Sérgio Moro pode ser cassado pelo TRE; veja quem são os cotados para eventual vaga no Senado


Lista de pretendentes à disputa de uma possível vaga aberta com a cassação do mandato do senador já é debatida; Tribunal Regional Eleitoral do Paraná começa o julgamento nesta segunda-feira, 1º

Por Karina Ferreira e Gabriel de Sousa
Atualização:

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) dará início ao julgamento que discute a cassação do mandato do senador Sérgio Moro (União-PR), acusado de abuso de poder econômico e caixa dois, nesta segunda-feira, 1º. O desfecho da votação pode decidir seu futuro político, uma vez que o ex-juiz da Lava Jato poderá, além de perder o mandato, ficar inelegível até 2030. A condenação de Moro provocaria uma nova eleição suplementar, já que os dois suplentes também seriam punidos com a cassação. Nesse caso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve convocar novas eleições para senador no Paraná, o que já desenha uma lista de pretendentes à eventual vaga.

Moro é acusado de ter causado um desequilíbrio eleitoral nas eleições para senador no Paraná em 2022. No pleito, o ex-juiz da Lava Jato foi eleito com 1,9 milhão de votos (33,5% dos votos válidos), derrotando Paulo Martins (PL), candidato apoiado por Bolsonaro, e o ex-governador Alvaro Dias, que foi um de seus principais aliados no Podemos, antes de Moro migrar para o União Brasil.

Com a possibilidade de cassação, PT e PL se movimentam para escolher os candidatos para um eventual pleito suplementar. O União Brasil, partido do ex-juiz, e o PP também devem lançar postulantes ao cargo. São cotados ainda os dois derrotados por Moro nas últimas eleições, Dias e Martins, e o deputado federal Sergio Souza (MDB-PR).

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A disputa também poderá ficar “em casa”. A mulher do senador, deputada federal Rosângela Moro (União-SP), transferiu o título de eleitor para o Paraná no início de março. De volta ao mesmo domicílio eleitoral do marido, agora ela é uma alternativa concreta a herdar capital político dele, caso seja cassado.

O ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça, senador Sérgio Moro (União-PR) pode ser cassado no processo que inicia dia 1º de abril no TRE-PR. Foto: Felipe Rau/Estadão

Disputa no PL é entre Michelle e derrotado em 2022

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Cotada pelo PL, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro nunca se candidatou a cargos eletivos, mas se destacou como cabo eleitoral de Bolsonaro nas eleições de 2022 e tem proximidade com o eleitorado evangélico. Em fevereiro do ano passado, ela assumiu a liderança do PL Mulher, o braço feminino da sigla.

Em dezembro, enquanto estava em um comício do PL Mulher em Curitiba, Michelle foi recebida com um coro de “senadora” por apoiadoras. Na ocasião, a ex-primeira-dama ainda alfinetou Moro, ao afirmar que os paranaenses devem eleger alguém “realmente elegante”. Para ser candidata no Paraná, a ex-primeira-dama precisa comprovar ter domicílio eleitoral no Estado seis meses antes da eleição. Hoje, o domicílio eleitoral dela é no Distrito Federal.

No início de março, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que Michelle deve disputar uma vaga no Senado nas eleições de 2026. “A Michelle não fala de política, ela convida as mulheres a participar das eleições municipais e, na próxima, daqui a dois anos, ela possivelmente vai disputar uma vaga para o Senado”, afirmou Bolsonaro.

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Outro cotado pelo PL é o derrotado pelo ex-juiz da Lava Jato, o jornalista Paulo Martins, que também já manifestou interesse em concorrer novamente para uma cadeira no Senado. Martins foi deputado federal entre 2019 e 2022 e perdeu o pleito para o ex-juiz por 250 mil votos.

Procurado pela reportagem, Paulo Martins confirmou que vai se candidatar caso haja a cassação do mandato de Moro. O ex-deputado também afirmou que é próximo do dirigente nacional do partido e do ex-presidente. “Tenho uma relação muito boa com os dois. A candidatura é natural, mas antes é preciso aguardar as decisões para que a eleição seja uma realidade”, afirmou.

Alvaro Dias também pode disputar novamente

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Padrinho político de Moro e, em outubro de 2022, derrotado por ele nas urnas, Alvaro Dias (Podemos-PR) é “com certeza o melhor nome, não apenas do partido, mas de todo o ambiente político do Paraná”, disse ao Estadão o presidente do diretório paranaense do Podemos, Gustavo Castro.

Segundo o presidente, entretanto, a viabilidade de uma candidatura apenas será discutida após a decisão final sobre o caso, no TSE.

Ex-aliados, Dias e Moro se tornaram adversários diretos na disputa pela vaga ao Senado pelo Paraná nas eleições de 2022. Publicamente, a relação estremeceu assim que o ex-juiz migrou para o União Brasil quatro meses após se filiar ao Podemos. Dias chegou a ser um dos entusiastas da pré-candidatura presidencial de Moro, antes da migração partidária do ex-juiz.

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Ex-senador Alvaro Dias (Podemos-PR) é o "melhor nome" do Podemos, segundo o diretório estadual do partido, em caso de novas eleições à vaga do senador Sérgio Moro (União-PR) Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Gleisi e Zeca Dirceu são os nomes cotados no PT

O deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) e a deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), disputam a indicação da legenda de Lula para a iminente disputa, segundo a Coluna do Estadão.

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Filho do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que condenado pelo escândalo do mensalão e pela Lava Jato, Zeca tem 45 anos e está no quarto mandato como deputado. Nas últimas eleições, foi o 11º deputado mais votado no Paraná, com 123.033 votos.

Já Gleisi foi ministra da Casa Civil do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) entre os anos de 2011 e 2014 e já ocupou uma cadeira do Senado pelo Paraná entre 2011 e 2019. Ela está no segundo mandato como deputada federal e, nas últimas eleições, foi a segunda parlamentar mais bem votada no Estado, com 261.247 votos.

Ex-líder do governo Bolsonaro se ‘lançou’ candidato no meio do ano passado

Pelo PP, o candidato deve ser o deputado federal Ricardo Barros, que foi líder do governo Bolsonaro na Câmara e ministro da Saúde do governo de Michel Temer (MDB). Barros está afastado do Legislativo desde fevereiro do ano passado, após ser empossado secretário de Indústria, Comércio e Serviços do governador Ratinho Júnior.

Segundo a Coluna do Estadão, nas vésperas do depoimento de Moro no TRE, Barros começou a intensificar agendas em Brasília para articular a sua candidatura. A filha do ex-ministro, Maria Victoria Barros, é a presidente do diretório estadual do PP no Estado.

Em junho de 2023, quando o tribunal paranaense ainda reunia as denúncias contra Moro, Barros se “lançou” como pré-candidato durante uma sessão da Assembleia Legislativa do Paraná. “Coloco meu nome à disposição e, havendo a eleição suplementar, nós vamos disputar a vaga no Senado Federal para representar o Paraná lá no Senado e poder trazer resultados para o Estado”, afirmou.

Mulher do ex-juiz, Rosângela Moro

Eleita por São Paulo em 2022 com mais de 217 mil votos, a deputada federal Rosângela Moro transferiu o título de eleitor de volta para o Paraná, o que a torna uma opção concreta a concorrer à eventual vaga deixada pelo marido, se cassado.

Sérgio Moro, senador, ao lado da mulher, a deputada Rosângela Moro Foto: Gabriela Biló/Estadão

Natural de Curitiba (PR), Rosângela alterou seu domicílio eleitoral para São Paulo às vésperas da eleição de 2022 e foi eleita deputada federal pelos paulistas. Ao mudar de volta para o Paraná, ela afirma que a “transferência do domicílio eleitoral é um direito de todo cidadão” e que “continuará a representar o Estado de São Paulo e sua população”.

Houve reação à transferência da deputada. Presidente do PT e possível concorrente a vaga ao Senado, Gleisi Hoffmann disse que a decisão simboliza um “desprezo pela população paranaense” e acusa o casal de serem “moralistas sem moral”. “Chora, Gleisi”, rebateu Rosângela em sua rede social.

Outro sondado para disputar uma possível vaga em aberto com a cassação do ex-ministro da Justiça, o deputado Zeca Dirceu disse que a transferência de Rosângela é um “tapa na cara” de paulistas e paranaenses. “Vergonha sem precedentes”, disse Zeca. “Não tem cabimento uma atitude destas. É desprezar os eleitores em troca de um projeto pessoal”, afirmou o petista.

Deputado do MDB quer ser ‘candidato do agro’

Senador entre 2011 e 2014, o deputado federal Sergio Souza (MDB-PR) é mais um dos interessados na cadeira do ex-juiz da Lava Jato se lançou em fevereiro como “o representante do agronegócio”, se houver uma eleição suplementar.

Em entrevista à Coluna do Estadão, Sergio Souza disse que o seu diferencial entre os cotados para a disputa é uma “interlocução afinada” com representantes do agro. Além disso, Souza exaltou o apoio que tem do presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP).

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) dará início ao julgamento que discute a cassação do mandato do senador Sérgio Moro (União-PR), acusado de abuso de poder econômico e caixa dois, nesta segunda-feira, 1º. O desfecho da votação pode decidir seu futuro político, uma vez que o ex-juiz da Lava Jato poderá, além de perder o mandato, ficar inelegível até 2030. A condenação de Moro provocaria uma nova eleição suplementar, já que os dois suplentes também seriam punidos com a cassação. Nesse caso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve convocar novas eleições para senador no Paraná, o que já desenha uma lista de pretendentes à eventual vaga.

Moro é acusado de ter causado um desequilíbrio eleitoral nas eleições para senador no Paraná em 2022. No pleito, o ex-juiz da Lava Jato foi eleito com 1,9 milhão de votos (33,5% dos votos válidos), derrotando Paulo Martins (PL), candidato apoiado por Bolsonaro, e o ex-governador Alvaro Dias, que foi um de seus principais aliados no Podemos, antes de Moro migrar para o União Brasil.

Com a possibilidade de cassação, PT e PL se movimentam para escolher os candidatos para um eventual pleito suplementar. O União Brasil, partido do ex-juiz, e o PP também devem lançar postulantes ao cargo. São cotados ainda os dois derrotados por Moro nas últimas eleições, Dias e Martins, e o deputado federal Sergio Souza (MDB-PR).

A disputa também poderá ficar “em casa”. A mulher do senador, deputada federal Rosângela Moro (União-SP), transferiu o título de eleitor para o Paraná no início de março. De volta ao mesmo domicílio eleitoral do marido, agora ela é uma alternativa concreta a herdar capital político dele, caso seja cassado.

O ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça, senador Sérgio Moro (União-PR) pode ser cassado no processo que inicia dia 1º de abril no TRE-PR. Foto: Felipe Rau/Estadão

Disputa no PL é entre Michelle e derrotado em 2022

Cotada pelo PL, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro nunca se candidatou a cargos eletivos, mas se destacou como cabo eleitoral de Bolsonaro nas eleições de 2022 e tem proximidade com o eleitorado evangélico. Em fevereiro do ano passado, ela assumiu a liderança do PL Mulher, o braço feminino da sigla.

Em dezembro, enquanto estava em um comício do PL Mulher em Curitiba, Michelle foi recebida com um coro de “senadora” por apoiadoras. Na ocasião, a ex-primeira-dama ainda alfinetou Moro, ao afirmar que os paranaenses devem eleger alguém “realmente elegante”. Para ser candidata no Paraná, a ex-primeira-dama precisa comprovar ter domicílio eleitoral no Estado seis meses antes da eleição. Hoje, o domicílio eleitoral dela é no Distrito Federal.

No início de março, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que Michelle deve disputar uma vaga no Senado nas eleições de 2026. “A Michelle não fala de política, ela convida as mulheres a participar das eleições municipais e, na próxima, daqui a dois anos, ela possivelmente vai disputar uma vaga para o Senado”, afirmou Bolsonaro.

Outro cotado pelo PL é o derrotado pelo ex-juiz da Lava Jato, o jornalista Paulo Martins, que também já manifestou interesse em concorrer novamente para uma cadeira no Senado. Martins foi deputado federal entre 2019 e 2022 e perdeu o pleito para o ex-juiz por 250 mil votos.

Procurado pela reportagem, Paulo Martins confirmou que vai se candidatar caso haja a cassação do mandato de Moro. O ex-deputado também afirmou que é próximo do dirigente nacional do partido e do ex-presidente. “Tenho uma relação muito boa com os dois. A candidatura é natural, mas antes é preciso aguardar as decisões para que a eleição seja uma realidade”, afirmou.

Alvaro Dias também pode disputar novamente

Padrinho político de Moro e, em outubro de 2022, derrotado por ele nas urnas, Alvaro Dias (Podemos-PR) é “com certeza o melhor nome, não apenas do partido, mas de todo o ambiente político do Paraná”, disse ao Estadão o presidente do diretório paranaense do Podemos, Gustavo Castro.

Segundo o presidente, entretanto, a viabilidade de uma candidatura apenas será discutida após a decisão final sobre o caso, no TSE.

Ex-aliados, Dias e Moro se tornaram adversários diretos na disputa pela vaga ao Senado pelo Paraná nas eleições de 2022. Publicamente, a relação estremeceu assim que o ex-juiz migrou para o União Brasil quatro meses após se filiar ao Podemos. Dias chegou a ser um dos entusiastas da pré-candidatura presidencial de Moro, antes da migração partidária do ex-juiz.

Ex-senador Alvaro Dias (Podemos-PR) é o "melhor nome" do Podemos, segundo o diretório estadual do partido, em caso de novas eleições à vaga do senador Sérgio Moro (União-PR) Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Gleisi e Zeca Dirceu são os nomes cotados no PT

O deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) e a deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), disputam a indicação da legenda de Lula para a iminente disputa, segundo a Coluna do Estadão.

Filho do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que condenado pelo escândalo do mensalão e pela Lava Jato, Zeca tem 45 anos e está no quarto mandato como deputado. Nas últimas eleições, foi o 11º deputado mais votado no Paraná, com 123.033 votos.

Já Gleisi foi ministra da Casa Civil do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) entre os anos de 2011 e 2014 e já ocupou uma cadeira do Senado pelo Paraná entre 2011 e 2019. Ela está no segundo mandato como deputada federal e, nas últimas eleições, foi a segunda parlamentar mais bem votada no Estado, com 261.247 votos.

Ex-líder do governo Bolsonaro se ‘lançou’ candidato no meio do ano passado

Pelo PP, o candidato deve ser o deputado federal Ricardo Barros, que foi líder do governo Bolsonaro na Câmara e ministro da Saúde do governo de Michel Temer (MDB). Barros está afastado do Legislativo desde fevereiro do ano passado, após ser empossado secretário de Indústria, Comércio e Serviços do governador Ratinho Júnior.

Segundo a Coluna do Estadão, nas vésperas do depoimento de Moro no TRE, Barros começou a intensificar agendas em Brasília para articular a sua candidatura. A filha do ex-ministro, Maria Victoria Barros, é a presidente do diretório estadual do PP no Estado.

Em junho de 2023, quando o tribunal paranaense ainda reunia as denúncias contra Moro, Barros se “lançou” como pré-candidato durante uma sessão da Assembleia Legislativa do Paraná. “Coloco meu nome à disposição e, havendo a eleição suplementar, nós vamos disputar a vaga no Senado Federal para representar o Paraná lá no Senado e poder trazer resultados para o Estado”, afirmou.

Mulher do ex-juiz, Rosângela Moro

Eleita por São Paulo em 2022 com mais de 217 mil votos, a deputada federal Rosângela Moro transferiu o título de eleitor de volta para o Paraná, o que a torna uma opção concreta a concorrer à eventual vaga deixada pelo marido, se cassado.

Sérgio Moro, senador, ao lado da mulher, a deputada Rosângela Moro Foto: Gabriela Biló/Estadão

Natural de Curitiba (PR), Rosângela alterou seu domicílio eleitoral para São Paulo às vésperas da eleição de 2022 e foi eleita deputada federal pelos paulistas. Ao mudar de volta para o Paraná, ela afirma que a “transferência do domicílio eleitoral é um direito de todo cidadão” e que “continuará a representar o Estado de São Paulo e sua população”.

Houve reação à transferência da deputada. Presidente do PT e possível concorrente a vaga ao Senado, Gleisi Hoffmann disse que a decisão simboliza um “desprezo pela população paranaense” e acusa o casal de serem “moralistas sem moral”. “Chora, Gleisi”, rebateu Rosângela em sua rede social.

Outro sondado para disputar uma possível vaga em aberto com a cassação do ex-ministro da Justiça, o deputado Zeca Dirceu disse que a transferência de Rosângela é um “tapa na cara” de paulistas e paranaenses. “Vergonha sem precedentes”, disse Zeca. “Não tem cabimento uma atitude destas. É desprezar os eleitores em troca de um projeto pessoal”, afirmou o petista.

Deputado do MDB quer ser ‘candidato do agro’

Senador entre 2011 e 2014, o deputado federal Sergio Souza (MDB-PR) é mais um dos interessados na cadeira do ex-juiz da Lava Jato se lançou em fevereiro como “o representante do agronegócio”, se houver uma eleição suplementar.

Em entrevista à Coluna do Estadão, Sergio Souza disse que o seu diferencial entre os cotados para a disputa é uma “interlocução afinada” com representantes do agro. Além disso, Souza exaltou o apoio que tem do presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP).

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) dará início ao julgamento que discute a cassação do mandato do senador Sérgio Moro (União-PR), acusado de abuso de poder econômico e caixa dois, nesta segunda-feira, 1º. O desfecho da votação pode decidir seu futuro político, uma vez que o ex-juiz da Lava Jato poderá, além de perder o mandato, ficar inelegível até 2030. A condenação de Moro provocaria uma nova eleição suplementar, já que os dois suplentes também seriam punidos com a cassação. Nesse caso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve convocar novas eleições para senador no Paraná, o que já desenha uma lista de pretendentes à eventual vaga.

Moro é acusado de ter causado um desequilíbrio eleitoral nas eleições para senador no Paraná em 2022. No pleito, o ex-juiz da Lava Jato foi eleito com 1,9 milhão de votos (33,5% dos votos válidos), derrotando Paulo Martins (PL), candidato apoiado por Bolsonaro, e o ex-governador Alvaro Dias, que foi um de seus principais aliados no Podemos, antes de Moro migrar para o União Brasil.

Com a possibilidade de cassação, PT e PL se movimentam para escolher os candidatos para um eventual pleito suplementar. O União Brasil, partido do ex-juiz, e o PP também devem lançar postulantes ao cargo. São cotados ainda os dois derrotados por Moro nas últimas eleições, Dias e Martins, e o deputado federal Sergio Souza (MDB-PR).

A disputa também poderá ficar “em casa”. A mulher do senador, deputada federal Rosângela Moro (União-SP), transferiu o título de eleitor para o Paraná no início de março. De volta ao mesmo domicílio eleitoral do marido, agora ela é uma alternativa concreta a herdar capital político dele, caso seja cassado.

O ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça, senador Sérgio Moro (União-PR) pode ser cassado no processo que inicia dia 1º de abril no TRE-PR. Foto: Felipe Rau/Estadão

Disputa no PL é entre Michelle e derrotado em 2022

Cotada pelo PL, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro nunca se candidatou a cargos eletivos, mas se destacou como cabo eleitoral de Bolsonaro nas eleições de 2022 e tem proximidade com o eleitorado evangélico. Em fevereiro do ano passado, ela assumiu a liderança do PL Mulher, o braço feminino da sigla.

Em dezembro, enquanto estava em um comício do PL Mulher em Curitiba, Michelle foi recebida com um coro de “senadora” por apoiadoras. Na ocasião, a ex-primeira-dama ainda alfinetou Moro, ao afirmar que os paranaenses devem eleger alguém “realmente elegante”. Para ser candidata no Paraná, a ex-primeira-dama precisa comprovar ter domicílio eleitoral no Estado seis meses antes da eleição. Hoje, o domicílio eleitoral dela é no Distrito Federal.

No início de março, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que Michelle deve disputar uma vaga no Senado nas eleições de 2026. “A Michelle não fala de política, ela convida as mulheres a participar das eleições municipais e, na próxima, daqui a dois anos, ela possivelmente vai disputar uma vaga para o Senado”, afirmou Bolsonaro.

Outro cotado pelo PL é o derrotado pelo ex-juiz da Lava Jato, o jornalista Paulo Martins, que também já manifestou interesse em concorrer novamente para uma cadeira no Senado. Martins foi deputado federal entre 2019 e 2022 e perdeu o pleito para o ex-juiz por 250 mil votos.

Procurado pela reportagem, Paulo Martins confirmou que vai se candidatar caso haja a cassação do mandato de Moro. O ex-deputado também afirmou que é próximo do dirigente nacional do partido e do ex-presidente. “Tenho uma relação muito boa com os dois. A candidatura é natural, mas antes é preciso aguardar as decisões para que a eleição seja uma realidade”, afirmou.

Alvaro Dias também pode disputar novamente

Padrinho político de Moro e, em outubro de 2022, derrotado por ele nas urnas, Alvaro Dias (Podemos-PR) é “com certeza o melhor nome, não apenas do partido, mas de todo o ambiente político do Paraná”, disse ao Estadão o presidente do diretório paranaense do Podemos, Gustavo Castro.

Segundo o presidente, entretanto, a viabilidade de uma candidatura apenas será discutida após a decisão final sobre o caso, no TSE.

Ex-aliados, Dias e Moro se tornaram adversários diretos na disputa pela vaga ao Senado pelo Paraná nas eleições de 2022. Publicamente, a relação estremeceu assim que o ex-juiz migrou para o União Brasil quatro meses após se filiar ao Podemos. Dias chegou a ser um dos entusiastas da pré-candidatura presidencial de Moro, antes da migração partidária do ex-juiz.

Ex-senador Alvaro Dias (Podemos-PR) é o "melhor nome" do Podemos, segundo o diretório estadual do partido, em caso de novas eleições à vaga do senador Sérgio Moro (União-PR) Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Gleisi e Zeca Dirceu são os nomes cotados no PT

O deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) e a deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), disputam a indicação da legenda de Lula para a iminente disputa, segundo a Coluna do Estadão.

Filho do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que condenado pelo escândalo do mensalão e pela Lava Jato, Zeca tem 45 anos e está no quarto mandato como deputado. Nas últimas eleições, foi o 11º deputado mais votado no Paraná, com 123.033 votos.

Já Gleisi foi ministra da Casa Civil do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) entre os anos de 2011 e 2014 e já ocupou uma cadeira do Senado pelo Paraná entre 2011 e 2019. Ela está no segundo mandato como deputada federal e, nas últimas eleições, foi a segunda parlamentar mais bem votada no Estado, com 261.247 votos.

Ex-líder do governo Bolsonaro se ‘lançou’ candidato no meio do ano passado

Pelo PP, o candidato deve ser o deputado federal Ricardo Barros, que foi líder do governo Bolsonaro na Câmara e ministro da Saúde do governo de Michel Temer (MDB). Barros está afastado do Legislativo desde fevereiro do ano passado, após ser empossado secretário de Indústria, Comércio e Serviços do governador Ratinho Júnior.

Segundo a Coluna do Estadão, nas vésperas do depoimento de Moro no TRE, Barros começou a intensificar agendas em Brasília para articular a sua candidatura. A filha do ex-ministro, Maria Victoria Barros, é a presidente do diretório estadual do PP no Estado.

Em junho de 2023, quando o tribunal paranaense ainda reunia as denúncias contra Moro, Barros se “lançou” como pré-candidato durante uma sessão da Assembleia Legislativa do Paraná. “Coloco meu nome à disposição e, havendo a eleição suplementar, nós vamos disputar a vaga no Senado Federal para representar o Paraná lá no Senado e poder trazer resultados para o Estado”, afirmou.

Mulher do ex-juiz, Rosângela Moro

Eleita por São Paulo em 2022 com mais de 217 mil votos, a deputada federal Rosângela Moro transferiu o título de eleitor de volta para o Paraná, o que a torna uma opção concreta a concorrer à eventual vaga deixada pelo marido, se cassado.

Sérgio Moro, senador, ao lado da mulher, a deputada Rosângela Moro Foto: Gabriela Biló/Estadão

Natural de Curitiba (PR), Rosângela alterou seu domicílio eleitoral para São Paulo às vésperas da eleição de 2022 e foi eleita deputada federal pelos paulistas. Ao mudar de volta para o Paraná, ela afirma que a “transferência do domicílio eleitoral é um direito de todo cidadão” e que “continuará a representar o Estado de São Paulo e sua população”.

Houve reação à transferência da deputada. Presidente do PT e possível concorrente a vaga ao Senado, Gleisi Hoffmann disse que a decisão simboliza um “desprezo pela população paranaense” e acusa o casal de serem “moralistas sem moral”. “Chora, Gleisi”, rebateu Rosângela em sua rede social.

Outro sondado para disputar uma possível vaga em aberto com a cassação do ex-ministro da Justiça, o deputado Zeca Dirceu disse que a transferência de Rosângela é um “tapa na cara” de paulistas e paranaenses. “Vergonha sem precedentes”, disse Zeca. “Não tem cabimento uma atitude destas. É desprezar os eleitores em troca de um projeto pessoal”, afirmou o petista.

Deputado do MDB quer ser ‘candidato do agro’

Senador entre 2011 e 2014, o deputado federal Sergio Souza (MDB-PR) é mais um dos interessados na cadeira do ex-juiz da Lava Jato se lançou em fevereiro como “o representante do agronegócio”, se houver uma eleição suplementar.

Em entrevista à Coluna do Estadão, Sergio Souza disse que o seu diferencial entre os cotados para a disputa é uma “interlocução afinada” com representantes do agro. Além disso, Souza exaltou o apoio que tem do presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP).

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) dará início ao julgamento que discute a cassação do mandato do senador Sérgio Moro (União-PR), acusado de abuso de poder econômico e caixa dois, nesta segunda-feira, 1º. O desfecho da votação pode decidir seu futuro político, uma vez que o ex-juiz da Lava Jato poderá, além de perder o mandato, ficar inelegível até 2030. A condenação de Moro provocaria uma nova eleição suplementar, já que os dois suplentes também seriam punidos com a cassação. Nesse caso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve convocar novas eleições para senador no Paraná, o que já desenha uma lista de pretendentes à eventual vaga.

Moro é acusado de ter causado um desequilíbrio eleitoral nas eleições para senador no Paraná em 2022. No pleito, o ex-juiz da Lava Jato foi eleito com 1,9 milhão de votos (33,5% dos votos válidos), derrotando Paulo Martins (PL), candidato apoiado por Bolsonaro, e o ex-governador Alvaro Dias, que foi um de seus principais aliados no Podemos, antes de Moro migrar para o União Brasil.

Com a possibilidade de cassação, PT e PL se movimentam para escolher os candidatos para um eventual pleito suplementar. O União Brasil, partido do ex-juiz, e o PP também devem lançar postulantes ao cargo. São cotados ainda os dois derrotados por Moro nas últimas eleições, Dias e Martins, e o deputado federal Sergio Souza (MDB-PR).

A disputa também poderá ficar “em casa”. A mulher do senador, deputada federal Rosângela Moro (União-SP), transferiu o título de eleitor para o Paraná no início de março. De volta ao mesmo domicílio eleitoral do marido, agora ela é uma alternativa concreta a herdar capital político dele, caso seja cassado.

O ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça, senador Sérgio Moro (União-PR) pode ser cassado no processo que inicia dia 1º de abril no TRE-PR. Foto: Felipe Rau/Estadão

Disputa no PL é entre Michelle e derrotado em 2022

Cotada pelo PL, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro nunca se candidatou a cargos eletivos, mas se destacou como cabo eleitoral de Bolsonaro nas eleições de 2022 e tem proximidade com o eleitorado evangélico. Em fevereiro do ano passado, ela assumiu a liderança do PL Mulher, o braço feminino da sigla.

Em dezembro, enquanto estava em um comício do PL Mulher em Curitiba, Michelle foi recebida com um coro de “senadora” por apoiadoras. Na ocasião, a ex-primeira-dama ainda alfinetou Moro, ao afirmar que os paranaenses devem eleger alguém “realmente elegante”. Para ser candidata no Paraná, a ex-primeira-dama precisa comprovar ter domicílio eleitoral no Estado seis meses antes da eleição. Hoje, o domicílio eleitoral dela é no Distrito Federal.

No início de março, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que Michelle deve disputar uma vaga no Senado nas eleições de 2026. “A Michelle não fala de política, ela convida as mulheres a participar das eleições municipais e, na próxima, daqui a dois anos, ela possivelmente vai disputar uma vaga para o Senado”, afirmou Bolsonaro.

Outro cotado pelo PL é o derrotado pelo ex-juiz da Lava Jato, o jornalista Paulo Martins, que também já manifestou interesse em concorrer novamente para uma cadeira no Senado. Martins foi deputado federal entre 2019 e 2022 e perdeu o pleito para o ex-juiz por 250 mil votos.

Procurado pela reportagem, Paulo Martins confirmou que vai se candidatar caso haja a cassação do mandato de Moro. O ex-deputado também afirmou que é próximo do dirigente nacional do partido e do ex-presidente. “Tenho uma relação muito boa com os dois. A candidatura é natural, mas antes é preciso aguardar as decisões para que a eleição seja uma realidade”, afirmou.

Alvaro Dias também pode disputar novamente

Padrinho político de Moro e, em outubro de 2022, derrotado por ele nas urnas, Alvaro Dias (Podemos-PR) é “com certeza o melhor nome, não apenas do partido, mas de todo o ambiente político do Paraná”, disse ao Estadão o presidente do diretório paranaense do Podemos, Gustavo Castro.

Segundo o presidente, entretanto, a viabilidade de uma candidatura apenas será discutida após a decisão final sobre o caso, no TSE.

Ex-aliados, Dias e Moro se tornaram adversários diretos na disputa pela vaga ao Senado pelo Paraná nas eleições de 2022. Publicamente, a relação estremeceu assim que o ex-juiz migrou para o União Brasil quatro meses após se filiar ao Podemos. Dias chegou a ser um dos entusiastas da pré-candidatura presidencial de Moro, antes da migração partidária do ex-juiz.

Ex-senador Alvaro Dias (Podemos-PR) é o "melhor nome" do Podemos, segundo o diretório estadual do partido, em caso de novas eleições à vaga do senador Sérgio Moro (União-PR) Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Gleisi e Zeca Dirceu são os nomes cotados no PT

O deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) e a deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), disputam a indicação da legenda de Lula para a iminente disputa, segundo a Coluna do Estadão.

Filho do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que condenado pelo escândalo do mensalão e pela Lava Jato, Zeca tem 45 anos e está no quarto mandato como deputado. Nas últimas eleições, foi o 11º deputado mais votado no Paraná, com 123.033 votos.

Já Gleisi foi ministra da Casa Civil do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) entre os anos de 2011 e 2014 e já ocupou uma cadeira do Senado pelo Paraná entre 2011 e 2019. Ela está no segundo mandato como deputada federal e, nas últimas eleições, foi a segunda parlamentar mais bem votada no Estado, com 261.247 votos.

Ex-líder do governo Bolsonaro se ‘lançou’ candidato no meio do ano passado

Pelo PP, o candidato deve ser o deputado federal Ricardo Barros, que foi líder do governo Bolsonaro na Câmara e ministro da Saúde do governo de Michel Temer (MDB). Barros está afastado do Legislativo desde fevereiro do ano passado, após ser empossado secretário de Indústria, Comércio e Serviços do governador Ratinho Júnior.

Segundo a Coluna do Estadão, nas vésperas do depoimento de Moro no TRE, Barros começou a intensificar agendas em Brasília para articular a sua candidatura. A filha do ex-ministro, Maria Victoria Barros, é a presidente do diretório estadual do PP no Estado.

Em junho de 2023, quando o tribunal paranaense ainda reunia as denúncias contra Moro, Barros se “lançou” como pré-candidato durante uma sessão da Assembleia Legislativa do Paraná. “Coloco meu nome à disposição e, havendo a eleição suplementar, nós vamos disputar a vaga no Senado Federal para representar o Paraná lá no Senado e poder trazer resultados para o Estado”, afirmou.

Mulher do ex-juiz, Rosângela Moro

Eleita por São Paulo em 2022 com mais de 217 mil votos, a deputada federal Rosângela Moro transferiu o título de eleitor de volta para o Paraná, o que a torna uma opção concreta a concorrer à eventual vaga deixada pelo marido, se cassado.

Sérgio Moro, senador, ao lado da mulher, a deputada Rosângela Moro Foto: Gabriela Biló/Estadão

Natural de Curitiba (PR), Rosângela alterou seu domicílio eleitoral para São Paulo às vésperas da eleição de 2022 e foi eleita deputada federal pelos paulistas. Ao mudar de volta para o Paraná, ela afirma que a “transferência do domicílio eleitoral é um direito de todo cidadão” e que “continuará a representar o Estado de São Paulo e sua população”.

Houve reação à transferência da deputada. Presidente do PT e possível concorrente a vaga ao Senado, Gleisi Hoffmann disse que a decisão simboliza um “desprezo pela população paranaense” e acusa o casal de serem “moralistas sem moral”. “Chora, Gleisi”, rebateu Rosângela em sua rede social.

Outro sondado para disputar uma possível vaga em aberto com a cassação do ex-ministro da Justiça, o deputado Zeca Dirceu disse que a transferência de Rosângela é um “tapa na cara” de paulistas e paranaenses. “Vergonha sem precedentes”, disse Zeca. “Não tem cabimento uma atitude destas. É desprezar os eleitores em troca de um projeto pessoal”, afirmou o petista.

Deputado do MDB quer ser ‘candidato do agro’

Senador entre 2011 e 2014, o deputado federal Sergio Souza (MDB-PR) é mais um dos interessados na cadeira do ex-juiz da Lava Jato se lançou em fevereiro como “o representante do agronegócio”, se houver uma eleição suplementar.

Em entrevista à Coluna do Estadão, Sergio Souza disse que o seu diferencial entre os cotados para a disputa é uma “interlocução afinada” com representantes do agro. Além disso, Souza exaltou o apoio que tem do presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP).

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) dará início ao julgamento que discute a cassação do mandato do senador Sérgio Moro (União-PR), acusado de abuso de poder econômico e caixa dois, nesta segunda-feira, 1º. O desfecho da votação pode decidir seu futuro político, uma vez que o ex-juiz da Lava Jato poderá, além de perder o mandato, ficar inelegível até 2030. A condenação de Moro provocaria uma nova eleição suplementar, já que os dois suplentes também seriam punidos com a cassação. Nesse caso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve convocar novas eleições para senador no Paraná, o que já desenha uma lista de pretendentes à eventual vaga.

Moro é acusado de ter causado um desequilíbrio eleitoral nas eleições para senador no Paraná em 2022. No pleito, o ex-juiz da Lava Jato foi eleito com 1,9 milhão de votos (33,5% dos votos válidos), derrotando Paulo Martins (PL), candidato apoiado por Bolsonaro, e o ex-governador Alvaro Dias, que foi um de seus principais aliados no Podemos, antes de Moro migrar para o União Brasil.

Com a possibilidade de cassação, PT e PL se movimentam para escolher os candidatos para um eventual pleito suplementar. O União Brasil, partido do ex-juiz, e o PP também devem lançar postulantes ao cargo. São cotados ainda os dois derrotados por Moro nas últimas eleições, Dias e Martins, e o deputado federal Sergio Souza (MDB-PR).

A disputa também poderá ficar “em casa”. A mulher do senador, deputada federal Rosângela Moro (União-SP), transferiu o título de eleitor para o Paraná no início de março. De volta ao mesmo domicílio eleitoral do marido, agora ela é uma alternativa concreta a herdar capital político dele, caso seja cassado.

O ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça, senador Sérgio Moro (União-PR) pode ser cassado no processo que inicia dia 1º de abril no TRE-PR. Foto: Felipe Rau/Estadão

Disputa no PL é entre Michelle e derrotado em 2022

Cotada pelo PL, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro nunca se candidatou a cargos eletivos, mas se destacou como cabo eleitoral de Bolsonaro nas eleições de 2022 e tem proximidade com o eleitorado evangélico. Em fevereiro do ano passado, ela assumiu a liderança do PL Mulher, o braço feminino da sigla.

Em dezembro, enquanto estava em um comício do PL Mulher em Curitiba, Michelle foi recebida com um coro de “senadora” por apoiadoras. Na ocasião, a ex-primeira-dama ainda alfinetou Moro, ao afirmar que os paranaenses devem eleger alguém “realmente elegante”. Para ser candidata no Paraná, a ex-primeira-dama precisa comprovar ter domicílio eleitoral no Estado seis meses antes da eleição. Hoje, o domicílio eleitoral dela é no Distrito Federal.

No início de março, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que Michelle deve disputar uma vaga no Senado nas eleições de 2026. “A Michelle não fala de política, ela convida as mulheres a participar das eleições municipais e, na próxima, daqui a dois anos, ela possivelmente vai disputar uma vaga para o Senado”, afirmou Bolsonaro.

Outro cotado pelo PL é o derrotado pelo ex-juiz da Lava Jato, o jornalista Paulo Martins, que também já manifestou interesse em concorrer novamente para uma cadeira no Senado. Martins foi deputado federal entre 2019 e 2022 e perdeu o pleito para o ex-juiz por 250 mil votos.

Procurado pela reportagem, Paulo Martins confirmou que vai se candidatar caso haja a cassação do mandato de Moro. O ex-deputado também afirmou que é próximo do dirigente nacional do partido e do ex-presidente. “Tenho uma relação muito boa com os dois. A candidatura é natural, mas antes é preciso aguardar as decisões para que a eleição seja uma realidade”, afirmou.

Alvaro Dias também pode disputar novamente

Padrinho político de Moro e, em outubro de 2022, derrotado por ele nas urnas, Alvaro Dias (Podemos-PR) é “com certeza o melhor nome, não apenas do partido, mas de todo o ambiente político do Paraná”, disse ao Estadão o presidente do diretório paranaense do Podemos, Gustavo Castro.

Segundo o presidente, entretanto, a viabilidade de uma candidatura apenas será discutida após a decisão final sobre o caso, no TSE.

Ex-aliados, Dias e Moro se tornaram adversários diretos na disputa pela vaga ao Senado pelo Paraná nas eleições de 2022. Publicamente, a relação estremeceu assim que o ex-juiz migrou para o União Brasil quatro meses após se filiar ao Podemos. Dias chegou a ser um dos entusiastas da pré-candidatura presidencial de Moro, antes da migração partidária do ex-juiz.

Ex-senador Alvaro Dias (Podemos-PR) é o "melhor nome" do Podemos, segundo o diretório estadual do partido, em caso de novas eleições à vaga do senador Sérgio Moro (União-PR) Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Gleisi e Zeca Dirceu são os nomes cotados no PT

O deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) e a deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), disputam a indicação da legenda de Lula para a iminente disputa, segundo a Coluna do Estadão.

Filho do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que condenado pelo escândalo do mensalão e pela Lava Jato, Zeca tem 45 anos e está no quarto mandato como deputado. Nas últimas eleições, foi o 11º deputado mais votado no Paraná, com 123.033 votos.

Já Gleisi foi ministra da Casa Civil do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) entre os anos de 2011 e 2014 e já ocupou uma cadeira do Senado pelo Paraná entre 2011 e 2019. Ela está no segundo mandato como deputada federal e, nas últimas eleições, foi a segunda parlamentar mais bem votada no Estado, com 261.247 votos.

Ex-líder do governo Bolsonaro se ‘lançou’ candidato no meio do ano passado

Pelo PP, o candidato deve ser o deputado federal Ricardo Barros, que foi líder do governo Bolsonaro na Câmara e ministro da Saúde do governo de Michel Temer (MDB). Barros está afastado do Legislativo desde fevereiro do ano passado, após ser empossado secretário de Indústria, Comércio e Serviços do governador Ratinho Júnior.

Segundo a Coluna do Estadão, nas vésperas do depoimento de Moro no TRE, Barros começou a intensificar agendas em Brasília para articular a sua candidatura. A filha do ex-ministro, Maria Victoria Barros, é a presidente do diretório estadual do PP no Estado.

Em junho de 2023, quando o tribunal paranaense ainda reunia as denúncias contra Moro, Barros se “lançou” como pré-candidato durante uma sessão da Assembleia Legislativa do Paraná. “Coloco meu nome à disposição e, havendo a eleição suplementar, nós vamos disputar a vaga no Senado Federal para representar o Paraná lá no Senado e poder trazer resultados para o Estado”, afirmou.

Mulher do ex-juiz, Rosângela Moro

Eleita por São Paulo em 2022 com mais de 217 mil votos, a deputada federal Rosângela Moro transferiu o título de eleitor de volta para o Paraná, o que a torna uma opção concreta a concorrer à eventual vaga deixada pelo marido, se cassado.

Sérgio Moro, senador, ao lado da mulher, a deputada Rosângela Moro Foto: Gabriela Biló/Estadão

Natural de Curitiba (PR), Rosângela alterou seu domicílio eleitoral para São Paulo às vésperas da eleição de 2022 e foi eleita deputada federal pelos paulistas. Ao mudar de volta para o Paraná, ela afirma que a “transferência do domicílio eleitoral é um direito de todo cidadão” e que “continuará a representar o Estado de São Paulo e sua população”.

Houve reação à transferência da deputada. Presidente do PT e possível concorrente a vaga ao Senado, Gleisi Hoffmann disse que a decisão simboliza um “desprezo pela população paranaense” e acusa o casal de serem “moralistas sem moral”. “Chora, Gleisi”, rebateu Rosângela em sua rede social.

Outro sondado para disputar uma possível vaga em aberto com a cassação do ex-ministro da Justiça, o deputado Zeca Dirceu disse que a transferência de Rosângela é um “tapa na cara” de paulistas e paranaenses. “Vergonha sem precedentes”, disse Zeca. “Não tem cabimento uma atitude destas. É desprezar os eleitores em troca de um projeto pessoal”, afirmou o petista.

Deputado do MDB quer ser ‘candidato do agro’

Senador entre 2011 e 2014, o deputado federal Sergio Souza (MDB-PR) é mais um dos interessados na cadeira do ex-juiz da Lava Jato se lançou em fevereiro como “o representante do agronegócio”, se houver uma eleição suplementar.

Em entrevista à Coluna do Estadão, Sergio Souza disse que o seu diferencial entre os cotados para a disputa é uma “interlocução afinada” com representantes do agro. Além disso, Souza exaltou o apoio que tem do presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP).

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