Sérgio Moro x Alvaro Dias: por que os ex-aliados agora brigam pelo Senado no Paraná


Ex-juiz estreou na política filiando-se ao Podemos, mesmo partido de Dias, para disputar a Presidência; projeto naufragou e Moro migrou para o União Brasil

Por Ederson Hising
Atualização:

Ex-aliados, o senador Alvaro Dias (Podemos) e o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro (União Brasil) se tornaram adversários diretos na disputa pela vaga ao Senado pelo Paraná nas eleições deste ano. Publicamente, a relação estremeceu assim que o ex-juiz migrou para o União Brasil quatro meses depois de se filiar ao Podemos, de Dias. Interlocutores de ambos, porém, relatam que as divergências são mais antigas.

Moro hoje refuta que Dias tenha sido seu padrinho político. A pessoas próximas, disse ter se sentido traído pelo senador, ferrenho apoiador da Lava Jato, operação que projetou o ex-juiz federal – em debate entre os presidenciáveis, em 2018, o senador prometeu que, caso vencesse, nomearia Moro, então juiz, como ministro da Justiça, o que acabou ocorrendo pelas mãos do presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Fontes ouvidas pelo Estadão afirmam que a relação entre os dois começou a azedar quando Moro aceitou se filiar ao Podemos, em novembro de 2021. Um interlocutor de Dias conta que o senador não achava que Moro aceitaria o convite do Podemos. Na ocasião, dizem aliados, o senador se mostrou “enciumado” pelo fato de o ex-ministro de Bolsonaro chegar como o nome favorito ao Palácio do Planalto para a terceira via. Na época, ele era apontado como candidato natural do Podemos à Presidência e se queixou a aliados que sequer foi consultado por Moro sobre a candidatura.

Quem acompanhou a negociação para a entrada do ex-juiz ao Podemos afirma que o convite teria partido de outro senador do partido no Paraná, Oriovisto Guimarães. No entanto, passado o mal-estar inicial, Dias foi aconselhado por colegas de partido a “se apropriar” da filiação de Moro como uma conquista dele – forma como sempre se pronunciou sobre o assunto publicamente.

Em dado momento, o senador disse que, caso a tentativa de Moro de ser candidato à Presidência não desse certo, ele abriria mão da vaga ao Senado para o ex-juiz.

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Antes aliado do ex-juiz, Alvaro dias (Podemos) agora entra em disputa com Sérgio Moro (União) por uma vaga no Senado pelo Paraná Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO/DIVULGAÇÃO

Na filiação de Moro ao Podemos, Alvaro Dias foi responsável pelo discurso de abertura do evento, no qual teve papel de destaque. Tudo alinhado com a presidente nacional do partido e deputada federal por São Paulo, Renata Abreu. Segundo uma pessoa que acompanhou as tratativas, a ideia de Renata era “diminuir a ciumeira” entre duas figuras importantes da legenda. Os sinais, disse a mesma fonte, eram de que tudo parecia apaziguado.

No entanto, em janeiro deste ano, pesquisas eleitorais mostravam que a candidatura de Moro à Presidência não decolava. Incomodava ainda mais o senador a forma como o ex-juiz da Lava Jato conduzia sua pré-campanha “desarticulando palanques nos Estados por inexperiência política” e sem consultá-lo sobre os passos que estava dando.

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Começou então uma nova crise na relação, pois, de seu lado, Moro se sentia “fritado” pelo partido e avaliava que Dias atuava no esvaziamento da candidatura à Presidência.

Segundo a versão de aliados do ex-juiz, o movimento de Dias para escantear o ex-ministro da Justiça tinha o objetivo de facilitar as negociações do senador com o governador do Paraná e candidato à reeleição, Ratinho Júnior (PSD), para ser o candidato dele ao Senado. Ratinho, já na época, liderava as pesquisas de intenção de voto. Apesar da tentativa de aproximação e mesmo após a saída de Moro do Podemos, o governador optou pelo aliado de Bolsonaro, o deputado federal Paulo Martins (PL) ao Senado.

Na leitura de alguns integrantes do Podemos, Moro estava “jogando sozinho e não ouvia mais ninguém”. Além disso, o ex-juiz estaria gastando demais. Segundo dirigentes da sigla, a pré-campanha de Moro custou aos cofres do Podemos por volta de R$ 2 milhões.

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Com a candidatura do ex-ministro naufragando, o partido passou a considerar que seria mais viável apostar dinheiro e tempo em uma maior bancada federal. Foi quando, conforme interlocutores de Moro, que o partido deixou de honrar contratos com equipes de advogados, segurança e comunicação de Moro.

No fim de março, dias antes do fechamento da janela partidária, uma reunião em Curitiba com Moro, a presidente do Podemos e os três senadores do partido pelo Paraná selaram o fim da relação. Tanto que, já em julho, cogitou-se uma composição entre Moro e Dias em uma dobradinha para Senado e governo do Paraná, mas o ex-juiz recusou.

Em novembro de 2021, o ex-juiz Sérgio Moro havia se filiado ao Podemos, partido de Alvaro Dias  Foto: Dida Sampaio / Estadão
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Correligionários dos políticos, que têm raízes em Maringá (PR), afirmam que não houve briga severa entre eles, mas não há mais diálogo. Publicamente, ambos adotam discurso de fazer uma disputa sem ataques. Pesquisas eleitorais mostram cenário indefinido na corrida ao Senado, que tem os dois na dianteira, com Paulo Martins tentando alcançá-los. Ao Estadão, o senador Alvaro Dias afirmou que deixa de lado questões pessoais e eventuais desconfortos havidos por ter o dever de respeitar a sociedade tentando manter a campanha em um nível elevado. “Da minha parte, estou tranquilo. Não guardo ressentimentos. Meu tempo todo será utilizado para conquistar o apoio das pessoas que confiam em mim e que esperam de mim seriedade e maturidade política, fundamentais neste momento que passa a nação”, afirmou.

Por meio de assessoria de imprensa, Moro declarou que respeita “o senador Alvaro Dias”. “Sigo, agora, um caminho separado. Minha carreira pública como juiz e ministro foi totalmente independente de qualquer figura pública. Quero levar as bandeiras da integridade e da política voltada ao bem comum para Brasília. O embate com o Álvaro será em alto nível”, disse o ex-juiz.

Ex-aliados, o senador Alvaro Dias (Podemos) e o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro (União Brasil) se tornaram adversários diretos na disputa pela vaga ao Senado pelo Paraná nas eleições deste ano. Publicamente, a relação estremeceu assim que o ex-juiz migrou para o União Brasil quatro meses depois de se filiar ao Podemos, de Dias. Interlocutores de ambos, porém, relatam que as divergências são mais antigas.

Moro hoje refuta que Dias tenha sido seu padrinho político. A pessoas próximas, disse ter se sentido traído pelo senador, ferrenho apoiador da Lava Jato, operação que projetou o ex-juiz federal – em debate entre os presidenciáveis, em 2018, o senador prometeu que, caso vencesse, nomearia Moro, então juiz, como ministro da Justiça, o que acabou ocorrendo pelas mãos do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Fontes ouvidas pelo Estadão afirmam que a relação entre os dois começou a azedar quando Moro aceitou se filiar ao Podemos, em novembro de 2021. Um interlocutor de Dias conta que o senador não achava que Moro aceitaria o convite do Podemos. Na ocasião, dizem aliados, o senador se mostrou “enciumado” pelo fato de o ex-ministro de Bolsonaro chegar como o nome favorito ao Palácio do Planalto para a terceira via. Na época, ele era apontado como candidato natural do Podemos à Presidência e se queixou a aliados que sequer foi consultado por Moro sobre a candidatura.

Quem acompanhou a negociação para a entrada do ex-juiz ao Podemos afirma que o convite teria partido de outro senador do partido no Paraná, Oriovisto Guimarães. No entanto, passado o mal-estar inicial, Dias foi aconselhado por colegas de partido a “se apropriar” da filiação de Moro como uma conquista dele – forma como sempre se pronunciou sobre o assunto publicamente.

Em dado momento, o senador disse que, caso a tentativa de Moro de ser candidato à Presidência não desse certo, ele abriria mão da vaga ao Senado para o ex-juiz.

Antes aliado do ex-juiz, Alvaro dias (Podemos) agora entra em disputa com Sérgio Moro (União) por uma vaga no Senado pelo Paraná Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO/DIVULGAÇÃO

Na filiação de Moro ao Podemos, Alvaro Dias foi responsável pelo discurso de abertura do evento, no qual teve papel de destaque. Tudo alinhado com a presidente nacional do partido e deputada federal por São Paulo, Renata Abreu. Segundo uma pessoa que acompanhou as tratativas, a ideia de Renata era “diminuir a ciumeira” entre duas figuras importantes da legenda. Os sinais, disse a mesma fonte, eram de que tudo parecia apaziguado.

No entanto, em janeiro deste ano, pesquisas eleitorais mostravam que a candidatura de Moro à Presidência não decolava. Incomodava ainda mais o senador a forma como o ex-juiz da Lava Jato conduzia sua pré-campanha “desarticulando palanques nos Estados por inexperiência política” e sem consultá-lo sobre os passos que estava dando.

Começou então uma nova crise na relação, pois, de seu lado, Moro se sentia “fritado” pelo partido e avaliava que Dias atuava no esvaziamento da candidatura à Presidência.

Segundo a versão de aliados do ex-juiz, o movimento de Dias para escantear o ex-ministro da Justiça tinha o objetivo de facilitar as negociações do senador com o governador do Paraná e candidato à reeleição, Ratinho Júnior (PSD), para ser o candidato dele ao Senado. Ratinho, já na época, liderava as pesquisas de intenção de voto. Apesar da tentativa de aproximação e mesmo após a saída de Moro do Podemos, o governador optou pelo aliado de Bolsonaro, o deputado federal Paulo Martins (PL) ao Senado.

Na leitura de alguns integrantes do Podemos, Moro estava “jogando sozinho e não ouvia mais ninguém”. Além disso, o ex-juiz estaria gastando demais. Segundo dirigentes da sigla, a pré-campanha de Moro custou aos cofres do Podemos por volta de R$ 2 milhões.

Com a candidatura do ex-ministro naufragando, o partido passou a considerar que seria mais viável apostar dinheiro e tempo em uma maior bancada federal. Foi quando, conforme interlocutores de Moro, que o partido deixou de honrar contratos com equipes de advogados, segurança e comunicação de Moro.

No fim de março, dias antes do fechamento da janela partidária, uma reunião em Curitiba com Moro, a presidente do Podemos e os três senadores do partido pelo Paraná selaram o fim da relação. Tanto que, já em julho, cogitou-se uma composição entre Moro e Dias em uma dobradinha para Senado e governo do Paraná, mas o ex-juiz recusou.

Em novembro de 2021, o ex-juiz Sérgio Moro havia se filiado ao Podemos, partido de Alvaro Dias  Foto: Dida Sampaio / Estadão

Correligionários dos políticos, que têm raízes em Maringá (PR), afirmam que não houve briga severa entre eles, mas não há mais diálogo. Publicamente, ambos adotam discurso de fazer uma disputa sem ataques. Pesquisas eleitorais mostram cenário indefinido na corrida ao Senado, que tem os dois na dianteira, com Paulo Martins tentando alcançá-los. Ao Estadão, o senador Alvaro Dias afirmou que deixa de lado questões pessoais e eventuais desconfortos havidos por ter o dever de respeitar a sociedade tentando manter a campanha em um nível elevado. “Da minha parte, estou tranquilo. Não guardo ressentimentos. Meu tempo todo será utilizado para conquistar o apoio das pessoas que confiam em mim e que esperam de mim seriedade e maturidade política, fundamentais neste momento que passa a nação”, afirmou.

Por meio de assessoria de imprensa, Moro declarou que respeita “o senador Alvaro Dias”. “Sigo, agora, um caminho separado. Minha carreira pública como juiz e ministro foi totalmente independente de qualquer figura pública. Quero levar as bandeiras da integridade e da política voltada ao bem comum para Brasília. O embate com o Álvaro será em alto nível”, disse o ex-juiz.

Ex-aliados, o senador Alvaro Dias (Podemos) e o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro (União Brasil) se tornaram adversários diretos na disputa pela vaga ao Senado pelo Paraná nas eleições deste ano. Publicamente, a relação estremeceu assim que o ex-juiz migrou para o União Brasil quatro meses depois de se filiar ao Podemos, de Dias. Interlocutores de ambos, porém, relatam que as divergências são mais antigas.

Moro hoje refuta que Dias tenha sido seu padrinho político. A pessoas próximas, disse ter se sentido traído pelo senador, ferrenho apoiador da Lava Jato, operação que projetou o ex-juiz federal – em debate entre os presidenciáveis, em 2018, o senador prometeu que, caso vencesse, nomearia Moro, então juiz, como ministro da Justiça, o que acabou ocorrendo pelas mãos do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Fontes ouvidas pelo Estadão afirmam que a relação entre os dois começou a azedar quando Moro aceitou se filiar ao Podemos, em novembro de 2021. Um interlocutor de Dias conta que o senador não achava que Moro aceitaria o convite do Podemos. Na ocasião, dizem aliados, o senador se mostrou “enciumado” pelo fato de o ex-ministro de Bolsonaro chegar como o nome favorito ao Palácio do Planalto para a terceira via. Na época, ele era apontado como candidato natural do Podemos à Presidência e se queixou a aliados que sequer foi consultado por Moro sobre a candidatura.

Quem acompanhou a negociação para a entrada do ex-juiz ao Podemos afirma que o convite teria partido de outro senador do partido no Paraná, Oriovisto Guimarães. No entanto, passado o mal-estar inicial, Dias foi aconselhado por colegas de partido a “se apropriar” da filiação de Moro como uma conquista dele – forma como sempre se pronunciou sobre o assunto publicamente.

Em dado momento, o senador disse que, caso a tentativa de Moro de ser candidato à Presidência não desse certo, ele abriria mão da vaga ao Senado para o ex-juiz.

Antes aliado do ex-juiz, Alvaro dias (Podemos) agora entra em disputa com Sérgio Moro (União) por uma vaga no Senado pelo Paraná Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO/DIVULGAÇÃO

Na filiação de Moro ao Podemos, Alvaro Dias foi responsável pelo discurso de abertura do evento, no qual teve papel de destaque. Tudo alinhado com a presidente nacional do partido e deputada federal por São Paulo, Renata Abreu. Segundo uma pessoa que acompanhou as tratativas, a ideia de Renata era “diminuir a ciumeira” entre duas figuras importantes da legenda. Os sinais, disse a mesma fonte, eram de que tudo parecia apaziguado.

No entanto, em janeiro deste ano, pesquisas eleitorais mostravam que a candidatura de Moro à Presidência não decolava. Incomodava ainda mais o senador a forma como o ex-juiz da Lava Jato conduzia sua pré-campanha “desarticulando palanques nos Estados por inexperiência política” e sem consultá-lo sobre os passos que estava dando.

Começou então uma nova crise na relação, pois, de seu lado, Moro se sentia “fritado” pelo partido e avaliava que Dias atuava no esvaziamento da candidatura à Presidência.

Segundo a versão de aliados do ex-juiz, o movimento de Dias para escantear o ex-ministro da Justiça tinha o objetivo de facilitar as negociações do senador com o governador do Paraná e candidato à reeleição, Ratinho Júnior (PSD), para ser o candidato dele ao Senado. Ratinho, já na época, liderava as pesquisas de intenção de voto. Apesar da tentativa de aproximação e mesmo após a saída de Moro do Podemos, o governador optou pelo aliado de Bolsonaro, o deputado federal Paulo Martins (PL) ao Senado.

Na leitura de alguns integrantes do Podemos, Moro estava “jogando sozinho e não ouvia mais ninguém”. Além disso, o ex-juiz estaria gastando demais. Segundo dirigentes da sigla, a pré-campanha de Moro custou aos cofres do Podemos por volta de R$ 2 milhões.

Com a candidatura do ex-ministro naufragando, o partido passou a considerar que seria mais viável apostar dinheiro e tempo em uma maior bancada federal. Foi quando, conforme interlocutores de Moro, que o partido deixou de honrar contratos com equipes de advogados, segurança e comunicação de Moro.

No fim de março, dias antes do fechamento da janela partidária, uma reunião em Curitiba com Moro, a presidente do Podemos e os três senadores do partido pelo Paraná selaram o fim da relação. Tanto que, já em julho, cogitou-se uma composição entre Moro e Dias em uma dobradinha para Senado e governo do Paraná, mas o ex-juiz recusou.

Em novembro de 2021, o ex-juiz Sérgio Moro havia se filiado ao Podemos, partido de Alvaro Dias  Foto: Dida Sampaio / Estadão

Correligionários dos políticos, que têm raízes em Maringá (PR), afirmam que não houve briga severa entre eles, mas não há mais diálogo. Publicamente, ambos adotam discurso de fazer uma disputa sem ataques. Pesquisas eleitorais mostram cenário indefinido na corrida ao Senado, que tem os dois na dianteira, com Paulo Martins tentando alcançá-los. Ao Estadão, o senador Alvaro Dias afirmou que deixa de lado questões pessoais e eventuais desconfortos havidos por ter o dever de respeitar a sociedade tentando manter a campanha em um nível elevado. “Da minha parte, estou tranquilo. Não guardo ressentimentos. Meu tempo todo será utilizado para conquistar o apoio das pessoas que confiam em mim e que esperam de mim seriedade e maturidade política, fundamentais neste momento que passa a nação”, afirmou.

Por meio de assessoria de imprensa, Moro declarou que respeita “o senador Alvaro Dias”. “Sigo, agora, um caminho separado. Minha carreira pública como juiz e ministro foi totalmente independente de qualquer figura pública. Quero levar as bandeiras da integridade e da política voltada ao bem comum para Brasília. O embate com o Álvaro será em alto nível”, disse o ex-juiz.

Ex-aliados, o senador Alvaro Dias (Podemos) e o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro (União Brasil) se tornaram adversários diretos na disputa pela vaga ao Senado pelo Paraná nas eleições deste ano. Publicamente, a relação estremeceu assim que o ex-juiz migrou para o União Brasil quatro meses depois de se filiar ao Podemos, de Dias. Interlocutores de ambos, porém, relatam que as divergências são mais antigas.

Moro hoje refuta que Dias tenha sido seu padrinho político. A pessoas próximas, disse ter se sentido traído pelo senador, ferrenho apoiador da Lava Jato, operação que projetou o ex-juiz federal – em debate entre os presidenciáveis, em 2018, o senador prometeu que, caso vencesse, nomearia Moro, então juiz, como ministro da Justiça, o que acabou ocorrendo pelas mãos do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Fontes ouvidas pelo Estadão afirmam que a relação entre os dois começou a azedar quando Moro aceitou se filiar ao Podemos, em novembro de 2021. Um interlocutor de Dias conta que o senador não achava que Moro aceitaria o convite do Podemos. Na ocasião, dizem aliados, o senador se mostrou “enciumado” pelo fato de o ex-ministro de Bolsonaro chegar como o nome favorito ao Palácio do Planalto para a terceira via. Na época, ele era apontado como candidato natural do Podemos à Presidência e se queixou a aliados que sequer foi consultado por Moro sobre a candidatura.

Quem acompanhou a negociação para a entrada do ex-juiz ao Podemos afirma que o convite teria partido de outro senador do partido no Paraná, Oriovisto Guimarães. No entanto, passado o mal-estar inicial, Dias foi aconselhado por colegas de partido a “se apropriar” da filiação de Moro como uma conquista dele – forma como sempre se pronunciou sobre o assunto publicamente.

Em dado momento, o senador disse que, caso a tentativa de Moro de ser candidato à Presidência não desse certo, ele abriria mão da vaga ao Senado para o ex-juiz.

Antes aliado do ex-juiz, Alvaro dias (Podemos) agora entra em disputa com Sérgio Moro (União) por uma vaga no Senado pelo Paraná Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO/DIVULGAÇÃO

Na filiação de Moro ao Podemos, Alvaro Dias foi responsável pelo discurso de abertura do evento, no qual teve papel de destaque. Tudo alinhado com a presidente nacional do partido e deputada federal por São Paulo, Renata Abreu. Segundo uma pessoa que acompanhou as tratativas, a ideia de Renata era “diminuir a ciumeira” entre duas figuras importantes da legenda. Os sinais, disse a mesma fonte, eram de que tudo parecia apaziguado.

No entanto, em janeiro deste ano, pesquisas eleitorais mostravam que a candidatura de Moro à Presidência não decolava. Incomodava ainda mais o senador a forma como o ex-juiz da Lava Jato conduzia sua pré-campanha “desarticulando palanques nos Estados por inexperiência política” e sem consultá-lo sobre os passos que estava dando.

Começou então uma nova crise na relação, pois, de seu lado, Moro se sentia “fritado” pelo partido e avaliava que Dias atuava no esvaziamento da candidatura à Presidência.

Segundo a versão de aliados do ex-juiz, o movimento de Dias para escantear o ex-ministro da Justiça tinha o objetivo de facilitar as negociações do senador com o governador do Paraná e candidato à reeleição, Ratinho Júnior (PSD), para ser o candidato dele ao Senado. Ratinho, já na época, liderava as pesquisas de intenção de voto. Apesar da tentativa de aproximação e mesmo após a saída de Moro do Podemos, o governador optou pelo aliado de Bolsonaro, o deputado federal Paulo Martins (PL) ao Senado.

Na leitura de alguns integrantes do Podemos, Moro estava “jogando sozinho e não ouvia mais ninguém”. Além disso, o ex-juiz estaria gastando demais. Segundo dirigentes da sigla, a pré-campanha de Moro custou aos cofres do Podemos por volta de R$ 2 milhões.

Com a candidatura do ex-ministro naufragando, o partido passou a considerar que seria mais viável apostar dinheiro e tempo em uma maior bancada federal. Foi quando, conforme interlocutores de Moro, que o partido deixou de honrar contratos com equipes de advogados, segurança e comunicação de Moro.

No fim de março, dias antes do fechamento da janela partidária, uma reunião em Curitiba com Moro, a presidente do Podemos e os três senadores do partido pelo Paraná selaram o fim da relação. Tanto que, já em julho, cogitou-se uma composição entre Moro e Dias em uma dobradinha para Senado e governo do Paraná, mas o ex-juiz recusou.

Em novembro de 2021, o ex-juiz Sérgio Moro havia se filiado ao Podemos, partido de Alvaro Dias  Foto: Dida Sampaio / Estadão

Correligionários dos políticos, que têm raízes em Maringá (PR), afirmam que não houve briga severa entre eles, mas não há mais diálogo. Publicamente, ambos adotam discurso de fazer uma disputa sem ataques. Pesquisas eleitorais mostram cenário indefinido na corrida ao Senado, que tem os dois na dianteira, com Paulo Martins tentando alcançá-los. Ao Estadão, o senador Alvaro Dias afirmou que deixa de lado questões pessoais e eventuais desconfortos havidos por ter o dever de respeitar a sociedade tentando manter a campanha em um nível elevado. “Da minha parte, estou tranquilo. Não guardo ressentimentos. Meu tempo todo será utilizado para conquistar o apoio das pessoas que confiam em mim e que esperam de mim seriedade e maturidade política, fundamentais neste momento que passa a nação”, afirmou.

Por meio de assessoria de imprensa, Moro declarou que respeita “o senador Alvaro Dias”. “Sigo, agora, um caminho separado. Minha carreira pública como juiz e ministro foi totalmente independente de qualquer figura pública. Quero levar as bandeiras da integridade e da política voltada ao bem comum para Brasília. O embate com o Álvaro será em alto nível”, disse o ex-juiz.

Ex-aliados, o senador Alvaro Dias (Podemos) e o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro (União Brasil) se tornaram adversários diretos na disputa pela vaga ao Senado pelo Paraná nas eleições deste ano. Publicamente, a relação estremeceu assim que o ex-juiz migrou para o União Brasil quatro meses depois de se filiar ao Podemos, de Dias. Interlocutores de ambos, porém, relatam que as divergências são mais antigas.

Moro hoje refuta que Dias tenha sido seu padrinho político. A pessoas próximas, disse ter se sentido traído pelo senador, ferrenho apoiador da Lava Jato, operação que projetou o ex-juiz federal – em debate entre os presidenciáveis, em 2018, o senador prometeu que, caso vencesse, nomearia Moro, então juiz, como ministro da Justiça, o que acabou ocorrendo pelas mãos do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Fontes ouvidas pelo Estadão afirmam que a relação entre os dois começou a azedar quando Moro aceitou se filiar ao Podemos, em novembro de 2021. Um interlocutor de Dias conta que o senador não achava que Moro aceitaria o convite do Podemos. Na ocasião, dizem aliados, o senador se mostrou “enciumado” pelo fato de o ex-ministro de Bolsonaro chegar como o nome favorito ao Palácio do Planalto para a terceira via. Na época, ele era apontado como candidato natural do Podemos à Presidência e se queixou a aliados que sequer foi consultado por Moro sobre a candidatura.

Quem acompanhou a negociação para a entrada do ex-juiz ao Podemos afirma que o convite teria partido de outro senador do partido no Paraná, Oriovisto Guimarães. No entanto, passado o mal-estar inicial, Dias foi aconselhado por colegas de partido a “se apropriar” da filiação de Moro como uma conquista dele – forma como sempre se pronunciou sobre o assunto publicamente.

Em dado momento, o senador disse que, caso a tentativa de Moro de ser candidato à Presidência não desse certo, ele abriria mão da vaga ao Senado para o ex-juiz.

Antes aliado do ex-juiz, Alvaro dias (Podemos) agora entra em disputa com Sérgio Moro (União) por uma vaga no Senado pelo Paraná Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO/DIVULGAÇÃO

Na filiação de Moro ao Podemos, Alvaro Dias foi responsável pelo discurso de abertura do evento, no qual teve papel de destaque. Tudo alinhado com a presidente nacional do partido e deputada federal por São Paulo, Renata Abreu. Segundo uma pessoa que acompanhou as tratativas, a ideia de Renata era “diminuir a ciumeira” entre duas figuras importantes da legenda. Os sinais, disse a mesma fonte, eram de que tudo parecia apaziguado.

No entanto, em janeiro deste ano, pesquisas eleitorais mostravam que a candidatura de Moro à Presidência não decolava. Incomodava ainda mais o senador a forma como o ex-juiz da Lava Jato conduzia sua pré-campanha “desarticulando palanques nos Estados por inexperiência política” e sem consultá-lo sobre os passos que estava dando.

Começou então uma nova crise na relação, pois, de seu lado, Moro se sentia “fritado” pelo partido e avaliava que Dias atuava no esvaziamento da candidatura à Presidência.

Segundo a versão de aliados do ex-juiz, o movimento de Dias para escantear o ex-ministro da Justiça tinha o objetivo de facilitar as negociações do senador com o governador do Paraná e candidato à reeleição, Ratinho Júnior (PSD), para ser o candidato dele ao Senado. Ratinho, já na época, liderava as pesquisas de intenção de voto. Apesar da tentativa de aproximação e mesmo após a saída de Moro do Podemos, o governador optou pelo aliado de Bolsonaro, o deputado federal Paulo Martins (PL) ao Senado.

Na leitura de alguns integrantes do Podemos, Moro estava “jogando sozinho e não ouvia mais ninguém”. Além disso, o ex-juiz estaria gastando demais. Segundo dirigentes da sigla, a pré-campanha de Moro custou aos cofres do Podemos por volta de R$ 2 milhões.

Com a candidatura do ex-ministro naufragando, o partido passou a considerar que seria mais viável apostar dinheiro e tempo em uma maior bancada federal. Foi quando, conforme interlocutores de Moro, que o partido deixou de honrar contratos com equipes de advogados, segurança e comunicação de Moro.

No fim de março, dias antes do fechamento da janela partidária, uma reunião em Curitiba com Moro, a presidente do Podemos e os três senadores do partido pelo Paraná selaram o fim da relação. Tanto que, já em julho, cogitou-se uma composição entre Moro e Dias em uma dobradinha para Senado e governo do Paraná, mas o ex-juiz recusou.

Em novembro de 2021, o ex-juiz Sérgio Moro havia se filiado ao Podemos, partido de Alvaro Dias  Foto: Dida Sampaio / Estadão

Correligionários dos políticos, que têm raízes em Maringá (PR), afirmam que não houve briga severa entre eles, mas não há mais diálogo. Publicamente, ambos adotam discurso de fazer uma disputa sem ataques. Pesquisas eleitorais mostram cenário indefinido na corrida ao Senado, que tem os dois na dianteira, com Paulo Martins tentando alcançá-los. Ao Estadão, o senador Alvaro Dias afirmou que deixa de lado questões pessoais e eventuais desconfortos havidos por ter o dever de respeitar a sociedade tentando manter a campanha em um nível elevado. “Da minha parte, estou tranquilo. Não guardo ressentimentos. Meu tempo todo será utilizado para conquistar o apoio das pessoas que confiam em mim e que esperam de mim seriedade e maturidade política, fundamentais neste momento que passa a nação”, afirmou.

Por meio de assessoria de imprensa, Moro declarou que respeita “o senador Alvaro Dias”. “Sigo, agora, um caminho separado. Minha carreira pública como juiz e ministro foi totalmente independente de qualquer figura pública. Quero levar as bandeiras da integridade e da política voltada ao bem comum para Brasília. O embate com o Álvaro será em alto nível”, disse o ex-juiz.

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