O cancelamento da reunião da CPI dos Cartões Corporativos que votaria o requerimento de acareação do ex-funcionário da Casa Civil José Aparecido Nunes com André Fernandes, assessor do senador tucano Álvaro Dias (PR), deixou um clima de despedida no Senado. A presidente da comissão, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), marcou a próxima reunião para a próxima terça-feira e já adiantou que se a acareação não for aprovada, seguirá com a leitura dos relatórios, o que colocaria fim aos trabalhos da comissão que apura as irregularidades nos gastos com cartões do governo. "Terça-feira, se não votarem favoravelmente os requerimentos que vou colocar em votação, parto para a leitura dos relatórios. Temos dois sub-relatórios e o relatório final e podemos ter ainda um paralelo", explicou. "Temos de votar e encerrar a CPI", defendeu o relator, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). Veja também: CPI adia para 3ª decisão sobre acareação por falta de quórum Ouça explicações de Aparecido sobre o dossiê Ouça assessor tucano confirmando 'amizade quente' com Aparecido Ouça versão de assessor tucano sobre troca de e-mails Veja o dossiê com dados do ex-presidente FHC Entenda a crise dos cartões corporativos Teste seus conhecimentos: quem diz o que sobre o dossiê Fernandes e Aparecido são suspeitos de vazar dados com os gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Como os dois entraram em contradição no depoimento da última terça-feira, a idéia é colocar o ex-servidor e o assessor frente a frente. O pedido, no entanto, deve ser rejeitado uma vez que à base aliada do governo, maioria na CPI, não interessa a acareação dos envolvidos. A reunião desta quarta foi cancelada por falta de quórum. A CPI continuaria o depoimento de Aparecido, mas os quatro parlamentares inscritos para os questionamentos não compareceram à reunião. Um deles, o deputado Nilson Mourão (PT-AC), esteve na CPI, mas saiu antes do início das discussões. A oposição acusou a CPI de fazer acordo para cancelar o depoimento e adiar a votação do requerimento para acareação. "Não tem sentido não ter a reunião. É espantoso que as pessoas cheguem cedo, se inscrevam para falar e a reunião seja suspensa", contestou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). "As forças políticas daqui - governo e oposição - não querem que a CPI avance mais. Reconheceram que nada vai mudar. A CPI dos Cartões Corporativos virou a CPI do cartão vermelho contra nós mesmos", acrescentou. Luiz Sérgio rebateu a acusação. Segundo ele, a continuação do depoimento de Aparecido não iria acrescentar novidades ao relatório final. "Não houve nenhum entendimento (para encerrar a reunião). Acredito que o tema hoje se esgotou. Não havia motivação, nem na base nem na oposição, para fazer mais perguntas ao Aparecido. As dúvidas que existiram acrescentaram muito pouco ao relatório que vou apresentar", disse, dizendo que o parecer final será apresentado na próxima quinta-feira. O deputado Índio da Costa (DEM-RJ), um dos sub-relatores da CPI, afirmou que vai pedir em suas considerações, que deve apresentar na próxima terça-feira, o indiciamento de mais de cem pessoas, entre ministros e autoridades acusadas de uso irregular de cartões corporativos. "Sou sub-relator de fiscalização de gastos. Meu relatório tem mais de 60 páginas, mostrando escândalos no uso abusivo dos cartões. Vou pedir o indiciamento de vários usuários e vou entregar os pedidos ao Ministério Público", explicou. Ele também protestou contra o cancelamento da reunião de hoje. Para o deputado, a CPI não pode ser encerrada sem ouvir a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, acusada de ser a autora do pedido de produção do suposto dossiê. "Não acho possível acabar com a CPI semana que vem. A Erenice tinha de vir aqui para se explicar", comentou. (Com Agência Brasil)
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