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Análise|Nova operação da PF: o que vale nas redes são os argumentos e não os fatos


Grupos à esquerda e direita têm um ponto em comum: a certeza que Jair Bolsonaro será preso em breve, mas por motivos diferentes

Por Sergio Denicoli
Atualização:

Há fatos, mas no mundo online o que conta mesmo são os argumentos. E nessa configuração da comunicação política brasileira, o Supremo Tribunal Federal e as decisões dos seus ministros sempre figuraram entre os assuntos mais falados pelos internautas.

Dados da AP Exata Inteligência Digital mostram que, em 8 dos 12 meses do ano eleitoral de 2022, o STF teve mais menções do que temas como educação, saúde e até economia, em posts relacionados a Jair Bolsonaro.

Operação da Polícia Federal teve como alvo aliados de Bolsonaro e o próprio ex-presidente  Foto: André Borges / EFE
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No mundo dos fatos, após a operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal, seria difícil construir uma narrativa plausível, que ilibasse os investigados de terem confabulado contra a democracia. Mas no universo dos argumentos, a ação da PF foi apenas mais um dos embates entre bolsonaristas e o Supremo.

Nos grupos de direita, a ideia de perseguição política é a mais difundida, com o argumento de que Bolsonaro não tentou dar um golpe, pois não criou dificuldades para a posse de Lula e, inclusive, nomeou para o comando das Forças Armadas nomes indicados pelo presidente eleito. As conversações também pedem a prisão de Alexandre de Moraes, com a acusação de que ele teria transformado o STF em uma instituição envolvida com a política partidária, que quer censurar as vozes conservadoras. Nesses grupos há ainda críticas a Bolsonaro pela inação diante da “ameaça comunista”, e lamentos pela posse de Lula ter ocorrido.

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A esquerda também tem seus argumentos dissociados dos fatos. Além das críticas usuais a Jair Bolsonaro, aproveitou a nova operação da PF para dizer que Arthur Lira seria um dos envolvidos em uma tentativa de golpe, alimentando a campanha dos lulistas para desgastá-lo. Alega isso porque a imprensa informou que a minuta do golpe previa a prisão do presidente do Senado, mas não a do presidente da Câmara. Pura ilação, sem qualquer prova.

O que há de comum entre os dois grupos é a certeza de que Jair Bolsonaro será preso em breve, mas por motivos diferentes. A direita acredita que o encarceramento do ex-presidente será a concretização mais contundente da suposta perseguição de Alexandre de Moraes, enquanto a esquerda difunde a ideia de que golpistas devem ser detidos.

Assim, apesar dos analistas entenderem o mais novo capítulo da novela política brasileira como um divisor de águas, por trazer fatos que corroboram que realmente houve uma arquitetura de golpe contra o Estado Democrático, para as redes trata-se de uma questão já muito colocada e muito falada, que é o alegado conflito entre direita e STF, desenhado durante o governo Bolsonaro.

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Os fatos, portanto, apenas dão algum direcionamento às conversações nas redes, mas influenciam pouco as narrativas. Mesmo que haja consequências legais ainda mais profundas do que as apresentadas nesta quinta-feira (08), as versões serão o combustível que seguirá alimentando a política nacional, independentemente da realidade.

Há fatos, mas no mundo online o que conta mesmo são os argumentos. E nessa configuração da comunicação política brasileira, o Supremo Tribunal Federal e as decisões dos seus ministros sempre figuraram entre os assuntos mais falados pelos internautas.

Dados da AP Exata Inteligência Digital mostram que, em 8 dos 12 meses do ano eleitoral de 2022, o STF teve mais menções do que temas como educação, saúde e até economia, em posts relacionados a Jair Bolsonaro.

Operação da Polícia Federal teve como alvo aliados de Bolsonaro e o próprio ex-presidente  Foto: André Borges / EFE

No mundo dos fatos, após a operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal, seria difícil construir uma narrativa plausível, que ilibasse os investigados de terem confabulado contra a democracia. Mas no universo dos argumentos, a ação da PF foi apenas mais um dos embates entre bolsonaristas e o Supremo.

Nos grupos de direita, a ideia de perseguição política é a mais difundida, com o argumento de que Bolsonaro não tentou dar um golpe, pois não criou dificuldades para a posse de Lula e, inclusive, nomeou para o comando das Forças Armadas nomes indicados pelo presidente eleito. As conversações também pedem a prisão de Alexandre de Moraes, com a acusação de que ele teria transformado o STF em uma instituição envolvida com a política partidária, que quer censurar as vozes conservadoras. Nesses grupos há ainda críticas a Bolsonaro pela inação diante da “ameaça comunista”, e lamentos pela posse de Lula ter ocorrido.

A esquerda também tem seus argumentos dissociados dos fatos. Além das críticas usuais a Jair Bolsonaro, aproveitou a nova operação da PF para dizer que Arthur Lira seria um dos envolvidos em uma tentativa de golpe, alimentando a campanha dos lulistas para desgastá-lo. Alega isso porque a imprensa informou que a minuta do golpe previa a prisão do presidente do Senado, mas não a do presidente da Câmara. Pura ilação, sem qualquer prova.

O que há de comum entre os dois grupos é a certeza de que Jair Bolsonaro será preso em breve, mas por motivos diferentes. A direita acredita que o encarceramento do ex-presidente será a concretização mais contundente da suposta perseguição de Alexandre de Moraes, enquanto a esquerda difunde a ideia de que golpistas devem ser detidos.

Assim, apesar dos analistas entenderem o mais novo capítulo da novela política brasileira como um divisor de águas, por trazer fatos que corroboram que realmente houve uma arquitetura de golpe contra o Estado Democrático, para as redes trata-se de uma questão já muito colocada e muito falada, que é o alegado conflito entre direita e STF, desenhado durante o governo Bolsonaro.

Os fatos, portanto, apenas dão algum direcionamento às conversações nas redes, mas influenciam pouco as narrativas. Mesmo que haja consequências legais ainda mais profundas do que as apresentadas nesta quinta-feira (08), as versões serão o combustível que seguirá alimentando a política nacional, independentemente da realidade.

Há fatos, mas no mundo online o que conta mesmo são os argumentos. E nessa configuração da comunicação política brasileira, o Supremo Tribunal Federal e as decisões dos seus ministros sempre figuraram entre os assuntos mais falados pelos internautas.

Dados da AP Exata Inteligência Digital mostram que, em 8 dos 12 meses do ano eleitoral de 2022, o STF teve mais menções do que temas como educação, saúde e até economia, em posts relacionados a Jair Bolsonaro.

Operação da Polícia Federal teve como alvo aliados de Bolsonaro e o próprio ex-presidente  Foto: André Borges / EFE

No mundo dos fatos, após a operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal, seria difícil construir uma narrativa plausível, que ilibasse os investigados de terem confabulado contra a democracia. Mas no universo dos argumentos, a ação da PF foi apenas mais um dos embates entre bolsonaristas e o Supremo.

Nos grupos de direita, a ideia de perseguição política é a mais difundida, com o argumento de que Bolsonaro não tentou dar um golpe, pois não criou dificuldades para a posse de Lula e, inclusive, nomeou para o comando das Forças Armadas nomes indicados pelo presidente eleito. As conversações também pedem a prisão de Alexandre de Moraes, com a acusação de que ele teria transformado o STF em uma instituição envolvida com a política partidária, que quer censurar as vozes conservadoras. Nesses grupos há ainda críticas a Bolsonaro pela inação diante da “ameaça comunista”, e lamentos pela posse de Lula ter ocorrido.

A esquerda também tem seus argumentos dissociados dos fatos. Além das críticas usuais a Jair Bolsonaro, aproveitou a nova operação da PF para dizer que Arthur Lira seria um dos envolvidos em uma tentativa de golpe, alimentando a campanha dos lulistas para desgastá-lo. Alega isso porque a imprensa informou que a minuta do golpe previa a prisão do presidente do Senado, mas não a do presidente da Câmara. Pura ilação, sem qualquer prova.

O que há de comum entre os dois grupos é a certeza de que Jair Bolsonaro será preso em breve, mas por motivos diferentes. A direita acredita que o encarceramento do ex-presidente será a concretização mais contundente da suposta perseguição de Alexandre de Moraes, enquanto a esquerda difunde a ideia de que golpistas devem ser detidos.

Assim, apesar dos analistas entenderem o mais novo capítulo da novela política brasileira como um divisor de águas, por trazer fatos que corroboram que realmente houve uma arquitetura de golpe contra o Estado Democrático, para as redes trata-se de uma questão já muito colocada e muito falada, que é o alegado conflito entre direita e STF, desenhado durante o governo Bolsonaro.

Os fatos, portanto, apenas dão algum direcionamento às conversações nas redes, mas influenciam pouco as narrativas. Mesmo que haja consequências legais ainda mais profundas do que as apresentadas nesta quinta-feira (08), as versões serão o combustível que seguirá alimentando a política nacional, independentemente da realidade.

Há fatos, mas no mundo online o que conta mesmo são os argumentos. E nessa configuração da comunicação política brasileira, o Supremo Tribunal Federal e as decisões dos seus ministros sempre figuraram entre os assuntos mais falados pelos internautas.

Dados da AP Exata Inteligência Digital mostram que, em 8 dos 12 meses do ano eleitoral de 2022, o STF teve mais menções do que temas como educação, saúde e até economia, em posts relacionados a Jair Bolsonaro.

Operação da Polícia Federal teve como alvo aliados de Bolsonaro e o próprio ex-presidente  Foto: André Borges / EFE

No mundo dos fatos, após a operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal, seria difícil construir uma narrativa plausível, que ilibasse os investigados de terem confabulado contra a democracia. Mas no universo dos argumentos, a ação da PF foi apenas mais um dos embates entre bolsonaristas e o Supremo.

Nos grupos de direita, a ideia de perseguição política é a mais difundida, com o argumento de que Bolsonaro não tentou dar um golpe, pois não criou dificuldades para a posse de Lula e, inclusive, nomeou para o comando das Forças Armadas nomes indicados pelo presidente eleito. As conversações também pedem a prisão de Alexandre de Moraes, com a acusação de que ele teria transformado o STF em uma instituição envolvida com a política partidária, que quer censurar as vozes conservadoras. Nesses grupos há ainda críticas a Bolsonaro pela inação diante da “ameaça comunista”, e lamentos pela posse de Lula ter ocorrido.

A esquerda também tem seus argumentos dissociados dos fatos. Além das críticas usuais a Jair Bolsonaro, aproveitou a nova operação da PF para dizer que Arthur Lira seria um dos envolvidos em uma tentativa de golpe, alimentando a campanha dos lulistas para desgastá-lo. Alega isso porque a imprensa informou que a minuta do golpe previa a prisão do presidente do Senado, mas não a do presidente da Câmara. Pura ilação, sem qualquer prova.

O que há de comum entre os dois grupos é a certeza de que Jair Bolsonaro será preso em breve, mas por motivos diferentes. A direita acredita que o encarceramento do ex-presidente será a concretização mais contundente da suposta perseguição de Alexandre de Moraes, enquanto a esquerda difunde a ideia de que golpistas devem ser detidos.

Assim, apesar dos analistas entenderem o mais novo capítulo da novela política brasileira como um divisor de águas, por trazer fatos que corroboram que realmente houve uma arquitetura de golpe contra o Estado Democrático, para as redes trata-se de uma questão já muito colocada e muito falada, que é o alegado conflito entre direita e STF, desenhado durante o governo Bolsonaro.

Os fatos, portanto, apenas dão algum direcionamento às conversações nas redes, mas influenciam pouco as narrativas. Mesmo que haja consequências legais ainda mais profundas do que as apresentadas nesta quinta-feira (08), as versões serão o combustível que seguirá alimentando a política nacional, independentemente da realidade.

Análise por Sergio Denicoli

Autor do livro TV digital: sistemas, conceitos e tecnologias, Sergio Denicoli é pós-doutor pela Universidade do Minho e pela Universidade Federal Fluminense. Foi repórter da Rádio CBN Vitória, da TV Gazeta (Globo-ES), e colunista do jornal A Gazeta. Atualmente, é CEO da AP Exata e cientista de dados.

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