Saiba quem é o presidente do partido que tenta reverter a derrota de Bolsonaro


Com Bolsonaro, Valdemar Costa Neto retornou ao centro do poder. É um político profissional que saiu marcado dos grandes escândalos dos governos de Lula e Dilma Rousseff, do mensalão à Operação Lava Jato

Por Vinícius Valfré
Atualização:

BRASÍLIA - Valdemar Costa Neto, presidente (que mais parece ‘dono’) do PL, começou a colecionar seus seis mandatos de deputado federal em 1990. Típico político do Centrão, ele esteve na base de apoio dos governos petistas e sagrou-se um dos maiores caciques da política nacional. Jamais havia questionado a segurança das urnas eletrônicas, até ver sua bancada surfar a onda de Jair Bolsonaro (PL) e se tornar a maior do Congresso.

“Como reclamar da urna eletrônica? Não tem como reclamar”, disse, num vídeo institucional, de maio. Depois do pleito, comprou o discurso de fraude que alimenta radicais acampados em frente a quartéis e pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a “invalidação” dos votos de 279 mil urnas, o que poderia dar a vitória a Bolsonaro sobre Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “O problema é muito sério”, alegou, nesta quarta-feira, 23.

O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, durante entrevista coletiva em que insistiu em contestar o resultado das eleições na quarta-feira, 23. Foto: Wilton Junior/Estadão
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Diante de uma argumentação sem lastro que não demonstrava inconsistência dos resultados, o TSE indeferiu o pedido e ainda aplicou multa de R$ 22,9 milhões ao partido - o equivalente a 25% dos R$ 89 milhões gastos com a campanha à reeleição de Bolsonaro.

O PL questionou apenas os resultados do segundo turno. Defendeu que aplicar o mesmo critério nos resultados da primeira etapa acarretaria “grande tumulto processual”, pois milhares de candidatos seriam obrigados a se manifestar. Na prática, agiu para blindar das suspeitas falsas os resultados que fizeram a bancada de seu partido crescer de 76 para 99 deputados, um aumento que se converte em prestígio e mais dinheiro do Fundo Partidário a partir de 2023.

Com Bolsonaro, Costa Neto retornou ao centro do poder, apesar de ser a personificação de um político que, em tese, o bolsonarismo repudia. É um político profissional que saiu marcado dos grandes escândalos dos governos de Lula e Dilma Rousseff, do mensalão à Operação Lava Jato.

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Valdemar Costa Neto, condenado no processso do mensalão, saindo da Justiça após receber instruções do juiz da Vara de Execuções Penais para passar sua prisão para regime domiciliar em 2014. Foto: André Duzek/Estadão

A prisão ocorreu em dezembro de 2013, depois de uma condenação a sete anos e dez meses de reclusão por corrupção e lavagem de dinheiro no julgamento do mensalão, o esquema de pagamento de “mensalidades” para políticos votarem a favor do governo, descoberto em 2005.

Valdemar Costa Neto foi recolhido ao Complexo da Papuda, no Distrito Federal. Pôde cumprir parte da pena nos regimes semiaberto e aberto e também chegou a ser obrigado a usar uma tornozeleira eletrônica. Por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), a pena foi extinta em 2016.

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Mesmo preso, o político que começou a carreira em Mogi das Cruzes (SP), onde seu pai foi prefeito por quatro vezes, comandou com mão forte o PL – antes chamado de Partido da República (PR).

O presidente Jair Bolsonaro na cerimônia de filiação ao Partido Liberal, ao lado do presidente da legenda Valdemar da Costa Neto e do presidente da Câmara Arthur Lira, em novembro de 2021. Foto: Neto Sousa / Estadão

O nome dele voltou a aparecer em inquéritos no âmbito da Lava Jato como intermediário de propinas com empreiteiras interessadas no Ministério dos Transportes, pasta que teve influência direta de Costa Neto no governo Lula.

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Pragmático, ele pouco se expôs depois de sair da prisão e ter o nome envolvido em escândalos. Ressurgiu com Bolsonaro e passou a mais uma vez frequentar os palácios de Brasília. Mantém conversas com ministros da Suprema Corte e chega a fazer “jogo duplo” com o poder central. Em uma visita ao TSE, em setembro, saiu dizendo que não existia “sala secreta” na sede do tribunal. A versão vinha sendo usada por bolsonaristas para lançar suspeitas infundadas sobre a Corte.

Avesso a entrevistas e a declarações públicas sobre questões nacionais, fez três aparições após as eleições. Na primeira, anunciou uma “oposição responsável” ao novo governo Lula, em um movimento que ainda não convence a classe política por causa do dom de “adesismo” de Costa Neto.

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As duas outras foram para questionar o resultado eleitoral. Na terça, anunciou a representação que foi apresentada ao TSE e não respondeu a perguntas. Nesta quarta, chamou novamente a imprensa para dar um verniz legal ao pleito, alegando que o regramento da Justiça Eleitoral permite pedidos de fiscalização extraordinária desde que devidamente apresentados os indícios.

“Não pode haver dúvida sobre o voto, tem de ser seguro. Por isso fizemos o levantamento. Se isso for uma mancha na nossa democracia, temos de resolver isso agora. O problema é muito sério”, disse.

O protagonismo político também faz dele assunto debatido nas redes sociais. A ex-mulher, a socialite Maria Christina Mendes Caldeira, tem feito vídeos ameaçando revelar outros supostos crimes de Costa Neto justamente por causa das ações que ela considera golpistas.

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“Esqueceu que eu tenho uma porrada, uma quantidade gigante de documentação sua na época do car wash [lava jato] e sua atual. E mais, a evasão de divisa e sonegação dos bolsonaros aqui. Mas de tudo isso, o mais grave é você contestar a democracia, querido. No primeiro turno que você elegeu sua bancada tá tudo legal, funcionou, mas no segundo turno você contesta né!?”, acusou.

Com a tranquilidade de quem sobreviveu a terremotos políticos e voltou à cena como protagonista, Valdemar Costa Neto minimizou, nesta quarta, as ilações da ex-companheira: “Isso são mágoas, mágoas...”.

BRASÍLIA - Valdemar Costa Neto, presidente (que mais parece ‘dono’) do PL, começou a colecionar seus seis mandatos de deputado federal em 1990. Típico político do Centrão, ele esteve na base de apoio dos governos petistas e sagrou-se um dos maiores caciques da política nacional. Jamais havia questionado a segurança das urnas eletrônicas, até ver sua bancada surfar a onda de Jair Bolsonaro (PL) e se tornar a maior do Congresso.

“Como reclamar da urna eletrônica? Não tem como reclamar”, disse, num vídeo institucional, de maio. Depois do pleito, comprou o discurso de fraude que alimenta radicais acampados em frente a quartéis e pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a “invalidação” dos votos de 279 mil urnas, o que poderia dar a vitória a Bolsonaro sobre Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “O problema é muito sério”, alegou, nesta quarta-feira, 23.

O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, durante entrevista coletiva em que insistiu em contestar o resultado das eleições na quarta-feira, 23. Foto: Wilton Junior/Estadão

Diante de uma argumentação sem lastro que não demonstrava inconsistência dos resultados, o TSE indeferiu o pedido e ainda aplicou multa de R$ 22,9 milhões ao partido - o equivalente a 25% dos R$ 89 milhões gastos com a campanha à reeleição de Bolsonaro.

O PL questionou apenas os resultados do segundo turno. Defendeu que aplicar o mesmo critério nos resultados da primeira etapa acarretaria “grande tumulto processual”, pois milhares de candidatos seriam obrigados a se manifestar. Na prática, agiu para blindar das suspeitas falsas os resultados que fizeram a bancada de seu partido crescer de 76 para 99 deputados, um aumento que se converte em prestígio e mais dinheiro do Fundo Partidário a partir de 2023.

Com Bolsonaro, Costa Neto retornou ao centro do poder, apesar de ser a personificação de um político que, em tese, o bolsonarismo repudia. É um político profissional que saiu marcado dos grandes escândalos dos governos de Lula e Dilma Rousseff, do mensalão à Operação Lava Jato.

Valdemar Costa Neto, condenado no processso do mensalão, saindo da Justiça após receber instruções do juiz da Vara de Execuções Penais para passar sua prisão para regime domiciliar em 2014. Foto: André Duzek/Estadão

A prisão ocorreu em dezembro de 2013, depois de uma condenação a sete anos e dez meses de reclusão por corrupção e lavagem de dinheiro no julgamento do mensalão, o esquema de pagamento de “mensalidades” para políticos votarem a favor do governo, descoberto em 2005.

Valdemar Costa Neto foi recolhido ao Complexo da Papuda, no Distrito Federal. Pôde cumprir parte da pena nos regimes semiaberto e aberto e também chegou a ser obrigado a usar uma tornozeleira eletrônica. Por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), a pena foi extinta em 2016.

Mesmo preso, o político que começou a carreira em Mogi das Cruzes (SP), onde seu pai foi prefeito por quatro vezes, comandou com mão forte o PL – antes chamado de Partido da República (PR).

O presidente Jair Bolsonaro na cerimônia de filiação ao Partido Liberal, ao lado do presidente da legenda Valdemar da Costa Neto e do presidente da Câmara Arthur Lira, em novembro de 2021. Foto: Neto Sousa / Estadão

O nome dele voltou a aparecer em inquéritos no âmbito da Lava Jato como intermediário de propinas com empreiteiras interessadas no Ministério dos Transportes, pasta que teve influência direta de Costa Neto no governo Lula.

Pragmático, ele pouco se expôs depois de sair da prisão e ter o nome envolvido em escândalos. Ressurgiu com Bolsonaro e passou a mais uma vez frequentar os palácios de Brasília. Mantém conversas com ministros da Suprema Corte e chega a fazer “jogo duplo” com o poder central. Em uma visita ao TSE, em setembro, saiu dizendo que não existia “sala secreta” na sede do tribunal. A versão vinha sendo usada por bolsonaristas para lançar suspeitas infundadas sobre a Corte.

Avesso a entrevistas e a declarações públicas sobre questões nacionais, fez três aparições após as eleições. Na primeira, anunciou uma “oposição responsável” ao novo governo Lula, em um movimento que ainda não convence a classe política por causa do dom de “adesismo” de Costa Neto.

As duas outras foram para questionar o resultado eleitoral. Na terça, anunciou a representação que foi apresentada ao TSE e não respondeu a perguntas. Nesta quarta, chamou novamente a imprensa para dar um verniz legal ao pleito, alegando que o regramento da Justiça Eleitoral permite pedidos de fiscalização extraordinária desde que devidamente apresentados os indícios.

“Não pode haver dúvida sobre o voto, tem de ser seguro. Por isso fizemos o levantamento. Se isso for uma mancha na nossa democracia, temos de resolver isso agora. O problema é muito sério”, disse.

O protagonismo político também faz dele assunto debatido nas redes sociais. A ex-mulher, a socialite Maria Christina Mendes Caldeira, tem feito vídeos ameaçando revelar outros supostos crimes de Costa Neto justamente por causa das ações que ela considera golpistas.

“Esqueceu que eu tenho uma porrada, uma quantidade gigante de documentação sua na época do car wash [lava jato] e sua atual. E mais, a evasão de divisa e sonegação dos bolsonaros aqui. Mas de tudo isso, o mais grave é você contestar a democracia, querido. No primeiro turno que você elegeu sua bancada tá tudo legal, funcionou, mas no segundo turno você contesta né!?”, acusou.

Com a tranquilidade de quem sobreviveu a terremotos políticos e voltou à cena como protagonista, Valdemar Costa Neto minimizou, nesta quarta, as ilações da ex-companheira: “Isso são mágoas, mágoas...”.

BRASÍLIA - Valdemar Costa Neto, presidente (que mais parece ‘dono’) do PL, começou a colecionar seus seis mandatos de deputado federal em 1990. Típico político do Centrão, ele esteve na base de apoio dos governos petistas e sagrou-se um dos maiores caciques da política nacional. Jamais havia questionado a segurança das urnas eletrônicas, até ver sua bancada surfar a onda de Jair Bolsonaro (PL) e se tornar a maior do Congresso.

“Como reclamar da urna eletrônica? Não tem como reclamar”, disse, num vídeo institucional, de maio. Depois do pleito, comprou o discurso de fraude que alimenta radicais acampados em frente a quartéis e pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a “invalidação” dos votos de 279 mil urnas, o que poderia dar a vitória a Bolsonaro sobre Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “O problema é muito sério”, alegou, nesta quarta-feira, 23.

O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, durante entrevista coletiva em que insistiu em contestar o resultado das eleições na quarta-feira, 23. Foto: Wilton Junior/Estadão

Diante de uma argumentação sem lastro que não demonstrava inconsistência dos resultados, o TSE indeferiu o pedido e ainda aplicou multa de R$ 22,9 milhões ao partido - o equivalente a 25% dos R$ 89 milhões gastos com a campanha à reeleição de Bolsonaro.

O PL questionou apenas os resultados do segundo turno. Defendeu que aplicar o mesmo critério nos resultados da primeira etapa acarretaria “grande tumulto processual”, pois milhares de candidatos seriam obrigados a se manifestar. Na prática, agiu para blindar das suspeitas falsas os resultados que fizeram a bancada de seu partido crescer de 76 para 99 deputados, um aumento que se converte em prestígio e mais dinheiro do Fundo Partidário a partir de 2023.

Com Bolsonaro, Costa Neto retornou ao centro do poder, apesar de ser a personificação de um político que, em tese, o bolsonarismo repudia. É um político profissional que saiu marcado dos grandes escândalos dos governos de Lula e Dilma Rousseff, do mensalão à Operação Lava Jato.

Valdemar Costa Neto, condenado no processso do mensalão, saindo da Justiça após receber instruções do juiz da Vara de Execuções Penais para passar sua prisão para regime domiciliar em 2014. Foto: André Duzek/Estadão

A prisão ocorreu em dezembro de 2013, depois de uma condenação a sete anos e dez meses de reclusão por corrupção e lavagem de dinheiro no julgamento do mensalão, o esquema de pagamento de “mensalidades” para políticos votarem a favor do governo, descoberto em 2005.

Valdemar Costa Neto foi recolhido ao Complexo da Papuda, no Distrito Federal. Pôde cumprir parte da pena nos regimes semiaberto e aberto e também chegou a ser obrigado a usar uma tornozeleira eletrônica. Por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), a pena foi extinta em 2016.

Mesmo preso, o político que começou a carreira em Mogi das Cruzes (SP), onde seu pai foi prefeito por quatro vezes, comandou com mão forte o PL – antes chamado de Partido da República (PR).

O presidente Jair Bolsonaro na cerimônia de filiação ao Partido Liberal, ao lado do presidente da legenda Valdemar da Costa Neto e do presidente da Câmara Arthur Lira, em novembro de 2021. Foto: Neto Sousa / Estadão

O nome dele voltou a aparecer em inquéritos no âmbito da Lava Jato como intermediário de propinas com empreiteiras interessadas no Ministério dos Transportes, pasta que teve influência direta de Costa Neto no governo Lula.

Pragmático, ele pouco se expôs depois de sair da prisão e ter o nome envolvido em escândalos. Ressurgiu com Bolsonaro e passou a mais uma vez frequentar os palácios de Brasília. Mantém conversas com ministros da Suprema Corte e chega a fazer “jogo duplo” com o poder central. Em uma visita ao TSE, em setembro, saiu dizendo que não existia “sala secreta” na sede do tribunal. A versão vinha sendo usada por bolsonaristas para lançar suspeitas infundadas sobre a Corte.

Avesso a entrevistas e a declarações públicas sobre questões nacionais, fez três aparições após as eleições. Na primeira, anunciou uma “oposição responsável” ao novo governo Lula, em um movimento que ainda não convence a classe política por causa do dom de “adesismo” de Costa Neto.

As duas outras foram para questionar o resultado eleitoral. Na terça, anunciou a representação que foi apresentada ao TSE e não respondeu a perguntas. Nesta quarta, chamou novamente a imprensa para dar um verniz legal ao pleito, alegando que o regramento da Justiça Eleitoral permite pedidos de fiscalização extraordinária desde que devidamente apresentados os indícios.

“Não pode haver dúvida sobre o voto, tem de ser seguro. Por isso fizemos o levantamento. Se isso for uma mancha na nossa democracia, temos de resolver isso agora. O problema é muito sério”, disse.

O protagonismo político também faz dele assunto debatido nas redes sociais. A ex-mulher, a socialite Maria Christina Mendes Caldeira, tem feito vídeos ameaçando revelar outros supostos crimes de Costa Neto justamente por causa das ações que ela considera golpistas.

“Esqueceu que eu tenho uma porrada, uma quantidade gigante de documentação sua na época do car wash [lava jato] e sua atual. E mais, a evasão de divisa e sonegação dos bolsonaros aqui. Mas de tudo isso, o mais grave é você contestar a democracia, querido. No primeiro turno que você elegeu sua bancada tá tudo legal, funcionou, mas no segundo turno você contesta né!?”, acusou.

Com a tranquilidade de quem sobreviveu a terremotos políticos e voltou à cena como protagonista, Valdemar Costa Neto minimizou, nesta quarta, as ilações da ex-companheira: “Isso são mágoas, mágoas...”.

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