As manifestações a favor de Jair Bolsonaro neste 7 de Setembro precisam ser interpretadas como grandes comícios a favor do presidente. Comícios ajudam a mobilizar os eleitores, e engajá-los com mais disposição na conversão dos indecisos. Pela enorme escala dos eventos deste feriado, e a ampla cobertura da imprensa, esse efeito deve ser potencializado. Foi uma grande dose de ânimo para a base do presidente.
No entanto, é difícil crer que comícios decidam eleições. No fim das contas, mais do que uma base fiel e mobilizada, o que importa é a opinião da maioria, incluindo aqui os indecisos. O discurso típico de palanque, focado nos temas habituais da base bolsonarista, não representa os anseios dessa parte da população que ainda precisa ser conquistada pelo presidente para ganhar a reeleição.
Não se pode perder de vista que essa ainda é uma eleição – e continuará sendo – marcada por temas econômicos. Bolsonaro se beneficia da forte melhora da economia neste ano, mas as pesquisas indicam que ele precisa de mais do que isso para convencer os eleitores que ainda faltam. Bolsonaro ainda precisa demonstrar aos eleitores indecisos que ele tem empatia, e que poderá fazer mais em um segundo mandato, com um conjunto maior e mais crível de propostas.
Bolsonaro, portanto, precisa ir além deste 7 de Setembro. Se souber aproveitar o ânimo revigorado desta base leal para vender mais esperança para a economia e bater em seu principal adversário, ele pode ver suas chances subirem. Mas isso ainda não ficou claro em suas últimas falas.