-feira, 11, que sua relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dependerá do petista, mas que está disposto a se encontrar com ele caso seja eleito para administrar a maior cidade do Brasil.

“Eu sou brasileiro. Lula, eu torço para que você dê certo e vou te receber aqui na cidade de São Paulo com a maior tranquilidade e vou precisar da sua ajuda para a gente governar”, afirmou Marçal. O candidato disse ainda que não está “contra” Lula, mas que luta para que o presidente “faça as coisas certas”, diminua impostos “como Bolsonaro” e reduza as despesas públicas.

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Depois do ex-presidente Jair Bolsonaro compartilhar um vídeo em que Marçal é classificado como “traidor”, o influenciador disse que a relação entre os dois está normal. “Depois que passar a eleição fica tudo bem [...] Só o fato dele não ter paixão no Nunes parece que ele está me apoiando”, afirmou o candidato do PRTB, se referindo ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), que concorre à reeleição.

Ele rechaçou a possibilidade de Bolsonaro ter ciúmes de sua popularidade entre o eleitorado de direita pois “Capitão do Exército ter ciúme de macho não faz muito sentido”, disse.

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Marçal evitou detalhar em quais áreas específicas pretende, caso eleito, firmar parcerias entre a Prefeitura e a iniciativa privada, respondendo apenas “todas possíveis”. Ele disse que irá aumentar a Operação Delegada — que paga policiais militares de folga para reforçarem o policiamento —, incluir a Polícia Civil e levá-la para todos os distritos de São Paulo.

“Será de acordo com a disponibilidade de caixa”, afirmou. “Nós vamos fazer um jejum em janeiro de crime. E a gente vai fechar as entradas dessa cidade. Vamos fazer isso com a Operação Delegada e vou estender isso para a Polícia Civil”, disse.

O candidato afirmou ainda que pretende propor que o Plano Diretor incentive a descentralização de moradias e empresas porque ele quer criar dois milhões de empregos para a periferia. “Para isso, eu preciso verticalizar as periferias. A cidade de São Paulo se concentrou muito no eixo expandido. Agora, a gente precisa inverter esse circuito para o lado de fora, nas divisas”, disse.

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Candidato do PRTB, Pablo Marçal concede entrevista ao Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

Marçal também comentou sobre as condenações e investigações de integrantes do PRTB e sobre o e o áudio em que o presidente do partido, Leonardo Avalanche, diz ser ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC). No passado, o candidato sugeriu que Avalanche deixasse o partido, mas depois passou a defendê-lo e fazer agendas acompanhados por ele. Avalanche nega relação com a organização criminosa.

Questionado sobre o caso, o ex-coach respondeu que, apesar da sua opinião, Avalanche não quis sair e que ele, Marçal, não controla o partido. “A caneta de alguém derruba minha candidatura e acabou”, disse.

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Leia a íntegra da entrevista

A pesquisa Atlas divulgada nesta quarta mostra o senhor com 24,4%, enquanto Guilherme Boulos tem 28% e Ricardo Nunes 20,1%. Como o senhor avalia essa pesquisa?

A pesquisa que eu estou acompanhando, que faz mais sentido, e que acertou que o governador Tarcísio é a Veritá. Na Veritá estou com 30%, o Boulos deve estar com 25%, alguma coisa assim. Em outras pesquisas o Boulos está com 21%. Mas o que interessa, na verdade, é que eu entrei com 5%. Subi para 10%, depois 11%, 14%, 16%, 18%, 21%, 24%, 26%, 29% e 30%.

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Mas o senhor não vê diminuição do ritmo de crescimento?

Mas é normal. Eu estou subindo e, se eu continuasse subindo de forma exponencial, eu ia estar com 200% já. Então, agora é a hora de virar voto, de conquistar. Depois da exposição de muita gente, esse consórcio comunista do Brasil me atacando, que é o Nunes, com o PMDB e companhia, o PSB, juntaram os quatro contra mim. É normal que essa subida agora seja a conta-gotas.

Agora, você vai na rua, é um pouquinho diferente. Eu tenho minhas trackings. Eu sinto vergonha de ver uma pesquisa dessas, e aqui, você que é eleitor, eu tenho que te contar o segredo das pesquisas: alguém paga por elas. Pesquisas quali, que trazem mais detalhamento, custam bilhões. E esses partidos políticos usam seus fundos, e eu não tenho fundo eleitoral, não tenho padrinho político, não tenho tempo de TV, não tenho tempo de rádio, e até as redes sociais que eu tinha eles tomaram. E mesmo assim eu continuo em primeiro. De dez pesquisas, oito estou na frente.

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Essa é a avaliação que o senhor faz?

A avaliação é muito simples. O astronauta [Marcos Pontes] não ganhava eleição para o Senado, o [Márcio] França estava na frente. Da noite para o dia, a pesquisa que falava que estava 14 pontos na frente, ele amanheceu senador da República. Ou seja, não confiem nas pesquisas. A pesquisa que você tem que chegar é o povo.

O próximo prefeito vai preparar a elaboração do novo Plano Diretor. O senhor pretende manter os eixos de estruturação da transformação urbana do Plano Diretor atual ou fará alguma modificação nesses eixos?

O Plano Diretor é revisitado a cada 10 anos. Foi em 2014 e agora em 2024. Eu quero construir um símbolo do Brasil aqui em São Paulo, inclusive melhorando a vida das pessoas na Zona Sul, próximo de Interlagos. Eu quero construir o maior prédio do mundo aqui, de um quilômetro de altura. Alguns metros a mais que o prédio que tem hoje em Dubai.

A nossa cidade não foi planejada com subúrbios e grandes avenidas. Então a gente não pode trazer pro Centro expandido essa questão de verticalização como alguns pretendem. Eu quero fazer o inverso.

O senhor vai mudar então?

Vamos. Vou conquistar a Câmara pra isso, porque a gente quer gerar dois milhões de empregos nas periferias, que é o grande problema da cidade de São Paulo. Isso já vai resolver o problema de poluição, de lentidão de trânsito, de mobilidade e de segurança pública.

Serão dois milhões de empregos até o final do meu mandato, em 1.470 dias. Para isso, eu preciso verticalizar as periferias. Primeiro, quando eu falo periferia, é periferia mesmo. Favela precisa ter liberação fundiária, de desfavelizar primeiro, não é verticalizar ali não. É nas periferias.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, em entrevista ao Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

A cidade de São Paulo se concentrou muito no eixo expandido, agora a gente precisa inverter esse circuito para o lado de fora, nas divisas. A cidade de São Paulo está rodeada de 38 cidades. É uma metrópole poderosa e a gente precisa investir nessas capilaridades, onde você vai ter emprego próximo da sua casa, vai melhorar a sua qualidade de vida, e você vai gostar muito disso.

O plano de governo do senhor fala em aumentar o número de subprefeituras de 32 para 96. Seriam criados vários cargos de comissão, de subprefeitos, que são cargos que os vereadores costumam utilizar como cargos políticos. Parece uma proposta de aumentar o tamanho do Estado e não diminuí-lo.

Ao contrário. A gente vai diminuir a quantidade de prédios e vai ter economia. Nós vamos investir em tecnologia para ter esse 156 [número telefônico para atendimento da Prefeitura] na mão de verdade e usar isso. O que a gente precisa é que a pessoa saiba onde a Prefeitura está. Às vezes a pessoa precisa de um cadastro, ela vai em um prédio, ela precisa pegar um outro serviço, ela vai em outro.

Nós vamos unificar isso. A Prefeitura de São Paulo hoje tem 40 mil imóveis.

Mas e em termos de cargos?

Vai ter menos. Vai ter uma reforma. Esse aumento para 96 [subprefeituras], são pontos de atendimento. Não pode ficar a administração do Ricardo Nunes porque ela não funciona. Ela é inchada. Nós vamos equalizar isso.

O que eu estou falando sobre economia é que, aumentando esses pontos, nós vamos diminuir os aluguéis que tem em prédios, nós vamos pegar prédios da Prefeitura e colocar em um prédio só. Hoje você pega várias secretarias cada uma tem um prédio. A gente vai unificar isso. Uma subsecretaria hoje às vezes está em 10, 15 prédios. Vai estar em um só. Isso é economia.

E aí vai criar outra subprefeitura?

Nós vamos criar as 96. São 472 bairros, mais de mil favelas em São Paulo. São 96 distritos. O que eu quero é o que você quer também. É ter uma subprefeitura próximo da sua casa.

E essa subprefeitura, inclusive, vai ter um negócio chamado GDB, que é o gestor de bairro. Gestor de bairro de 100 quadras, de 10 quadras e de 1 quadra. Nós vamos colocar essa subprefeitura.... você vai ver os comerciantes, os moradores, os trabalhadores, todo mundo vinculado.

E vai ter uma figura de zeladoria na cidade, assim como tem nos Estados Unidos, que não vai ficar precisando de empreiteira para ficar consertando coisa depois que estraga um ano depois. Eles vão fazer a prevenção disso. Quebrou a calçada, vai arrumar.

A gente tem um problema hoje na cidade de São Paulo. São mais de 30 milhões de metros quadrados precisando de fazer calçada. Você pensa, ‘mas isso aí é um problema do dono do imóvel’. Esse problema é de todo mundo porque 30% das entradas nas UPAs são de Acidente por problema de calçada.

Uma das mudanças na máquina que o senhor fala está ligada às escolas. O plano de governo do senhor diz: “agrupar as escolas de acordo com as informações reunidas, elaborando um plano conjunto com as instituições de ensino e seus profissionais”. O que significa agrupar as escolas? Vai diminuir o número de escolas?

Nós vamos transformar a escola pública de São Paulo em escola olímpica.

Mas e o agrupar?

O agrupar é o seguinte: a máquina é muito grande e ela está ineficiente. A gente gasta 25 bilhões, salvo engano, no próximo ano a gente vai gastar... Ou melhor, se for na estrutura administrativa de hoje, é gasto. A gente vai investir, vai chegar a quase R$ 30 bilhões no ano que vem.

Se a gente não criar eficiência nessa administração pública, o seu filho só está com ocupação. A grande verdade desse agrupamento é que a gente vai ensinar algumas coisas e o começo disso não é implementar em todas as escolas de uma vez.

Nós vamos começar a ensinar coisas que deveriam ser ensinadas há décadas para os brasileiros, mas vai começar por São Paulo. Inteligência socioemocional, ‘empresarização’, tecnologias do futuro, empregos do futuro e educação financeira.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, em entrevista ao Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

Qual é a nossa pretensão? Se não for por agrupamento, a gente não consegue montar a escola olímpica de uma vez só. Nós vamos agrupar em uma região e testar o modelo. O centro olímpico custa de R$ 1 milhão a R$ 1,5 milhão, dependendo do lugar.

A gente quer colocar isso em todas as escolas e em todas as periferias. O esporte molda caráter. Eu sou esportista, sou triatleta. Das 80 mil pessoas que tem na situação de rua você vai ver que não tem esportista na rua. Então, nós vamos ensinar para o seu filho que ele pode ter o próprio negócio. O Brasil, hoje, não tem esse modelo.

Inclusive, quem faz faculdade de administração não aprende a mexer com empresas, ele aprende a ser supervisor de empresa, gerente no máximo. Nós vamos ensinar isso para o seu filho e é isso que nós vamos fazer na escola. Eu vim de escola pública, eu sou filho de faxineira, filho de funcionário público e eu posso falar uma coisa para você: nós não aprendemos a prosperar. E na cidade de São Paulo, o seu filho vai aprender.

O senhor fala em criar programas com prêmios para os professores por desempenho. Já tem ideia de como é que vai ser esse prêmio, qual a meta a ser atingida? Vai estar atrelado de alguma forma ao Ideb?

Nós vamos ser número um em quatro anos. Nós vamos voltar para o primeiro lugar no Ideb. Não faz sentido nenhum São Paulo não estar em primeiro, perdendo para Estados como Goiás, Paraná, Santa Catarina. Então nós vamos recuperar isso.

No ensino, hoje, só 38% das crianças estão terminando a fase de alfabetização alfabetizadas. Ou seja, o Bananinha [como ele se refere, de forma jocosa, ao prefeito Ricardo Nunes] não está dando conta de fazer isso. Inclusive esse relógio que eu estou usando aqui é de um garoto chamado Téo, lá do Jardim Rosana. Ele me deu esse relógio e eu prometi para ele que esse seria o governo das crianças e dos mais pobres. Téo, eu estou aqui com o seu relógio.

Mas o prêmio...

Quando você tem um plano, e aqui fica claro para todo mundo de São Paulo, o plano é para ser votado e depois nós vamos para a parte do projeto. O que é a diferença entre um plano e um projeto? São dez planos de governo. Nós estamos viabilizando quem vai tocar esse plano. Ganhamos a eleição, nós vamos fazer o projeto. Aí é de acordo com o caixa, a gente vai ter que gerar a economia para gerar isso.

Agora, qual é a intenção? Está vinculado ao presenteísmo, ao crescimento da nota dessas escolas. De novo, nos Estados Unidos, o valor do IPTU do imóvel está vinculado à nota da escola. Não se chama IPTU lá. O valor dos imóveis fica vinculado à nota da escola. Esse é o modelo de gestão que eu quero fazer na escola pública de São Paulo. Vincular para todo mundo dar tanto valor na escola pública que a gente vai ficar todo mundo de olho nessas notas. E aí a gente vai fazer um ranking comparativo dessas escolas e vamos premiar esses professores.

O senhor pretende trabalhar mais com premiação do que com a questão da elevação do piso salarial dos professores?

Eu imagino que esses últimos governos não têm subido a percepção de valor que os professores têm. A gente vai nas duas frentes. Agora, a lógica de premiação imediata vai fazer empolgar muito mais. O professor precisa ser honrado. Eu não sou pedagogo, não sou formado, mas eu dou aula. Eu sou mentor de milhões de pessoas no Brasil e eu valorizo sua profissão. Sou um educador. E você pode saber que o próximo prefeito de São Paulo é educador e vai valorizar o que vocês estão fazendo. Na década de 90, todo mundo respeitava o professor e respeitava a polícia. Eu não sei o que aconteceu porque esse esquerdismo, esse comunismo, foi alastrando na nossa cabeça e ninguém respeita mais a autoridade, não respeita a polícia e nem respeita o professor. Os alunos vão respeitar vocês, sim. Vocês podem contar com isso.

O plano de governo do senhor mostra o problema que temos no saneamento básico e fala até em um eventual voluntariado junto ao governo do Estado, governo federal e a iniciativa privada para resolver esse problema. A Sabesp acabou de ser privatizada. A ideia é a população fazer voluntariado para uma empresa agora privada?

Parte, né. O maior cliente da Sabesp, quase 50% do consumo da Sabesp é a cidade de São Paulo. Eu acredito no [governador] Tarcísio [de Freitas], apesar de ele está insistindo em apoiar um defunto. Todos os dias ele acorda com a missão de ressuscitar o defunto chamado Bananinha.

Lá não foi tudo privatizado. Tem capital privado agora, a empresa não tinha dinheiro em caixa, e acho que foi assertivo [a privatização]. O Estado provou que não dá conta de tocar a si próprio. Então precisa da iniciativa privada para dar celeridade e injeção de capital nisso.

Mas e o voluntariado. Faz sentido?

A gente tem mais de mil mananciais. Quando eu falo de voluntariado, é para ajudar a limpar os rios. Não faz sentido? A gente tem que colocar a política pública de voluntariado em mutirão, que é o que vai resolver.

Mas não é uma obrigação da empresa?

A empresa vai cumprir. Só que o povo é o maior detentor e o maior interesse é o povo de resolver isso. Então a gente vai trazer. É obrigação do prefeito, por exemplo, zerar a fila de exame de 447 mil. Não tem como, vou ter que trazer gente de fora, fazer hospital provisório, convênio com hospitais particulares.

Ou seja, esse modelo de mutirão, que é o que eu estou propondo, e você votando aí no dia da vingança, dia 6 de outubro no número 28, nós vamos trabalhar muito forte por isso.

O senhor disse que se compromete a limpar definitivamente o Tietê. Uma proposta que São Paulo escuta ao menos há 40 anos ou mais. O problema é que a bacia do Tietê é composta por 16 municípios. É por isso que essa tarefa de limpeza do Tietê normalmente fica a cargo do governo do Estado. Qual seria, para o senhor, o papel da Prefeitura?

O prefeito mal-intencionado, igual o [Guilherme] Boulos [PSOL], entrando, não vai limpar nunca. O que está aí já sabe que ele não vai limpar também porque ele não limpou. Estão fazendo 10 anos. A Sabesp, já falei, quase 50% do consumo, da renda, que essa empresa gera, vem da cidade de São Paulo.

Então se eu não trabalhar de forma bem-intencionada com o governador, não vai fazer nunca. Então, é meu interesse particular. Eu lembro de uma vez que eu fui comprar uma fazenda e eu perguntei qual é o rio que passa atrás? E aí alguém me escondeu isso. Eu cheguei no lugar e era o Tietê. Eu falei: ‘Não quero nem de graça’. Por quê? Um rio desse, se ninguém respeita ele, por que eu quero uma fazenda dessa? O rio Tietê tem mil quilômetros. A vazão dele é baixa. E é um rio que é limpo em uma ponta e é limpo na outra. Mas quando passa nessa cidade, principalmente na cidade de São Paulo, vira o maior esgoto a céu aberto. Então tem que ter política pública de limpar os mananciais e de fazer tratamento do esgoto dentro da cidade E essa universalização do saneamento básico garante isso.

Mas qual o papel da Prefeitura?

Apoiar, criar esses mutirões, limpar esses mananciais, porque nós estamos descarregando toneladas de lixo dentro do Tietê. Se eu, como prefeito, com política pública, evitar que isso seja jogado, eu já contribuí com a minha parte. A minha parte e a de 12 milhões de pessoas dentro da cidade.

O plano de governo do senhor falava em triplicar o efetivo da guarda municipal. Recentemente, o senhor já disse que talvez não consiga triplicar.

Talvez não. Eu fui para El Salvador, tive com o ministro da Justiça, com o Gustavo [Vilattoro], e ele me deu uma aula de como combater a criminalidade. Eu ouvindo a guarda municipal, ouvindo a Polícia Militar, algumas pessoas da polícia, eu percebi o seguinte: hoje a gente tem 7 mil guardas e nós vamos chamar todo mundo que está aprovado em concurso. Se eu aumento essa guarda nesse tanto, eu não consigo valorizar os salários deles.

Custa R$ 700 milhões só a folha atual...

A gente consegue, a gente é rico, não precisa se preocupar com isso não. Só que, quando eu chegar na Prefeitura, em 1º de janeiro, vão mandar revisar todos os contratos e gerar uma economia que você nem imagina. Calma. Tirando a companheirada, esse bando de corruptos, fica tranquilo que vai sobrar dinheiro.

O que que eu decidi lá, ouvindo o Gustavo e é uma política que eu vou seguir aqui na cidade de São Paulo: nós vamos aumentar a Operação Delegada. Quanto mais economia a gente tiver no Estado, a gente vai aumentar isso. Por quê? Tem no plano de governo o anticrime.

Nós vamos fazer um jejum em janeiro de crime. E a gente vai fechar as entradas dessa cidade. Vamos fazer isso com a Operação Delegada e vou estender isso para a Polícia Civil. A Operação Delegada é o governo do Estado, onde o policial militar já vem com a sua farda, já vem com a sua arma, e ele pode atuar imediatamente. Ele já é treinado, ele tem tirocínio.

Isso já acontece hoje.

E nós vamos aumentar. E não acontece com a Polícia Civil.

Aumentar em quanto?

De acordo com a disponibilidade de caixa. A gente vai aumentando progressivamente.

Existe uma questão que é o efetivo e como se distribui esse efetivo pelos turnos de trabalho. Há um limite em aumentar o policiamento com o atual efetivo.

Vou aumentar as áreas. Você que está preocupado com segurança pública, que é o item número um de problema dessa cidade, o distrito mais perigoso hoje é o distrito de Pinheiros. Vamos começar por ele e expandir até o último. Onde tiver nós vamos levar esse policiamento. A progressão vai ser de acordo com a disponibilidade de caixa e o convênio que a gente tem.

Agora, a gente pode reformar isso. Inclusive, a Polícia Civil saiba que nós vamos estender para vocês também. Eu duvido que não tenha interesse dos policiais. Eles preferem trabalhar dessa forma. Nós vamos aumentar o valor. Vamos gerar a economia no Estado para fazer essa progressão.

Não são funções distintas? A Polícia Civil atua depois do crime, fazendo a investigação. Não faz policiamento ostensivo.

Só que eles podem fazer a parte investigativa também. Nesse anticrime, se a gente não usar todas as nossas forças, inclusive eu vou convidar o atual mandatário da Presidência da República para a gente combater o crime aqui nessa cidade. É o item número um da cidade e pode contar com o xerife aqui que eu vou resolver isso.

O senhor, quando fala que vai convocar o atual mandatário, está falando do Lula. Considera que vai ter uma boa relação com ele?

A questão da relação vai depender dele. Eu sou republicano. O que é republicano? Sou uma pessoa que, na hora que acabar a eleição, a gente precisa governar.

Se ele vier a São Paulo, você vai receber ele?

Claro, ele é presidente do Brasil. Eu não estou contra ele não. Eu luto para que ele faça as coisas certas. Que ele diminua o imposto como o Bolsonaro diminuiu. Que ele seja um cara que não gaste tanto dinheiro igual está gastando. Que ele não interfira no Banco Central. Eu estou a favor. Eu quero que ele dê certo.

Eu sou brasileiro. Lula, eu torço para que você dê certo e vou te receber aqui na cidade de São Paulo com muita tranquilidade e vou precisar da sua ajuda aqui para a gente governar.

Eu sou brasileiro. Lula, eu torço para que você dê certo e vou te receber aqui na cidade de São Paulo com muita tranquilidade e vou precisar da sua ajuda aqui para a gente governar.

Pablo Marçal, candidato a prefeito pelo PRTB

Eu queria falar sobre a relação do senhor com o Bolsonaro. O senhor tem um público mais ou menos parecido com o dele. Metade do eleitorado que votou nele está com senhor, mas nos últimos dias ele soltou um vídeo reclamando do senhor no 7 de setembro, disse que o senhor foi um traidor...

Não reclamou, não. Traidor? Ele não falou isso não.

Sim, no vídeo que ele compartilhou.

Ele verbalizou?

Ele compartilhou o vídeo.

Isso é fofoca, então. Compartilhou onde?

No WhatsApp com aliados.

Isso é fofoca, irmão.

Na outra vez que o senhor discutiu nas redes sociais com ele, o senhor disse que na verdade foi o Carlos.

É o Carlos que usa a rede social.

Mas hoje a relação está como?

Está normal. Depois que passar a eleição fica tudo bem.

O senhor não acha que ele, Bolsonaro, tem um certo ciúme do senhor?

Capitão do Exército ter ciúme de macho acho que não faz muito sentido. Isso é elucubração.

Mas teve o episódio da bandeira [no 7 de Setembro, uma bandeira do Brasil dizia que Marçal será o próximo presidente do Brasil e que Bolsonaro acabou], que o senhor diz que foram funcionários da Prefeitura, a Prefeitura diz que não foi.

Eu disse, não. Eu dei o vídeo, postei, e não sei porque a Justiça mandou tirar.

No vídeo completo mostra o funcionário, mas a bandeira já estava lá.

Por que o funcionário está esticando a bandeira?

Para alguém passar.

Passar onde? O cara pode passar na calçada. Aquilo lá eu que mandei para a imprensa falando que isso está destruindo um símbolo nacional. Eu mesmo mandei. Aquilo lá é coisa de apoiador, de gente maluca.

Por que o senhor acha que o Bolsonaro não apoia o senhor?

Só o fato dele não ter paixão no Nunes parece que ele está me apoiando. É um sentimento. E todo mundo tem esse mesmo sentimento.

Só o fato dele (Bolsonaro) não ter paixão no Nunes parece que ele está me apoiando. É um sentimento. E todo mundo tem esse mesmo sentimento.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo

Mas ele estava na convenção do Nunes, indicou o vice...

Sabe por que ele tem o vice? O Bananinha ia colocar a Marta Suplicy de vice e o Bolsonaro não deixou. E quando eu almocei com Bolsonaro, eu fiz votos, não pedi nada para ele, eu fiz votos que ele conseguisse mesmo colocar.

Colocando um vice que é do PL, a gente ganha a eleição do primeiro turno. Por quê? Porque a esquerda vota ideologicamente. Ideologia é telhado. Nós, não é um movimento bolsonarista, não é marçalista. É um movimento que é cristão. É um movimento conservador. E vem antes de todos nós.

Esse movimento vota por princípios. Vocês podem... Quando eu falo em vocês, me desculpem que vocês não fizeram isso ainda, mas a mídia inteira pode me atacar, o consórcio comunista do Brasil, as pessoas sabem pelos princípios que nós vivemos. Eles não estão nem aí para o que vocês estão falando.

Sobre o Bolsonaro, eu acredito que ele me apoiaria se eu tivesse vindo em outubro do ano passado. Eu quis entrar porque eu vi que sacaram o Salles. Tá muito simples. Eu não iria disputar a Prefeitura de São Paulo. E o que está chocando o sistema? O que está chocando o sistema é que um cara sem as suas redes sociais, sem fundo eleitoral, sem TV, sem padrinho, sem ninguém, sem coligação nenhuma, está em primeiro lugar na maior parte das pesquisas.

Eu escuto de pessoas que às vezes acham que a postura do senhor é um pouco agressiva, principalmente nos debates. O senhor falou alguns palavrões em debates, e às vezes tem crianças assistindo na sala, as famílias ficando preocupadas com isso.

Qual que foi o candidato que não falou palavrão? Todos falaram.

O que senhor diria para essas pessoas que acharam a sua postura um pouco agressiva nesses debates, e que em algum momento o senhor eventualmente tenha se excedido, tenha falado algum palavrão em público, numa televisão aberta.

Me lembra um palavrão.

O senhor fez referência também a uma certa parte da anatomia do corpo humano, usando outras palavras. Na TV Gazeta, a apresentadora pediu para o senhor evitar o palavrão.

Mas qual que foi?

Não vou repetir aqui.

Eu não falei isso. Eu usei orifício rugoso lombar, comedor de açúcar.

É mais fácil o senhor falar para o eleitor.

Vou falar para o eleitor. Com comunista não pode afrouxar, eu estou pegando leve. Esperem guerra no mais alto grau contra o consórcio comunista do Brasil, PMDB, essa tropa de Nunes, Tabatinha, Chataba [apelido que usa para Tabata Amaral], quer dizer, comedor de açúcar [Boulos] e ‘dá pena’ [apelido para José Luiz Datena].

Esse pessoal, eu vou tratorar eles no próximo debate. É meu único tempo de televisão. Você está certo. Eu estou agressivo porque eu só tenho Deus e o trunfo. No meu tempo de televisão ninguém vai mandar no que eu faço. Espere, ‘dá pena’, que eu vou soltar no seu peito agora no debate no SBT. E você, Bananinha, espere o que eu vou soltar, porque você está me chamando de bandido. Eu vou te prender ano que vem, porque eu vou auditar todos os seus movimentos na Prefeitura. Você vai ser preso. Se você não for você muda meu nome.

O senhor fala muito de PPPs. Mas no plano do senhor não fala qual área, por exemplo, o senhor vai fazer PPP e qual não vai fazer.

Todas possíveis.

Todas possíveis são quais?

Todas possíveis. Tudo que tiver como colocar na mão do povo. O que a lei permitir. Por exemplo, nós vamos fazer esporte olímpico. O que a gente precisa fazer? A gente precisa ter iniciativa privada pra fazer esses centros olímpicos. Porque se for do poder público, eu vou entregar o primeiro no segundo ano. Então, se eu abrir uma parceria público-privada em alguns meses, está pronto. Iniciativa privada é o povo

O comunista gosta de criar uma guerra de Estado contra a iniciativa privada, só que a iniciativa privada é uma família que prosperou e é o povo. É alguém do povo que tem um CPF, foi elevado a um CNPJ e emprega pessoas. Governo nenhum gera emprego. Aprenda isso, pelo amor de Deus. Eu vou atrair um monte de empresa pra dentro da cidade de São Paulo. Nós perdemos vocação de indústria na cidade de São Paulo. Nós vamos voltar com isso. Precisamos de ter as empresas do futuro, de tecnologia. Por que eu estou falando isso e nós vamos criar esses dois milhões de empregos? Porque quem cria é o povo. Nunca foi um governo criador de emprego.

Quem cria é empreendedor. E empreendedor é gente como a gente.

No plano de governo, o senhor menciona que cidades que implementam planos de mobilidade experimentam melhorias na qualidade do ar, mas não faz referência direta aos corredores de ônibus, que são centrais no plano de mobilidade de São Paulo. Existe um cronograma para essas obras. O senhor pretende garantir a execução dessas obras? E quais corredores o senhor pretende priorizar?

O que eu vou fazer com a dinamicidade da gestão pública a partir do 1º de janeiro, alguns planos serão alterados e projetos também. Vou explicar porquê: se eu levo 2 milhões de empregos [para a periferia], e a gente vai ter que gastar uma energia absurda para fazer isso, para as capilaridades, o jogo mudou na cidade de São Paulo.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, participa de sabatina no Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

Só para você entender o que é política pública, que não é levada a sério. O atual ex-prefeito, o futuro ex-prefeito, esse Bananinha, não cumpriu nem 10% do plano de governo para criar os 40 quilômetros de corredor de ônibus. O que está em execução a gente não vai parar. Nós vamos concluir. Mas a gente vai ter que revisar todos esses planos. Por quê? Se a gente continuar crescendo o investimento em segurança pública, não é muito melhor ir na causa e não no efeito, e dar esporte, emprego e educação? Isso diminui o gasto de segurança pública. Então a gente tem que trocar a despesa por custo. Custo eu coloco naquilo que dá retorno para o povo. Então, se eu gero 2 milhões de empregos nesse cinturão, por que que eu tenho que continuar com o plano? Sendo que eu vou fazer com que esse povo seja capilarizado. Vai ter emprego aí perto da sua casa.

Agora nós vamos ouvir. Tem que colocar. É igual piloto de avião. O piloto de avião não é mecânico. Tem que ouvir os mecânicos.

Todos os corredores que estão em execução vão ser terminados. Todos. Por quê? Porque isso é política pública. Todo mundo que é republicano chegar e concluir o que foi programado. Vamos pedir os estudos. Tem um plano, projeto, estudo técnico. Vai ter mais de 600 pessoas envolvidas nesses pequenos detalhes.

E essas 600 pessoas você pode adiantar alguém que estará participando?

Posso. Todo mundo que tiver caráter. Todo mundo que faz parte de uma agremiação política vai aparecer depois que você votar nesse plano.

Então o eleitor não pode saber (nomes) antes?

Vai ser selecionado. Se você sabe antes você já está devendo o cargo. Tem 10 pessoas [disputando a Prefeitura]. Agora caiu um que é o Betinho Haddad, do DC [que teve a candidatura impugnada]. Nós somos nove. O que é que adianta? Ficar mostrando mil nomes sendo que só vai vencer um. Segundo: eu estou te dando a garantia que vai ter um recrutamento e seleção. Vou abrir para todos os partidos. Eu não estou devendo cargo pra ninguém. Se você vota no 28 do dia 6 de outubro, você está votando em alguém que não deve um cargo pra ninguém. Tem que ser no primeiro turno, porque depois se você der a chance de ficar essa encheção de saco de segundo turno, vai vir tantos partidos e eu vou ter que negociar com eles devendo.

Mas você deixa claro que partidos terão espaço no governo.

Claro. Tem que ter. Ninguém governa um negócio desse tamanho sozinho. O [Filipe] Sabará, que era secretário do Tarcísio, veio andar comigo sem promessa. Ele veio e falou: ‘Eu acredito em você’. Porque ele se envolveu comigo na questão do Rio Grande do Sul. Ele ficou espantado. Porque uma pessoa física deu conta de fazer. Essa vinda dele, até ele que é o cara que fez o plano de governo, é líder disso, é um cara que entende, que serve o povo há muito tempo, tirou mais de 3.500 pessoas das ruas, esse cara não tem uma promessa de ser nada no governo. Eu falei isso pra ele e falo pra todos. Não estou devendo ninguém. Estou devendo você [eleitor].

Claro [que os partidos terão espaço no governo]. Tem que ter. Ninguém governa um negócio desse tamanho sozinho.

Pablo Marçal, candidato do PRTB

O que o senhor pretende fazer com a passagem de ônibus no dia 1º de janeiro? Vai aumentar? O senhor vai abandonar o congelamento? E se for aumentar, de quanto para quanto?

A gente pretende continuar isso [o congelamento] até apresentar a solução de, no primeiro mês, quantos empregos gerados. Tirar esse ‘carregar o Uruguai’. A cidade de São Paulo arrasta como se fosse um País inteiro chamado Uruguai para o centro expandido. Como que nós vamos fazer? Progressivamente, esse subsídio que ainda nem consegue atender o povo direito, que o povo fica esperando demais para pegar o ônibus, progressivamente a gente, criando esses empregos, não vai ter essa demanda de ônibus do centro expandido.

O que nós vamos fazer? Progressivamente, gerando emprego, e ter essa atmosfera de emprego na periferia, não tem essa demanda. E nós vamos definir de acordo. Tem que ser dinâmico. Gestão pública não é dinâmica hoje porque a gente não tem governantes dinâmicos. Então, se não apresentar essa solução e não tirar o emprego, vai continuar congelado e nós vamos bancar isso. É o povo que está bancando. E o povo gosta disso.

O senhor hoje está ligado a uma série de CPNJs, tem várias empresas, várias atuando aqui em São Paulo. Se for prefeito, vai se afastar totalmente delas?

Eu já estou afastado. Eu não vou nessas empresas há meses. Eu nunca tive um contrato público e não pretendo ter. Mesmo que não seja proibido. Não tem em lugar nenhum que eu tive. Eu sou CVO no meu grupo, que é o quê? O CEO é o cara que toca uma empresa, o líder maior e o CVO de um grupo é aquele que é visionário. Eu tenho um cargo que eu não vou na empresa mesmo. Só que agora, vencendo a eleição, eu juro, eu vou desconectar por completo dessas empresas.

Em livros que o senhor já publicou e também em palestras, o senhor falava sobre a partir de abril de 2027, tem até uma data e um horário. 18h, que o senhor se aposentaria, mas seria no meio do mandato.

[A aposentadoria seria] no mundo dos negócios. Agora é servir o povo. A política para mim é filantropia.

O senhor dizia que é porque você tem um determinado momento que você sai do seu auge.

Você acredita que eu já alcancei isso, financeiramente? Eu já criei mecanismo e criei rendas passivas para isso. Já parei faz tempo. Se eu não fizer nada, tenho milhões de reais entrando o tempo inteiro nas empresas.

Sou filho de funcionário público, eu ouvi a vida inteira meu pai falar você tem que ter 10 casas de aluguel, você precisa de ter uma aposentadoria. Eu criei uma grande aposentadoria e agora eu vou ajudar você a cuidar da sua vida. Isso vai ser muito importante para o São Paulo.

Durante a entrevista ao Roda Viva, o senhor disse que o General Bank que o senhor anuncia era só um teste. Nós baixamos o aplicativo e verificamos que não há nenhum aviso para o consumidor de que ele é um teste.

Não, é um teste do grupo empresarial. Ele funciona. Tem uma conta concorrente normal vinculada ao Asas.

Tem um cadastro que faz, que permite que você tenha uma conta, abrindo essa conta pelo banco do senhor, a pessoa paga R$ 45. Mas isso no Banco Asas, que é onde a conta é realmente aberta, é um serviço gratuito. O senhor estaria cobrando...

Não sou eu, porque não estou no contrato social.

O banco estaria cobrando por um serviço que, na verdade, é um serviço gratuito. Nós consultamos dois juristas, Walter Maierovitch, e o doutor Arthur Lemos, que é Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo, e eles disseram que, em tese, em uma situação dessa, pode-se dizer que as pessoas podem ser induzidas a erro, e que o banco estaria auferindo uma vantagem.

Você baixou o aplicativo, você viu o que são os benefícios que as pessoas têm? Ela paga não é para ter a conta, ela paga para ter benefícios.

Ali na conta só explica que o benefício, nesse caso, era ter a conta digital.

O teste não é com o banco. O teste é eu validar para eu entrar como sócio nisso, na operação. Não faz parte do meu grupo.

O senhor não acha que deveria ter alguma advertência ali.

A operação é lícita e está normal. O negócio aqui é um MVP. O que é um MVP? É o mínimo viável de um produto. Eu testo muitos produtos para agregar isso no meu grupo empresarial. Nós temos muitas empresas, eu sou investidor profissional, inclusive.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, em entrevista ao Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

Hoje, o meu negócio... Hoje não, porque agora eu sou o prefeito de São Paulo e eu já estou migrando para essa situação. Eu faço MVPs, o teste não é sobre o banco. Então, você trazendo o banco, o banco não está no meu nome, ele está sendo testado por mim. Eu estou testando a operação para ver se aprovo a operação para passar para dentro do meu time, dentro do meu conglomerado. Nos Estados Unidos tem mais de 10 mil bancos. No Brasil tem 140 instituições financeiras, das quais só 12 dominam. Eu quero que você abra a mente, você também pode ter um banco. Qualquer empresário pode querer um banco.

Não acaba induzindo a pessoa ao erro, pagando por uma coisa que é gratuita?

Mas ela está pagando pelos benefícios, que tem lá, está descrito os benefícios, tem um rol de benefícios.

Tem um assunto que está colocado na campanha, o Estadão fez matérias sobre isso, que são figuras do partido senhor com condenações ou investigações relacionadas ao tráfico de drogas e vinculação com o PCC. O senhor chegou até a defender que o presidente do partido deveria sair.

Eu fiz isso.

Mas depois o senhor fez agenda com ele e passou a defendê-lo.

(Eu pedi), mas ele não saiu. Vou fazer o que?

Mas e na prefeitura?

Na prefeitura não tem combinado com ele.

O senhor não pode simplesmente trocar de partido?

Como que eu vou trocar de partido? Eu sou filiado. É meu sonho no Brasil, meu sonho é que uma pessoa possa ter sua candidatura independente. Porque o partido político é o negócio mais assustador que você vai ver. Ninguém no meu perfil consegue viabilizar a candidatura. O Silvio Santos quis ser presidente, nunca que ia conseguir. Não conseguiu.

E esse povo não deixa. Esse povo que domina esses partidos políticos, eles são um terror. O que está acontecendo hoje? Ninguém consegue me parar, não vai parar. E se alguém descobrir, me conta que eu preciso parar só um dia para descansar. Ninguém consegue me parar. Aí fica em volta de tudo, caçando coisa na África, caçando não sei o que. Está tudo bem. Eu não estou importando com isso. Eu vou te servir de qualquer jeito.

Ninguém no meu perfil consegue viabilizar a candidatura. O Silvio Santos quis ser presidente, nunca que ia conseguir. Não conseguiu. E esse povo não deixa. Esse povo que domina esses partidos políticos, eles são um terror.

Pablo Marçal, candidato do PRTB

Mas o senhor não consegue convencer as pessoas do seu partido a saírem…

Mas eu não sou o presidente do partido. A viabilidade do partido não é minha.

O senhor é a pessoa mais importante do partido.

Ótimo. Mas uma caneta de alguém derruba minha candidatura e acabou.

Se alguém me convida para um grupo, a gente só tem gente meio estranha...

Fala um partido então que é o partido dos santos. Não existe. Ou seja, nós precisamos lutar no Brasil pela candidatura independente. Por quê? Porque qualquer cidadão que queira fazer, e um cara nobre igual você que eu estou identificando aqui, você é um cara que não suportaria estar dentro de um partido político. É um negócio assustador. É gente brigando por nada. É um negócio maluco todo dia. Eu louvo a Deus pelo partido que eu estou, se não eu não conseguiria disputar, mas em breve nós poderemos fazer isso individualmente, sem partido político. Eu vou lutar por isso.

Eu dou um espaço para que o senhor faça as considerações finais.

É o seguinte, São Paulo tem jeito. Não faz isso aqui virar uma m.... gigantesca na mão do Boulos. M…. não é palavrão. Não deixe o Bananinha destruir essa prefeitura. Eles estão há 10 anos, esse governo é do Dória. Ele é só um herdeiro. Esse vereador não tem perfil para ser prefeito. Eu peço se eu vote. Me dá a chance de servir você.

O candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, disse durante sabatina realizada pelo Estadão na manhã desta quarta-feira, 11, que sua relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dependerá do petista, mas que está disposto a se encontrar com ele caso seja eleito para administrar a maior cidade do Brasil.

“Eu sou brasileiro. Lula, eu torço para que você dê certo e vou te receber aqui na cidade de São Paulo com a maior tranquilidade e vou precisar da sua ajuda para a gente governar”, afirmou Marçal. O candidato disse ainda que não está “contra” Lula, mas que luta para que o presidente “faça as coisas certas”, diminua impostos “como Bolsonaro” e reduza as despesas públicas.

Depois do ex-presidente Jair Bolsonaro compartilhar um vídeo em que Marçal é classificado como “traidor”, o influenciador disse que a relação entre os dois está normal. “Depois que passar a eleição fica tudo bem [...] Só o fato dele não ter paixão no Nunes parece que ele está me apoiando”, afirmou o candidato do PRTB, se referindo ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), que concorre à reeleição.

Ele rechaçou a possibilidade de Bolsonaro ter ciúmes de sua popularidade entre o eleitorado de direita pois “Capitão do Exército ter ciúme de macho não faz muito sentido”, disse.

Marçal evitou detalhar em quais áreas específicas pretende, caso eleito, firmar parcerias entre a Prefeitura e a iniciativa privada, respondendo apenas “todas possíveis”. Ele disse que irá aumentar a Operação Delegada — que paga policiais militares de folga para reforçarem o policiamento —, incluir a Polícia Civil e levá-la para todos os distritos de São Paulo.

“Será de acordo com a disponibilidade de caixa”, afirmou. “Nós vamos fazer um jejum em janeiro de crime. E a gente vai fechar as entradas dessa cidade. Vamos fazer isso com a Operação Delegada e vou estender isso para a Polícia Civil”, disse.

O candidato afirmou ainda que pretende propor que o Plano Diretor incentive a descentralização de moradias e empresas porque ele quer criar dois milhões de empregos para a periferia. “Para isso, eu preciso verticalizar as periferias. A cidade de São Paulo se concentrou muito no eixo expandido. Agora, a gente precisa inverter esse circuito para o lado de fora, nas divisas”, disse.

Candidato do PRTB, Pablo Marçal concede entrevista ao Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

Marçal também comentou sobre as condenações e investigações de integrantes do PRTB e sobre o e o áudio em que o presidente do partido, Leonardo Avalanche, diz ser ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC). No passado, o candidato sugeriu que Avalanche deixasse o partido, mas depois passou a defendê-lo e fazer agendas acompanhados por ele. Avalanche nega relação com a organização criminosa.

Questionado sobre o caso, o ex-coach respondeu que, apesar da sua opinião, Avalanche não quis sair e que ele, Marçal, não controla o partido. “A caneta de alguém derruba minha candidatura e acabou”, disse.

Leia a íntegra da entrevista

A pesquisa Atlas divulgada nesta quarta mostra o senhor com 24,4%, enquanto Guilherme Boulos tem 28% e Ricardo Nunes 20,1%. Como o senhor avalia essa pesquisa?

A pesquisa que eu estou acompanhando, que faz mais sentido, e que acertou que o governador Tarcísio é a Veritá. Na Veritá estou com 30%, o Boulos deve estar com 25%, alguma coisa assim. Em outras pesquisas o Boulos está com 21%. Mas o que interessa, na verdade, é que eu entrei com 5%. Subi para 10%, depois 11%, 14%, 16%, 18%, 21%, 24%, 26%, 29% e 30%.

Mas o senhor não vê diminuição do ritmo de crescimento?

Mas é normal. Eu estou subindo e, se eu continuasse subindo de forma exponencial, eu ia estar com 200% já. Então, agora é a hora de virar voto, de conquistar. Depois da exposição de muita gente, esse consórcio comunista do Brasil me atacando, que é o Nunes, com o PMDB e companhia, o PSB, juntaram os quatro contra mim. É normal que essa subida agora seja a conta-gotas.

Agora, você vai na rua, é um pouquinho diferente. Eu tenho minhas trackings. Eu sinto vergonha de ver uma pesquisa dessas, e aqui, você que é eleitor, eu tenho que te contar o segredo das pesquisas: alguém paga por elas. Pesquisas quali, que trazem mais detalhamento, custam bilhões. E esses partidos políticos usam seus fundos, e eu não tenho fundo eleitoral, não tenho padrinho político, não tenho tempo de TV, não tenho tempo de rádio, e até as redes sociais que eu tinha eles tomaram. E mesmo assim eu continuo em primeiro. De dez pesquisas, oito estou na frente.

Essa é a avaliação que o senhor faz?

A avaliação é muito simples. O astronauta [Marcos Pontes] não ganhava eleição para o Senado, o [Márcio] França estava na frente. Da noite para o dia, a pesquisa que falava que estava 14 pontos na frente, ele amanheceu senador da República. Ou seja, não confiem nas pesquisas. A pesquisa que você tem que chegar é o povo.

O próximo prefeito vai preparar a elaboração do novo Plano Diretor. O senhor pretende manter os eixos de estruturação da transformação urbana do Plano Diretor atual ou fará alguma modificação nesses eixos?

O Plano Diretor é revisitado a cada 10 anos. Foi em 2014 e agora em 2024. Eu quero construir um símbolo do Brasil aqui em São Paulo, inclusive melhorando a vida das pessoas na Zona Sul, próximo de Interlagos. Eu quero construir o maior prédio do mundo aqui, de um quilômetro de altura. Alguns metros a mais que o prédio que tem hoje em Dubai.

A nossa cidade não foi planejada com subúrbios e grandes avenidas. Então a gente não pode trazer pro Centro expandido essa questão de verticalização como alguns pretendem. Eu quero fazer o inverso.

O senhor vai mudar então?

Vamos. Vou conquistar a Câmara pra isso, porque a gente quer gerar dois milhões de empregos nas periferias, que é o grande problema da cidade de São Paulo. Isso já vai resolver o problema de poluição, de lentidão de trânsito, de mobilidade e de segurança pública.

Serão dois milhões de empregos até o final do meu mandato, em 1.470 dias. Para isso, eu preciso verticalizar as periferias. Primeiro, quando eu falo periferia, é periferia mesmo. Favela precisa ter liberação fundiária, de desfavelizar primeiro, não é verticalizar ali não. É nas periferias.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, em entrevista ao Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

A cidade de São Paulo se concentrou muito no eixo expandido, agora a gente precisa inverter esse circuito para o lado de fora, nas divisas. A cidade de São Paulo está rodeada de 38 cidades. É uma metrópole poderosa e a gente precisa investir nessas capilaridades, onde você vai ter emprego próximo da sua casa, vai melhorar a sua qualidade de vida, e você vai gostar muito disso.

O plano de governo do senhor fala em aumentar o número de subprefeituras de 32 para 96. Seriam criados vários cargos de comissão, de subprefeitos, que são cargos que os vereadores costumam utilizar como cargos políticos. Parece uma proposta de aumentar o tamanho do Estado e não diminuí-lo.

Ao contrário. A gente vai diminuir a quantidade de prédios e vai ter economia. Nós vamos investir em tecnologia para ter esse 156 [número telefônico para atendimento da Prefeitura] na mão de verdade e usar isso. O que a gente precisa é que a pessoa saiba onde a Prefeitura está. Às vezes a pessoa precisa de um cadastro, ela vai em um prédio, ela precisa pegar um outro serviço, ela vai em outro.

Nós vamos unificar isso. A Prefeitura de São Paulo hoje tem 40 mil imóveis.

Mas e em termos de cargos?

Vai ter menos. Vai ter uma reforma. Esse aumento para 96 [subprefeituras], são pontos de atendimento. Não pode ficar a administração do Ricardo Nunes porque ela não funciona. Ela é inchada. Nós vamos equalizar isso.

O que eu estou falando sobre economia é que, aumentando esses pontos, nós vamos diminuir os aluguéis que tem em prédios, nós vamos pegar prédios da Prefeitura e colocar em um prédio só. Hoje você pega várias secretarias cada uma tem um prédio. A gente vai unificar isso. Uma subsecretaria hoje às vezes está em 10, 15 prédios. Vai estar em um só. Isso é economia.

E aí vai criar outra subprefeitura?

Nós vamos criar as 96. São 472 bairros, mais de mil favelas em São Paulo. São 96 distritos. O que eu quero é o que você quer também. É ter uma subprefeitura próximo da sua casa.

E essa subprefeitura, inclusive, vai ter um negócio chamado GDB, que é o gestor de bairro. Gestor de bairro de 100 quadras, de 10 quadras e de 1 quadra. Nós vamos colocar essa subprefeitura.... você vai ver os comerciantes, os moradores, os trabalhadores, todo mundo vinculado.

E vai ter uma figura de zeladoria na cidade, assim como tem nos Estados Unidos, que não vai ficar precisando de empreiteira para ficar consertando coisa depois que estraga um ano depois. Eles vão fazer a prevenção disso. Quebrou a calçada, vai arrumar.

A gente tem um problema hoje na cidade de São Paulo. São mais de 30 milhões de metros quadrados precisando de fazer calçada. Você pensa, ‘mas isso aí é um problema do dono do imóvel’. Esse problema é de todo mundo porque 30% das entradas nas UPAs são de Acidente por problema de calçada.

Uma das mudanças na máquina que o senhor fala está ligada às escolas. O plano de governo do senhor diz: “agrupar as escolas de acordo com as informações reunidas, elaborando um plano conjunto com as instituições de ensino e seus profissionais”. O que significa agrupar as escolas? Vai diminuir o número de escolas?

Nós vamos transformar a escola pública de São Paulo em escola olímpica.

Mas e o agrupar?

O agrupar é o seguinte: a máquina é muito grande e ela está ineficiente. A gente gasta 25 bilhões, salvo engano, no próximo ano a gente vai gastar... Ou melhor, se for na estrutura administrativa de hoje, é gasto. A gente vai investir, vai chegar a quase R$ 30 bilhões no ano que vem.

Se a gente não criar eficiência nessa administração pública, o seu filho só está com ocupação. A grande verdade desse agrupamento é que a gente vai ensinar algumas coisas e o começo disso não é implementar em todas as escolas de uma vez.

Nós vamos começar a ensinar coisas que deveriam ser ensinadas há décadas para os brasileiros, mas vai começar por São Paulo. Inteligência socioemocional, ‘empresarização’, tecnologias do futuro, empregos do futuro e educação financeira.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, em entrevista ao Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

Qual é a nossa pretensão? Se não for por agrupamento, a gente não consegue montar a escola olímpica de uma vez só. Nós vamos agrupar em uma região e testar o modelo. O centro olímpico custa de R$ 1 milhão a R$ 1,5 milhão, dependendo do lugar.

A gente quer colocar isso em todas as escolas e em todas as periferias. O esporte molda caráter. Eu sou esportista, sou triatleta. Das 80 mil pessoas que tem na situação de rua você vai ver que não tem esportista na rua. Então, nós vamos ensinar para o seu filho que ele pode ter o próprio negócio. O Brasil, hoje, não tem esse modelo.

Inclusive, quem faz faculdade de administração não aprende a mexer com empresas, ele aprende a ser supervisor de empresa, gerente no máximo. Nós vamos ensinar isso para o seu filho e é isso que nós vamos fazer na escola. Eu vim de escola pública, eu sou filho de faxineira, filho de funcionário público e eu posso falar uma coisa para você: nós não aprendemos a prosperar. E na cidade de São Paulo, o seu filho vai aprender.

O senhor fala em criar programas com prêmios para os professores por desempenho. Já tem ideia de como é que vai ser esse prêmio, qual a meta a ser atingida? Vai estar atrelado de alguma forma ao Ideb?

Nós vamos ser número um em quatro anos. Nós vamos voltar para o primeiro lugar no Ideb. Não faz sentido nenhum São Paulo não estar em primeiro, perdendo para Estados como Goiás, Paraná, Santa Catarina. Então nós vamos recuperar isso.

No ensino, hoje, só 38% das crianças estão terminando a fase de alfabetização alfabetizadas. Ou seja, o Bananinha [como ele se refere, de forma jocosa, ao prefeito Ricardo Nunes] não está dando conta de fazer isso. Inclusive esse relógio que eu estou usando aqui é de um garoto chamado Téo, lá do Jardim Rosana. Ele me deu esse relógio e eu prometi para ele que esse seria o governo das crianças e dos mais pobres. Téo, eu estou aqui com o seu relógio.

Mas o prêmio...

Quando você tem um plano, e aqui fica claro para todo mundo de São Paulo, o plano é para ser votado e depois nós vamos para a parte do projeto. O que é a diferença entre um plano e um projeto? São dez planos de governo. Nós estamos viabilizando quem vai tocar esse plano. Ganhamos a eleição, nós vamos fazer o projeto. Aí é de acordo com o caixa, a gente vai ter que gerar a economia para gerar isso.

Agora, qual é a intenção? Está vinculado ao presenteísmo, ao crescimento da nota dessas escolas. De novo, nos Estados Unidos, o valor do IPTU do imóvel está vinculado à nota da escola. Não se chama IPTU lá. O valor dos imóveis fica vinculado à nota da escola. Esse é o modelo de gestão que eu quero fazer na escola pública de São Paulo. Vincular para todo mundo dar tanto valor na escola pública que a gente vai ficar todo mundo de olho nessas notas. E aí a gente vai fazer um ranking comparativo dessas escolas e vamos premiar esses professores.

O senhor pretende trabalhar mais com premiação do que com a questão da elevação do piso salarial dos professores?

Eu imagino que esses últimos governos não têm subido a percepção de valor que os professores têm. A gente vai nas duas frentes. Agora, a lógica de premiação imediata vai fazer empolgar muito mais. O professor precisa ser honrado. Eu não sou pedagogo, não sou formado, mas eu dou aula. Eu sou mentor de milhões de pessoas no Brasil e eu valorizo sua profissão. Sou um educador. E você pode saber que o próximo prefeito de São Paulo é educador e vai valorizar o que vocês estão fazendo. Na década de 90, todo mundo respeitava o professor e respeitava a polícia. Eu não sei o que aconteceu porque esse esquerdismo, esse comunismo, foi alastrando na nossa cabeça e ninguém respeita mais a autoridade, não respeita a polícia e nem respeita o professor. Os alunos vão respeitar vocês, sim. Vocês podem contar com isso.

O plano de governo do senhor mostra o problema que temos no saneamento básico e fala até em um eventual voluntariado junto ao governo do Estado, governo federal e a iniciativa privada para resolver esse problema. A Sabesp acabou de ser privatizada. A ideia é a população fazer voluntariado para uma empresa agora privada?

Parte, né. O maior cliente da Sabesp, quase 50% do consumo da Sabesp é a cidade de São Paulo. Eu acredito no [governador] Tarcísio [de Freitas], apesar de ele está insistindo em apoiar um defunto. Todos os dias ele acorda com a missão de ressuscitar o defunto chamado Bananinha.

Lá não foi tudo privatizado. Tem capital privado agora, a empresa não tinha dinheiro em caixa, e acho que foi assertivo [a privatização]. O Estado provou que não dá conta de tocar a si próprio. Então precisa da iniciativa privada para dar celeridade e injeção de capital nisso.

Mas e o voluntariado. Faz sentido?

A gente tem mais de mil mananciais. Quando eu falo de voluntariado, é para ajudar a limpar os rios. Não faz sentido? A gente tem que colocar a política pública de voluntariado em mutirão, que é o que vai resolver.

Mas não é uma obrigação da empresa?

A empresa vai cumprir. Só que o povo é o maior detentor e o maior interesse é o povo de resolver isso. Então a gente vai trazer. É obrigação do prefeito, por exemplo, zerar a fila de exame de 447 mil. Não tem como, vou ter que trazer gente de fora, fazer hospital provisório, convênio com hospitais particulares.

Ou seja, esse modelo de mutirão, que é o que eu estou propondo, e você votando aí no dia da vingança, dia 6 de outubro no número 28, nós vamos trabalhar muito forte por isso.

O senhor disse que se compromete a limpar definitivamente o Tietê. Uma proposta que São Paulo escuta ao menos há 40 anos ou mais. O problema é que a bacia do Tietê é composta por 16 municípios. É por isso que essa tarefa de limpeza do Tietê normalmente fica a cargo do governo do Estado. Qual seria, para o senhor, o papel da Prefeitura?

O prefeito mal-intencionado, igual o [Guilherme] Boulos [PSOL], entrando, não vai limpar nunca. O que está aí já sabe que ele não vai limpar também porque ele não limpou. Estão fazendo 10 anos. A Sabesp, já falei, quase 50% do consumo, da renda, que essa empresa gera, vem da cidade de São Paulo.

Então se eu não trabalhar de forma bem-intencionada com o governador, não vai fazer nunca. Então, é meu interesse particular. Eu lembro de uma vez que eu fui comprar uma fazenda e eu perguntei qual é o rio que passa atrás? E aí alguém me escondeu isso. Eu cheguei no lugar e era o Tietê. Eu falei: ‘Não quero nem de graça’. Por quê? Um rio desse, se ninguém respeita ele, por que eu quero uma fazenda dessa? O rio Tietê tem mil quilômetros. A vazão dele é baixa. E é um rio que é limpo em uma ponta e é limpo na outra. Mas quando passa nessa cidade, principalmente na cidade de São Paulo, vira o maior esgoto a céu aberto. Então tem que ter política pública de limpar os mananciais e de fazer tratamento do esgoto dentro da cidade E essa universalização do saneamento básico garante isso.

Mas qual o papel da Prefeitura?

Apoiar, criar esses mutirões, limpar esses mananciais, porque nós estamos descarregando toneladas de lixo dentro do Tietê. Se eu, como prefeito, com política pública, evitar que isso seja jogado, eu já contribuí com a minha parte. A minha parte e a de 12 milhões de pessoas dentro da cidade.

O plano de governo do senhor falava em triplicar o efetivo da guarda municipal. Recentemente, o senhor já disse que talvez não consiga triplicar.

Talvez não. Eu fui para El Salvador, tive com o ministro da Justiça, com o Gustavo [Vilattoro], e ele me deu uma aula de como combater a criminalidade. Eu ouvindo a guarda municipal, ouvindo a Polícia Militar, algumas pessoas da polícia, eu percebi o seguinte: hoje a gente tem 7 mil guardas e nós vamos chamar todo mundo que está aprovado em concurso. Se eu aumento essa guarda nesse tanto, eu não consigo valorizar os salários deles.

Custa R$ 700 milhões só a folha atual...

A gente consegue, a gente é rico, não precisa se preocupar com isso não. Só que, quando eu chegar na Prefeitura, em 1º de janeiro, vão mandar revisar todos os contratos e gerar uma economia que você nem imagina. Calma. Tirando a companheirada, esse bando de corruptos, fica tranquilo que vai sobrar dinheiro.

O que que eu decidi lá, ouvindo o Gustavo e é uma política que eu vou seguir aqui na cidade de São Paulo: nós vamos aumentar a Operação Delegada. Quanto mais economia a gente tiver no Estado, a gente vai aumentar isso. Por quê? Tem no plano de governo o anticrime.

Nós vamos fazer um jejum em janeiro de crime. E a gente vai fechar as entradas dessa cidade. Vamos fazer isso com a Operação Delegada e vou estender isso para a Polícia Civil. A Operação Delegada é o governo do Estado, onde o policial militar já vem com a sua farda, já vem com a sua arma, e ele pode atuar imediatamente. Ele já é treinado, ele tem tirocínio.

Isso já acontece hoje.

E nós vamos aumentar. E não acontece com a Polícia Civil.

Aumentar em quanto?

De acordo com a disponibilidade de caixa. A gente vai aumentando progressivamente.

Existe uma questão que é o efetivo e como se distribui esse efetivo pelos turnos de trabalho. Há um limite em aumentar o policiamento com o atual efetivo.

Vou aumentar as áreas. Você que está preocupado com segurança pública, que é o item número um de problema dessa cidade, o distrito mais perigoso hoje é o distrito de Pinheiros. Vamos começar por ele e expandir até o último. Onde tiver nós vamos levar esse policiamento. A progressão vai ser de acordo com a disponibilidade de caixa e o convênio que a gente tem.

Agora, a gente pode reformar isso. Inclusive, a Polícia Civil saiba que nós vamos estender para vocês também. Eu duvido que não tenha interesse dos policiais. Eles preferem trabalhar dessa forma. Nós vamos aumentar o valor. Vamos gerar a economia no Estado para fazer essa progressão.

Não são funções distintas? A Polícia Civil atua depois do crime, fazendo a investigação. Não faz policiamento ostensivo.

Só que eles podem fazer a parte investigativa também. Nesse anticrime, se a gente não usar todas as nossas forças, inclusive eu vou convidar o atual mandatário da Presidência da República para a gente combater o crime aqui nessa cidade. É o item número um da cidade e pode contar com o xerife aqui que eu vou resolver isso.

O senhor, quando fala que vai convocar o atual mandatário, está falando do Lula. Considera que vai ter uma boa relação com ele?

A questão da relação vai depender dele. Eu sou republicano. O que é republicano? Sou uma pessoa que, na hora que acabar a eleição, a gente precisa governar.

Se ele vier a São Paulo, você vai receber ele?

Claro, ele é presidente do Brasil. Eu não estou contra ele não. Eu luto para que ele faça as coisas certas. Que ele diminua o imposto como o Bolsonaro diminuiu. Que ele seja um cara que não gaste tanto dinheiro igual está gastando. Que ele não interfira no Banco Central. Eu estou a favor. Eu quero que ele dê certo.

Eu sou brasileiro. Lula, eu torço para que você dê certo e vou te receber aqui na cidade de São Paulo com muita tranquilidade e vou precisar da sua ajuda aqui para a gente governar.

Eu sou brasileiro. Lula, eu torço para que você dê certo e vou te receber aqui na cidade de São Paulo com muita tranquilidade e vou precisar da sua ajuda aqui para a gente governar.

Pablo Marçal, candidato a prefeito pelo PRTB

Eu queria falar sobre a relação do senhor com o Bolsonaro. O senhor tem um público mais ou menos parecido com o dele. Metade do eleitorado que votou nele está com senhor, mas nos últimos dias ele soltou um vídeo reclamando do senhor no 7 de setembro, disse que o senhor foi um traidor...

Não reclamou, não. Traidor? Ele não falou isso não.

Sim, no vídeo que ele compartilhou.

Ele verbalizou?

Ele compartilhou o vídeo.

Isso é fofoca, então. Compartilhou onde?

No WhatsApp com aliados.

Isso é fofoca, irmão.

Na outra vez que o senhor discutiu nas redes sociais com ele, o senhor disse que na verdade foi o Carlos.

É o Carlos que usa a rede social.

Mas hoje a relação está como?

Está normal. Depois que passar a eleição fica tudo bem.

O senhor não acha que ele, Bolsonaro, tem um certo ciúme do senhor?

Capitão do Exército ter ciúme de macho acho que não faz muito sentido. Isso é elucubração.

Mas teve o episódio da bandeira [no 7 de Setembro, uma bandeira do Brasil dizia que Marçal será o próximo presidente do Brasil e que Bolsonaro acabou], que o senhor diz que foram funcionários da Prefeitura, a Prefeitura diz que não foi.

Eu disse, não. Eu dei o vídeo, postei, e não sei porque a Justiça mandou tirar.

No vídeo completo mostra o funcionário, mas a bandeira já estava lá.

Por que o funcionário está esticando a bandeira?

Para alguém passar.

Passar onde? O cara pode passar na calçada. Aquilo lá eu que mandei para a imprensa falando que isso está destruindo um símbolo nacional. Eu mesmo mandei. Aquilo lá é coisa de apoiador, de gente maluca.

Por que o senhor acha que o Bolsonaro não apoia o senhor?

Só o fato dele não ter paixão no Nunes parece que ele está me apoiando. É um sentimento. E todo mundo tem esse mesmo sentimento.

Só o fato dele (Bolsonaro) não ter paixão no Nunes parece que ele está me apoiando. É um sentimento. E todo mundo tem esse mesmo sentimento.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo

Mas ele estava na convenção do Nunes, indicou o vice...

Sabe por que ele tem o vice? O Bananinha ia colocar a Marta Suplicy de vice e o Bolsonaro não deixou. E quando eu almocei com Bolsonaro, eu fiz votos, não pedi nada para ele, eu fiz votos que ele conseguisse mesmo colocar.

Colocando um vice que é do PL, a gente ganha a eleição do primeiro turno. Por quê? Porque a esquerda vota ideologicamente. Ideologia é telhado. Nós, não é um movimento bolsonarista, não é marçalista. É um movimento que é cristão. É um movimento conservador. E vem antes de todos nós.

Esse movimento vota por princípios. Vocês podem... Quando eu falo em vocês, me desculpem que vocês não fizeram isso ainda, mas a mídia inteira pode me atacar, o consórcio comunista do Brasil, as pessoas sabem pelos princípios que nós vivemos. Eles não estão nem aí para o que vocês estão falando.

Sobre o Bolsonaro, eu acredito que ele me apoiaria se eu tivesse vindo em outubro do ano passado. Eu quis entrar porque eu vi que sacaram o Salles. Tá muito simples. Eu não iria disputar a Prefeitura de São Paulo. E o que está chocando o sistema? O que está chocando o sistema é que um cara sem as suas redes sociais, sem fundo eleitoral, sem TV, sem padrinho, sem ninguém, sem coligação nenhuma, está em primeiro lugar na maior parte das pesquisas.

Eu escuto de pessoas que às vezes acham que a postura do senhor é um pouco agressiva, principalmente nos debates. O senhor falou alguns palavrões em debates, e às vezes tem crianças assistindo na sala, as famílias ficando preocupadas com isso.

Qual que foi o candidato que não falou palavrão? Todos falaram.

O que senhor diria para essas pessoas que acharam a sua postura um pouco agressiva nesses debates, e que em algum momento o senhor eventualmente tenha se excedido, tenha falado algum palavrão em público, numa televisão aberta.

Me lembra um palavrão.

O senhor fez referência também a uma certa parte da anatomia do corpo humano, usando outras palavras. Na TV Gazeta, a apresentadora pediu para o senhor evitar o palavrão.

Mas qual que foi?

Não vou repetir aqui.

Eu não falei isso. Eu usei orifício rugoso lombar, comedor de açúcar.

É mais fácil o senhor falar para o eleitor.

Vou falar para o eleitor. Com comunista não pode afrouxar, eu estou pegando leve. Esperem guerra no mais alto grau contra o consórcio comunista do Brasil, PMDB, essa tropa de Nunes, Tabatinha, Chataba [apelido que usa para Tabata Amaral], quer dizer, comedor de açúcar [Boulos] e ‘dá pena’ [apelido para José Luiz Datena].

Esse pessoal, eu vou tratorar eles no próximo debate. É meu único tempo de televisão. Você está certo. Eu estou agressivo porque eu só tenho Deus e o trunfo. No meu tempo de televisão ninguém vai mandar no que eu faço. Espere, ‘dá pena’, que eu vou soltar no seu peito agora no debate no SBT. E você, Bananinha, espere o que eu vou soltar, porque você está me chamando de bandido. Eu vou te prender ano que vem, porque eu vou auditar todos os seus movimentos na Prefeitura. Você vai ser preso. Se você não for você muda meu nome.

O senhor fala muito de PPPs. Mas no plano do senhor não fala qual área, por exemplo, o senhor vai fazer PPP e qual não vai fazer.

Todas possíveis.

Todas possíveis são quais?

Todas possíveis. Tudo que tiver como colocar na mão do povo. O que a lei permitir. Por exemplo, nós vamos fazer esporte olímpico. O que a gente precisa fazer? A gente precisa ter iniciativa privada pra fazer esses centros olímpicos. Porque se for do poder público, eu vou entregar o primeiro no segundo ano. Então, se eu abrir uma parceria público-privada em alguns meses, está pronto. Iniciativa privada é o povo

O comunista gosta de criar uma guerra de Estado contra a iniciativa privada, só que a iniciativa privada é uma família que prosperou e é o povo. É alguém do povo que tem um CPF, foi elevado a um CNPJ e emprega pessoas. Governo nenhum gera emprego. Aprenda isso, pelo amor de Deus. Eu vou atrair um monte de empresa pra dentro da cidade de São Paulo. Nós perdemos vocação de indústria na cidade de São Paulo. Nós vamos voltar com isso. Precisamos de ter as empresas do futuro, de tecnologia. Por que eu estou falando isso e nós vamos criar esses dois milhões de empregos? Porque quem cria é o povo. Nunca foi um governo criador de emprego.

Quem cria é empreendedor. E empreendedor é gente como a gente.

No plano de governo, o senhor menciona que cidades que implementam planos de mobilidade experimentam melhorias na qualidade do ar, mas não faz referência direta aos corredores de ônibus, que são centrais no plano de mobilidade de São Paulo. Existe um cronograma para essas obras. O senhor pretende garantir a execução dessas obras? E quais corredores o senhor pretende priorizar?

O que eu vou fazer com a dinamicidade da gestão pública a partir do 1º de janeiro, alguns planos serão alterados e projetos também. Vou explicar porquê: se eu levo 2 milhões de empregos [para a periferia], e a gente vai ter que gastar uma energia absurda para fazer isso, para as capilaridades, o jogo mudou na cidade de São Paulo.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, participa de sabatina no Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

Só para você entender o que é política pública, que não é levada a sério. O atual ex-prefeito, o futuro ex-prefeito, esse Bananinha, não cumpriu nem 10% do plano de governo para criar os 40 quilômetros de corredor de ônibus. O que está em execução a gente não vai parar. Nós vamos concluir. Mas a gente vai ter que revisar todos esses planos. Por quê? Se a gente continuar crescendo o investimento em segurança pública, não é muito melhor ir na causa e não no efeito, e dar esporte, emprego e educação? Isso diminui o gasto de segurança pública. Então a gente tem que trocar a despesa por custo. Custo eu coloco naquilo que dá retorno para o povo. Então, se eu gero 2 milhões de empregos nesse cinturão, por que que eu tenho que continuar com o plano? Sendo que eu vou fazer com que esse povo seja capilarizado. Vai ter emprego aí perto da sua casa.

Agora nós vamos ouvir. Tem que colocar. É igual piloto de avião. O piloto de avião não é mecânico. Tem que ouvir os mecânicos.

Todos os corredores que estão em execução vão ser terminados. Todos. Por quê? Porque isso é política pública. Todo mundo que é republicano chegar e concluir o que foi programado. Vamos pedir os estudos. Tem um plano, projeto, estudo técnico. Vai ter mais de 600 pessoas envolvidas nesses pequenos detalhes.

E essas 600 pessoas você pode adiantar alguém que estará participando?

Posso. Todo mundo que tiver caráter. Todo mundo que faz parte de uma agremiação política vai aparecer depois que você votar nesse plano.

Então o eleitor não pode saber (nomes) antes?

Vai ser selecionado. Se você sabe antes você já está devendo o cargo. Tem 10 pessoas [disputando a Prefeitura]. Agora caiu um que é o Betinho Haddad, do DC [que teve a candidatura impugnada]. Nós somos nove. O que é que adianta? Ficar mostrando mil nomes sendo que só vai vencer um. Segundo: eu estou te dando a garantia que vai ter um recrutamento e seleção. Vou abrir para todos os partidos. Eu não estou devendo cargo pra ninguém. Se você vota no 28 do dia 6 de outubro, você está votando em alguém que não deve um cargo pra ninguém. Tem que ser no primeiro turno, porque depois se você der a chance de ficar essa encheção de saco de segundo turno, vai vir tantos partidos e eu vou ter que negociar com eles devendo.

Mas você deixa claro que partidos terão espaço no governo.

Claro. Tem que ter. Ninguém governa um negócio desse tamanho sozinho. O [Filipe] Sabará, que era secretário do Tarcísio, veio andar comigo sem promessa. Ele veio e falou: ‘Eu acredito em você’. Porque ele se envolveu comigo na questão do Rio Grande do Sul. Ele ficou espantado. Porque uma pessoa física deu conta de fazer. Essa vinda dele, até ele que é o cara que fez o plano de governo, é líder disso, é um cara que entende, que serve o povo há muito tempo, tirou mais de 3.500 pessoas das ruas, esse cara não tem uma promessa de ser nada no governo. Eu falei isso pra ele e falo pra todos. Não estou devendo ninguém. Estou devendo você [eleitor].

Claro [que os partidos terão espaço no governo]. Tem que ter. Ninguém governa um negócio desse tamanho sozinho.

Pablo Marçal, candidato do PRTB

O que o senhor pretende fazer com a passagem de ônibus no dia 1º de janeiro? Vai aumentar? O senhor vai abandonar o congelamento? E se for aumentar, de quanto para quanto?

A gente pretende continuar isso [o congelamento] até apresentar a solução de, no primeiro mês, quantos empregos gerados. Tirar esse ‘carregar o Uruguai’. A cidade de São Paulo arrasta como se fosse um País inteiro chamado Uruguai para o centro expandido. Como que nós vamos fazer? Progressivamente, esse subsídio que ainda nem consegue atender o povo direito, que o povo fica esperando demais para pegar o ônibus, progressivamente a gente, criando esses empregos, não vai ter essa demanda de ônibus do centro expandido.

O que nós vamos fazer? Progressivamente, gerando emprego, e ter essa atmosfera de emprego na periferia, não tem essa demanda. E nós vamos definir de acordo. Tem que ser dinâmico. Gestão pública não é dinâmica hoje porque a gente não tem governantes dinâmicos. Então, se não apresentar essa solução e não tirar o emprego, vai continuar congelado e nós vamos bancar isso. É o povo que está bancando. E o povo gosta disso.

O senhor hoje está ligado a uma série de CPNJs, tem várias empresas, várias atuando aqui em São Paulo. Se for prefeito, vai se afastar totalmente delas?

Eu já estou afastado. Eu não vou nessas empresas há meses. Eu nunca tive um contrato público e não pretendo ter. Mesmo que não seja proibido. Não tem em lugar nenhum que eu tive. Eu sou CVO no meu grupo, que é o quê? O CEO é o cara que toca uma empresa, o líder maior e o CVO de um grupo é aquele que é visionário. Eu tenho um cargo que eu não vou na empresa mesmo. Só que agora, vencendo a eleição, eu juro, eu vou desconectar por completo dessas empresas.

Em livros que o senhor já publicou e também em palestras, o senhor falava sobre a partir de abril de 2027, tem até uma data e um horário. 18h, que o senhor se aposentaria, mas seria no meio do mandato.

[A aposentadoria seria] no mundo dos negócios. Agora é servir o povo. A política para mim é filantropia.

O senhor dizia que é porque você tem um determinado momento que você sai do seu auge.

Você acredita que eu já alcancei isso, financeiramente? Eu já criei mecanismo e criei rendas passivas para isso. Já parei faz tempo. Se eu não fizer nada, tenho milhões de reais entrando o tempo inteiro nas empresas.

Sou filho de funcionário público, eu ouvi a vida inteira meu pai falar você tem que ter 10 casas de aluguel, você precisa de ter uma aposentadoria. Eu criei uma grande aposentadoria e agora eu vou ajudar você a cuidar da sua vida. Isso vai ser muito importante para o São Paulo.

Durante a entrevista ao Roda Viva, o senhor disse que o General Bank que o senhor anuncia era só um teste. Nós baixamos o aplicativo e verificamos que não há nenhum aviso para o consumidor de que ele é um teste.

Não, é um teste do grupo empresarial. Ele funciona. Tem uma conta concorrente normal vinculada ao Asas.

Tem um cadastro que faz, que permite que você tenha uma conta, abrindo essa conta pelo banco do senhor, a pessoa paga R$ 45. Mas isso no Banco Asas, que é onde a conta é realmente aberta, é um serviço gratuito. O senhor estaria cobrando...

Não sou eu, porque não estou no contrato social.

O banco estaria cobrando por um serviço que, na verdade, é um serviço gratuito. Nós consultamos dois juristas, Walter Maierovitch, e o doutor Arthur Lemos, que é Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo, e eles disseram que, em tese, em uma situação dessa, pode-se dizer que as pessoas podem ser induzidas a erro, e que o banco estaria auferindo uma vantagem.

Você baixou o aplicativo, você viu o que são os benefícios que as pessoas têm? Ela paga não é para ter a conta, ela paga para ter benefícios.

Ali na conta só explica que o benefício, nesse caso, era ter a conta digital.

O teste não é com o banco. O teste é eu validar para eu entrar como sócio nisso, na operação. Não faz parte do meu grupo.

O senhor não acha que deveria ter alguma advertência ali.

A operação é lícita e está normal. O negócio aqui é um MVP. O que é um MVP? É o mínimo viável de um produto. Eu testo muitos produtos para agregar isso no meu grupo empresarial. Nós temos muitas empresas, eu sou investidor profissional, inclusive.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, em entrevista ao Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

Hoje, o meu negócio... Hoje não, porque agora eu sou o prefeito de São Paulo e eu já estou migrando para essa situação. Eu faço MVPs, o teste não é sobre o banco. Então, você trazendo o banco, o banco não está no meu nome, ele está sendo testado por mim. Eu estou testando a operação para ver se aprovo a operação para passar para dentro do meu time, dentro do meu conglomerado. Nos Estados Unidos tem mais de 10 mil bancos. No Brasil tem 140 instituições financeiras, das quais só 12 dominam. Eu quero que você abra a mente, você também pode ter um banco. Qualquer empresário pode querer um banco.

Não acaba induzindo a pessoa ao erro, pagando por uma coisa que é gratuita?

Mas ela está pagando pelos benefícios, que tem lá, está descrito os benefícios, tem um rol de benefícios.

Tem um assunto que está colocado na campanha, o Estadão fez matérias sobre isso, que são figuras do partido senhor com condenações ou investigações relacionadas ao tráfico de drogas e vinculação com o PCC. O senhor chegou até a defender que o presidente do partido deveria sair.

Eu fiz isso.

Mas depois o senhor fez agenda com ele e passou a defendê-lo.

(Eu pedi), mas ele não saiu. Vou fazer o que?

Mas e na prefeitura?

Na prefeitura não tem combinado com ele.

O senhor não pode simplesmente trocar de partido?

Como que eu vou trocar de partido? Eu sou filiado. É meu sonho no Brasil, meu sonho é que uma pessoa possa ter sua candidatura independente. Porque o partido político é o negócio mais assustador que você vai ver. Ninguém no meu perfil consegue viabilizar a candidatura. O Silvio Santos quis ser presidente, nunca que ia conseguir. Não conseguiu.

E esse povo não deixa. Esse povo que domina esses partidos políticos, eles são um terror. O que está acontecendo hoje? Ninguém consegue me parar, não vai parar. E se alguém descobrir, me conta que eu preciso parar só um dia para descansar. Ninguém consegue me parar. Aí fica em volta de tudo, caçando coisa na África, caçando não sei o que. Está tudo bem. Eu não estou importando com isso. Eu vou te servir de qualquer jeito.

Ninguém no meu perfil consegue viabilizar a candidatura. O Silvio Santos quis ser presidente, nunca que ia conseguir. Não conseguiu. E esse povo não deixa. Esse povo que domina esses partidos políticos, eles são um terror.

Pablo Marçal, candidato do PRTB

Mas o senhor não consegue convencer as pessoas do seu partido a saírem…

Mas eu não sou o presidente do partido. A viabilidade do partido não é minha.

O senhor é a pessoa mais importante do partido.

Ótimo. Mas uma caneta de alguém derruba minha candidatura e acabou.

Se alguém me convida para um grupo, a gente só tem gente meio estranha...

Fala um partido então que é o partido dos santos. Não existe. Ou seja, nós precisamos lutar no Brasil pela candidatura independente. Por quê? Porque qualquer cidadão que queira fazer, e um cara nobre igual você que eu estou identificando aqui, você é um cara que não suportaria estar dentro de um partido político. É um negócio assustador. É gente brigando por nada. É um negócio maluco todo dia. Eu louvo a Deus pelo partido que eu estou, se não eu não conseguiria disputar, mas em breve nós poderemos fazer isso individualmente, sem partido político. Eu vou lutar por isso.

Eu dou um espaço para que o senhor faça as considerações finais.

É o seguinte, São Paulo tem jeito. Não faz isso aqui virar uma m.... gigantesca na mão do Boulos. M…. não é palavrão. Não deixe o Bananinha destruir essa prefeitura. Eles estão há 10 anos, esse governo é do Dória. Ele é só um herdeiro. Esse vereador não tem perfil para ser prefeito. Eu peço se eu vote. Me dá a chance de servir você.

O candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, disse durante sabatina realizada pelo Estadão na manhã desta quarta-feira, 11, que sua relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dependerá do petista, mas que está disposto a se encontrar com ele caso seja eleito para administrar a maior cidade do Brasil.

“Eu sou brasileiro. Lula, eu torço para que você dê certo e vou te receber aqui na cidade de São Paulo com a maior tranquilidade e vou precisar da sua ajuda para a gente governar”, afirmou Marçal. O candidato disse ainda que não está “contra” Lula, mas que luta para que o presidente “faça as coisas certas”, diminua impostos “como Bolsonaro” e reduza as despesas públicas.

Depois do ex-presidente Jair Bolsonaro compartilhar um vídeo em que Marçal é classificado como “traidor”, o influenciador disse que a relação entre os dois está normal. “Depois que passar a eleição fica tudo bem [...] Só o fato dele não ter paixão no Nunes parece que ele está me apoiando”, afirmou o candidato do PRTB, se referindo ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), que concorre à reeleição.

Ele rechaçou a possibilidade de Bolsonaro ter ciúmes de sua popularidade entre o eleitorado de direita pois “Capitão do Exército ter ciúme de macho não faz muito sentido”, disse.

Marçal evitou detalhar em quais áreas específicas pretende, caso eleito, firmar parcerias entre a Prefeitura e a iniciativa privada, respondendo apenas “todas possíveis”. Ele disse que irá aumentar a Operação Delegada — que paga policiais militares de folga para reforçarem o policiamento —, incluir a Polícia Civil e levá-la para todos os distritos de São Paulo.

“Será de acordo com a disponibilidade de caixa”, afirmou. “Nós vamos fazer um jejum em janeiro de crime. E a gente vai fechar as entradas dessa cidade. Vamos fazer isso com a Operação Delegada e vou estender isso para a Polícia Civil”, disse.

O candidato afirmou ainda que pretende propor que o Plano Diretor incentive a descentralização de moradias e empresas porque ele quer criar dois milhões de empregos para a periferia. “Para isso, eu preciso verticalizar as periferias. A cidade de São Paulo se concentrou muito no eixo expandido. Agora, a gente precisa inverter esse circuito para o lado de fora, nas divisas”, disse.

Candidato do PRTB, Pablo Marçal concede entrevista ao Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

Marçal também comentou sobre as condenações e investigações de integrantes do PRTB e sobre o e o áudio em que o presidente do partido, Leonardo Avalanche, diz ser ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC). No passado, o candidato sugeriu que Avalanche deixasse o partido, mas depois passou a defendê-lo e fazer agendas acompanhados por ele. Avalanche nega relação com a organização criminosa.

Questionado sobre o caso, o ex-coach respondeu que, apesar da sua opinião, Avalanche não quis sair e que ele, Marçal, não controla o partido. “A caneta de alguém derruba minha candidatura e acabou”, disse.

Leia a íntegra da entrevista

A pesquisa Atlas divulgada nesta quarta mostra o senhor com 24,4%, enquanto Guilherme Boulos tem 28% e Ricardo Nunes 20,1%. Como o senhor avalia essa pesquisa?

A pesquisa que eu estou acompanhando, que faz mais sentido, e que acertou que o governador Tarcísio é a Veritá. Na Veritá estou com 30%, o Boulos deve estar com 25%, alguma coisa assim. Em outras pesquisas o Boulos está com 21%. Mas o que interessa, na verdade, é que eu entrei com 5%. Subi para 10%, depois 11%, 14%, 16%, 18%, 21%, 24%, 26%, 29% e 30%.

Mas o senhor não vê diminuição do ritmo de crescimento?

Mas é normal. Eu estou subindo e, se eu continuasse subindo de forma exponencial, eu ia estar com 200% já. Então, agora é a hora de virar voto, de conquistar. Depois da exposição de muita gente, esse consórcio comunista do Brasil me atacando, que é o Nunes, com o PMDB e companhia, o PSB, juntaram os quatro contra mim. É normal que essa subida agora seja a conta-gotas.

Agora, você vai na rua, é um pouquinho diferente. Eu tenho minhas trackings. Eu sinto vergonha de ver uma pesquisa dessas, e aqui, você que é eleitor, eu tenho que te contar o segredo das pesquisas: alguém paga por elas. Pesquisas quali, que trazem mais detalhamento, custam bilhões. E esses partidos políticos usam seus fundos, e eu não tenho fundo eleitoral, não tenho padrinho político, não tenho tempo de TV, não tenho tempo de rádio, e até as redes sociais que eu tinha eles tomaram. E mesmo assim eu continuo em primeiro. De dez pesquisas, oito estou na frente.

Essa é a avaliação que o senhor faz?

A avaliação é muito simples. O astronauta [Marcos Pontes] não ganhava eleição para o Senado, o [Márcio] França estava na frente. Da noite para o dia, a pesquisa que falava que estava 14 pontos na frente, ele amanheceu senador da República. Ou seja, não confiem nas pesquisas. A pesquisa que você tem que chegar é o povo.

O próximo prefeito vai preparar a elaboração do novo Plano Diretor. O senhor pretende manter os eixos de estruturação da transformação urbana do Plano Diretor atual ou fará alguma modificação nesses eixos?

O Plano Diretor é revisitado a cada 10 anos. Foi em 2014 e agora em 2024. Eu quero construir um símbolo do Brasil aqui em São Paulo, inclusive melhorando a vida das pessoas na Zona Sul, próximo de Interlagos. Eu quero construir o maior prédio do mundo aqui, de um quilômetro de altura. Alguns metros a mais que o prédio que tem hoje em Dubai.

A nossa cidade não foi planejada com subúrbios e grandes avenidas. Então a gente não pode trazer pro Centro expandido essa questão de verticalização como alguns pretendem. Eu quero fazer o inverso.

O senhor vai mudar então?

Vamos. Vou conquistar a Câmara pra isso, porque a gente quer gerar dois milhões de empregos nas periferias, que é o grande problema da cidade de São Paulo. Isso já vai resolver o problema de poluição, de lentidão de trânsito, de mobilidade e de segurança pública.

Serão dois milhões de empregos até o final do meu mandato, em 1.470 dias. Para isso, eu preciso verticalizar as periferias. Primeiro, quando eu falo periferia, é periferia mesmo. Favela precisa ter liberação fundiária, de desfavelizar primeiro, não é verticalizar ali não. É nas periferias.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, em entrevista ao Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

A cidade de São Paulo se concentrou muito no eixo expandido, agora a gente precisa inverter esse circuito para o lado de fora, nas divisas. A cidade de São Paulo está rodeada de 38 cidades. É uma metrópole poderosa e a gente precisa investir nessas capilaridades, onde você vai ter emprego próximo da sua casa, vai melhorar a sua qualidade de vida, e você vai gostar muito disso.

O plano de governo do senhor fala em aumentar o número de subprefeituras de 32 para 96. Seriam criados vários cargos de comissão, de subprefeitos, que são cargos que os vereadores costumam utilizar como cargos políticos. Parece uma proposta de aumentar o tamanho do Estado e não diminuí-lo.

Ao contrário. A gente vai diminuir a quantidade de prédios e vai ter economia. Nós vamos investir em tecnologia para ter esse 156 [número telefônico para atendimento da Prefeitura] na mão de verdade e usar isso. O que a gente precisa é que a pessoa saiba onde a Prefeitura está. Às vezes a pessoa precisa de um cadastro, ela vai em um prédio, ela precisa pegar um outro serviço, ela vai em outro.

Nós vamos unificar isso. A Prefeitura de São Paulo hoje tem 40 mil imóveis.

Mas e em termos de cargos?

Vai ter menos. Vai ter uma reforma. Esse aumento para 96 [subprefeituras], são pontos de atendimento. Não pode ficar a administração do Ricardo Nunes porque ela não funciona. Ela é inchada. Nós vamos equalizar isso.

O que eu estou falando sobre economia é que, aumentando esses pontos, nós vamos diminuir os aluguéis que tem em prédios, nós vamos pegar prédios da Prefeitura e colocar em um prédio só. Hoje você pega várias secretarias cada uma tem um prédio. A gente vai unificar isso. Uma subsecretaria hoje às vezes está em 10, 15 prédios. Vai estar em um só. Isso é economia.

E aí vai criar outra subprefeitura?

Nós vamos criar as 96. São 472 bairros, mais de mil favelas em São Paulo. São 96 distritos. O que eu quero é o que você quer também. É ter uma subprefeitura próximo da sua casa.

E essa subprefeitura, inclusive, vai ter um negócio chamado GDB, que é o gestor de bairro. Gestor de bairro de 100 quadras, de 10 quadras e de 1 quadra. Nós vamos colocar essa subprefeitura.... você vai ver os comerciantes, os moradores, os trabalhadores, todo mundo vinculado.

E vai ter uma figura de zeladoria na cidade, assim como tem nos Estados Unidos, que não vai ficar precisando de empreiteira para ficar consertando coisa depois que estraga um ano depois. Eles vão fazer a prevenção disso. Quebrou a calçada, vai arrumar.

A gente tem um problema hoje na cidade de São Paulo. São mais de 30 milhões de metros quadrados precisando de fazer calçada. Você pensa, ‘mas isso aí é um problema do dono do imóvel’. Esse problema é de todo mundo porque 30% das entradas nas UPAs são de Acidente por problema de calçada.

Uma das mudanças na máquina que o senhor fala está ligada às escolas. O plano de governo do senhor diz: “agrupar as escolas de acordo com as informações reunidas, elaborando um plano conjunto com as instituições de ensino e seus profissionais”. O que significa agrupar as escolas? Vai diminuir o número de escolas?

Nós vamos transformar a escola pública de São Paulo em escola olímpica.

Mas e o agrupar?

O agrupar é o seguinte: a máquina é muito grande e ela está ineficiente. A gente gasta 25 bilhões, salvo engano, no próximo ano a gente vai gastar... Ou melhor, se for na estrutura administrativa de hoje, é gasto. A gente vai investir, vai chegar a quase R$ 30 bilhões no ano que vem.

Se a gente não criar eficiência nessa administração pública, o seu filho só está com ocupação. A grande verdade desse agrupamento é que a gente vai ensinar algumas coisas e o começo disso não é implementar em todas as escolas de uma vez.

Nós vamos começar a ensinar coisas que deveriam ser ensinadas há décadas para os brasileiros, mas vai começar por São Paulo. Inteligência socioemocional, ‘empresarização’, tecnologias do futuro, empregos do futuro e educação financeira.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, em entrevista ao Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

Qual é a nossa pretensão? Se não for por agrupamento, a gente não consegue montar a escola olímpica de uma vez só. Nós vamos agrupar em uma região e testar o modelo. O centro olímpico custa de R$ 1 milhão a R$ 1,5 milhão, dependendo do lugar.

A gente quer colocar isso em todas as escolas e em todas as periferias. O esporte molda caráter. Eu sou esportista, sou triatleta. Das 80 mil pessoas que tem na situação de rua você vai ver que não tem esportista na rua. Então, nós vamos ensinar para o seu filho que ele pode ter o próprio negócio. O Brasil, hoje, não tem esse modelo.

Inclusive, quem faz faculdade de administração não aprende a mexer com empresas, ele aprende a ser supervisor de empresa, gerente no máximo. Nós vamos ensinar isso para o seu filho e é isso que nós vamos fazer na escola. Eu vim de escola pública, eu sou filho de faxineira, filho de funcionário público e eu posso falar uma coisa para você: nós não aprendemos a prosperar. E na cidade de São Paulo, o seu filho vai aprender.

O senhor fala em criar programas com prêmios para os professores por desempenho. Já tem ideia de como é que vai ser esse prêmio, qual a meta a ser atingida? Vai estar atrelado de alguma forma ao Ideb?

Nós vamos ser número um em quatro anos. Nós vamos voltar para o primeiro lugar no Ideb. Não faz sentido nenhum São Paulo não estar em primeiro, perdendo para Estados como Goiás, Paraná, Santa Catarina. Então nós vamos recuperar isso.

No ensino, hoje, só 38% das crianças estão terminando a fase de alfabetização alfabetizadas. Ou seja, o Bananinha [como ele se refere, de forma jocosa, ao prefeito Ricardo Nunes] não está dando conta de fazer isso. Inclusive esse relógio que eu estou usando aqui é de um garoto chamado Téo, lá do Jardim Rosana. Ele me deu esse relógio e eu prometi para ele que esse seria o governo das crianças e dos mais pobres. Téo, eu estou aqui com o seu relógio.

Mas o prêmio...

Quando você tem um plano, e aqui fica claro para todo mundo de São Paulo, o plano é para ser votado e depois nós vamos para a parte do projeto. O que é a diferença entre um plano e um projeto? São dez planos de governo. Nós estamos viabilizando quem vai tocar esse plano. Ganhamos a eleição, nós vamos fazer o projeto. Aí é de acordo com o caixa, a gente vai ter que gerar a economia para gerar isso.

Agora, qual é a intenção? Está vinculado ao presenteísmo, ao crescimento da nota dessas escolas. De novo, nos Estados Unidos, o valor do IPTU do imóvel está vinculado à nota da escola. Não se chama IPTU lá. O valor dos imóveis fica vinculado à nota da escola. Esse é o modelo de gestão que eu quero fazer na escola pública de São Paulo. Vincular para todo mundo dar tanto valor na escola pública que a gente vai ficar todo mundo de olho nessas notas. E aí a gente vai fazer um ranking comparativo dessas escolas e vamos premiar esses professores.

O senhor pretende trabalhar mais com premiação do que com a questão da elevação do piso salarial dos professores?

Eu imagino que esses últimos governos não têm subido a percepção de valor que os professores têm. A gente vai nas duas frentes. Agora, a lógica de premiação imediata vai fazer empolgar muito mais. O professor precisa ser honrado. Eu não sou pedagogo, não sou formado, mas eu dou aula. Eu sou mentor de milhões de pessoas no Brasil e eu valorizo sua profissão. Sou um educador. E você pode saber que o próximo prefeito de São Paulo é educador e vai valorizar o que vocês estão fazendo. Na década de 90, todo mundo respeitava o professor e respeitava a polícia. Eu não sei o que aconteceu porque esse esquerdismo, esse comunismo, foi alastrando na nossa cabeça e ninguém respeita mais a autoridade, não respeita a polícia e nem respeita o professor. Os alunos vão respeitar vocês, sim. Vocês podem contar com isso.

O plano de governo do senhor mostra o problema que temos no saneamento básico e fala até em um eventual voluntariado junto ao governo do Estado, governo federal e a iniciativa privada para resolver esse problema. A Sabesp acabou de ser privatizada. A ideia é a população fazer voluntariado para uma empresa agora privada?

Parte, né. O maior cliente da Sabesp, quase 50% do consumo da Sabesp é a cidade de São Paulo. Eu acredito no [governador] Tarcísio [de Freitas], apesar de ele está insistindo em apoiar um defunto. Todos os dias ele acorda com a missão de ressuscitar o defunto chamado Bananinha.

Lá não foi tudo privatizado. Tem capital privado agora, a empresa não tinha dinheiro em caixa, e acho que foi assertivo [a privatização]. O Estado provou que não dá conta de tocar a si próprio. Então precisa da iniciativa privada para dar celeridade e injeção de capital nisso.

Mas e o voluntariado. Faz sentido?

A gente tem mais de mil mananciais. Quando eu falo de voluntariado, é para ajudar a limpar os rios. Não faz sentido? A gente tem que colocar a política pública de voluntariado em mutirão, que é o que vai resolver.

Mas não é uma obrigação da empresa?

A empresa vai cumprir. Só que o povo é o maior detentor e o maior interesse é o povo de resolver isso. Então a gente vai trazer. É obrigação do prefeito, por exemplo, zerar a fila de exame de 447 mil. Não tem como, vou ter que trazer gente de fora, fazer hospital provisório, convênio com hospitais particulares.

Ou seja, esse modelo de mutirão, que é o que eu estou propondo, e você votando aí no dia da vingança, dia 6 de outubro no número 28, nós vamos trabalhar muito forte por isso.

O senhor disse que se compromete a limpar definitivamente o Tietê. Uma proposta que São Paulo escuta ao menos há 40 anos ou mais. O problema é que a bacia do Tietê é composta por 16 municípios. É por isso que essa tarefa de limpeza do Tietê normalmente fica a cargo do governo do Estado. Qual seria, para o senhor, o papel da Prefeitura?

O prefeito mal-intencionado, igual o [Guilherme] Boulos [PSOL], entrando, não vai limpar nunca. O que está aí já sabe que ele não vai limpar também porque ele não limpou. Estão fazendo 10 anos. A Sabesp, já falei, quase 50% do consumo, da renda, que essa empresa gera, vem da cidade de São Paulo.

Então se eu não trabalhar de forma bem-intencionada com o governador, não vai fazer nunca. Então, é meu interesse particular. Eu lembro de uma vez que eu fui comprar uma fazenda e eu perguntei qual é o rio que passa atrás? E aí alguém me escondeu isso. Eu cheguei no lugar e era o Tietê. Eu falei: ‘Não quero nem de graça’. Por quê? Um rio desse, se ninguém respeita ele, por que eu quero uma fazenda dessa? O rio Tietê tem mil quilômetros. A vazão dele é baixa. E é um rio que é limpo em uma ponta e é limpo na outra. Mas quando passa nessa cidade, principalmente na cidade de São Paulo, vira o maior esgoto a céu aberto. Então tem que ter política pública de limpar os mananciais e de fazer tratamento do esgoto dentro da cidade E essa universalização do saneamento básico garante isso.

Mas qual o papel da Prefeitura?

Apoiar, criar esses mutirões, limpar esses mananciais, porque nós estamos descarregando toneladas de lixo dentro do Tietê. Se eu, como prefeito, com política pública, evitar que isso seja jogado, eu já contribuí com a minha parte. A minha parte e a de 12 milhões de pessoas dentro da cidade.

O plano de governo do senhor falava em triplicar o efetivo da guarda municipal. Recentemente, o senhor já disse que talvez não consiga triplicar.

Talvez não. Eu fui para El Salvador, tive com o ministro da Justiça, com o Gustavo [Vilattoro], e ele me deu uma aula de como combater a criminalidade. Eu ouvindo a guarda municipal, ouvindo a Polícia Militar, algumas pessoas da polícia, eu percebi o seguinte: hoje a gente tem 7 mil guardas e nós vamos chamar todo mundo que está aprovado em concurso. Se eu aumento essa guarda nesse tanto, eu não consigo valorizar os salários deles.

Custa R$ 700 milhões só a folha atual...

A gente consegue, a gente é rico, não precisa se preocupar com isso não. Só que, quando eu chegar na Prefeitura, em 1º de janeiro, vão mandar revisar todos os contratos e gerar uma economia que você nem imagina. Calma. Tirando a companheirada, esse bando de corruptos, fica tranquilo que vai sobrar dinheiro.

O que que eu decidi lá, ouvindo o Gustavo e é uma política que eu vou seguir aqui na cidade de São Paulo: nós vamos aumentar a Operação Delegada. Quanto mais economia a gente tiver no Estado, a gente vai aumentar isso. Por quê? Tem no plano de governo o anticrime.

Nós vamos fazer um jejum em janeiro de crime. E a gente vai fechar as entradas dessa cidade. Vamos fazer isso com a Operação Delegada e vou estender isso para a Polícia Civil. A Operação Delegada é o governo do Estado, onde o policial militar já vem com a sua farda, já vem com a sua arma, e ele pode atuar imediatamente. Ele já é treinado, ele tem tirocínio.

Isso já acontece hoje.

E nós vamos aumentar. E não acontece com a Polícia Civil.

Aumentar em quanto?

De acordo com a disponibilidade de caixa. A gente vai aumentando progressivamente.

Existe uma questão que é o efetivo e como se distribui esse efetivo pelos turnos de trabalho. Há um limite em aumentar o policiamento com o atual efetivo.

Vou aumentar as áreas. Você que está preocupado com segurança pública, que é o item número um de problema dessa cidade, o distrito mais perigoso hoje é o distrito de Pinheiros. Vamos começar por ele e expandir até o último. Onde tiver nós vamos levar esse policiamento. A progressão vai ser de acordo com a disponibilidade de caixa e o convênio que a gente tem.

Agora, a gente pode reformar isso. Inclusive, a Polícia Civil saiba que nós vamos estender para vocês também. Eu duvido que não tenha interesse dos policiais. Eles preferem trabalhar dessa forma. Nós vamos aumentar o valor. Vamos gerar a economia no Estado para fazer essa progressão.

Não são funções distintas? A Polícia Civil atua depois do crime, fazendo a investigação. Não faz policiamento ostensivo.

Só que eles podem fazer a parte investigativa também. Nesse anticrime, se a gente não usar todas as nossas forças, inclusive eu vou convidar o atual mandatário da Presidência da República para a gente combater o crime aqui nessa cidade. É o item número um da cidade e pode contar com o xerife aqui que eu vou resolver isso.

O senhor, quando fala que vai convocar o atual mandatário, está falando do Lula. Considera que vai ter uma boa relação com ele?

A questão da relação vai depender dele. Eu sou republicano. O que é republicano? Sou uma pessoa que, na hora que acabar a eleição, a gente precisa governar.

Se ele vier a São Paulo, você vai receber ele?

Claro, ele é presidente do Brasil. Eu não estou contra ele não. Eu luto para que ele faça as coisas certas. Que ele diminua o imposto como o Bolsonaro diminuiu. Que ele seja um cara que não gaste tanto dinheiro igual está gastando. Que ele não interfira no Banco Central. Eu estou a favor. Eu quero que ele dê certo.

Eu sou brasileiro. Lula, eu torço para que você dê certo e vou te receber aqui na cidade de São Paulo com muita tranquilidade e vou precisar da sua ajuda aqui para a gente governar.

Eu sou brasileiro. Lula, eu torço para que você dê certo e vou te receber aqui na cidade de São Paulo com muita tranquilidade e vou precisar da sua ajuda aqui para a gente governar.

Pablo Marçal, candidato a prefeito pelo PRTB

Eu queria falar sobre a relação do senhor com o Bolsonaro. O senhor tem um público mais ou menos parecido com o dele. Metade do eleitorado que votou nele está com senhor, mas nos últimos dias ele soltou um vídeo reclamando do senhor no 7 de setembro, disse que o senhor foi um traidor...

Não reclamou, não. Traidor? Ele não falou isso não.

Sim, no vídeo que ele compartilhou.

Ele verbalizou?

Ele compartilhou o vídeo.

Isso é fofoca, então. Compartilhou onde?

No WhatsApp com aliados.

Isso é fofoca, irmão.

Na outra vez que o senhor discutiu nas redes sociais com ele, o senhor disse que na verdade foi o Carlos.

É o Carlos que usa a rede social.

Mas hoje a relação está como?

Está normal. Depois que passar a eleição fica tudo bem.

O senhor não acha que ele, Bolsonaro, tem um certo ciúme do senhor?

Capitão do Exército ter ciúme de macho acho que não faz muito sentido. Isso é elucubração.

Mas teve o episódio da bandeira [no 7 de Setembro, uma bandeira do Brasil dizia que Marçal será o próximo presidente do Brasil e que Bolsonaro acabou], que o senhor diz que foram funcionários da Prefeitura, a Prefeitura diz que não foi.

Eu disse, não. Eu dei o vídeo, postei, e não sei porque a Justiça mandou tirar.

No vídeo completo mostra o funcionário, mas a bandeira já estava lá.

Por que o funcionário está esticando a bandeira?

Para alguém passar.

Passar onde? O cara pode passar na calçada. Aquilo lá eu que mandei para a imprensa falando que isso está destruindo um símbolo nacional. Eu mesmo mandei. Aquilo lá é coisa de apoiador, de gente maluca.

Por que o senhor acha que o Bolsonaro não apoia o senhor?

Só o fato dele não ter paixão no Nunes parece que ele está me apoiando. É um sentimento. E todo mundo tem esse mesmo sentimento.

Só o fato dele (Bolsonaro) não ter paixão no Nunes parece que ele está me apoiando. É um sentimento. E todo mundo tem esse mesmo sentimento.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo

Mas ele estava na convenção do Nunes, indicou o vice...

Sabe por que ele tem o vice? O Bananinha ia colocar a Marta Suplicy de vice e o Bolsonaro não deixou. E quando eu almocei com Bolsonaro, eu fiz votos, não pedi nada para ele, eu fiz votos que ele conseguisse mesmo colocar.

Colocando um vice que é do PL, a gente ganha a eleição do primeiro turno. Por quê? Porque a esquerda vota ideologicamente. Ideologia é telhado. Nós, não é um movimento bolsonarista, não é marçalista. É um movimento que é cristão. É um movimento conservador. E vem antes de todos nós.

Esse movimento vota por princípios. Vocês podem... Quando eu falo em vocês, me desculpem que vocês não fizeram isso ainda, mas a mídia inteira pode me atacar, o consórcio comunista do Brasil, as pessoas sabem pelos princípios que nós vivemos. Eles não estão nem aí para o que vocês estão falando.

Sobre o Bolsonaro, eu acredito que ele me apoiaria se eu tivesse vindo em outubro do ano passado. Eu quis entrar porque eu vi que sacaram o Salles. Tá muito simples. Eu não iria disputar a Prefeitura de São Paulo. E o que está chocando o sistema? O que está chocando o sistema é que um cara sem as suas redes sociais, sem fundo eleitoral, sem TV, sem padrinho, sem ninguém, sem coligação nenhuma, está em primeiro lugar na maior parte das pesquisas.

Eu escuto de pessoas que às vezes acham que a postura do senhor é um pouco agressiva, principalmente nos debates. O senhor falou alguns palavrões em debates, e às vezes tem crianças assistindo na sala, as famílias ficando preocupadas com isso.

Qual que foi o candidato que não falou palavrão? Todos falaram.

O que senhor diria para essas pessoas que acharam a sua postura um pouco agressiva nesses debates, e que em algum momento o senhor eventualmente tenha se excedido, tenha falado algum palavrão em público, numa televisão aberta.

Me lembra um palavrão.

O senhor fez referência também a uma certa parte da anatomia do corpo humano, usando outras palavras. Na TV Gazeta, a apresentadora pediu para o senhor evitar o palavrão.

Mas qual que foi?

Não vou repetir aqui.

Eu não falei isso. Eu usei orifício rugoso lombar, comedor de açúcar.

É mais fácil o senhor falar para o eleitor.

Vou falar para o eleitor. Com comunista não pode afrouxar, eu estou pegando leve. Esperem guerra no mais alto grau contra o consórcio comunista do Brasil, PMDB, essa tropa de Nunes, Tabatinha, Chataba [apelido que usa para Tabata Amaral], quer dizer, comedor de açúcar [Boulos] e ‘dá pena’ [apelido para José Luiz Datena].

Esse pessoal, eu vou tratorar eles no próximo debate. É meu único tempo de televisão. Você está certo. Eu estou agressivo porque eu só tenho Deus e o trunfo. No meu tempo de televisão ninguém vai mandar no que eu faço. Espere, ‘dá pena’, que eu vou soltar no seu peito agora no debate no SBT. E você, Bananinha, espere o que eu vou soltar, porque você está me chamando de bandido. Eu vou te prender ano que vem, porque eu vou auditar todos os seus movimentos na Prefeitura. Você vai ser preso. Se você não for você muda meu nome.

O senhor fala muito de PPPs. Mas no plano do senhor não fala qual área, por exemplo, o senhor vai fazer PPP e qual não vai fazer.

Todas possíveis.

Todas possíveis são quais?

Todas possíveis. Tudo que tiver como colocar na mão do povo. O que a lei permitir. Por exemplo, nós vamos fazer esporte olímpico. O que a gente precisa fazer? A gente precisa ter iniciativa privada pra fazer esses centros olímpicos. Porque se for do poder público, eu vou entregar o primeiro no segundo ano. Então, se eu abrir uma parceria público-privada em alguns meses, está pronto. Iniciativa privada é o povo

O comunista gosta de criar uma guerra de Estado contra a iniciativa privada, só que a iniciativa privada é uma família que prosperou e é o povo. É alguém do povo que tem um CPF, foi elevado a um CNPJ e emprega pessoas. Governo nenhum gera emprego. Aprenda isso, pelo amor de Deus. Eu vou atrair um monte de empresa pra dentro da cidade de São Paulo. Nós perdemos vocação de indústria na cidade de São Paulo. Nós vamos voltar com isso. Precisamos de ter as empresas do futuro, de tecnologia. Por que eu estou falando isso e nós vamos criar esses dois milhões de empregos? Porque quem cria é o povo. Nunca foi um governo criador de emprego.

Quem cria é empreendedor. E empreendedor é gente como a gente.

No plano de governo, o senhor menciona que cidades que implementam planos de mobilidade experimentam melhorias na qualidade do ar, mas não faz referência direta aos corredores de ônibus, que são centrais no plano de mobilidade de São Paulo. Existe um cronograma para essas obras. O senhor pretende garantir a execução dessas obras? E quais corredores o senhor pretende priorizar?

O que eu vou fazer com a dinamicidade da gestão pública a partir do 1º de janeiro, alguns planos serão alterados e projetos também. Vou explicar porquê: se eu levo 2 milhões de empregos [para a periferia], e a gente vai ter que gastar uma energia absurda para fazer isso, para as capilaridades, o jogo mudou na cidade de São Paulo.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, participa de sabatina no Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

Só para você entender o que é política pública, que não é levada a sério. O atual ex-prefeito, o futuro ex-prefeito, esse Bananinha, não cumpriu nem 10% do plano de governo para criar os 40 quilômetros de corredor de ônibus. O que está em execução a gente não vai parar. Nós vamos concluir. Mas a gente vai ter que revisar todos esses planos. Por quê? Se a gente continuar crescendo o investimento em segurança pública, não é muito melhor ir na causa e não no efeito, e dar esporte, emprego e educação? Isso diminui o gasto de segurança pública. Então a gente tem que trocar a despesa por custo. Custo eu coloco naquilo que dá retorno para o povo. Então, se eu gero 2 milhões de empregos nesse cinturão, por que que eu tenho que continuar com o plano? Sendo que eu vou fazer com que esse povo seja capilarizado. Vai ter emprego aí perto da sua casa.

Agora nós vamos ouvir. Tem que colocar. É igual piloto de avião. O piloto de avião não é mecânico. Tem que ouvir os mecânicos.

Todos os corredores que estão em execução vão ser terminados. Todos. Por quê? Porque isso é política pública. Todo mundo que é republicano chegar e concluir o que foi programado. Vamos pedir os estudos. Tem um plano, projeto, estudo técnico. Vai ter mais de 600 pessoas envolvidas nesses pequenos detalhes.

E essas 600 pessoas você pode adiantar alguém que estará participando?

Posso. Todo mundo que tiver caráter. Todo mundo que faz parte de uma agremiação política vai aparecer depois que você votar nesse plano.

Então o eleitor não pode saber (nomes) antes?

Vai ser selecionado. Se você sabe antes você já está devendo o cargo. Tem 10 pessoas [disputando a Prefeitura]. Agora caiu um que é o Betinho Haddad, do DC [que teve a candidatura impugnada]. Nós somos nove. O que é que adianta? Ficar mostrando mil nomes sendo que só vai vencer um. Segundo: eu estou te dando a garantia que vai ter um recrutamento e seleção. Vou abrir para todos os partidos. Eu não estou devendo cargo pra ninguém. Se você vota no 28 do dia 6 de outubro, você está votando em alguém que não deve um cargo pra ninguém. Tem que ser no primeiro turno, porque depois se você der a chance de ficar essa encheção de saco de segundo turno, vai vir tantos partidos e eu vou ter que negociar com eles devendo.

Mas você deixa claro que partidos terão espaço no governo.

Claro. Tem que ter. Ninguém governa um negócio desse tamanho sozinho. O [Filipe] Sabará, que era secretário do Tarcísio, veio andar comigo sem promessa. Ele veio e falou: ‘Eu acredito em você’. Porque ele se envolveu comigo na questão do Rio Grande do Sul. Ele ficou espantado. Porque uma pessoa física deu conta de fazer. Essa vinda dele, até ele que é o cara que fez o plano de governo, é líder disso, é um cara que entende, que serve o povo há muito tempo, tirou mais de 3.500 pessoas das ruas, esse cara não tem uma promessa de ser nada no governo. Eu falei isso pra ele e falo pra todos. Não estou devendo ninguém. Estou devendo você [eleitor].

Claro [que os partidos terão espaço no governo]. Tem que ter. Ninguém governa um negócio desse tamanho sozinho.

Pablo Marçal, candidato do PRTB

O que o senhor pretende fazer com a passagem de ônibus no dia 1º de janeiro? Vai aumentar? O senhor vai abandonar o congelamento? E se for aumentar, de quanto para quanto?

A gente pretende continuar isso [o congelamento] até apresentar a solução de, no primeiro mês, quantos empregos gerados. Tirar esse ‘carregar o Uruguai’. A cidade de São Paulo arrasta como se fosse um País inteiro chamado Uruguai para o centro expandido. Como que nós vamos fazer? Progressivamente, esse subsídio que ainda nem consegue atender o povo direito, que o povo fica esperando demais para pegar o ônibus, progressivamente a gente, criando esses empregos, não vai ter essa demanda de ônibus do centro expandido.

O que nós vamos fazer? Progressivamente, gerando emprego, e ter essa atmosfera de emprego na periferia, não tem essa demanda. E nós vamos definir de acordo. Tem que ser dinâmico. Gestão pública não é dinâmica hoje porque a gente não tem governantes dinâmicos. Então, se não apresentar essa solução e não tirar o emprego, vai continuar congelado e nós vamos bancar isso. É o povo que está bancando. E o povo gosta disso.

O senhor hoje está ligado a uma série de CPNJs, tem várias empresas, várias atuando aqui em São Paulo. Se for prefeito, vai se afastar totalmente delas?

Eu já estou afastado. Eu não vou nessas empresas há meses. Eu nunca tive um contrato público e não pretendo ter. Mesmo que não seja proibido. Não tem em lugar nenhum que eu tive. Eu sou CVO no meu grupo, que é o quê? O CEO é o cara que toca uma empresa, o líder maior e o CVO de um grupo é aquele que é visionário. Eu tenho um cargo que eu não vou na empresa mesmo. Só que agora, vencendo a eleição, eu juro, eu vou desconectar por completo dessas empresas.

Em livros que o senhor já publicou e também em palestras, o senhor falava sobre a partir de abril de 2027, tem até uma data e um horário. 18h, que o senhor se aposentaria, mas seria no meio do mandato.

[A aposentadoria seria] no mundo dos negócios. Agora é servir o povo. A política para mim é filantropia.

O senhor dizia que é porque você tem um determinado momento que você sai do seu auge.

Você acredita que eu já alcancei isso, financeiramente? Eu já criei mecanismo e criei rendas passivas para isso. Já parei faz tempo. Se eu não fizer nada, tenho milhões de reais entrando o tempo inteiro nas empresas.

Sou filho de funcionário público, eu ouvi a vida inteira meu pai falar você tem que ter 10 casas de aluguel, você precisa de ter uma aposentadoria. Eu criei uma grande aposentadoria e agora eu vou ajudar você a cuidar da sua vida. Isso vai ser muito importante para o São Paulo.

Durante a entrevista ao Roda Viva, o senhor disse que o General Bank que o senhor anuncia era só um teste. Nós baixamos o aplicativo e verificamos que não há nenhum aviso para o consumidor de que ele é um teste.

Não, é um teste do grupo empresarial. Ele funciona. Tem uma conta concorrente normal vinculada ao Asas.

Tem um cadastro que faz, que permite que você tenha uma conta, abrindo essa conta pelo banco do senhor, a pessoa paga R$ 45. Mas isso no Banco Asas, que é onde a conta é realmente aberta, é um serviço gratuito. O senhor estaria cobrando...

Não sou eu, porque não estou no contrato social.

O banco estaria cobrando por um serviço que, na verdade, é um serviço gratuito. Nós consultamos dois juristas, Walter Maierovitch, e o doutor Arthur Lemos, que é Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo, e eles disseram que, em tese, em uma situação dessa, pode-se dizer que as pessoas podem ser induzidas a erro, e que o banco estaria auferindo uma vantagem.

Você baixou o aplicativo, você viu o que são os benefícios que as pessoas têm? Ela paga não é para ter a conta, ela paga para ter benefícios.

Ali na conta só explica que o benefício, nesse caso, era ter a conta digital.

O teste não é com o banco. O teste é eu validar para eu entrar como sócio nisso, na operação. Não faz parte do meu grupo.

O senhor não acha que deveria ter alguma advertência ali.

A operação é lícita e está normal. O negócio aqui é um MVP. O que é um MVP? É o mínimo viável de um produto. Eu testo muitos produtos para agregar isso no meu grupo empresarial. Nós temos muitas empresas, eu sou investidor profissional, inclusive.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, em entrevista ao Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

Hoje, o meu negócio... Hoje não, porque agora eu sou o prefeito de São Paulo e eu já estou migrando para essa situação. Eu faço MVPs, o teste não é sobre o banco. Então, você trazendo o banco, o banco não está no meu nome, ele está sendo testado por mim. Eu estou testando a operação para ver se aprovo a operação para passar para dentro do meu time, dentro do meu conglomerado. Nos Estados Unidos tem mais de 10 mil bancos. No Brasil tem 140 instituições financeiras, das quais só 12 dominam. Eu quero que você abra a mente, você também pode ter um banco. Qualquer empresário pode querer um banco.

Não acaba induzindo a pessoa ao erro, pagando por uma coisa que é gratuita?

Mas ela está pagando pelos benefícios, que tem lá, está descrito os benefícios, tem um rol de benefícios.

Tem um assunto que está colocado na campanha, o Estadão fez matérias sobre isso, que são figuras do partido senhor com condenações ou investigações relacionadas ao tráfico de drogas e vinculação com o PCC. O senhor chegou até a defender que o presidente do partido deveria sair.

Eu fiz isso.

Mas depois o senhor fez agenda com ele e passou a defendê-lo.

(Eu pedi), mas ele não saiu. Vou fazer o que?

Mas e na prefeitura?

Na prefeitura não tem combinado com ele.

O senhor não pode simplesmente trocar de partido?

Como que eu vou trocar de partido? Eu sou filiado. É meu sonho no Brasil, meu sonho é que uma pessoa possa ter sua candidatura independente. Porque o partido político é o negócio mais assustador que você vai ver. Ninguém no meu perfil consegue viabilizar a candidatura. O Silvio Santos quis ser presidente, nunca que ia conseguir. Não conseguiu.

E esse povo não deixa. Esse povo que domina esses partidos políticos, eles são um terror. O que está acontecendo hoje? Ninguém consegue me parar, não vai parar. E se alguém descobrir, me conta que eu preciso parar só um dia para descansar. Ninguém consegue me parar. Aí fica em volta de tudo, caçando coisa na África, caçando não sei o que. Está tudo bem. Eu não estou importando com isso. Eu vou te servir de qualquer jeito.

Ninguém no meu perfil consegue viabilizar a candidatura. O Silvio Santos quis ser presidente, nunca que ia conseguir. Não conseguiu. E esse povo não deixa. Esse povo que domina esses partidos políticos, eles são um terror.

Pablo Marçal, candidato do PRTB

Mas o senhor não consegue convencer as pessoas do seu partido a saírem…

Mas eu não sou o presidente do partido. A viabilidade do partido não é minha.

O senhor é a pessoa mais importante do partido.

Ótimo. Mas uma caneta de alguém derruba minha candidatura e acabou.

Se alguém me convida para um grupo, a gente só tem gente meio estranha...

Fala um partido então que é o partido dos santos. Não existe. Ou seja, nós precisamos lutar no Brasil pela candidatura independente. Por quê? Porque qualquer cidadão que queira fazer, e um cara nobre igual você que eu estou identificando aqui, você é um cara que não suportaria estar dentro de um partido político. É um negócio assustador. É gente brigando por nada. É um negócio maluco todo dia. Eu louvo a Deus pelo partido que eu estou, se não eu não conseguiria disputar, mas em breve nós poderemos fazer isso individualmente, sem partido político. Eu vou lutar por isso.

Eu dou um espaço para que o senhor faça as considerações finais.

É o seguinte, São Paulo tem jeito. Não faz isso aqui virar uma m.... gigantesca na mão do Boulos. M…. não é palavrão. Não deixe o Bananinha destruir essa prefeitura. Eles estão há 10 anos, esse governo é do Dória. Ele é só um herdeiro. Esse vereador não tem perfil para ser prefeito. Eu peço se eu vote. Me dá a chance de servir você.

O candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, disse durante sabatina realizada pelo Estadão na manhã desta quarta-feira, 11, que sua relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dependerá do petista, mas que está disposto a se encontrar com ele caso seja eleito para administrar a maior cidade do Brasil.

“Eu sou brasileiro. Lula, eu torço para que você dê certo e vou te receber aqui na cidade de São Paulo com a maior tranquilidade e vou precisar da sua ajuda para a gente governar”, afirmou Marçal. O candidato disse ainda que não está “contra” Lula, mas que luta para que o presidente “faça as coisas certas”, diminua impostos “como Bolsonaro” e reduza as despesas públicas.

Depois do ex-presidente Jair Bolsonaro compartilhar um vídeo em que Marçal é classificado como “traidor”, o influenciador disse que a relação entre os dois está normal. “Depois que passar a eleição fica tudo bem [...] Só o fato dele não ter paixão no Nunes parece que ele está me apoiando”, afirmou o candidato do PRTB, se referindo ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), que concorre à reeleição.

Ele rechaçou a possibilidade de Bolsonaro ter ciúmes de sua popularidade entre o eleitorado de direita pois “Capitão do Exército ter ciúme de macho não faz muito sentido”, disse.

Marçal evitou detalhar em quais áreas específicas pretende, caso eleito, firmar parcerias entre a Prefeitura e a iniciativa privada, respondendo apenas “todas possíveis”. Ele disse que irá aumentar a Operação Delegada — que paga policiais militares de folga para reforçarem o policiamento —, incluir a Polícia Civil e levá-la para todos os distritos de São Paulo.

“Será de acordo com a disponibilidade de caixa”, afirmou. “Nós vamos fazer um jejum em janeiro de crime. E a gente vai fechar as entradas dessa cidade. Vamos fazer isso com a Operação Delegada e vou estender isso para a Polícia Civil”, disse.

O candidato afirmou ainda que pretende propor que o Plano Diretor incentive a descentralização de moradias e empresas porque ele quer criar dois milhões de empregos para a periferia. “Para isso, eu preciso verticalizar as periferias. A cidade de São Paulo se concentrou muito no eixo expandido. Agora, a gente precisa inverter esse circuito para o lado de fora, nas divisas”, disse.

Candidato do PRTB, Pablo Marçal concede entrevista ao Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

Marçal também comentou sobre as condenações e investigações de integrantes do PRTB e sobre o e o áudio em que o presidente do partido, Leonardo Avalanche, diz ser ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC). No passado, o candidato sugeriu que Avalanche deixasse o partido, mas depois passou a defendê-lo e fazer agendas acompanhados por ele. Avalanche nega relação com a organização criminosa.

Questionado sobre o caso, o ex-coach respondeu que, apesar da sua opinião, Avalanche não quis sair e que ele, Marçal, não controla o partido. “A caneta de alguém derruba minha candidatura e acabou”, disse.

Leia a íntegra da entrevista

A pesquisa Atlas divulgada nesta quarta mostra o senhor com 24,4%, enquanto Guilherme Boulos tem 28% e Ricardo Nunes 20,1%. Como o senhor avalia essa pesquisa?

A pesquisa que eu estou acompanhando, que faz mais sentido, e que acertou que o governador Tarcísio é a Veritá. Na Veritá estou com 30%, o Boulos deve estar com 25%, alguma coisa assim. Em outras pesquisas o Boulos está com 21%. Mas o que interessa, na verdade, é que eu entrei com 5%. Subi para 10%, depois 11%, 14%, 16%, 18%, 21%, 24%, 26%, 29% e 30%.

Mas o senhor não vê diminuição do ritmo de crescimento?

Mas é normal. Eu estou subindo e, se eu continuasse subindo de forma exponencial, eu ia estar com 200% já. Então, agora é a hora de virar voto, de conquistar. Depois da exposição de muita gente, esse consórcio comunista do Brasil me atacando, que é o Nunes, com o PMDB e companhia, o PSB, juntaram os quatro contra mim. É normal que essa subida agora seja a conta-gotas.

Agora, você vai na rua, é um pouquinho diferente. Eu tenho minhas trackings. Eu sinto vergonha de ver uma pesquisa dessas, e aqui, você que é eleitor, eu tenho que te contar o segredo das pesquisas: alguém paga por elas. Pesquisas quali, que trazem mais detalhamento, custam bilhões. E esses partidos políticos usam seus fundos, e eu não tenho fundo eleitoral, não tenho padrinho político, não tenho tempo de TV, não tenho tempo de rádio, e até as redes sociais que eu tinha eles tomaram. E mesmo assim eu continuo em primeiro. De dez pesquisas, oito estou na frente.

Essa é a avaliação que o senhor faz?

A avaliação é muito simples. O astronauta [Marcos Pontes] não ganhava eleição para o Senado, o [Márcio] França estava na frente. Da noite para o dia, a pesquisa que falava que estava 14 pontos na frente, ele amanheceu senador da República. Ou seja, não confiem nas pesquisas. A pesquisa que você tem que chegar é o povo.

O próximo prefeito vai preparar a elaboração do novo Plano Diretor. O senhor pretende manter os eixos de estruturação da transformação urbana do Plano Diretor atual ou fará alguma modificação nesses eixos?

O Plano Diretor é revisitado a cada 10 anos. Foi em 2014 e agora em 2024. Eu quero construir um símbolo do Brasil aqui em São Paulo, inclusive melhorando a vida das pessoas na Zona Sul, próximo de Interlagos. Eu quero construir o maior prédio do mundo aqui, de um quilômetro de altura. Alguns metros a mais que o prédio que tem hoje em Dubai.

A nossa cidade não foi planejada com subúrbios e grandes avenidas. Então a gente não pode trazer pro Centro expandido essa questão de verticalização como alguns pretendem. Eu quero fazer o inverso.

O senhor vai mudar então?

Vamos. Vou conquistar a Câmara pra isso, porque a gente quer gerar dois milhões de empregos nas periferias, que é o grande problema da cidade de São Paulo. Isso já vai resolver o problema de poluição, de lentidão de trânsito, de mobilidade e de segurança pública.

Serão dois milhões de empregos até o final do meu mandato, em 1.470 dias. Para isso, eu preciso verticalizar as periferias. Primeiro, quando eu falo periferia, é periferia mesmo. Favela precisa ter liberação fundiária, de desfavelizar primeiro, não é verticalizar ali não. É nas periferias.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, em entrevista ao Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

A cidade de São Paulo se concentrou muito no eixo expandido, agora a gente precisa inverter esse circuito para o lado de fora, nas divisas. A cidade de São Paulo está rodeada de 38 cidades. É uma metrópole poderosa e a gente precisa investir nessas capilaridades, onde você vai ter emprego próximo da sua casa, vai melhorar a sua qualidade de vida, e você vai gostar muito disso.

O plano de governo do senhor fala em aumentar o número de subprefeituras de 32 para 96. Seriam criados vários cargos de comissão, de subprefeitos, que são cargos que os vereadores costumam utilizar como cargos políticos. Parece uma proposta de aumentar o tamanho do Estado e não diminuí-lo.

Ao contrário. A gente vai diminuir a quantidade de prédios e vai ter economia. Nós vamos investir em tecnologia para ter esse 156 [número telefônico para atendimento da Prefeitura] na mão de verdade e usar isso. O que a gente precisa é que a pessoa saiba onde a Prefeitura está. Às vezes a pessoa precisa de um cadastro, ela vai em um prédio, ela precisa pegar um outro serviço, ela vai em outro.

Nós vamos unificar isso. A Prefeitura de São Paulo hoje tem 40 mil imóveis.

Mas e em termos de cargos?

Vai ter menos. Vai ter uma reforma. Esse aumento para 96 [subprefeituras], são pontos de atendimento. Não pode ficar a administração do Ricardo Nunes porque ela não funciona. Ela é inchada. Nós vamos equalizar isso.

O que eu estou falando sobre economia é que, aumentando esses pontos, nós vamos diminuir os aluguéis que tem em prédios, nós vamos pegar prédios da Prefeitura e colocar em um prédio só. Hoje você pega várias secretarias cada uma tem um prédio. A gente vai unificar isso. Uma subsecretaria hoje às vezes está em 10, 15 prédios. Vai estar em um só. Isso é economia.

E aí vai criar outra subprefeitura?

Nós vamos criar as 96. São 472 bairros, mais de mil favelas em São Paulo. São 96 distritos. O que eu quero é o que você quer também. É ter uma subprefeitura próximo da sua casa.

E essa subprefeitura, inclusive, vai ter um negócio chamado GDB, que é o gestor de bairro. Gestor de bairro de 100 quadras, de 10 quadras e de 1 quadra. Nós vamos colocar essa subprefeitura.... você vai ver os comerciantes, os moradores, os trabalhadores, todo mundo vinculado.

E vai ter uma figura de zeladoria na cidade, assim como tem nos Estados Unidos, que não vai ficar precisando de empreiteira para ficar consertando coisa depois que estraga um ano depois. Eles vão fazer a prevenção disso. Quebrou a calçada, vai arrumar.

A gente tem um problema hoje na cidade de São Paulo. São mais de 30 milhões de metros quadrados precisando de fazer calçada. Você pensa, ‘mas isso aí é um problema do dono do imóvel’. Esse problema é de todo mundo porque 30% das entradas nas UPAs são de Acidente por problema de calçada.

Uma das mudanças na máquina que o senhor fala está ligada às escolas. O plano de governo do senhor diz: “agrupar as escolas de acordo com as informações reunidas, elaborando um plano conjunto com as instituições de ensino e seus profissionais”. O que significa agrupar as escolas? Vai diminuir o número de escolas?

Nós vamos transformar a escola pública de São Paulo em escola olímpica.

Mas e o agrupar?

O agrupar é o seguinte: a máquina é muito grande e ela está ineficiente. A gente gasta 25 bilhões, salvo engano, no próximo ano a gente vai gastar... Ou melhor, se for na estrutura administrativa de hoje, é gasto. A gente vai investir, vai chegar a quase R$ 30 bilhões no ano que vem.

Se a gente não criar eficiência nessa administração pública, o seu filho só está com ocupação. A grande verdade desse agrupamento é que a gente vai ensinar algumas coisas e o começo disso não é implementar em todas as escolas de uma vez.

Nós vamos começar a ensinar coisas que deveriam ser ensinadas há décadas para os brasileiros, mas vai começar por São Paulo. Inteligência socioemocional, ‘empresarização’, tecnologias do futuro, empregos do futuro e educação financeira.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, em entrevista ao Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

Qual é a nossa pretensão? Se não for por agrupamento, a gente não consegue montar a escola olímpica de uma vez só. Nós vamos agrupar em uma região e testar o modelo. O centro olímpico custa de R$ 1 milhão a R$ 1,5 milhão, dependendo do lugar.

A gente quer colocar isso em todas as escolas e em todas as periferias. O esporte molda caráter. Eu sou esportista, sou triatleta. Das 80 mil pessoas que tem na situação de rua você vai ver que não tem esportista na rua. Então, nós vamos ensinar para o seu filho que ele pode ter o próprio negócio. O Brasil, hoje, não tem esse modelo.

Inclusive, quem faz faculdade de administração não aprende a mexer com empresas, ele aprende a ser supervisor de empresa, gerente no máximo. Nós vamos ensinar isso para o seu filho e é isso que nós vamos fazer na escola. Eu vim de escola pública, eu sou filho de faxineira, filho de funcionário público e eu posso falar uma coisa para você: nós não aprendemos a prosperar. E na cidade de São Paulo, o seu filho vai aprender.

O senhor fala em criar programas com prêmios para os professores por desempenho. Já tem ideia de como é que vai ser esse prêmio, qual a meta a ser atingida? Vai estar atrelado de alguma forma ao Ideb?

Nós vamos ser número um em quatro anos. Nós vamos voltar para o primeiro lugar no Ideb. Não faz sentido nenhum São Paulo não estar em primeiro, perdendo para Estados como Goiás, Paraná, Santa Catarina. Então nós vamos recuperar isso.

No ensino, hoje, só 38% das crianças estão terminando a fase de alfabetização alfabetizadas. Ou seja, o Bananinha [como ele se refere, de forma jocosa, ao prefeito Ricardo Nunes] não está dando conta de fazer isso. Inclusive esse relógio que eu estou usando aqui é de um garoto chamado Téo, lá do Jardim Rosana. Ele me deu esse relógio e eu prometi para ele que esse seria o governo das crianças e dos mais pobres. Téo, eu estou aqui com o seu relógio.

Mas o prêmio...

Quando você tem um plano, e aqui fica claro para todo mundo de São Paulo, o plano é para ser votado e depois nós vamos para a parte do projeto. O que é a diferença entre um plano e um projeto? São dez planos de governo. Nós estamos viabilizando quem vai tocar esse plano. Ganhamos a eleição, nós vamos fazer o projeto. Aí é de acordo com o caixa, a gente vai ter que gerar a economia para gerar isso.

Agora, qual é a intenção? Está vinculado ao presenteísmo, ao crescimento da nota dessas escolas. De novo, nos Estados Unidos, o valor do IPTU do imóvel está vinculado à nota da escola. Não se chama IPTU lá. O valor dos imóveis fica vinculado à nota da escola. Esse é o modelo de gestão que eu quero fazer na escola pública de São Paulo. Vincular para todo mundo dar tanto valor na escola pública que a gente vai ficar todo mundo de olho nessas notas. E aí a gente vai fazer um ranking comparativo dessas escolas e vamos premiar esses professores.

O senhor pretende trabalhar mais com premiação do que com a questão da elevação do piso salarial dos professores?

Eu imagino que esses últimos governos não têm subido a percepção de valor que os professores têm. A gente vai nas duas frentes. Agora, a lógica de premiação imediata vai fazer empolgar muito mais. O professor precisa ser honrado. Eu não sou pedagogo, não sou formado, mas eu dou aula. Eu sou mentor de milhões de pessoas no Brasil e eu valorizo sua profissão. Sou um educador. E você pode saber que o próximo prefeito de São Paulo é educador e vai valorizar o que vocês estão fazendo. Na década de 90, todo mundo respeitava o professor e respeitava a polícia. Eu não sei o que aconteceu porque esse esquerdismo, esse comunismo, foi alastrando na nossa cabeça e ninguém respeita mais a autoridade, não respeita a polícia e nem respeita o professor. Os alunos vão respeitar vocês, sim. Vocês podem contar com isso.

O plano de governo do senhor mostra o problema que temos no saneamento básico e fala até em um eventual voluntariado junto ao governo do Estado, governo federal e a iniciativa privada para resolver esse problema. A Sabesp acabou de ser privatizada. A ideia é a população fazer voluntariado para uma empresa agora privada?

Parte, né. O maior cliente da Sabesp, quase 50% do consumo da Sabesp é a cidade de São Paulo. Eu acredito no [governador] Tarcísio [de Freitas], apesar de ele está insistindo em apoiar um defunto. Todos os dias ele acorda com a missão de ressuscitar o defunto chamado Bananinha.

Lá não foi tudo privatizado. Tem capital privado agora, a empresa não tinha dinheiro em caixa, e acho que foi assertivo [a privatização]. O Estado provou que não dá conta de tocar a si próprio. Então precisa da iniciativa privada para dar celeridade e injeção de capital nisso.

Mas e o voluntariado. Faz sentido?

A gente tem mais de mil mananciais. Quando eu falo de voluntariado, é para ajudar a limpar os rios. Não faz sentido? A gente tem que colocar a política pública de voluntariado em mutirão, que é o que vai resolver.

Mas não é uma obrigação da empresa?

A empresa vai cumprir. Só que o povo é o maior detentor e o maior interesse é o povo de resolver isso. Então a gente vai trazer. É obrigação do prefeito, por exemplo, zerar a fila de exame de 447 mil. Não tem como, vou ter que trazer gente de fora, fazer hospital provisório, convênio com hospitais particulares.

Ou seja, esse modelo de mutirão, que é o que eu estou propondo, e você votando aí no dia da vingança, dia 6 de outubro no número 28, nós vamos trabalhar muito forte por isso.

O senhor disse que se compromete a limpar definitivamente o Tietê. Uma proposta que São Paulo escuta ao menos há 40 anos ou mais. O problema é que a bacia do Tietê é composta por 16 municípios. É por isso que essa tarefa de limpeza do Tietê normalmente fica a cargo do governo do Estado. Qual seria, para o senhor, o papel da Prefeitura?

O prefeito mal-intencionado, igual o [Guilherme] Boulos [PSOL], entrando, não vai limpar nunca. O que está aí já sabe que ele não vai limpar também porque ele não limpou. Estão fazendo 10 anos. A Sabesp, já falei, quase 50% do consumo, da renda, que essa empresa gera, vem da cidade de São Paulo.

Então se eu não trabalhar de forma bem-intencionada com o governador, não vai fazer nunca. Então, é meu interesse particular. Eu lembro de uma vez que eu fui comprar uma fazenda e eu perguntei qual é o rio que passa atrás? E aí alguém me escondeu isso. Eu cheguei no lugar e era o Tietê. Eu falei: ‘Não quero nem de graça’. Por quê? Um rio desse, se ninguém respeita ele, por que eu quero uma fazenda dessa? O rio Tietê tem mil quilômetros. A vazão dele é baixa. E é um rio que é limpo em uma ponta e é limpo na outra. Mas quando passa nessa cidade, principalmente na cidade de São Paulo, vira o maior esgoto a céu aberto. Então tem que ter política pública de limpar os mananciais e de fazer tratamento do esgoto dentro da cidade E essa universalização do saneamento básico garante isso.

Mas qual o papel da Prefeitura?

Apoiar, criar esses mutirões, limpar esses mananciais, porque nós estamos descarregando toneladas de lixo dentro do Tietê. Se eu, como prefeito, com política pública, evitar que isso seja jogado, eu já contribuí com a minha parte. A minha parte e a de 12 milhões de pessoas dentro da cidade.

O plano de governo do senhor falava em triplicar o efetivo da guarda municipal. Recentemente, o senhor já disse que talvez não consiga triplicar.

Talvez não. Eu fui para El Salvador, tive com o ministro da Justiça, com o Gustavo [Vilattoro], e ele me deu uma aula de como combater a criminalidade. Eu ouvindo a guarda municipal, ouvindo a Polícia Militar, algumas pessoas da polícia, eu percebi o seguinte: hoje a gente tem 7 mil guardas e nós vamos chamar todo mundo que está aprovado em concurso. Se eu aumento essa guarda nesse tanto, eu não consigo valorizar os salários deles.

Custa R$ 700 milhões só a folha atual...

A gente consegue, a gente é rico, não precisa se preocupar com isso não. Só que, quando eu chegar na Prefeitura, em 1º de janeiro, vão mandar revisar todos os contratos e gerar uma economia que você nem imagina. Calma. Tirando a companheirada, esse bando de corruptos, fica tranquilo que vai sobrar dinheiro.

O que que eu decidi lá, ouvindo o Gustavo e é uma política que eu vou seguir aqui na cidade de São Paulo: nós vamos aumentar a Operação Delegada. Quanto mais economia a gente tiver no Estado, a gente vai aumentar isso. Por quê? Tem no plano de governo o anticrime.

Nós vamos fazer um jejum em janeiro de crime. E a gente vai fechar as entradas dessa cidade. Vamos fazer isso com a Operação Delegada e vou estender isso para a Polícia Civil. A Operação Delegada é o governo do Estado, onde o policial militar já vem com a sua farda, já vem com a sua arma, e ele pode atuar imediatamente. Ele já é treinado, ele tem tirocínio.

Isso já acontece hoje.

E nós vamos aumentar. E não acontece com a Polícia Civil.

Aumentar em quanto?

De acordo com a disponibilidade de caixa. A gente vai aumentando progressivamente.

Existe uma questão que é o efetivo e como se distribui esse efetivo pelos turnos de trabalho. Há um limite em aumentar o policiamento com o atual efetivo.

Vou aumentar as áreas. Você que está preocupado com segurança pública, que é o item número um de problema dessa cidade, o distrito mais perigoso hoje é o distrito de Pinheiros. Vamos começar por ele e expandir até o último. Onde tiver nós vamos levar esse policiamento. A progressão vai ser de acordo com a disponibilidade de caixa e o convênio que a gente tem.

Agora, a gente pode reformar isso. Inclusive, a Polícia Civil saiba que nós vamos estender para vocês também. Eu duvido que não tenha interesse dos policiais. Eles preferem trabalhar dessa forma. Nós vamos aumentar o valor. Vamos gerar a economia no Estado para fazer essa progressão.

Não são funções distintas? A Polícia Civil atua depois do crime, fazendo a investigação. Não faz policiamento ostensivo.

Só que eles podem fazer a parte investigativa também. Nesse anticrime, se a gente não usar todas as nossas forças, inclusive eu vou convidar o atual mandatário da Presidência da República para a gente combater o crime aqui nessa cidade. É o item número um da cidade e pode contar com o xerife aqui que eu vou resolver isso.

O senhor, quando fala que vai convocar o atual mandatário, está falando do Lula. Considera que vai ter uma boa relação com ele?

A questão da relação vai depender dele. Eu sou republicano. O que é republicano? Sou uma pessoa que, na hora que acabar a eleição, a gente precisa governar.

Se ele vier a São Paulo, você vai receber ele?

Claro, ele é presidente do Brasil. Eu não estou contra ele não. Eu luto para que ele faça as coisas certas. Que ele diminua o imposto como o Bolsonaro diminuiu. Que ele seja um cara que não gaste tanto dinheiro igual está gastando. Que ele não interfira no Banco Central. Eu estou a favor. Eu quero que ele dê certo.

Eu sou brasileiro. Lula, eu torço para que você dê certo e vou te receber aqui na cidade de São Paulo com muita tranquilidade e vou precisar da sua ajuda aqui para a gente governar.

Eu sou brasileiro. Lula, eu torço para que você dê certo e vou te receber aqui na cidade de São Paulo com muita tranquilidade e vou precisar da sua ajuda aqui para a gente governar.

Pablo Marçal, candidato a prefeito pelo PRTB

Eu queria falar sobre a relação do senhor com o Bolsonaro. O senhor tem um público mais ou menos parecido com o dele. Metade do eleitorado que votou nele está com senhor, mas nos últimos dias ele soltou um vídeo reclamando do senhor no 7 de setembro, disse que o senhor foi um traidor...

Não reclamou, não. Traidor? Ele não falou isso não.

Sim, no vídeo que ele compartilhou.

Ele verbalizou?

Ele compartilhou o vídeo.

Isso é fofoca, então. Compartilhou onde?

No WhatsApp com aliados.

Isso é fofoca, irmão.

Na outra vez que o senhor discutiu nas redes sociais com ele, o senhor disse que na verdade foi o Carlos.

É o Carlos que usa a rede social.

Mas hoje a relação está como?

Está normal. Depois que passar a eleição fica tudo bem.

O senhor não acha que ele, Bolsonaro, tem um certo ciúme do senhor?

Capitão do Exército ter ciúme de macho acho que não faz muito sentido. Isso é elucubração.

Mas teve o episódio da bandeira [no 7 de Setembro, uma bandeira do Brasil dizia que Marçal será o próximo presidente do Brasil e que Bolsonaro acabou], que o senhor diz que foram funcionários da Prefeitura, a Prefeitura diz que não foi.

Eu disse, não. Eu dei o vídeo, postei, e não sei porque a Justiça mandou tirar.

No vídeo completo mostra o funcionário, mas a bandeira já estava lá.

Por que o funcionário está esticando a bandeira?

Para alguém passar.

Passar onde? O cara pode passar na calçada. Aquilo lá eu que mandei para a imprensa falando que isso está destruindo um símbolo nacional. Eu mesmo mandei. Aquilo lá é coisa de apoiador, de gente maluca.

Por que o senhor acha que o Bolsonaro não apoia o senhor?

Só o fato dele não ter paixão no Nunes parece que ele está me apoiando. É um sentimento. E todo mundo tem esse mesmo sentimento.

Só o fato dele (Bolsonaro) não ter paixão no Nunes parece que ele está me apoiando. É um sentimento. E todo mundo tem esse mesmo sentimento.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo

Mas ele estava na convenção do Nunes, indicou o vice...

Sabe por que ele tem o vice? O Bananinha ia colocar a Marta Suplicy de vice e o Bolsonaro não deixou. E quando eu almocei com Bolsonaro, eu fiz votos, não pedi nada para ele, eu fiz votos que ele conseguisse mesmo colocar.

Colocando um vice que é do PL, a gente ganha a eleição do primeiro turno. Por quê? Porque a esquerda vota ideologicamente. Ideologia é telhado. Nós, não é um movimento bolsonarista, não é marçalista. É um movimento que é cristão. É um movimento conservador. E vem antes de todos nós.

Esse movimento vota por princípios. Vocês podem... Quando eu falo em vocês, me desculpem que vocês não fizeram isso ainda, mas a mídia inteira pode me atacar, o consórcio comunista do Brasil, as pessoas sabem pelos princípios que nós vivemos. Eles não estão nem aí para o que vocês estão falando.

Sobre o Bolsonaro, eu acredito que ele me apoiaria se eu tivesse vindo em outubro do ano passado. Eu quis entrar porque eu vi que sacaram o Salles. Tá muito simples. Eu não iria disputar a Prefeitura de São Paulo. E o que está chocando o sistema? O que está chocando o sistema é que um cara sem as suas redes sociais, sem fundo eleitoral, sem TV, sem padrinho, sem ninguém, sem coligação nenhuma, está em primeiro lugar na maior parte das pesquisas.

Eu escuto de pessoas que às vezes acham que a postura do senhor é um pouco agressiva, principalmente nos debates. O senhor falou alguns palavrões em debates, e às vezes tem crianças assistindo na sala, as famílias ficando preocupadas com isso.

Qual que foi o candidato que não falou palavrão? Todos falaram.

O que senhor diria para essas pessoas que acharam a sua postura um pouco agressiva nesses debates, e que em algum momento o senhor eventualmente tenha se excedido, tenha falado algum palavrão em público, numa televisão aberta.

Me lembra um palavrão.

O senhor fez referência também a uma certa parte da anatomia do corpo humano, usando outras palavras. Na TV Gazeta, a apresentadora pediu para o senhor evitar o palavrão.

Mas qual que foi?

Não vou repetir aqui.

Eu não falei isso. Eu usei orifício rugoso lombar, comedor de açúcar.

É mais fácil o senhor falar para o eleitor.

Vou falar para o eleitor. Com comunista não pode afrouxar, eu estou pegando leve. Esperem guerra no mais alto grau contra o consórcio comunista do Brasil, PMDB, essa tropa de Nunes, Tabatinha, Chataba [apelido que usa para Tabata Amaral], quer dizer, comedor de açúcar [Boulos] e ‘dá pena’ [apelido para José Luiz Datena].

Esse pessoal, eu vou tratorar eles no próximo debate. É meu único tempo de televisão. Você está certo. Eu estou agressivo porque eu só tenho Deus e o trunfo. No meu tempo de televisão ninguém vai mandar no que eu faço. Espere, ‘dá pena’, que eu vou soltar no seu peito agora no debate no SBT. E você, Bananinha, espere o que eu vou soltar, porque você está me chamando de bandido. Eu vou te prender ano que vem, porque eu vou auditar todos os seus movimentos na Prefeitura. Você vai ser preso. Se você não for você muda meu nome.

O senhor fala muito de PPPs. Mas no plano do senhor não fala qual área, por exemplo, o senhor vai fazer PPP e qual não vai fazer.

Todas possíveis.

Todas possíveis são quais?

Todas possíveis. Tudo que tiver como colocar na mão do povo. O que a lei permitir. Por exemplo, nós vamos fazer esporte olímpico. O que a gente precisa fazer? A gente precisa ter iniciativa privada pra fazer esses centros olímpicos. Porque se for do poder público, eu vou entregar o primeiro no segundo ano. Então, se eu abrir uma parceria público-privada em alguns meses, está pronto. Iniciativa privada é o povo

O comunista gosta de criar uma guerra de Estado contra a iniciativa privada, só que a iniciativa privada é uma família que prosperou e é o povo. É alguém do povo que tem um CPF, foi elevado a um CNPJ e emprega pessoas. Governo nenhum gera emprego. Aprenda isso, pelo amor de Deus. Eu vou atrair um monte de empresa pra dentro da cidade de São Paulo. Nós perdemos vocação de indústria na cidade de São Paulo. Nós vamos voltar com isso. Precisamos de ter as empresas do futuro, de tecnologia. Por que eu estou falando isso e nós vamos criar esses dois milhões de empregos? Porque quem cria é o povo. Nunca foi um governo criador de emprego.

Quem cria é empreendedor. E empreendedor é gente como a gente.

No plano de governo, o senhor menciona que cidades que implementam planos de mobilidade experimentam melhorias na qualidade do ar, mas não faz referência direta aos corredores de ônibus, que são centrais no plano de mobilidade de São Paulo. Existe um cronograma para essas obras. O senhor pretende garantir a execução dessas obras? E quais corredores o senhor pretende priorizar?

O que eu vou fazer com a dinamicidade da gestão pública a partir do 1º de janeiro, alguns planos serão alterados e projetos também. Vou explicar porquê: se eu levo 2 milhões de empregos [para a periferia], e a gente vai ter que gastar uma energia absurda para fazer isso, para as capilaridades, o jogo mudou na cidade de São Paulo.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, participa de sabatina no Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

Só para você entender o que é política pública, que não é levada a sério. O atual ex-prefeito, o futuro ex-prefeito, esse Bananinha, não cumpriu nem 10% do plano de governo para criar os 40 quilômetros de corredor de ônibus. O que está em execução a gente não vai parar. Nós vamos concluir. Mas a gente vai ter que revisar todos esses planos. Por quê? Se a gente continuar crescendo o investimento em segurança pública, não é muito melhor ir na causa e não no efeito, e dar esporte, emprego e educação? Isso diminui o gasto de segurança pública. Então a gente tem que trocar a despesa por custo. Custo eu coloco naquilo que dá retorno para o povo. Então, se eu gero 2 milhões de empregos nesse cinturão, por que que eu tenho que continuar com o plano? Sendo que eu vou fazer com que esse povo seja capilarizado. Vai ter emprego aí perto da sua casa.

Agora nós vamos ouvir. Tem que colocar. É igual piloto de avião. O piloto de avião não é mecânico. Tem que ouvir os mecânicos.

Todos os corredores que estão em execução vão ser terminados. Todos. Por quê? Porque isso é política pública. Todo mundo que é republicano chegar e concluir o que foi programado. Vamos pedir os estudos. Tem um plano, projeto, estudo técnico. Vai ter mais de 600 pessoas envolvidas nesses pequenos detalhes.

E essas 600 pessoas você pode adiantar alguém que estará participando?

Posso. Todo mundo que tiver caráter. Todo mundo que faz parte de uma agremiação política vai aparecer depois que você votar nesse plano.

Então o eleitor não pode saber (nomes) antes?

Vai ser selecionado. Se você sabe antes você já está devendo o cargo. Tem 10 pessoas [disputando a Prefeitura]. Agora caiu um que é o Betinho Haddad, do DC [que teve a candidatura impugnada]. Nós somos nove. O que é que adianta? Ficar mostrando mil nomes sendo que só vai vencer um. Segundo: eu estou te dando a garantia que vai ter um recrutamento e seleção. Vou abrir para todos os partidos. Eu não estou devendo cargo pra ninguém. Se você vota no 28 do dia 6 de outubro, você está votando em alguém que não deve um cargo pra ninguém. Tem que ser no primeiro turno, porque depois se você der a chance de ficar essa encheção de saco de segundo turno, vai vir tantos partidos e eu vou ter que negociar com eles devendo.

Mas você deixa claro que partidos terão espaço no governo.

Claro. Tem que ter. Ninguém governa um negócio desse tamanho sozinho. O [Filipe] Sabará, que era secretário do Tarcísio, veio andar comigo sem promessa. Ele veio e falou: ‘Eu acredito em você’. Porque ele se envolveu comigo na questão do Rio Grande do Sul. Ele ficou espantado. Porque uma pessoa física deu conta de fazer. Essa vinda dele, até ele que é o cara que fez o plano de governo, é líder disso, é um cara que entende, que serve o povo há muito tempo, tirou mais de 3.500 pessoas das ruas, esse cara não tem uma promessa de ser nada no governo. Eu falei isso pra ele e falo pra todos. Não estou devendo ninguém. Estou devendo você [eleitor].

Claro [que os partidos terão espaço no governo]. Tem que ter. Ninguém governa um negócio desse tamanho sozinho.

Pablo Marçal, candidato do PRTB

O que o senhor pretende fazer com a passagem de ônibus no dia 1º de janeiro? Vai aumentar? O senhor vai abandonar o congelamento? E se for aumentar, de quanto para quanto?

A gente pretende continuar isso [o congelamento] até apresentar a solução de, no primeiro mês, quantos empregos gerados. Tirar esse ‘carregar o Uruguai’. A cidade de São Paulo arrasta como se fosse um País inteiro chamado Uruguai para o centro expandido. Como que nós vamos fazer? Progressivamente, esse subsídio que ainda nem consegue atender o povo direito, que o povo fica esperando demais para pegar o ônibus, progressivamente a gente, criando esses empregos, não vai ter essa demanda de ônibus do centro expandido.

O que nós vamos fazer? Progressivamente, gerando emprego, e ter essa atmosfera de emprego na periferia, não tem essa demanda. E nós vamos definir de acordo. Tem que ser dinâmico. Gestão pública não é dinâmica hoje porque a gente não tem governantes dinâmicos. Então, se não apresentar essa solução e não tirar o emprego, vai continuar congelado e nós vamos bancar isso. É o povo que está bancando. E o povo gosta disso.

O senhor hoje está ligado a uma série de CPNJs, tem várias empresas, várias atuando aqui em São Paulo. Se for prefeito, vai se afastar totalmente delas?

Eu já estou afastado. Eu não vou nessas empresas há meses. Eu nunca tive um contrato público e não pretendo ter. Mesmo que não seja proibido. Não tem em lugar nenhum que eu tive. Eu sou CVO no meu grupo, que é o quê? O CEO é o cara que toca uma empresa, o líder maior e o CVO de um grupo é aquele que é visionário. Eu tenho um cargo que eu não vou na empresa mesmo. Só que agora, vencendo a eleição, eu juro, eu vou desconectar por completo dessas empresas.

Em livros que o senhor já publicou e também em palestras, o senhor falava sobre a partir de abril de 2027, tem até uma data e um horário. 18h, que o senhor se aposentaria, mas seria no meio do mandato.

[A aposentadoria seria] no mundo dos negócios. Agora é servir o povo. A política para mim é filantropia.

O senhor dizia que é porque você tem um determinado momento que você sai do seu auge.

Você acredita que eu já alcancei isso, financeiramente? Eu já criei mecanismo e criei rendas passivas para isso. Já parei faz tempo. Se eu não fizer nada, tenho milhões de reais entrando o tempo inteiro nas empresas.

Sou filho de funcionário público, eu ouvi a vida inteira meu pai falar você tem que ter 10 casas de aluguel, você precisa de ter uma aposentadoria. Eu criei uma grande aposentadoria e agora eu vou ajudar você a cuidar da sua vida. Isso vai ser muito importante para o São Paulo.

Durante a entrevista ao Roda Viva, o senhor disse que o General Bank que o senhor anuncia era só um teste. Nós baixamos o aplicativo e verificamos que não há nenhum aviso para o consumidor de que ele é um teste.

Não, é um teste do grupo empresarial. Ele funciona. Tem uma conta concorrente normal vinculada ao Asas.

Tem um cadastro que faz, que permite que você tenha uma conta, abrindo essa conta pelo banco do senhor, a pessoa paga R$ 45. Mas isso no Banco Asas, que é onde a conta é realmente aberta, é um serviço gratuito. O senhor estaria cobrando...

Não sou eu, porque não estou no contrato social.

O banco estaria cobrando por um serviço que, na verdade, é um serviço gratuito. Nós consultamos dois juristas, Walter Maierovitch, e o doutor Arthur Lemos, que é Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo, e eles disseram que, em tese, em uma situação dessa, pode-se dizer que as pessoas podem ser induzidas a erro, e que o banco estaria auferindo uma vantagem.

Você baixou o aplicativo, você viu o que são os benefícios que as pessoas têm? Ela paga não é para ter a conta, ela paga para ter benefícios.

Ali na conta só explica que o benefício, nesse caso, era ter a conta digital.

O teste não é com o banco. O teste é eu validar para eu entrar como sócio nisso, na operação. Não faz parte do meu grupo.

O senhor não acha que deveria ter alguma advertência ali.

A operação é lícita e está normal. O negócio aqui é um MVP. O que é um MVP? É o mínimo viável de um produto. Eu testo muitos produtos para agregar isso no meu grupo empresarial. Nós temos muitas empresas, eu sou investidor profissional, inclusive.

Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, em entrevista ao Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

Hoje, o meu negócio... Hoje não, porque agora eu sou o prefeito de São Paulo e eu já estou migrando para essa situação. Eu faço MVPs, o teste não é sobre o banco. Então, você trazendo o banco, o banco não está no meu nome, ele está sendo testado por mim. Eu estou testando a operação para ver se aprovo a operação para passar para dentro do meu time, dentro do meu conglomerado. Nos Estados Unidos tem mais de 10 mil bancos. No Brasil tem 140 instituições financeiras, das quais só 12 dominam. Eu quero que você abra a mente, você também pode ter um banco. Qualquer empresário pode querer um banco.

Não acaba induzindo a pessoa ao erro, pagando por uma coisa que é gratuita?

Mas ela está pagando pelos benefícios, que tem lá, está descrito os benefícios, tem um rol de benefícios.

Tem um assunto que está colocado na campanha, o Estadão fez matérias sobre isso, que são figuras do partido senhor com condenações ou investigações relacionadas ao tráfico de drogas e vinculação com o PCC. O senhor chegou até a defender que o presidente do partido deveria sair.

Eu fiz isso.

Mas depois o senhor fez agenda com ele e passou a defendê-lo.

(Eu pedi), mas ele não saiu. Vou fazer o que?

Mas e na prefeitura?

Na prefeitura não tem combinado com ele.

O senhor não pode simplesmente trocar de partido?

Como que eu vou trocar de partido? Eu sou filiado. É meu sonho no Brasil, meu sonho é que uma pessoa possa ter sua candidatura independente. Porque o partido político é o negócio mais assustador que você vai ver. Ninguém no meu perfil consegue viabilizar a candidatura. O Silvio Santos quis ser presidente, nunca que ia conseguir. Não conseguiu.

E esse povo não deixa. Esse povo que domina esses partidos políticos, eles são um terror. O que está acontecendo hoje? Ninguém consegue me parar, não vai parar. E se alguém descobrir, me conta que eu preciso parar só um dia para descansar. Ninguém consegue me parar. Aí fica em volta de tudo, caçando coisa na África, caçando não sei o que. Está tudo bem. Eu não estou importando com isso. Eu vou te servir de qualquer jeito.

Ninguém no meu perfil consegue viabilizar a candidatura. O Silvio Santos quis ser presidente, nunca que ia conseguir. Não conseguiu. E esse povo não deixa. Esse povo que domina esses partidos políticos, eles são um terror.

Pablo Marçal, candidato do PRTB

Mas o senhor não consegue convencer as pessoas do seu partido a saírem…

Mas eu não sou o presidente do partido. A viabilidade do partido não é minha.

O senhor é a pessoa mais importante do partido.

Ótimo. Mas uma caneta de alguém derruba minha candidatura e acabou.

Se alguém me convida para um grupo, a gente só tem gente meio estranha...

Fala um partido então que é o partido dos santos. Não existe. Ou seja, nós precisamos lutar no Brasil pela candidatura independente. Por quê? Porque qualquer cidadão que queira fazer, e um cara nobre igual você que eu estou identificando aqui, você é um cara que não suportaria estar dentro de um partido político. É um negócio assustador. É gente brigando por nada. É um negócio maluco todo dia. Eu louvo a Deus pelo partido que eu estou, se não eu não conseguiria disputar, mas em breve nós poderemos fazer isso individualmente, sem partido político. Eu vou lutar por isso.

Eu dou um espaço para que o senhor faça as considerações finais.

É o seguinte, São Paulo tem jeito. Não faz isso aqui virar uma m.... gigantesca na mão do Boulos. M…. não é palavrão. Não deixe o Bananinha destruir essa prefeitura. Eles estão há 10 anos, esse governo é do Dória. Ele é só um herdeiro. Esse vereador não tem perfil para ser prefeito. Eu peço se eu vote. Me dá a chance de servir você.

Entrevista por Pedro Augusto Figueiredo

Repórter de Política em São Paulo. Formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), tem passagens pelo jornal O Tempo e pela rádio Itatiaia, ambos em Belo Horizonte (MG).

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