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Opinião|Da PEC das Praias ao Imposto das Blusinhas: as discussões políticas migraram de Brasília para redes


Proposta de repassar áreas litorâneas à iniciativa privada tiveram mais menções negativas do que positivas e superaram as citações sobre o imposto para importações abaixo de US$ 50

Por Sergio Denicoli

No final da década de 1990, quando o mundo estava encantado com a internet e não conseguia enxergar onde as novas tecnologias iriam nos levar, um professor da Universidade do Sul da Califórnia alertava que o entretenimento, aos poucos, estava conquistando a realidade. Em seu livro Vida – o filme, Neal Gabler previa que o universo do espetáculo dominaria praticamente todas as áreas, inclusive a política.

Quase 30 anos depois, o mundo foi muito além do que previa o professor. As redes sociais transformaram as pessoas em produtores compulsivos de conteúdo. Um universo onde alguns têm um destaque avassalador. Os “influencers” são hoje decisivos na formação de opinião em praticamente todos os contextos. Eles pautam as narrativas e estabelecem o tom dos debates.

Luana Piovani e Neymar trocam xingamentos nas redes sociais Foto: Reprodução
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E nas últimas semanas o entretenimento acabou por jogar luz a um projeto que, nas entrelinhas, abriria espaço para a privatização das praias brasileiras. Travestida de solução para o problema dos terrenos de marinha, a proposta de emenda constitucional que ficou conhecida como a PEC das Praias abre a possibilidade de cessão de áreas do litoral brasileiro à iniciativa privada.

Tudo estava se encaminhando no Congresso sem percalços, e sem que o tema chegasse ao cidadão comum. Até que a atriz Luana Piovani resolve ir às redes sociais dizer que estavam querendo privatizar as praias e criticar o jogador Neymar, o acusando de ser um dos interessados na mudança da lei, uma vez que ele tem parceria com uma incorporadora que pretende construir um empreendimento que ocuparia cerca de 100 km no litoral nordestino.

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O entretenimento, focado na briga entre duas celebridades, atingiu o coração da política, obrigando o relator da PEC no Senado, Flávio Bolsonaro, a se justificar sobre um tema que certamente o acompanhará por muitos anos.

A polêmica da PEC das praias acabou por ter mais destaque que outro tema polêmico, que também ganhou as redes sociais: o chamado imposto da blusinha, que prevê a taxação de 20% sobre compras de produtos importados que custem até 50 dólares. A medida acabou gerando uma onda de críticas e debates acalorados.

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Os consumidores, principalmente as classes de renda mais baixa, foram às redes se manifestar, revelando que se sentem prejudicados. Um discurso corroborado por influenciadores.

O blog coletou cerca de 20 mil menções, no X, sobre a PEC das praias e o imposto das blusinhas, entre os dias 30 de maio e 6 de junho. Foi possível observar que a proposta de emenda constitucional teve um volume de menções 18% maior do que a tributação dos produtos importados.

Além disso, a questão da privatização do litoral foi mais negativa, com cerca de 68% de postagens críticas, 19% positivas e 13% neutras. Os pontos mais ressaltados foram a suposta restrição do acesso das pessoas às praias, a exclusão social e o prejuízo que a eventual lei causaria aos pequenos comerciantes que vivem do turismo. Os elogios se centraram na ideia de que a aprovação da PEC resultaria em maior preservação ambiental e melhoria nas infraestruturas e segurança das praias.

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No caso do imposto da blusinha, 53% das menções foram negativas, 33% foram positivas e 14% neutras. O aumento no preço dos produtos básicos foi uma das críticas mais fortes. Além disso, muitos influenciadores e consumidores consideraram o imposto injusto e excessivo, argumentando que representa uma sobrecarga tributária desnecessária, que recai sobre os mais pobres. Entre os pontos favoráveis, se destacaram o aumento na arrecadação tributária, que poderia ser revertido para melhorias em serviços públicos, e o incentivo ao consumo consciente e à valorização de produtos nacionais. Houve ainda críticas à invasão de produtos chineses no Brasil e alegações sobre trabalho infantil.

Esses eventos evidenciam como o entretenimento e a realidade se entrelaçam de forma inseparável. O eixo que influencia as decisões políticas no País saiu de Brasília e migrou para as redes. A força da opinião dos internautas, geradas ou corroboradas por influenciadores, converte questões legislativas complexas em tópicos de discussões públicas intensas e amplamente divulgadas.

Esse fenômeno valida a previsão de que o espetáculo dominou as mais diversas áreas da sociedade, transformando a política em um palco onde narrativas são criadas e desfeitas na velocidade das conversações que vão pautando as redes e formando opinião.

No final da década de 1990, quando o mundo estava encantado com a internet e não conseguia enxergar onde as novas tecnologias iriam nos levar, um professor da Universidade do Sul da Califórnia alertava que o entretenimento, aos poucos, estava conquistando a realidade. Em seu livro Vida – o filme, Neal Gabler previa que o universo do espetáculo dominaria praticamente todas as áreas, inclusive a política.

Quase 30 anos depois, o mundo foi muito além do que previa o professor. As redes sociais transformaram as pessoas em produtores compulsivos de conteúdo. Um universo onde alguns têm um destaque avassalador. Os “influencers” são hoje decisivos na formação de opinião em praticamente todos os contextos. Eles pautam as narrativas e estabelecem o tom dos debates.

Luana Piovani e Neymar trocam xingamentos nas redes sociais Foto: Reprodução

E nas últimas semanas o entretenimento acabou por jogar luz a um projeto que, nas entrelinhas, abriria espaço para a privatização das praias brasileiras. Travestida de solução para o problema dos terrenos de marinha, a proposta de emenda constitucional que ficou conhecida como a PEC das Praias abre a possibilidade de cessão de áreas do litoral brasileiro à iniciativa privada.

Tudo estava se encaminhando no Congresso sem percalços, e sem que o tema chegasse ao cidadão comum. Até que a atriz Luana Piovani resolve ir às redes sociais dizer que estavam querendo privatizar as praias e criticar o jogador Neymar, o acusando de ser um dos interessados na mudança da lei, uma vez que ele tem parceria com uma incorporadora que pretende construir um empreendimento que ocuparia cerca de 100 km no litoral nordestino.

O entretenimento, focado na briga entre duas celebridades, atingiu o coração da política, obrigando o relator da PEC no Senado, Flávio Bolsonaro, a se justificar sobre um tema que certamente o acompanhará por muitos anos.

A polêmica da PEC das praias acabou por ter mais destaque que outro tema polêmico, que também ganhou as redes sociais: o chamado imposto da blusinha, que prevê a taxação de 20% sobre compras de produtos importados que custem até 50 dólares. A medida acabou gerando uma onda de críticas e debates acalorados.

Os consumidores, principalmente as classes de renda mais baixa, foram às redes se manifestar, revelando que se sentem prejudicados. Um discurso corroborado por influenciadores.

O blog coletou cerca de 20 mil menções, no X, sobre a PEC das praias e o imposto das blusinhas, entre os dias 30 de maio e 6 de junho. Foi possível observar que a proposta de emenda constitucional teve um volume de menções 18% maior do que a tributação dos produtos importados.

Além disso, a questão da privatização do litoral foi mais negativa, com cerca de 68% de postagens críticas, 19% positivas e 13% neutras. Os pontos mais ressaltados foram a suposta restrição do acesso das pessoas às praias, a exclusão social e o prejuízo que a eventual lei causaria aos pequenos comerciantes que vivem do turismo. Os elogios se centraram na ideia de que a aprovação da PEC resultaria em maior preservação ambiental e melhoria nas infraestruturas e segurança das praias.

No caso do imposto da blusinha, 53% das menções foram negativas, 33% foram positivas e 14% neutras. O aumento no preço dos produtos básicos foi uma das críticas mais fortes. Além disso, muitos influenciadores e consumidores consideraram o imposto injusto e excessivo, argumentando que representa uma sobrecarga tributária desnecessária, que recai sobre os mais pobres. Entre os pontos favoráveis, se destacaram o aumento na arrecadação tributária, que poderia ser revertido para melhorias em serviços públicos, e o incentivo ao consumo consciente e à valorização de produtos nacionais. Houve ainda críticas à invasão de produtos chineses no Brasil e alegações sobre trabalho infantil.

Esses eventos evidenciam como o entretenimento e a realidade se entrelaçam de forma inseparável. O eixo que influencia as decisões políticas no País saiu de Brasília e migrou para as redes. A força da opinião dos internautas, geradas ou corroboradas por influenciadores, converte questões legislativas complexas em tópicos de discussões públicas intensas e amplamente divulgadas.

Esse fenômeno valida a previsão de que o espetáculo dominou as mais diversas áreas da sociedade, transformando a política em um palco onde narrativas são criadas e desfeitas na velocidade das conversações que vão pautando as redes e formando opinião.

No final da década de 1990, quando o mundo estava encantado com a internet e não conseguia enxergar onde as novas tecnologias iriam nos levar, um professor da Universidade do Sul da Califórnia alertava que o entretenimento, aos poucos, estava conquistando a realidade. Em seu livro Vida – o filme, Neal Gabler previa que o universo do espetáculo dominaria praticamente todas as áreas, inclusive a política.

Quase 30 anos depois, o mundo foi muito além do que previa o professor. As redes sociais transformaram as pessoas em produtores compulsivos de conteúdo. Um universo onde alguns têm um destaque avassalador. Os “influencers” são hoje decisivos na formação de opinião em praticamente todos os contextos. Eles pautam as narrativas e estabelecem o tom dos debates.

Luana Piovani e Neymar trocam xingamentos nas redes sociais Foto: Reprodução

E nas últimas semanas o entretenimento acabou por jogar luz a um projeto que, nas entrelinhas, abriria espaço para a privatização das praias brasileiras. Travestida de solução para o problema dos terrenos de marinha, a proposta de emenda constitucional que ficou conhecida como a PEC das Praias abre a possibilidade de cessão de áreas do litoral brasileiro à iniciativa privada.

Tudo estava se encaminhando no Congresso sem percalços, e sem que o tema chegasse ao cidadão comum. Até que a atriz Luana Piovani resolve ir às redes sociais dizer que estavam querendo privatizar as praias e criticar o jogador Neymar, o acusando de ser um dos interessados na mudança da lei, uma vez que ele tem parceria com uma incorporadora que pretende construir um empreendimento que ocuparia cerca de 100 km no litoral nordestino.

O entretenimento, focado na briga entre duas celebridades, atingiu o coração da política, obrigando o relator da PEC no Senado, Flávio Bolsonaro, a se justificar sobre um tema que certamente o acompanhará por muitos anos.

A polêmica da PEC das praias acabou por ter mais destaque que outro tema polêmico, que também ganhou as redes sociais: o chamado imposto da blusinha, que prevê a taxação de 20% sobre compras de produtos importados que custem até 50 dólares. A medida acabou gerando uma onda de críticas e debates acalorados.

Os consumidores, principalmente as classes de renda mais baixa, foram às redes se manifestar, revelando que se sentem prejudicados. Um discurso corroborado por influenciadores.

O blog coletou cerca de 20 mil menções, no X, sobre a PEC das praias e o imposto das blusinhas, entre os dias 30 de maio e 6 de junho. Foi possível observar que a proposta de emenda constitucional teve um volume de menções 18% maior do que a tributação dos produtos importados.

Além disso, a questão da privatização do litoral foi mais negativa, com cerca de 68% de postagens críticas, 19% positivas e 13% neutras. Os pontos mais ressaltados foram a suposta restrição do acesso das pessoas às praias, a exclusão social e o prejuízo que a eventual lei causaria aos pequenos comerciantes que vivem do turismo. Os elogios se centraram na ideia de que a aprovação da PEC resultaria em maior preservação ambiental e melhoria nas infraestruturas e segurança das praias.

No caso do imposto da blusinha, 53% das menções foram negativas, 33% foram positivas e 14% neutras. O aumento no preço dos produtos básicos foi uma das críticas mais fortes. Além disso, muitos influenciadores e consumidores consideraram o imposto injusto e excessivo, argumentando que representa uma sobrecarga tributária desnecessária, que recai sobre os mais pobres. Entre os pontos favoráveis, se destacaram o aumento na arrecadação tributária, que poderia ser revertido para melhorias em serviços públicos, e o incentivo ao consumo consciente e à valorização de produtos nacionais. Houve ainda críticas à invasão de produtos chineses no Brasil e alegações sobre trabalho infantil.

Esses eventos evidenciam como o entretenimento e a realidade se entrelaçam de forma inseparável. O eixo que influencia as decisões políticas no País saiu de Brasília e migrou para as redes. A força da opinião dos internautas, geradas ou corroboradas por influenciadores, converte questões legislativas complexas em tópicos de discussões públicas intensas e amplamente divulgadas.

Esse fenômeno valida a previsão de que o espetáculo dominou as mais diversas áreas da sociedade, transformando a política em um palco onde narrativas são criadas e desfeitas na velocidade das conversações que vão pautando as redes e formando opinião.

No final da década de 1990, quando o mundo estava encantado com a internet e não conseguia enxergar onde as novas tecnologias iriam nos levar, um professor da Universidade do Sul da Califórnia alertava que o entretenimento, aos poucos, estava conquistando a realidade. Em seu livro Vida – o filme, Neal Gabler previa que o universo do espetáculo dominaria praticamente todas as áreas, inclusive a política.

Quase 30 anos depois, o mundo foi muito além do que previa o professor. As redes sociais transformaram as pessoas em produtores compulsivos de conteúdo. Um universo onde alguns têm um destaque avassalador. Os “influencers” são hoje decisivos na formação de opinião em praticamente todos os contextos. Eles pautam as narrativas e estabelecem o tom dos debates.

Luana Piovani e Neymar trocam xingamentos nas redes sociais Foto: Reprodução

E nas últimas semanas o entretenimento acabou por jogar luz a um projeto que, nas entrelinhas, abriria espaço para a privatização das praias brasileiras. Travestida de solução para o problema dos terrenos de marinha, a proposta de emenda constitucional que ficou conhecida como a PEC das Praias abre a possibilidade de cessão de áreas do litoral brasileiro à iniciativa privada.

Tudo estava se encaminhando no Congresso sem percalços, e sem que o tema chegasse ao cidadão comum. Até que a atriz Luana Piovani resolve ir às redes sociais dizer que estavam querendo privatizar as praias e criticar o jogador Neymar, o acusando de ser um dos interessados na mudança da lei, uma vez que ele tem parceria com uma incorporadora que pretende construir um empreendimento que ocuparia cerca de 100 km no litoral nordestino.

O entretenimento, focado na briga entre duas celebridades, atingiu o coração da política, obrigando o relator da PEC no Senado, Flávio Bolsonaro, a se justificar sobre um tema que certamente o acompanhará por muitos anos.

A polêmica da PEC das praias acabou por ter mais destaque que outro tema polêmico, que também ganhou as redes sociais: o chamado imposto da blusinha, que prevê a taxação de 20% sobre compras de produtos importados que custem até 50 dólares. A medida acabou gerando uma onda de críticas e debates acalorados.

Os consumidores, principalmente as classes de renda mais baixa, foram às redes se manifestar, revelando que se sentem prejudicados. Um discurso corroborado por influenciadores.

O blog coletou cerca de 20 mil menções, no X, sobre a PEC das praias e o imposto das blusinhas, entre os dias 30 de maio e 6 de junho. Foi possível observar que a proposta de emenda constitucional teve um volume de menções 18% maior do que a tributação dos produtos importados.

Além disso, a questão da privatização do litoral foi mais negativa, com cerca de 68% de postagens críticas, 19% positivas e 13% neutras. Os pontos mais ressaltados foram a suposta restrição do acesso das pessoas às praias, a exclusão social e o prejuízo que a eventual lei causaria aos pequenos comerciantes que vivem do turismo. Os elogios se centraram na ideia de que a aprovação da PEC resultaria em maior preservação ambiental e melhoria nas infraestruturas e segurança das praias.

No caso do imposto da blusinha, 53% das menções foram negativas, 33% foram positivas e 14% neutras. O aumento no preço dos produtos básicos foi uma das críticas mais fortes. Além disso, muitos influenciadores e consumidores consideraram o imposto injusto e excessivo, argumentando que representa uma sobrecarga tributária desnecessária, que recai sobre os mais pobres. Entre os pontos favoráveis, se destacaram o aumento na arrecadação tributária, que poderia ser revertido para melhorias em serviços públicos, e o incentivo ao consumo consciente e à valorização de produtos nacionais. Houve ainda críticas à invasão de produtos chineses no Brasil e alegações sobre trabalho infantil.

Esses eventos evidenciam como o entretenimento e a realidade se entrelaçam de forma inseparável. O eixo que influencia as decisões políticas no País saiu de Brasília e migrou para as redes. A força da opinião dos internautas, geradas ou corroboradas por influenciadores, converte questões legislativas complexas em tópicos de discussões públicas intensas e amplamente divulgadas.

Esse fenômeno valida a previsão de que o espetáculo dominou as mais diversas áreas da sociedade, transformando a política em um palco onde narrativas são criadas e desfeitas na velocidade das conversações que vão pautando as redes e formando opinião.

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Opinião por Sergio Denicoli

Autor do livro TV digital: sistemas, conceitos e tecnologias, Sergio Denicoli é pós-doutor pela Universidade do Minho e pela Universidade Federal Fluminense. Foi repórter da Rádio CBN Vitória, da TV Gazeta (Globo-ES), e colunista do jornal A Gazeta. Atualmente, é CEO da AP Exata e cientista de dados.

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