As relações entre Executivo e o Congresso

Opinião|Escândalo das joias ainda pode manchar imagem de Bolsonaro


Se as investigações continuarem, e novas provas continuarem surgindo, o caso pode erodir a popularidade do ex-presidente

Por Silvio Cascione
Atualização:

O escândalo das joias sauditas, revelado pelo Estadão, ainda não causou nenhum dano irreversível à imagem de Jair Bolsonaro. Mas, de todas as denúncias envolvendo o ex-presidente, este é o caso com maior potencial de estrago, com possíveis implicações sobre o governo Lula e o xadrez da oposição na preparação para 2026. Tudo depende, e muito, da continuidade das investigações.

Não houve, até agora, uma pesquisa de opinião pública sobre a repercussão do caso. Mas dados de redes sociais, como os coletados pela Quaest e divulgados na imprensa na semana passada, indicam que o escândalo ainda não furou a bolha bolsonarista. Parlamentares experientes, em conversas na semana passada, relatavam a mesma percepção. Muitos estavam céticos de que o eleitor que votou no presidente mesmo após a pandemia e as denúncias de “rachadinha” esteja mudando de opinião agora.

Jair Bolsonaro durante evento sobre conservadorismo em Washington; ex-presidente continua no EUA desde o fim do ano passado Foto: Alex Brandon/AP - 4/3/2023
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Mas o desconforto de aliados do ex-presidente é nítido, pois isso pode ser apenas uma questão de tempo. Diferentemente de outros casos, este tem forte apelo popular. Um caso sobre alguém que tenta pegar escondido joias milionárias para presentear a esposa tem muito mais chance de “cair na boca do povo” do que minutas de golpe. Além disso, Bolsonaro tem agora menos recursos e menos alcance para defender sua versão do caso do que quando era presidente. Muitos aliados da época de campanha, como o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, já criticam publicamente o ex-presidente por se ausentar do Brasil em vez de liderar a oposição a Lula.

Se o escândalo parar onde está, por falta de provas ou de lentidão judicial, a pressão pode se dissipar. Por enquanto, Bolsonaro é o líder de oposição mais importante; mesmo se for considerado inelegível, ele ainda tem força para indicar um sucessor (ou sucessora).

Mas se as investigações continuarem, e novas provas continuarem surgindo, o caso pode aos poucos sedimentar uma visão mais negativa do ex-presidente. Uma erosão contínua, como a que afetou o presidente Lula na década passada. Muitos eleitores ainda seguirão fiéis a Bolsonaro, mas outros que votaram no ex-presidente poderão rejeitá-lo com mais força, abrindo mais espaço para outros nomes de oposição.

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Tudo isso tem efeito também sobre o dia-a-dia do governo Lula. O presidente tem mostrado bastante ansiedade com seus índices de popularidade porque sabe que foi eleito por uma margem pequena, e que enfrenta do outro lado uma oposição bastante hostil. Essa ansiedade tem atrapalhado a política econômica do governo, com discursos e decisões que muitas vezes contrariam os esforços do Ministério da Fazenda para estabilizar as expectativas.

O risco de uma recessão é o que mais aflige o governo, pois poderia reduzir a aprovação do presidente. Mas, com Bolsonaro acuado, a pressão sobre o governo é um pouco menor, o que pode ajudar a limitar erros.

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O escândalo das joias sauditas, revelado pelo Estadão, ainda não causou nenhum dano irreversível à imagem de Jair Bolsonaro. Mas, de todas as denúncias envolvendo o ex-presidente, este é o caso com maior potencial de estrago, com possíveis implicações sobre o governo Lula e o xadrez da oposição na preparação para 2026. Tudo depende, e muito, da continuidade das investigações.

Não houve, até agora, uma pesquisa de opinião pública sobre a repercussão do caso. Mas dados de redes sociais, como os coletados pela Quaest e divulgados na imprensa na semana passada, indicam que o escândalo ainda não furou a bolha bolsonarista. Parlamentares experientes, em conversas na semana passada, relatavam a mesma percepção. Muitos estavam céticos de que o eleitor que votou no presidente mesmo após a pandemia e as denúncias de “rachadinha” esteja mudando de opinião agora.

Jair Bolsonaro durante evento sobre conservadorismo em Washington; ex-presidente continua no EUA desde o fim do ano passado Foto: Alex Brandon/AP - 4/3/2023

Mas o desconforto de aliados do ex-presidente é nítido, pois isso pode ser apenas uma questão de tempo. Diferentemente de outros casos, este tem forte apelo popular. Um caso sobre alguém que tenta pegar escondido joias milionárias para presentear a esposa tem muito mais chance de “cair na boca do povo” do que minutas de golpe. Além disso, Bolsonaro tem agora menos recursos e menos alcance para defender sua versão do caso do que quando era presidente. Muitos aliados da época de campanha, como o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, já criticam publicamente o ex-presidente por se ausentar do Brasil em vez de liderar a oposição a Lula.

Se o escândalo parar onde está, por falta de provas ou de lentidão judicial, a pressão pode se dissipar. Por enquanto, Bolsonaro é o líder de oposição mais importante; mesmo se for considerado inelegível, ele ainda tem força para indicar um sucessor (ou sucessora).

Mas se as investigações continuarem, e novas provas continuarem surgindo, o caso pode aos poucos sedimentar uma visão mais negativa do ex-presidente. Uma erosão contínua, como a que afetou o presidente Lula na década passada. Muitos eleitores ainda seguirão fiéis a Bolsonaro, mas outros que votaram no ex-presidente poderão rejeitá-lo com mais força, abrindo mais espaço para outros nomes de oposição.

Tudo isso tem efeito também sobre o dia-a-dia do governo Lula. O presidente tem mostrado bastante ansiedade com seus índices de popularidade porque sabe que foi eleito por uma margem pequena, e que enfrenta do outro lado uma oposição bastante hostil. Essa ansiedade tem atrapalhado a política econômica do governo, com discursos e decisões que muitas vezes contrariam os esforços do Ministério da Fazenda para estabilizar as expectativas.

O risco de uma recessão é o que mais aflige o governo, pois poderia reduzir a aprovação do presidente. Mas, com Bolsonaro acuado, a pressão sobre o governo é um pouco menor, o que pode ajudar a limitar erros.

O escândalo das joias sauditas, revelado pelo Estadão, ainda não causou nenhum dano irreversível à imagem de Jair Bolsonaro. Mas, de todas as denúncias envolvendo o ex-presidente, este é o caso com maior potencial de estrago, com possíveis implicações sobre o governo Lula e o xadrez da oposição na preparação para 2026. Tudo depende, e muito, da continuidade das investigações.

Não houve, até agora, uma pesquisa de opinião pública sobre a repercussão do caso. Mas dados de redes sociais, como os coletados pela Quaest e divulgados na imprensa na semana passada, indicam que o escândalo ainda não furou a bolha bolsonarista. Parlamentares experientes, em conversas na semana passada, relatavam a mesma percepção. Muitos estavam céticos de que o eleitor que votou no presidente mesmo após a pandemia e as denúncias de “rachadinha” esteja mudando de opinião agora.

Jair Bolsonaro durante evento sobre conservadorismo em Washington; ex-presidente continua no EUA desde o fim do ano passado Foto: Alex Brandon/AP - 4/3/2023

Mas o desconforto de aliados do ex-presidente é nítido, pois isso pode ser apenas uma questão de tempo. Diferentemente de outros casos, este tem forte apelo popular. Um caso sobre alguém que tenta pegar escondido joias milionárias para presentear a esposa tem muito mais chance de “cair na boca do povo” do que minutas de golpe. Além disso, Bolsonaro tem agora menos recursos e menos alcance para defender sua versão do caso do que quando era presidente. Muitos aliados da época de campanha, como o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, já criticam publicamente o ex-presidente por se ausentar do Brasil em vez de liderar a oposição a Lula.

Se o escândalo parar onde está, por falta de provas ou de lentidão judicial, a pressão pode se dissipar. Por enquanto, Bolsonaro é o líder de oposição mais importante; mesmo se for considerado inelegível, ele ainda tem força para indicar um sucessor (ou sucessora).

Mas se as investigações continuarem, e novas provas continuarem surgindo, o caso pode aos poucos sedimentar uma visão mais negativa do ex-presidente. Uma erosão contínua, como a que afetou o presidente Lula na década passada. Muitos eleitores ainda seguirão fiéis a Bolsonaro, mas outros que votaram no ex-presidente poderão rejeitá-lo com mais força, abrindo mais espaço para outros nomes de oposição.

Tudo isso tem efeito também sobre o dia-a-dia do governo Lula. O presidente tem mostrado bastante ansiedade com seus índices de popularidade porque sabe que foi eleito por uma margem pequena, e que enfrenta do outro lado uma oposição bastante hostil. Essa ansiedade tem atrapalhado a política econômica do governo, com discursos e decisões que muitas vezes contrariam os esforços do Ministério da Fazenda para estabilizar as expectativas.

O risco de uma recessão é o que mais aflige o governo, pois poderia reduzir a aprovação do presidente. Mas, com Bolsonaro acuado, a pressão sobre o governo é um pouco menor, o que pode ajudar a limitar erros.

Opinião por Silvio Cascione

Mestre em ciência política pela UNB e diretor da consultoria Eurasia Group

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