A indicação de Flávio Dino para integrar o Supremo Tribunal Federal escancarou um sentimento já bastante difundido pelos internautas, de que o STF é uma corte eminentemente política.
As opiniões sobre a escolha do Presidente da República se dividem, ancoradas na polarização do País, com a nítida ideia de que Flávio Dino atuará para concretizar na Corte princípios da esquerda, e também abarcará em suas decisões os desejos de Lula.
O curioso é que esquerda e direita concordam nesse quesito. O ponto de discordância é que direitistas criticam essa eventual inclinação, enquanto esquerdistas elogiam. Não há expectativas nas redes de que Dino atuará de forma a seguir cegamente o pragmatismo da Lei, deixando seus ideais de lado. Aliás, a ideia de um STF politicamente imparcial inexiste nas redes.
Os próprios lulistas exaltam, em suas interações, a característica de um ministro do Supremo profundamente entranhado na política partidária. Eles veem Dino como um nome preparado e competente para o cargo, e com uma visão esquerdista que desejam que seja usada em suas decisões como magistrado.
Também usam muito a tática de provocar os opositores, difundindo diversos memes retratando o ministro como O Incrível Hulk, em alusão a uma fala dele ao interagir com o senador Marcos Do Val, durante audiência na Comissão de Segurança Pública sobre o 8 de Janeiro. Na ocasião, Dino disse que se Do Val era da Swat ele faria parte de Os Vingadores, que é um grupo de super-heróis conhecidos das histórias em quadrinhos e do cinema. Desde então, Dino passou a ser visto como um herói da retórica pelos seus admiradores, que agora esperam que ele siga com a mesma performance no STF.
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A direita optou por uma campanha pragmática contra Dino, com esperanças de que o nome dele seja vetado pelo Senado. Os argumentos principais focam não em questões do conservadorismo religioso, como o aborto, mas sim na ideia de que o Ministro da Justiça tem sido negligente com a questão da segurança pública. Há muitas insinuações de que ele teria ligações com o tráfico de drogas.
É uma narrativa muito presente em grupos bolsonaristas, que iniciaram a difusão dessa narrativa quando Dino esteve no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, em março deste ano. Na época, bolsonaristas afirmaram que ele teria visitado o complexo de favelas praticamente sem escolta e até hoje dizem que ele teria recebido aval do tráfico para realizar a visita. Também se fala muito do caso Luciane Barbosa Farias, esposa do chefe do Comando Vermelho no Amazonas, que foi recebida no Ministério da Justiça.
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Há ainda um outro prisma da indicação de Flávio Dino, que abarca o pragmatismo das negociações políticas, e que está bastante explícito nas conversações de perfis atentos às articulações de bastidores em Brasília. É a ideia de que Lula teria negociado com Davi Alcolumbre e Rodrigo Pacheco, em troca de apoio a Alcolumbre para a presidência do Senado. Alguns especulam ainda que Pacheco poderia ser candidato ao Governo de Minas Gerais, com o apoio do Planalto, ou que pleiteia um importante ministério.
Todas essas nuances revelam que a indicação de Dino é mais uma das inúmeras negociações entre os poderes, que acomodam os interesses dos atores envolvidos. Apenas outro dia comum em Brasília.
Assim que o assunto estiver oficialmente resolvido, as fichas serão recolhidas, até que a roleta volte a girar, com outro tema na mesa de apostas. Sorte de quem tem mais cacife para jogar ou de quem sabe blefar melhor.
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