As relações entre Executivo e o Congresso

Opinião|Crítica de Lula ao PT reforça importância da agenda econômica em 2024


Presidente vê polarização forte com bolsonaristas, mas não quer que agenda de costumes seja um campo de batalha

Por Silvio Cascione
Atualização:

Em 2018, dias antes da vitória de Jair Bolsonaro, o rapper Mano Brown foi a um comício do PT para dar uma bronca. O partido estava se afastando dos pobres da periferia.

Cinco anos depois, o recado continua válido. Mas, dessa vez, quem cutucou a ferida não foi Mano Brown. Foi o próprio presidente Lula. Durante a conferência eleitoral do partido para 2024, no último fim de semana, Lula questionou se o PT está falando “o que o pobre quer ouvir”.

Foi um discurso importante para expor as diferenças entre o presidente e o partido antes de um ano que promete maiores desafios.

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Lula disse crer que, em 2024, as eleições municipais serão novamente marcadas pela polarização entre ele e Bolsonaro. Ele tem toda razão quanto a isso - ainda há pouco espaço para uma terceira via.

Lula defende que o PT foque na agenda econômica e deixe as questões ideológicas em segundo plano Foto: Adriano Machado/Reuters

Mas, para Lula, não pode ser qualquer polarização. Em muitos pontos, especialmente na agenda progressista - de identidades e costumes -, Lula quer que o governo e o partido baixem a guarda e evitem o confronto. Para o Palácio, o avanço de temas como a descriminalização do porte de maconha e do aborto, pautados pelo STF em 2023, trouxeram desgaste com a opinião pública, majoritariamente conservadora, desviando o foco das maiores prioridades do governo.

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E quais seriam essas prioridades? A economia. Lula provocou o partido a comparar as notícias deste governo com as administrações passadas, focando em cifras sobre crescimento econômico e investimentos, para que evangélicos, ruralistas e a nova classe média possam aos poucos quebrar a forte resistência que formaram contra Lula e seu partido.

Isso só reforça uma tendência clara para 2024: a de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estará mais pressionado. Para que o PT possa defender essa agenda com convicção nas eleições municipais e em 2026, o governo terá que continuar mostrando bons resultados na economia. Preocupações com o ritmo de crescimento aumentarão a pressão para que Haddad altere a meta fiscal, e dificultarão qualquer proposta de revisão dos gastos obrigatórios com saúde e educação. Resultados ruins aumentarão a ansiedade - já grande - dos petistas para uma correção de rota.

Se isso ocorrer, Lula dificilmente embarcará em aventuras populistas, mas ficará tentado a abraçar com mais ênfase algumas propostas do partido - como a promoção do conteúdo local na indústria - para cumprir seus objetivos econômicos. Enquanto isso, na agenda de costumes, a iniciativa estará com os bolsonaristas - com o governo, na defensiva, evitando abrir novas frentes de batalha.

Em 2018, dias antes da vitória de Jair Bolsonaro, o rapper Mano Brown foi a um comício do PT para dar uma bronca. O partido estava se afastando dos pobres da periferia.

Cinco anos depois, o recado continua válido. Mas, dessa vez, quem cutucou a ferida não foi Mano Brown. Foi o próprio presidente Lula. Durante a conferência eleitoral do partido para 2024, no último fim de semana, Lula questionou se o PT está falando “o que o pobre quer ouvir”.

Foi um discurso importante para expor as diferenças entre o presidente e o partido antes de um ano que promete maiores desafios.

Lula disse crer que, em 2024, as eleições municipais serão novamente marcadas pela polarização entre ele e Bolsonaro. Ele tem toda razão quanto a isso - ainda há pouco espaço para uma terceira via.

Lula defende que o PT foque na agenda econômica e deixe as questões ideológicas em segundo plano Foto: Adriano Machado/Reuters

Mas, para Lula, não pode ser qualquer polarização. Em muitos pontos, especialmente na agenda progressista - de identidades e costumes -, Lula quer que o governo e o partido baixem a guarda e evitem o confronto. Para o Palácio, o avanço de temas como a descriminalização do porte de maconha e do aborto, pautados pelo STF em 2023, trouxeram desgaste com a opinião pública, majoritariamente conservadora, desviando o foco das maiores prioridades do governo.

E quais seriam essas prioridades? A economia. Lula provocou o partido a comparar as notícias deste governo com as administrações passadas, focando em cifras sobre crescimento econômico e investimentos, para que evangélicos, ruralistas e a nova classe média possam aos poucos quebrar a forte resistência que formaram contra Lula e seu partido.

Isso só reforça uma tendência clara para 2024: a de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estará mais pressionado. Para que o PT possa defender essa agenda com convicção nas eleições municipais e em 2026, o governo terá que continuar mostrando bons resultados na economia. Preocupações com o ritmo de crescimento aumentarão a pressão para que Haddad altere a meta fiscal, e dificultarão qualquer proposta de revisão dos gastos obrigatórios com saúde e educação. Resultados ruins aumentarão a ansiedade - já grande - dos petistas para uma correção de rota.

Se isso ocorrer, Lula dificilmente embarcará em aventuras populistas, mas ficará tentado a abraçar com mais ênfase algumas propostas do partido - como a promoção do conteúdo local na indústria - para cumprir seus objetivos econômicos. Enquanto isso, na agenda de costumes, a iniciativa estará com os bolsonaristas - com o governo, na defensiva, evitando abrir novas frentes de batalha.

Em 2018, dias antes da vitória de Jair Bolsonaro, o rapper Mano Brown foi a um comício do PT para dar uma bronca. O partido estava se afastando dos pobres da periferia.

Cinco anos depois, o recado continua válido. Mas, dessa vez, quem cutucou a ferida não foi Mano Brown. Foi o próprio presidente Lula. Durante a conferência eleitoral do partido para 2024, no último fim de semana, Lula questionou se o PT está falando “o que o pobre quer ouvir”.

Foi um discurso importante para expor as diferenças entre o presidente e o partido antes de um ano que promete maiores desafios.

Lula disse crer que, em 2024, as eleições municipais serão novamente marcadas pela polarização entre ele e Bolsonaro. Ele tem toda razão quanto a isso - ainda há pouco espaço para uma terceira via.

Lula defende que o PT foque na agenda econômica e deixe as questões ideológicas em segundo plano Foto: Adriano Machado/Reuters

Mas, para Lula, não pode ser qualquer polarização. Em muitos pontos, especialmente na agenda progressista - de identidades e costumes -, Lula quer que o governo e o partido baixem a guarda e evitem o confronto. Para o Palácio, o avanço de temas como a descriminalização do porte de maconha e do aborto, pautados pelo STF em 2023, trouxeram desgaste com a opinião pública, majoritariamente conservadora, desviando o foco das maiores prioridades do governo.

E quais seriam essas prioridades? A economia. Lula provocou o partido a comparar as notícias deste governo com as administrações passadas, focando em cifras sobre crescimento econômico e investimentos, para que evangélicos, ruralistas e a nova classe média possam aos poucos quebrar a forte resistência que formaram contra Lula e seu partido.

Isso só reforça uma tendência clara para 2024: a de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estará mais pressionado. Para que o PT possa defender essa agenda com convicção nas eleições municipais e em 2026, o governo terá que continuar mostrando bons resultados na economia. Preocupações com o ritmo de crescimento aumentarão a pressão para que Haddad altere a meta fiscal, e dificultarão qualquer proposta de revisão dos gastos obrigatórios com saúde e educação. Resultados ruins aumentarão a ansiedade - já grande - dos petistas para uma correção de rota.

Se isso ocorrer, Lula dificilmente embarcará em aventuras populistas, mas ficará tentado a abraçar com mais ênfase algumas propostas do partido - como a promoção do conteúdo local na indústria - para cumprir seus objetivos econômicos. Enquanto isso, na agenda de costumes, a iniciativa estará com os bolsonaristas - com o governo, na defensiva, evitando abrir novas frentes de batalha.

Em 2018, dias antes da vitória de Jair Bolsonaro, o rapper Mano Brown foi a um comício do PT para dar uma bronca. O partido estava se afastando dos pobres da periferia.

Cinco anos depois, o recado continua válido. Mas, dessa vez, quem cutucou a ferida não foi Mano Brown. Foi o próprio presidente Lula. Durante a conferência eleitoral do partido para 2024, no último fim de semana, Lula questionou se o PT está falando “o que o pobre quer ouvir”.

Foi um discurso importante para expor as diferenças entre o presidente e o partido antes de um ano que promete maiores desafios.

Lula disse crer que, em 2024, as eleições municipais serão novamente marcadas pela polarização entre ele e Bolsonaro. Ele tem toda razão quanto a isso - ainda há pouco espaço para uma terceira via.

Lula defende que o PT foque na agenda econômica e deixe as questões ideológicas em segundo plano Foto: Adriano Machado/Reuters

Mas, para Lula, não pode ser qualquer polarização. Em muitos pontos, especialmente na agenda progressista - de identidades e costumes -, Lula quer que o governo e o partido baixem a guarda e evitem o confronto. Para o Palácio, o avanço de temas como a descriminalização do porte de maconha e do aborto, pautados pelo STF em 2023, trouxeram desgaste com a opinião pública, majoritariamente conservadora, desviando o foco das maiores prioridades do governo.

E quais seriam essas prioridades? A economia. Lula provocou o partido a comparar as notícias deste governo com as administrações passadas, focando em cifras sobre crescimento econômico e investimentos, para que evangélicos, ruralistas e a nova classe média possam aos poucos quebrar a forte resistência que formaram contra Lula e seu partido.

Isso só reforça uma tendência clara para 2024: a de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estará mais pressionado. Para que o PT possa defender essa agenda com convicção nas eleições municipais e em 2026, o governo terá que continuar mostrando bons resultados na economia. Preocupações com o ritmo de crescimento aumentarão a pressão para que Haddad altere a meta fiscal, e dificultarão qualquer proposta de revisão dos gastos obrigatórios com saúde e educação. Resultados ruins aumentarão a ansiedade - já grande - dos petistas para uma correção de rota.

Se isso ocorrer, Lula dificilmente embarcará em aventuras populistas, mas ficará tentado a abraçar com mais ênfase algumas propostas do partido - como a promoção do conteúdo local na indústria - para cumprir seus objetivos econômicos. Enquanto isso, na agenda de costumes, a iniciativa estará com os bolsonaristas - com o governo, na defensiva, evitando abrir novas frentes de batalha.

Opinião por Silvio Cascione

Mestre em ciência política pela UNB e diretor da consultoria Eurasia Group

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