O senador Roberto Saturnino Braga (PSB-RJ), relator do processo que investiga a violação do painel de votações do Senado, já tinha um assunto espinhoso para tratar. Mas agora, depois sua viagem a Pirenópolis, cidade histórica de Goiás que fica a 150 quilômetros de Brasília, o senador tem, literalmente, milhares de espinhos no caminho. Braga foi a estrela do encontro do diretório regional do partido dele neste sábado à tarde, descansou e fugiu da pressão da mídia. Neste sábado à noite, o senador participou de um jantar oferecido a ele pelo PSB local. Entusiasmado para experimentar os pratos típicos que foram servidos, o senador cometeu um erro comum em principiantes no cardápio goiano: mordeu um pequi. Fruta do cerrado, o pequi não deve nunca ser mordido, pois o caroço é cheio de pequenos espinhos que infestam a boca dos desavisados e precisam ser retirados com uma pinça, um por um. "Ninguém me avisou, e quando eu mordi, senti que alguma coisa estava errada. Fiquei com vergonha de tirar o pequi da boca. Fiquei tentando resolver e quando fui ao banheiro já era tarde", conta o senador, entre uma e outra reclamação, justificada, sobre o incômodo dos espinhos, "que ficam como se fossem agulhinhas dentro da boca". O senador acordou cedo para tentar resolver um dos problemas. Passou algum tempo com a enfermeira do hotel onde se hospedou tentando retirar todos os espinhos do pequi que ainda restavam na boca. Uma sessão, entretanto, não foi suficiente e no começo da tarde o senador teve novamente que se submeter à cata aos espinhos. Braga estava em Pirenópolis com a mulher Eliane. Os dois caminharam pela cidade neste domingo de manhã e almoçaram num pequeno restaurante de comida goiana. Mas, dessa vez, tiveram mais sorte e comeram galinhada, prato típico feito com frango e arroz. Hoje, de bemudas e camiseta, o senador foi a uma cachoeira próxima da cidade. Aproveitou o cenário, que considerou muito bonito, mas não quis arriscar um banho. Em seguida, visitou a fazenda de um dos guias que o conduziam pela região e retornou ao hotel, onde falou com a imprensa. O senador voltou a Brasília no fim da tarde. Não antes de ser reconhecido por hóspedes que estavam no hotel e que cobraram a cassação dos senadores José Roberto Arruda (sem partido-DF) e Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). A resposta do senador, segundo um dos hóspedes, foi em defesa da perda dos mandatos. Mas isso Braga não confirma. Descansado e com energias renovadas para tratar do espinho que ainda lhe resta, o senador diz que prefere falar por meio do relatório, que fica pronto na próxima semana.
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