As relações entre Executivo e o Congresso

Opinião|Política econômica de Trump é o maior risco global para o Brasil em 2025


Juros e dólar mais altos são uma combinação péssima para o Brasil; a relação entre Lula e o Congresso corre o risco de piorar, e as eleições de 2026 teriam portas ainda mais abertas para candidatos antissistema

Por Silvio Cascione

Todos os anos publicamos na Eurasia Group uma lista dos maiores riscos geopolíticos da atualidade. O Brasil é afetado por muitos dos temas abordados no relatório, que descrevem um mundo mais desigual e mais perigoso, governado pela lei do mais forte.

Os riscos mais relevantes para o Brasil são aqueles que têm o potencial de intensificar os nossos problemas econômicos, pois isso pode jogar o País em uma nova crise política às vésperas da eleição de 2026.

É o caso, por exemplo, da política econômica de Trump. Os mercados ainda subestimam o impacto das tarifas comerciais e das deportações sobre a economia dos Estados Unidos e do mundo. Rodeado de assessores leais e sustentado pelo Congresso, Trump deve iniciar o mandato de forma agressiva, e o seu estilo imprevisível pode assustar o mercado a partir do dia 20, quando ele estiver sentado na cadeira presidencial.

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Donald Trump, presidente eleito dos EUA, deve iniciar o mandato de forma agressiva, e o seu estilo imprevisível pode assustar o mercado Foto: Rick Scuteri/AP

Juros e dólar mais altos são uma combinação péssima para o Brasil. Alguns indicadores já apontam para o risco de uma recessão antes de o ano acabar, ao mesmo tempo em que a inflação sobe. A economia brasileira está mais forte e diversificada do que na última crise, há 10 anos, mas dificilmente estará imune a um baque de juros e inflação.

Nesse contexto, a relação entre Lula e o Congresso corre o risco de piorar, e as eleições de 2026 teriam portas ainda mais abertas para candidatos de direita e antissistema.

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Outros riscos importantes dizem respeito à posição do Brasil no mundo e as relações bilaterais com outros países – novamente, com os Estados Unidos de Trump e Elon Musk em posição de destaque. Trump e sua equipe devem pressionar o Brasil a moderar suas ambições na presidência dos BRICS, e também criticarão decisões do Supremo Tribunal Federal que restrinjam redes sociais ou deixem opositores – como Jair Bolsonaro – mais perto da prisão.

Esses atritos constantes não serão decisivos para as eleições de 2026, pois não influenciam tanto o eleitor mediano, mas colocariam um ingrediente a mais na polarização política que complica, e muito, qualquer debate sério na esfera pública.

Há algumas oportunidades para o Brasil também. A nova guerra comercial entre Estados Unidos e China deve aumentar as exportações do Brasil, ainda que o benefício para o agro brasileiro tenda a ser menor do que no primeiro mandato de Trump. A instabilidade institucional no México, também citada no relatório, já leva algumas empresas a considerarem o Brasil como alternativa. Basta que a economia esteja minimamente arrumada, para que o setor privado tenha condições de planejar o futuro.

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2025 exigirá muita atenção. Em um cenário mais adverso, não temos muito tempo para encarar os problemas de frente. As consequências para a classe política e para o setor privado de um desequilíbrio estrutural nas contas públicas, exacerbado por gastos públicos, emendas parlamentares e subsídios empresariais insustentáveis, podem ser severas.

Todos os anos publicamos na Eurasia Group uma lista dos maiores riscos geopolíticos da atualidade. O Brasil é afetado por muitos dos temas abordados no relatório, que descrevem um mundo mais desigual e mais perigoso, governado pela lei do mais forte.

Os riscos mais relevantes para o Brasil são aqueles que têm o potencial de intensificar os nossos problemas econômicos, pois isso pode jogar o País em uma nova crise política às vésperas da eleição de 2026.

É o caso, por exemplo, da política econômica de Trump. Os mercados ainda subestimam o impacto das tarifas comerciais e das deportações sobre a economia dos Estados Unidos e do mundo. Rodeado de assessores leais e sustentado pelo Congresso, Trump deve iniciar o mandato de forma agressiva, e o seu estilo imprevisível pode assustar o mercado a partir do dia 20, quando ele estiver sentado na cadeira presidencial.

Donald Trump, presidente eleito dos EUA, deve iniciar o mandato de forma agressiva, e o seu estilo imprevisível pode assustar o mercado Foto: Rick Scuteri/AP

Juros e dólar mais altos são uma combinação péssima para o Brasil. Alguns indicadores já apontam para o risco de uma recessão antes de o ano acabar, ao mesmo tempo em que a inflação sobe. A economia brasileira está mais forte e diversificada do que na última crise, há 10 anos, mas dificilmente estará imune a um baque de juros e inflação.

Nesse contexto, a relação entre Lula e o Congresso corre o risco de piorar, e as eleições de 2026 teriam portas ainda mais abertas para candidatos de direita e antissistema.

Outros riscos importantes dizem respeito à posição do Brasil no mundo e as relações bilaterais com outros países – novamente, com os Estados Unidos de Trump e Elon Musk em posição de destaque. Trump e sua equipe devem pressionar o Brasil a moderar suas ambições na presidência dos BRICS, e também criticarão decisões do Supremo Tribunal Federal que restrinjam redes sociais ou deixem opositores – como Jair Bolsonaro – mais perto da prisão.

Esses atritos constantes não serão decisivos para as eleições de 2026, pois não influenciam tanto o eleitor mediano, mas colocariam um ingrediente a mais na polarização política que complica, e muito, qualquer debate sério na esfera pública.

Há algumas oportunidades para o Brasil também. A nova guerra comercial entre Estados Unidos e China deve aumentar as exportações do Brasil, ainda que o benefício para o agro brasileiro tenda a ser menor do que no primeiro mandato de Trump. A instabilidade institucional no México, também citada no relatório, já leva algumas empresas a considerarem o Brasil como alternativa. Basta que a economia esteja minimamente arrumada, para que o setor privado tenha condições de planejar o futuro.

2025 exigirá muita atenção. Em um cenário mais adverso, não temos muito tempo para encarar os problemas de frente. As consequências para a classe política e para o setor privado de um desequilíbrio estrutural nas contas públicas, exacerbado por gastos públicos, emendas parlamentares e subsídios empresariais insustentáveis, podem ser severas.

Todos os anos publicamos na Eurasia Group uma lista dos maiores riscos geopolíticos da atualidade. O Brasil é afetado por muitos dos temas abordados no relatório, que descrevem um mundo mais desigual e mais perigoso, governado pela lei do mais forte.

Os riscos mais relevantes para o Brasil são aqueles que têm o potencial de intensificar os nossos problemas econômicos, pois isso pode jogar o País em uma nova crise política às vésperas da eleição de 2026.

É o caso, por exemplo, da política econômica de Trump. Os mercados ainda subestimam o impacto das tarifas comerciais e das deportações sobre a economia dos Estados Unidos e do mundo. Rodeado de assessores leais e sustentado pelo Congresso, Trump deve iniciar o mandato de forma agressiva, e o seu estilo imprevisível pode assustar o mercado a partir do dia 20, quando ele estiver sentado na cadeira presidencial.

Donald Trump, presidente eleito dos EUA, deve iniciar o mandato de forma agressiva, e o seu estilo imprevisível pode assustar o mercado Foto: Rick Scuteri/AP

Juros e dólar mais altos são uma combinação péssima para o Brasil. Alguns indicadores já apontam para o risco de uma recessão antes de o ano acabar, ao mesmo tempo em que a inflação sobe. A economia brasileira está mais forte e diversificada do que na última crise, há 10 anos, mas dificilmente estará imune a um baque de juros e inflação.

Nesse contexto, a relação entre Lula e o Congresso corre o risco de piorar, e as eleições de 2026 teriam portas ainda mais abertas para candidatos de direita e antissistema.

Outros riscos importantes dizem respeito à posição do Brasil no mundo e as relações bilaterais com outros países – novamente, com os Estados Unidos de Trump e Elon Musk em posição de destaque. Trump e sua equipe devem pressionar o Brasil a moderar suas ambições na presidência dos BRICS, e também criticarão decisões do Supremo Tribunal Federal que restrinjam redes sociais ou deixem opositores – como Jair Bolsonaro – mais perto da prisão.

Esses atritos constantes não serão decisivos para as eleições de 2026, pois não influenciam tanto o eleitor mediano, mas colocariam um ingrediente a mais na polarização política que complica, e muito, qualquer debate sério na esfera pública.

Há algumas oportunidades para o Brasil também. A nova guerra comercial entre Estados Unidos e China deve aumentar as exportações do Brasil, ainda que o benefício para o agro brasileiro tenda a ser menor do que no primeiro mandato de Trump. A instabilidade institucional no México, também citada no relatório, já leva algumas empresas a considerarem o Brasil como alternativa. Basta que a economia esteja minimamente arrumada, para que o setor privado tenha condições de planejar o futuro.

2025 exigirá muita atenção. Em um cenário mais adverso, não temos muito tempo para encarar os problemas de frente. As consequências para a classe política e para o setor privado de um desequilíbrio estrutural nas contas públicas, exacerbado por gastos públicos, emendas parlamentares e subsídios empresariais insustentáveis, podem ser severas.

Opinião por Silvio Cascione

Mestre em ciência política pela UNB e diretor da consultoria Eurasia Group

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