‘Sapo Barbudo’ e ‘Príncipe’, Lula e FHC caminham juntos desde a redemocratização; leia análise


Ex-presidentes atuaram em campos opostos do espectro político, mas souberam respeitar a democracia antes de tudo

Por Daniel Fernandes
Atualização:

A passagem da faixa presidencial de Fernando Henrique Cardoso para o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, é o mais simbólico, mas não o único momento protagonizado por ambos. Presidente por oito anos, é FHC quem entrega o poder a Lula, que então comandou o País por outros oito anos. Nesses dezesseis anos, há muita divergência entre os dois partidos que ambos ajudaram a criar - o PSDB e o PT -, mas nos dezesseis anos em que ambos comandaram o Brasil, não havia riscos à democracia.

Esse é o motivo pelo qual FHC declarou voto em Lula neste segundo turno contra o atual presidente Jair Bolsonaro, que por mais de uma vez e por incontáveis vezes deu declarações que podem ser interpretadas como corrosivas ao estado democrático de direito. E não há uma surpresa nessa decisão: Em 2021, durante almoço na casa do ex-ministro Nelson Jobim, FHC indicava apoio ao petista. Ele atuou tanto no governo FHC quanto no governo Lula. Na época, FHC disse: “Continuo buscando uma terceira via entre Bolsonaro e Lula. Se possível, no PSDB. Se isso não acontecer, não vou deixar meu voto em branco”.

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FHC cumprimenta Lula depois de entregar ao petista a faixa de presidente da República, em 2003 Foto: Celso Junior/AE

Um ano se passou, o PSDB apoiou Simone Tebet, do MDB, que não foi ao segundo turno - deve também declarar apoio a Lula - e FHC não fugiu da raia: apoia Lula no segundo turno. É notório e notável a postura do ex-presidente tucano em um universo, o político, em que palavras valem muito pouco.

A relação entre os dois é longa, começou na década de 1970. Lula, líder do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, apoio a candidatura de FHC ao Senado em 1978. Era o começo do fim da ditadura militar - ambos estariam lado a lado na histórica campanha pelas Diretas Já na década de 1980.

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Leonel Brizola, Luiz Inácio Lula da Silva e Marisa Letícia Lula da Silva, em 1989 Foto: Márcia Zoetz/Estadão

Lula ganharia ainda mais protagonismo nacional na primeira eleição presidencial direta desde o golpe. Em 1989, após anunciar apoio a Lula no segundo turno, o ex-governador do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, cunhou o apelido que acompanha Lula desde então. Brizola disse: “A política é a arte de engolir sapos. Não seria fascinante fazer agora a elite brasileira engolir o Lula, este sapo barbudo?”.

O próprio Brizola engolia o sapo do PT, com quem trocou farpas no primeiro turno daquela eleição. Também pejorativo, FHC passou a ser conhecido como o Príncipe dos Sociólogos, apelido cuja origem me parece incerta, mas que deve ter vindo da esquerda que fez de tudo para complicar sua presidência no Congresso Nacional.

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Ambos seguiram em frente, apesar das divergências, e de certa maneira caminharam lado a lado desde antes da redemocratização apesar de convicções políticas antagônicas.

Não se trata disso a democracia?

A passagem da faixa presidencial de Fernando Henrique Cardoso para o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, é o mais simbólico, mas não o único momento protagonizado por ambos. Presidente por oito anos, é FHC quem entrega o poder a Lula, que então comandou o País por outros oito anos. Nesses dezesseis anos, há muita divergência entre os dois partidos que ambos ajudaram a criar - o PSDB e o PT -, mas nos dezesseis anos em que ambos comandaram o Brasil, não havia riscos à democracia.

Esse é o motivo pelo qual FHC declarou voto em Lula neste segundo turno contra o atual presidente Jair Bolsonaro, que por mais de uma vez e por incontáveis vezes deu declarações que podem ser interpretadas como corrosivas ao estado democrático de direito. E não há uma surpresa nessa decisão: Em 2021, durante almoço na casa do ex-ministro Nelson Jobim, FHC indicava apoio ao petista. Ele atuou tanto no governo FHC quanto no governo Lula. Na época, FHC disse: “Continuo buscando uma terceira via entre Bolsonaro e Lula. Se possível, no PSDB. Se isso não acontecer, não vou deixar meu voto em branco”.

FHC cumprimenta Lula depois de entregar ao petista a faixa de presidente da República, em 2003 Foto: Celso Junior/AE

Um ano se passou, o PSDB apoiou Simone Tebet, do MDB, que não foi ao segundo turno - deve também declarar apoio a Lula - e FHC não fugiu da raia: apoia Lula no segundo turno. É notório e notável a postura do ex-presidente tucano em um universo, o político, em que palavras valem muito pouco.

A relação entre os dois é longa, começou na década de 1970. Lula, líder do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, apoio a candidatura de FHC ao Senado em 1978. Era o começo do fim da ditadura militar - ambos estariam lado a lado na histórica campanha pelas Diretas Já na década de 1980.

Leonel Brizola, Luiz Inácio Lula da Silva e Marisa Letícia Lula da Silva, em 1989 Foto: Márcia Zoetz/Estadão

Lula ganharia ainda mais protagonismo nacional na primeira eleição presidencial direta desde o golpe. Em 1989, após anunciar apoio a Lula no segundo turno, o ex-governador do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, cunhou o apelido que acompanha Lula desde então. Brizola disse: “A política é a arte de engolir sapos. Não seria fascinante fazer agora a elite brasileira engolir o Lula, este sapo barbudo?”.

O próprio Brizola engolia o sapo do PT, com quem trocou farpas no primeiro turno daquela eleição. Também pejorativo, FHC passou a ser conhecido como o Príncipe dos Sociólogos, apelido cuja origem me parece incerta, mas que deve ter vindo da esquerda que fez de tudo para complicar sua presidência no Congresso Nacional.

Ambos seguiram em frente, apesar das divergências, e de certa maneira caminharam lado a lado desde antes da redemocratização apesar de convicções políticas antagônicas.

Não se trata disso a democracia?

A passagem da faixa presidencial de Fernando Henrique Cardoso para o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, é o mais simbólico, mas não o único momento protagonizado por ambos. Presidente por oito anos, é FHC quem entrega o poder a Lula, que então comandou o País por outros oito anos. Nesses dezesseis anos, há muita divergência entre os dois partidos que ambos ajudaram a criar - o PSDB e o PT -, mas nos dezesseis anos em que ambos comandaram o Brasil, não havia riscos à democracia.

Esse é o motivo pelo qual FHC declarou voto em Lula neste segundo turno contra o atual presidente Jair Bolsonaro, que por mais de uma vez e por incontáveis vezes deu declarações que podem ser interpretadas como corrosivas ao estado democrático de direito. E não há uma surpresa nessa decisão: Em 2021, durante almoço na casa do ex-ministro Nelson Jobim, FHC indicava apoio ao petista. Ele atuou tanto no governo FHC quanto no governo Lula. Na época, FHC disse: “Continuo buscando uma terceira via entre Bolsonaro e Lula. Se possível, no PSDB. Se isso não acontecer, não vou deixar meu voto em branco”.

FHC cumprimenta Lula depois de entregar ao petista a faixa de presidente da República, em 2003 Foto: Celso Junior/AE

Um ano se passou, o PSDB apoiou Simone Tebet, do MDB, que não foi ao segundo turno - deve também declarar apoio a Lula - e FHC não fugiu da raia: apoia Lula no segundo turno. É notório e notável a postura do ex-presidente tucano em um universo, o político, em que palavras valem muito pouco.

A relação entre os dois é longa, começou na década de 1970. Lula, líder do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, apoio a candidatura de FHC ao Senado em 1978. Era o começo do fim da ditadura militar - ambos estariam lado a lado na histórica campanha pelas Diretas Já na década de 1980.

Leonel Brizola, Luiz Inácio Lula da Silva e Marisa Letícia Lula da Silva, em 1989 Foto: Márcia Zoetz/Estadão

Lula ganharia ainda mais protagonismo nacional na primeira eleição presidencial direta desde o golpe. Em 1989, após anunciar apoio a Lula no segundo turno, o ex-governador do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, cunhou o apelido que acompanha Lula desde então. Brizola disse: “A política é a arte de engolir sapos. Não seria fascinante fazer agora a elite brasileira engolir o Lula, este sapo barbudo?”.

O próprio Brizola engolia o sapo do PT, com quem trocou farpas no primeiro turno daquela eleição. Também pejorativo, FHC passou a ser conhecido como o Príncipe dos Sociólogos, apelido cuja origem me parece incerta, mas que deve ter vindo da esquerda que fez de tudo para complicar sua presidência no Congresso Nacional.

Ambos seguiram em frente, apesar das divergências, e de certa maneira caminharam lado a lado desde antes da redemocratização apesar de convicções políticas antagônicas.

Não se trata disso a democracia?

A passagem da faixa presidencial de Fernando Henrique Cardoso para o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, é o mais simbólico, mas não o único momento protagonizado por ambos. Presidente por oito anos, é FHC quem entrega o poder a Lula, que então comandou o País por outros oito anos. Nesses dezesseis anos, há muita divergência entre os dois partidos que ambos ajudaram a criar - o PSDB e o PT -, mas nos dezesseis anos em que ambos comandaram o Brasil, não havia riscos à democracia.

Esse é o motivo pelo qual FHC declarou voto em Lula neste segundo turno contra o atual presidente Jair Bolsonaro, que por mais de uma vez e por incontáveis vezes deu declarações que podem ser interpretadas como corrosivas ao estado democrático de direito. E não há uma surpresa nessa decisão: Em 2021, durante almoço na casa do ex-ministro Nelson Jobim, FHC indicava apoio ao petista. Ele atuou tanto no governo FHC quanto no governo Lula. Na época, FHC disse: “Continuo buscando uma terceira via entre Bolsonaro e Lula. Se possível, no PSDB. Se isso não acontecer, não vou deixar meu voto em branco”.

FHC cumprimenta Lula depois de entregar ao petista a faixa de presidente da República, em 2003 Foto: Celso Junior/AE

Um ano se passou, o PSDB apoiou Simone Tebet, do MDB, que não foi ao segundo turno - deve também declarar apoio a Lula - e FHC não fugiu da raia: apoia Lula no segundo turno. É notório e notável a postura do ex-presidente tucano em um universo, o político, em que palavras valem muito pouco.

A relação entre os dois é longa, começou na década de 1970. Lula, líder do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, apoio a candidatura de FHC ao Senado em 1978. Era o começo do fim da ditadura militar - ambos estariam lado a lado na histórica campanha pelas Diretas Já na década de 1980.

Leonel Brizola, Luiz Inácio Lula da Silva e Marisa Letícia Lula da Silva, em 1989 Foto: Márcia Zoetz/Estadão

Lula ganharia ainda mais protagonismo nacional na primeira eleição presidencial direta desde o golpe. Em 1989, após anunciar apoio a Lula no segundo turno, o ex-governador do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, cunhou o apelido que acompanha Lula desde então. Brizola disse: “A política é a arte de engolir sapos. Não seria fascinante fazer agora a elite brasileira engolir o Lula, este sapo barbudo?”.

O próprio Brizola engolia o sapo do PT, com quem trocou farpas no primeiro turno daquela eleição. Também pejorativo, FHC passou a ser conhecido como o Príncipe dos Sociólogos, apelido cuja origem me parece incerta, mas que deve ter vindo da esquerda que fez de tudo para complicar sua presidência no Congresso Nacional.

Ambos seguiram em frente, apesar das divergências, e de certa maneira caminharam lado a lado desde antes da redemocratização apesar de convicções políticas antagônicas.

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