As relações entre Executivo e o Congresso

Opinião|Mercado está tranquilo, mas sem entusiasmo com o que esperar do Brasil em 2024


Com o Brasil longe dos principais riscos globais, mercado começa ano pouco preocupado com risco político, e cético demais sobre perspectivas futuras

Por Silvio Cascione

Quando se fala em risco político e economia, 2024 começou morno para o Brasil. O mercado está relativamente tranquilo, mas sem entusiasmo. Duas notícias recentes descrevem bem esse quadro, que permite algumas reflexões sobre a agenda política deste ano.

A primeira notícia foi a bem-sucedida captação de US$4,5 bilhões pelo Tesouro na última segunda-feira (22), com forte demanda. O Brasil tem encontrado portas abertas na comunidade financeira internacional, mesmo com o grande ceticismo a respeito da meta de déficit zero em 2024. As dificuldades de Fernando Haddad para emplacar novas medidas de arrecadação, como o fim da desoneração da folha de pagamentos, têm repercutido pouco no mercado nos últimos meses.

Dificuldades para o ministro Fernando Haddad emplacar a pauta econômica repercutem pouco em um mercado que vê com alívio que Lula continua mais pragmático do que se poderia imaginar na área Foto: Wilton Junior/Estadão
continua após a publicidade

Uma das razões é a maior disposição dos fundos em assumir investimentos de maior risco. Mas outra razão, também verdadeira, é o alívio com o primeiro ano do governo Lula. Isso fica claro nas conversas com investidores internacionais. No fim das contas, a leitura de que Lula continua a ser pragmático e evitaria grandes rupturas na política econômica provou-se correta, e o Brasil voltou a ser visto como mais previsível do que outros países em desenvolvimento.

Mas uma segunda notícia, divulgada poucos dias antes, ajuda a manter os pés no chão. Segundo a consultoria PwC, em pesquisa com mais de 4 mil CEOs, o Brasil caiu para a 14ª posição entre os países mais importantes para o crescimento dos negócios empresariais. Ou seja, nas grandes multinacionais, cada vez menos executivos estão animados com o Brasil, ou mesmo atentos ao que acontece por aqui. Dez anos atrás, o Brasil estava na 4ª posição, e, desde então, só caiu no ranking. A pesquisa foi divulgada no Fórum Econômico Mundial de Davos, onde ficou claro, em outros momentos, o fato de que o Brasil ocupa hoje uma posição secundária na agenda global.

Isso tem muito a ver com as limitações crônicas da economia brasileira. Mesmo com todas as reformas feitas nos últimos anos, inclusive a reforma tributária de 2023, e com todo o esforço dos governos federal e estaduais para vender projetos ambientais e de infraestrutura, o fato é que ainda há muita incerteza entre as empresas a respeito da insegurança jurídica, tributária, e problemas de mão-de-obra, entre outros. Por causa de sua privilegiada posição geográfica, o Brasil deveria ser um bom candidato a participar do chamado “nearshoring”: a busca de multinacionais por fornecedores e mercados mais perto de suas bases, e mais longe da China e de zonas de conflito. Mas, está claro que, por causa de seus defeitos estruturais, o Brasil tem tido até agora uma participação muito tímida nesse movimento.

continua após a publicidade

E então? O copo está meio cheio ou meio vazio? Para aqueles que enxergam o mundo em preto e branco, presos à polarização política, é fácil responder. Mas a verdade é muito mais complexa. É questão de tempo, talvez semanas ou meses, para que o bom momento dos mercados globais seja interrompido, e então as incertezas sobre a política fiscal de Haddad cobrarão um preço maior. Os próximos meses tendem a ser mais difíceis para o governo do que 2023, e a relação com o Congresso pode sofrer novos abalos. Mas, mesmo em meio a tudo isso, o Brasil continuará avançando em reformas importantes, como as próximas etapas da reforma tributária, e começa até a discutir uma reforma administrativa – algo imprescindível, mas há muito adiada. O Brasil terá ainda novas oportunidades de chamar a atenção, com o G20 oferecendo uma boa vitrine.

Quando se fala em risco político e economia, 2024 começou morno para o Brasil. O mercado está relativamente tranquilo, mas sem entusiasmo. Duas notícias recentes descrevem bem esse quadro, que permite algumas reflexões sobre a agenda política deste ano.

A primeira notícia foi a bem-sucedida captação de US$4,5 bilhões pelo Tesouro na última segunda-feira (22), com forte demanda. O Brasil tem encontrado portas abertas na comunidade financeira internacional, mesmo com o grande ceticismo a respeito da meta de déficit zero em 2024. As dificuldades de Fernando Haddad para emplacar novas medidas de arrecadação, como o fim da desoneração da folha de pagamentos, têm repercutido pouco no mercado nos últimos meses.

Dificuldades para o ministro Fernando Haddad emplacar a pauta econômica repercutem pouco em um mercado que vê com alívio que Lula continua mais pragmático do que se poderia imaginar na área Foto: Wilton Junior/Estadão

Uma das razões é a maior disposição dos fundos em assumir investimentos de maior risco. Mas outra razão, também verdadeira, é o alívio com o primeiro ano do governo Lula. Isso fica claro nas conversas com investidores internacionais. No fim das contas, a leitura de que Lula continua a ser pragmático e evitaria grandes rupturas na política econômica provou-se correta, e o Brasil voltou a ser visto como mais previsível do que outros países em desenvolvimento.

Mas uma segunda notícia, divulgada poucos dias antes, ajuda a manter os pés no chão. Segundo a consultoria PwC, em pesquisa com mais de 4 mil CEOs, o Brasil caiu para a 14ª posição entre os países mais importantes para o crescimento dos negócios empresariais. Ou seja, nas grandes multinacionais, cada vez menos executivos estão animados com o Brasil, ou mesmo atentos ao que acontece por aqui. Dez anos atrás, o Brasil estava na 4ª posição, e, desde então, só caiu no ranking. A pesquisa foi divulgada no Fórum Econômico Mundial de Davos, onde ficou claro, em outros momentos, o fato de que o Brasil ocupa hoje uma posição secundária na agenda global.

Isso tem muito a ver com as limitações crônicas da economia brasileira. Mesmo com todas as reformas feitas nos últimos anos, inclusive a reforma tributária de 2023, e com todo o esforço dos governos federal e estaduais para vender projetos ambientais e de infraestrutura, o fato é que ainda há muita incerteza entre as empresas a respeito da insegurança jurídica, tributária, e problemas de mão-de-obra, entre outros. Por causa de sua privilegiada posição geográfica, o Brasil deveria ser um bom candidato a participar do chamado “nearshoring”: a busca de multinacionais por fornecedores e mercados mais perto de suas bases, e mais longe da China e de zonas de conflito. Mas, está claro que, por causa de seus defeitos estruturais, o Brasil tem tido até agora uma participação muito tímida nesse movimento.

E então? O copo está meio cheio ou meio vazio? Para aqueles que enxergam o mundo em preto e branco, presos à polarização política, é fácil responder. Mas a verdade é muito mais complexa. É questão de tempo, talvez semanas ou meses, para que o bom momento dos mercados globais seja interrompido, e então as incertezas sobre a política fiscal de Haddad cobrarão um preço maior. Os próximos meses tendem a ser mais difíceis para o governo do que 2023, e a relação com o Congresso pode sofrer novos abalos. Mas, mesmo em meio a tudo isso, o Brasil continuará avançando em reformas importantes, como as próximas etapas da reforma tributária, e começa até a discutir uma reforma administrativa – algo imprescindível, mas há muito adiada. O Brasil terá ainda novas oportunidades de chamar a atenção, com o G20 oferecendo uma boa vitrine.

Quando se fala em risco político e economia, 2024 começou morno para o Brasil. O mercado está relativamente tranquilo, mas sem entusiasmo. Duas notícias recentes descrevem bem esse quadro, que permite algumas reflexões sobre a agenda política deste ano.

A primeira notícia foi a bem-sucedida captação de US$4,5 bilhões pelo Tesouro na última segunda-feira (22), com forte demanda. O Brasil tem encontrado portas abertas na comunidade financeira internacional, mesmo com o grande ceticismo a respeito da meta de déficit zero em 2024. As dificuldades de Fernando Haddad para emplacar novas medidas de arrecadação, como o fim da desoneração da folha de pagamentos, têm repercutido pouco no mercado nos últimos meses.

Dificuldades para o ministro Fernando Haddad emplacar a pauta econômica repercutem pouco em um mercado que vê com alívio que Lula continua mais pragmático do que se poderia imaginar na área Foto: Wilton Junior/Estadão

Uma das razões é a maior disposição dos fundos em assumir investimentos de maior risco. Mas outra razão, também verdadeira, é o alívio com o primeiro ano do governo Lula. Isso fica claro nas conversas com investidores internacionais. No fim das contas, a leitura de que Lula continua a ser pragmático e evitaria grandes rupturas na política econômica provou-se correta, e o Brasil voltou a ser visto como mais previsível do que outros países em desenvolvimento.

Mas uma segunda notícia, divulgada poucos dias antes, ajuda a manter os pés no chão. Segundo a consultoria PwC, em pesquisa com mais de 4 mil CEOs, o Brasil caiu para a 14ª posição entre os países mais importantes para o crescimento dos negócios empresariais. Ou seja, nas grandes multinacionais, cada vez menos executivos estão animados com o Brasil, ou mesmo atentos ao que acontece por aqui. Dez anos atrás, o Brasil estava na 4ª posição, e, desde então, só caiu no ranking. A pesquisa foi divulgada no Fórum Econômico Mundial de Davos, onde ficou claro, em outros momentos, o fato de que o Brasil ocupa hoje uma posição secundária na agenda global.

Isso tem muito a ver com as limitações crônicas da economia brasileira. Mesmo com todas as reformas feitas nos últimos anos, inclusive a reforma tributária de 2023, e com todo o esforço dos governos federal e estaduais para vender projetos ambientais e de infraestrutura, o fato é que ainda há muita incerteza entre as empresas a respeito da insegurança jurídica, tributária, e problemas de mão-de-obra, entre outros. Por causa de sua privilegiada posição geográfica, o Brasil deveria ser um bom candidato a participar do chamado “nearshoring”: a busca de multinacionais por fornecedores e mercados mais perto de suas bases, e mais longe da China e de zonas de conflito. Mas, está claro que, por causa de seus defeitos estruturais, o Brasil tem tido até agora uma participação muito tímida nesse movimento.

E então? O copo está meio cheio ou meio vazio? Para aqueles que enxergam o mundo em preto e branco, presos à polarização política, é fácil responder. Mas a verdade é muito mais complexa. É questão de tempo, talvez semanas ou meses, para que o bom momento dos mercados globais seja interrompido, e então as incertezas sobre a política fiscal de Haddad cobrarão um preço maior. Os próximos meses tendem a ser mais difíceis para o governo do que 2023, e a relação com o Congresso pode sofrer novos abalos. Mas, mesmo em meio a tudo isso, o Brasil continuará avançando em reformas importantes, como as próximas etapas da reforma tributária, e começa até a discutir uma reforma administrativa – algo imprescindível, mas há muito adiada. O Brasil terá ainda novas oportunidades de chamar a atenção, com o G20 oferecendo uma boa vitrine.

Quando se fala em risco político e economia, 2024 começou morno para o Brasil. O mercado está relativamente tranquilo, mas sem entusiasmo. Duas notícias recentes descrevem bem esse quadro, que permite algumas reflexões sobre a agenda política deste ano.

A primeira notícia foi a bem-sucedida captação de US$4,5 bilhões pelo Tesouro na última segunda-feira (22), com forte demanda. O Brasil tem encontrado portas abertas na comunidade financeira internacional, mesmo com o grande ceticismo a respeito da meta de déficit zero em 2024. As dificuldades de Fernando Haddad para emplacar novas medidas de arrecadação, como o fim da desoneração da folha de pagamentos, têm repercutido pouco no mercado nos últimos meses.

Dificuldades para o ministro Fernando Haddad emplacar a pauta econômica repercutem pouco em um mercado que vê com alívio que Lula continua mais pragmático do que se poderia imaginar na área Foto: Wilton Junior/Estadão

Uma das razões é a maior disposição dos fundos em assumir investimentos de maior risco. Mas outra razão, também verdadeira, é o alívio com o primeiro ano do governo Lula. Isso fica claro nas conversas com investidores internacionais. No fim das contas, a leitura de que Lula continua a ser pragmático e evitaria grandes rupturas na política econômica provou-se correta, e o Brasil voltou a ser visto como mais previsível do que outros países em desenvolvimento.

Mas uma segunda notícia, divulgada poucos dias antes, ajuda a manter os pés no chão. Segundo a consultoria PwC, em pesquisa com mais de 4 mil CEOs, o Brasil caiu para a 14ª posição entre os países mais importantes para o crescimento dos negócios empresariais. Ou seja, nas grandes multinacionais, cada vez menos executivos estão animados com o Brasil, ou mesmo atentos ao que acontece por aqui. Dez anos atrás, o Brasil estava na 4ª posição, e, desde então, só caiu no ranking. A pesquisa foi divulgada no Fórum Econômico Mundial de Davos, onde ficou claro, em outros momentos, o fato de que o Brasil ocupa hoje uma posição secundária na agenda global.

Isso tem muito a ver com as limitações crônicas da economia brasileira. Mesmo com todas as reformas feitas nos últimos anos, inclusive a reforma tributária de 2023, e com todo o esforço dos governos federal e estaduais para vender projetos ambientais e de infraestrutura, o fato é que ainda há muita incerteza entre as empresas a respeito da insegurança jurídica, tributária, e problemas de mão-de-obra, entre outros. Por causa de sua privilegiada posição geográfica, o Brasil deveria ser um bom candidato a participar do chamado “nearshoring”: a busca de multinacionais por fornecedores e mercados mais perto de suas bases, e mais longe da China e de zonas de conflito. Mas, está claro que, por causa de seus defeitos estruturais, o Brasil tem tido até agora uma participação muito tímida nesse movimento.

E então? O copo está meio cheio ou meio vazio? Para aqueles que enxergam o mundo em preto e branco, presos à polarização política, é fácil responder. Mas a verdade é muito mais complexa. É questão de tempo, talvez semanas ou meses, para que o bom momento dos mercados globais seja interrompido, e então as incertezas sobre a política fiscal de Haddad cobrarão um preço maior. Os próximos meses tendem a ser mais difíceis para o governo do que 2023, e a relação com o Congresso pode sofrer novos abalos. Mas, mesmo em meio a tudo isso, o Brasil continuará avançando em reformas importantes, como as próximas etapas da reforma tributária, e começa até a discutir uma reforma administrativa – algo imprescindível, mas há muito adiada. O Brasil terá ainda novas oportunidades de chamar a atenção, com o G20 oferecendo uma boa vitrine.

Opinião por Silvio Cascione

Mestre em ciência política pela UNB e diretor da consultoria Eurasia Group

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.