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Opinião|Caso Enel faz busca por privatização da Sabesp bater recorde com dúvidas sobre venda da estatal


A discussão sobre a privatização requer um debate extremamente claro, que leve em consideração as dúvidas legítimas levantadas pela crise do apagão em São Paulo

Por Sergio Denicoli
Atualização:

Desde o apagão em São Paulo, após as fortes tempestades que atingiram o estado na semana passada, as privatizações dos serviços públicos se tornaram um dos temas mais falados nas redes brasileiras. E se antes esse debate opunha a esquerda, que defende Estado forte, e a direita liberal, que prega um Estado mínimo, agora a questão ganhou novos nuances e contornos, sobretudo em relação aos serviços essenciais, como fornecimento de energia elétrica e água.

A ideia de ineficiência sempre fez parte da retórica favorável à venda de empresas estatais. Apologistas das privatizações afirmavam seguramente que essa solução é uma forma de livrar as companhias da corrupção e ingerências políticas e, assim, possibilitar melhores serviços à população.

Funcionário da Enel trabalha no restabelecimento de fornecimento de energia elétrica em São Paulo; apagão levanta dúvidas sobre privatizações Foto: Daniel Teixeira/Estadão
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Mas o fato de a Enel — empresa privada responsável pelo fornecimento de energia elétrica em São Paulo — ter demorado praticamente uma semana para conseguir restabelecer os serviços para mais de 2,1 milhões de pessoas colocou em causa a capacidade das empresas privadas de gerirem um sistema complexo e essencial com competência, sem penalizar a população.

O problema enfrentado pela Enel, que vem se arrastando há diversos dias, arrastou também a ideia de privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo para um ambiente de desconfiança.

Analisando dados dos últimos 12 meses, observa-se que as buscas ao termo “privatização Sabesp”, no Google, tiveram o seu maior pico justamente na primeira semana de novembro. Um aumento de 81% em relação ao final de fevereiro, quando o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, anunciou o início dos estudos para a privatização da empresa.

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O impacto foi tão forte que nomes ligados ao bolsonarismo passaram a olhar com desconfiança a venda da Sabesp, confrontando o governador e o deixando em uma situação delicada, justamente em um momento em que precisa de amplo apoio público para conseguir seguir com o plano de privatização.

Os dados mostram que a população comum receia que os serviços piorem com a venda da Sabesp. O blog analisou o tema, a partir de 260 mil publicações no Twitter, entre os dias 3 e 9 de outubro, e observou que a emoção predominante nos posts é o de “antecipação”, que abarca 20,1% das publicações, seguido do medo, com 19,1%, e da tristeza, com 12,5%. A confiança só aparece em 7,3% dos posts.

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O sentimento de antecipação se refere a uma ideia do que pode vir a acontecer. E, no caso da Sabesp, um grande volume de internautas afirmou que, se a empresa for vendida, a população estará sujeita a intempéries como ocorreu com a Enel. De uma forma geral, neste momento as pessoas simplesmente dizem que é melhor deixar do jeito que está, pois, se mudar, a situação pode ficar pior.

É claro que as opiniões online são voláteis e que as pessoas podem mudar de ideia. Mas, no contexto atual, a tarefa de reverter o pensamento de quem viu as consequências da falta de luz em São Paulo mostra-se muito difícil. Afirmações de Tarcísio de que a venda da Sabesp será diferente do que ocorreu no caso da Enel, pois serão definidas metas claras e o contrato será mais robusto, não tiveram impacto significativo sobre o a opinião pública e ainda foram alvo de desconfianças, além de ironias dos opositores.

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Em meio a esse cenário, a tarefa de convencer a população e os agentes que vão aprovar ou não a privatização da Sabesp requer um debate extremamente claro, que leve em consideração as dúvidas legítimas levantadas pelo caso Enel. É notório que as pessoas estão mais atentas e querem respostas e garantias, pois o que se percebe, analisando as redes, é que sobram receios e dúvidas.

Desde o apagão em São Paulo, após as fortes tempestades que atingiram o estado na semana passada, as privatizações dos serviços públicos se tornaram um dos temas mais falados nas redes brasileiras. E se antes esse debate opunha a esquerda, que defende Estado forte, e a direita liberal, que prega um Estado mínimo, agora a questão ganhou novos nuances e contornos, sobretudo em relação aos serviços essenciais, como fornecimento de energia elétrica e água.

A ideia de ineficiência sempre fez parte da retórica favorável à venda de empresas estatais. Apologistas das privatizações afirmavam seguramente que essa solução é uma forma de livrar as companhias da corrupção e ingerências políticas e, assim, possibilitar melhores serviços à população.

Funcionário da Enel trabalha no restabelecimento de fornecimento de energia elétrica em São Paulo; apagão levanta dúvidas sobre privatizações Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Mas o fato de a Enel — empresa privada responsável pelo fornecimento de energia elétrica em São Paulo — ter demorado praticamente uma semana para conseguir restabelecer os serviços para mais de 2,1 milhões de pessoas colocou em causa a capacidade das empresas privadas de gerirem um sistema complexo e essencial com competência, sem penalizar a população.

O problema enfrentado pela Enel, que vem se arrastando há diversos dias, arrastou também a ideia de privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo para um ambiente de desconfiança.

Analisando dados dos últimos 12 meses, observa-se que as buscas ao termo “privatização Sabesp”, no Google, tiveram o seu maior pico justamente na primeira semana de novembro. Um aumento de 81% em relação ao final de fevereiro, quando o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, anunciou o início dos estudos para a privatização da empresa.

O impacto foi tão forte que nomes ligados ao bolsonarismo passaram a olhar com desconfiança a venda da Sabesp, confrontando o governador e o deixando em uma situação delicada, justamente em um momento em que precisa de amplo apoio público para conseguir seguir com o plano de privatização.

Os dados mostram que a população comum receia que os serviços piorem com a venda da Sabesp. O blog analisou o tema, a partir de 260 mil publicações no Twitter, entre os dias 3 e 9 de outubro, e observou que a emoção predominante nos posts é o de “antecipação”, que abarca 20,1% das publicações, seguido do medo, com 19,1%, e da tristeza, com 12,5%. A confiança só aparece em 7,3% dos posts.

O sentimento de antecipação se refere a uma ideia do que pode vir a acontecer. E, no caso da Sabesp, um grande volume de internautas afirmou que, se a empresa for vendida, a população estará sujeita a intempéries como ocorreu com a Enel. De uma forma geral, neste momento as pessoas simplesmente dizem que é melhor deixar do jeito que está, pois, se mudar, a situação pode ficar pior.

É claro que as opiniões online são voláteis e que as pessoas podem mudar de ideia. Mas, no contexto atual, a tarefa de reverter o pensamento de quem viu as consequências da falta de luz em São Paulo mostra-se muito difícil. Afirmações de Tarcísio de que a venda da Sabesp será diferente do que ocorreu no caso da Enel, pois serão definidas metas claras e o contrato será mais robusto, não tiveram impacto significativo sobre o a opinião pública e ainda foram alvo de desconfianças, além de ironias dos opositores.

Em meio a esse cenário, a tarefa de convencer a população e os agentes que vão aprovar ou não a privatização da Sabesp requer um debate extremamente claro, que leve em consideração as dúvidas legítimas levantadas pelo caso Enel. É notório que as pessoas estão mais atentas e querem respostas e garantias, pois o que se percebe, analisando as redes, é que sobram receios e dúvidas.

Desde o apagão em São Paulo, após as fortes tempestades que atingiram o estado na semana passada, as privatizações dos serviços públicos se tornaram um dos temas mais falados nas redes brasileiras. E se antes esse debate opunha a esquerda, que defende Estado forte, e a direita liberal, que prega um Estado mínimo, agora a questão ganhou novos nuances e contornos, sobretudo em relação aos serviços essenciais, como fornecimento de energia elétrica e água.

A ideia de ineficiência sempre fez parte da retórica favorável à venda de empresas estatais. Apologistas das privatizações afirmavam seguramente que essa solução é uma forma de livrar as companhias da corrupção e ingerências políticas e, assim, possibilitar melhores serviços à população.

Funcionário da Enel trabalha no restabelecimento de fornecimento de energia elétrica em São Paulo; apagão levanta dúvidas sobre privatizações Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Mas o fato de a Enel — empresa privada responsável pelo fornecimento de energia elétrica em São Paulo — ter demorado praticamente uma semana para conseguir restabelecer os serviços para mais de 2,1 milhões de pessoas colocou em causa a capacidade das empresas privadas de gerirem um sistema complexo e essencial com competência, sem penalizar a população.

O problema enfrentado pela Enel, que vem se arrastando há diversos dias, arrastou também a ideia de privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo para um ambiente de desconfiança.

Analisando dados dos últimos 12 meses, observa-se que as buscas ao termo “privatização Sabesp”, no Google, tiveram o seu maior pico justamente na primeira semana de novembro. Um aumento de 81% em relação ao final de fevereiro, quando o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, anunciou o início dos estudos para a privatização da empresa.

O impacto foi tão forte que nomes ligados ao bolsonarismo passaram a olhar com desconfiança a venda da Sabesp, confrontando o governador e o deixando em uma situação delicada, justamente em um momento em que precisa de amplo apoio público para conseguir seguir com o plano de privatização.

Os dados mostram que a população comum receia que os serviços piorem com a venda da Sabesp. O blog analisou o tema, a partir de 260 mil publicações no Twitter, entre os dias 3 e 9 de outubro, e observou que a emoção predominante nos posts é o de “antecipação”, que abarca 20,1% das publicações, seguido do medo, com 19,1%, e da tristeza, com 12,5%. A confiança só aparece em 7,3% dos posts.

O sentimento de antecipação se refere a uma ideia do que pode vir a acontecer. E, no caso da Sabesp, um grande volume de internautas afirmou que, se a empresa for vendida, a população estará sujeita a intempéries como ocorreu com a Enel. De uma forma geral, neste momento as pessoas simplesmente dizem que é melhor deixar do jeito que está, pois, se mudar, a situação pode ficar pior.

É claro que as opiniões online são voláteis e que as pessoas podem mudar de ideia. Mas, no contexto atual, a tarefa de reverter o pensamento de quem viu as consequências da falta de luz em São Paulo mostra-se muito difícil. Afirmações de Tarcísio de que a venda da Sabesp será diferente do que ocorreu no caso da Enel, pois serão definidas metas claras e o contrato será mais robusto, não tiveram impacto significativo sobre o a opinião pública e ainda foram alvo de desconfianças, além de ironias dos opositores.

Em meio a esse cenário, a tarefa de convencer a população e os agentes que vão aprovar ou não a privatização da Sabesp requer um debate extremamente claro, que leve em consideração as dúvidas legítimas levantadas pelo caso Enel. É notório que as pessoas estão mais atentas e querem respostas e garantias, pois o que se percebe, analisando as redes, é que sobram receios e dúvidas.

Opinião por Sergio Denicoli

Autor do livro TV digital: sistemas, conceitos e tecnologias, Sergio Denicoli é pós-doutor pela Universidade do Minho e pela Universidade Federal Fluminense. Foi repórter da Rádio CBN Vitória, da TV Gazeta (Globo-ES), e colunista do jornal A Gazeta. Atualmente, é CEO da AP Exata e cientista de dados.

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