O senador Randolfe Rodrigues (AP) e o ex-ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro e deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) trocaram farpas nas redes sociais na tarde desta quinta-feira, 18, após o Ibama vetar a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas. O projeto pode beneficiar o Estado do senador. “Não sou da sua laia”, escreveu Randolfe, em resposta ao ex-ministro. O senador é líder do governo Lula no Congresso.
A discussão começou em uma publicação de Randolfe. Na noite desta quarta-feira, 17, o senador criticou a decisão do Ibama de indeferir o pedido de licenciamento apresentado pela Petrobras para explorar petróleo na região. A deliberação foi tomada em meio a um embate entre os ministérios do Meio Ambiente, de Marina Silva, e de Minas e Energia, de Alexandre Silveira.
“A decisão não ouviu o governo local e nenhum cidadão do meu Estado. O povo amapaense quer ter o direito de ser escutado”, disse Randolfe. “Junto a todas as instâncias do governo federal, reuniremos todos aqueles que querem o desenvolvimento sustentável do Amapá, para, de forma técnica, legal e responsável, lutarmos contra essa decisão.” Na manhã desta quarta, 18, o senador anunciou sua saída da Rede Sustentabilidade, partido fundado por Marina, de quem é rival, e em que está desde 2015.
Salles comentou a publicação de Randolfe: “Bem-vindo ao time”. O deputado segure que os dois agora estariam defendendo os mesmos interesses. O senador rebateu: “Me respeite que não sou da sua laia e muito menos da sua turma de bandidos. Eu quero o desenvolvimento para o povo do meu Estado e sempre lutei pelo meio ambiente”.
A passagem de Salles pelo Ministério do Meio Ambiente foi marcada por polêmicas. Durante uma reunião ministerial, em maio de 2020, ele disse que o governo deveria aproveitar o foco da imprensa na pandemia da covid e “ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas”, no intuito de flexibilizar regras de proteção ambiental.
Em maio de 2021, Salles entrou na mira da Polícia Federal e passou a ser investigado por fazer parte de um suposto esquema de corrupção que atua na exportação ilegal de madeira. Um mês depois da abertura da investigação, ele deixou o ministério. Na semana passada, o deputado federal afirmou que é o escolhido de Bolsonaro para disputar a Prefeitura de São Paulo em 2023. Como mostrou o Estadão, o ex-presidente esteve recentemente reunido a portas fechadas com o atual prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB), que pode almejar a reeleição.