RIO – Sem um plano B para a disputa à Prefeitura do Rio de Janeiro, o PL aguarda os desdobramentos da operação da Polícia Federal (PF) desta quinta-feira, 25, contra o deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem (PL-RJ) para avaliar os impactos na corrida eleitoral municipal na capital fluminense. A operação representa um novo desgaste para a pré-candidatura de Ramagem, mas não tem forças para lhe tirar da corrida, avaliam líderes da legenda e até mesmo opositores.
Homem de confiança do clã Bolsonaro, Ramagem foi escolhido para suceder ao ex-ministro Walter Braga Netto (Casa Civil) e ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na indicação do diretório carioca na disputa contra o atual prefeito Eduardo Paes (PSD), que tentará a reeleição.
Amigo dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-diretor da Abin é considerado uma cota pessoal da família Bolsonaro nas eleições municipais do partido deste ano. Desde que Braga Netto foi considerado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e econômico e conduta vedada nas comemorações do Bicentenário da Independência durante a campanha eleitoral de 2022, Ramagem assumiu o posto de favorito no reduto eleitoral do clã da zona oeste do Rio.
Outros dois nomes chegaram a circular como postulantes ao posto de candidato do PL, mas não engrenaram por falta de apoio de Bolsonaro: o senador Carlos Portinho (PL-RJ) e o deputado federal Dr. Luizinho (PL-RJ), nome alinhado à ala mais moderada do partido e ao governador Cláudio Castro (PL).
Integrantes da legenda ouvidos pelo Estadão garantem que, por enquanto, nada muda. Ramagem segue prestigiado pelo clã Bolsonaro e, de acordo com pesquisas internas, é o nome mais viável entre os filiados para a disputa contra Paes.
Segundo fontes do PL, apesar do desconhecimento por parte dos cariocas, Ramagem se destaca nas pesquisas qualitativas do partido – quando é apresentado com declarações e posicionamentos que emitiu.
Outro fator visto como primordial para a insistência no nome de Ramagem é a iminente presidência de Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) à frente do diretório municipal do PL no Rio. Prestes a disputar o sexto mandato à Câmara Municipal do Rio, o vereador carioca, o filho 02 do ex-presidente vai assumir a coordenação de campanha de Ramagem.
Antes de Ramagem, outro pré-candidato do PL à Prefeitura do Rio também já havia sido atingido por uma operação da Polícia Federal. Em setembro do ano passado, a PF realizou uma investigação contra desvios de R$ 4,6 milhões na intervenção federal no Rio de Janeiro, sob o comando de Braga Netto.
Para o presidente do PL, o ex-deputado Valdemar Costa Neto, a operação desta semana pode acabar ajudando a pré-candidatura de Ramagem. “O eleitor do Rio é muito esperto”, disse Valdemar ao Estadão.
Aliado fiel do clã Bolsonaro, Ramagem esteve à frente da Abin durante o período em que os servidores presos teriam utilizado a estrutura estatal para localizar os alvos da espionagem, entre julho de 2019 e abril de 2022. A operação prendeu dois servidores da agência que teriam usado indevidamente o sistema de geolocalização de celulares do órgão para coerção.
Defesa nas redes sociais
Os filhos de Bolsonaro saíram em defesa de Ramagem nas redes sociais. Carlos Bolsonaro compartilhou uma postagem no X de Alexandre Ramagem com críticas à cobertura da imprensa sobre a operação desta quinta-feira e outra com um trecho antigo de uma reportagem sobre a exoneração do ex-diretor da agência Paulo Fortunato, que também é investigado pelo monitoramento ilegal de autoridades.
Já o senador Flávio Bolsonaro atribui a operação contra Ramagem à “máquina petista tentando influenciar as eleições no Rio”. “Bolsonaro sempre jogou dentro das quatro linhas da lei. Nunca teve uso irregular da Abin, nunca teve sistema de informação paralelo. O que existe de fato é a máquina petista tentando influenciar as eleições no Rio”, escreveu.
Em outra postagem no X, Flávio diz que a “história da Abin paralela é a primeira peça de campanha do time de Eduardo Paes”.