As relações entre Executivo e o Congresso

Opinião|Governo Lula ainda não tem base, e nem oposição


Principais deslizes do Planalto, até agora, foram culpa dele mesmo, e não obra dos parlamentares críticos ao presidente

Por Silvio Cascione

A provável abertura da CPI do 8 de janeiro é a primeira derrota do governo Lula no Congresso, mas não pode ser superdimensionada. Em um país fortemente dividido, CPIs têm servido para mobilizar os apoiadores e detratores do governo, mas não têm muito efeito sobre os índices de aprovação popular do governo. Foi assim com a CPI da Pandemia, no governo Bolsonaro, e deve ser assim novamente. Em outras palavras, a CPI é uma dor de cabeça que o governo gostaria de evitar, pois pode dar visibilidade à oposição e aumenta o poder de barganha de parlamentares de centro. Mas não é algo que impedirá a aprovação das prioridades do governo no Congresso neste ano, como a reforma tributária ou o novo regime fiscal.

A CPI, no entanto, será um laboratório bastante interessante, tanto para a base de Lula, com sua tropa de choque formada por André Janones e Renan Calheiros, quanto para a oposição, que ainda está bastante desarticulada. A verdade é que, apesar do grande número de eleitores que rejeita o governo Lula, a oposição ainda bate cabeça no Congresso, e não tem criado grandes dificuldades para o governo até o momento.

‘Provável abertura da CPI do 8 de janeiro é a primeira derrota do governo Lula no Congresso’ Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO - 20/2/2022
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No Senado, o núcleo duro de oposição a Lula se resume a um grupo de 23 a 30 senadores, que se reúne com certa frequência. Mas esse grupo tem tido dificuldades para quebrar o isolamento imposto pelas lideranças do Senado após a derrota do ex-ministro Rogério Marinho na eleição para o comando da casa, em fevereiro. O governo e seus aliados controlam todas as comissões do Senado, e têm maioria até para permitir que Lula considere a indicação de seu advogado pessoal, Cristiano Zanin, ao Supremo Tribunal Federal.

Na Câmara, o governo tem tido mais dificuldades para construir sua base, mas a oposição está desarticulada. Há muitos deputados ideologicamente contrários a Lula – mais de 100. Mas não há uma liderança ou estratégia clara, e as principais iniciativas postas na mesa até agora, como o projeto para reverter os decretos do saneamento, não avançaram. O ex-presidente Jair Bolsonaro está mais focado em sua estratégia de defesa na Justiça do que em disputar o protagonismo do noticiário com Lula. Quando o governo precisou de votos para aprovar alguma medida, ou bloquear alguma iniciativa, ele teve a cooperação do centro e do presidente Arthur Lira.

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Os principais deslizes do governo, até agora, foram culpa dele mesmo, e não obra da oposição. Erros não-forçados como o debate sobre taxação de importações, que teve grande rejeição popular, ou os comentários de Lula sobre a guerra na Ucrânia, que geraram críticas de aliados no Ocidente. Para aproveitar a CPI – ou, pelo menos, evitar ser prejudicada por ela –, a oposição precisará se organizar melhor.

A provável abertura da CPI do 8 de janeiro é a primeira derrota do governo Lula no Congresso, mas não pode ser superdimensionada. Em um país fortemente dividido, CPIs têm servido para mobilizar os apoiadores e detratores do governo, mas não têm muito efeito sobre os índices de aprovação popular do governo. Foi assim com a CPI da Pandemia, no governo Bolsonaro, e deve ser assim novamente. Em outras palavras, a CPI é uma dor de cabeça que o governo gostaria de evitar, pois pode dar visibilidade à oposição e aumenta o poder de barganha de parlamentares de centro. Mas não é algo que impedirá a aprovação das prioridades do governo no Congresso neste ano, como a reforma tributária ou o novo regime fiscal.

A CPI, no entanto, será um laboratório bastante interessante, tanto para a base de Lula, com sua tropa de choque formada por André Janones e Renan Calheiros, quanto para a oposição, que ainda está bastante desarticulada. A verdade é que, apesar do grande número de eleitores que rejeita o governo Lula, a oposição ainda bate cabeça no Congresso, e não tem criado grandes dificuldades para o governo até o momento.

‘Provável abertura da CPI do 8 de janeiro é a primeira derrota do governo Lula no Congresso’ Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO - 20/2/2022

No Senado, o núcleo duro de oposição a Lula se resume a um grupo de 23 a 30 senadores, que se reúne com certa frequência. Mas esse grupo tem tido dificuldades para quebrar o isolamento imposto pelas lideranças do Senado após a derrota do ex-ministro Rogério Marinho na eleição para o comando da casa, em fevereiro. O governo e seus aliados controlam todas as comissões do Senado, e têm maioria até para permitir que Lula considere a indicação de seu advogado pessoal, Cristiano Zanin, ao Supremo Tribunal Federal.

Na Câmara, o governo tem tido mais dificuldades para construir sua base, mas a oposição está desarticulada. Há muitos deputados ideologicamente contrários a Lula – mais de 100. Mas não há uma liderança ou estratégia clara, e as principais iniciativas postas na mesa até agora, como o projeto para reverter os decretos do saneamento, não avançaram. O ex-presidente Jair Bolsonaro está mais focado em sua estratégia de defesa na Justiça do que em disputar o protagonismo do noticiário com Lula. Quando o governo precisou de votos para aprovar alguma medida, ou bloquear alguma iniciativa, ele teve a cooperação do centro e do presidente Arthur Lira.

Os principais deslizes do governo, até agora, foram culpa dele mesmo, e não obra da oposição. Erros não-forçados como o debate sobre taxação de importações, que teve grande rejeição popular, ou os comentários de Lula sobre a guerra na Ucrânia, que geraram críticas de aliados no Ocidente. Para aproveitar a CPI – ou, pelo menos, evitar ser prejudicada por ela –, a oposição precisará se organizar melhor.

A provável abertura da CPI do 8 de janeiro é a primeira derrota do governo Lula no Congresso, mas não pode ser superdimensionada. Em um país fortemente dividido, CPIs têm servido para mobilizar os apoiadores e detratores do governo, mas não têm muito efeito sobre os índices de aprovação popular do governo. Foi assim com a CPI da Pandemia, no governo Bolsonaro, e deve ser assim novamente. Em outras palavras, a CPI é uma dor de cabeça que o governo gostaria de evitar, pois pode dar visibilidade à oposição e aumenta o poder de barganha de parlamentares de centro. Mas não é algo que impedirá a aprovação das prioridades do governo no Congresso neste ano, como a reforma tributária ou o novo regime fiscal.

A CPI, no entanto, será um laboratório bastante interessante, tanto para a base de Lula, com sua tropa de choque formada por André Janones e Renan Calheiros, quanto para a oposição, que ainda está bastante desarticulada. A verdade é que, apesar do grande número de eleitores que rejeita o governo Lula, a oposição ainda bate cabeça no Congresso, e não tem criado grandes dificuldades para o governo até o momento.

‘Provável abertura da CPI do 8 de janeiro é a primeira derrota do governo Lula no Congresso’ Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO - 20/2/2022

No Senado, o núcleo duro de oposição a Lula se resume a um grupo de 23 a 30 senadores, que se reúne com certa frequência. Mas esse grupo tem tido dificuldades para quebrar o isolamento imposto pelas lideranças do Senado após a derrota do ex-ministro Rogério Marinho na eleição para o comando da casa, em fevereiro. O governo e seus aliados controlam todas as comissões do Senado, e têm maioria até para permitir que Lula considere a indicação de seu advogado pessoal, Cristiano Zanin, ao Supremo Tribunal Federal.

Na Câmara, o governo tem tido mais dificuldades para construir sua base, mas a oposição está desarticulada. Há muitos deputados ideologicamente contrários a Lula – mais de 100. Mas não há uma liderança ou estratégia clara, e as principais iniciativas postas na mesa até agora, como o projeto para reverter os decretos do saneamento, não avançaram. O ex-presidente Jair Bolsonaro está mais focado em sua estratégia de defesa na Justiça do que em disputar o protagonismo do noticiário com Lula. Quando o governo precisou de votos para aprovar alguma medida, ou bloquear alguma iniciativa, ele teve a cooperação do centro e do presidente Arthur Lira.

Os principais deslizes do governo, até agora, foram culpa dele mesmo, e não obra da oposição. Erros não-forçados como o debate sobre taxação de importações, que teve grande rejeição popular, ou os comentários de Lula sobre a guerra na Ucrânia, que geraram críticas de aliados no Ocidente. Para aproveitar a CPI – ou, pelo menos, evitar ser prejudicada por ela –, a oposição precisará se organizar melhor.

Opinião por Silvio Cascione

Mestre em ciência política pela UNB e diretor da consultoria Eurasia Group

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