O anúncio nesta segunda-feira do novo plano de combate ao desmatamento na Amazônia mostrou mais uma vez o presidente Lula e a ministra Marina Silva alinhados no discurso de proteção ao meio ambiente e combate à mudança climática.
Há muita preocupação entre os ambientalistas, porém, com a série de derrotas que a ministra sofreu no Congresso, ao longo do último mês, que culminou no esvaziamento parcial de sua pasta. A pressão de grupos de interesse pela produção de petróleo na região do Amazonas, pela construção de uma ferrovia no Pará, e por mudanças profundas nas terras indígenas, entre outros temas, tem gerado bastante apreensão nos ambientalistas, que temem que a ministra acabe saindo como fez em 2008, após a disputa dentro do governo sobre a usina de Belo Monte.
Mas a história não deve se repetir. Marina mesmo já deixou claro, em discursos, que acredita ser mais importante resistir dentro do governo do que romper com Lula e lutar do lado de fora. Lula também tem repetido de forma muito mais intensa e frequente que enxerga a agenda ambiental como crucial para seu governo. Ele não é capaz de evitar derrotas em todas as votações no Congresso, mas continuará arbitrando em favor de Marina na maioria das disputas, vetando leis que prejudiquem a agenda verde e promovendo políticas públicas defendidas pela ministra.
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Lula e Marina dependem mais um do outro do que 15 anos atrás, e por isso não romperão facilmente. O mundo mudou, e Lula tem notado que, sem um compromisso forte com uma política ambiental sustentável, será difícil atrair novos investimentos e parceiros comerciais – ou mesmo manter os atuais. Para Marina, deixar o governo e investir de novo em um voo solo parece mais difícil do que em 2008, quando a ideia ainda não havia sido testada nas eleições. Ainda mais considerando que, agora, tanto Lula quanto Marina enfrentam um adversário em comum mais forte e mais organizado politicamente. Após petistas e ambientalistas atravessarem quatro anos de governo Bolsonaro, será mais difícil que um solte a mão do outro.