As relações entre Executivo e o Congresso

Opinião|Popularidade estável diminui risco político no governo Lula


Conjuntura econômica favorece o presidente e aumenta estabilidade da base no Congresso

Por Silvio Cascione

A grande surpresa da política brasileira no primeiro semestre foi a popularidade do presidente Lula. Pesquisas de opinião têm mostrado índices de aprovação relativamente estáveis desde as eleições, algo bastante incomum para o primeiro ano de governo no Brasil e na América Latina.

A lua de mel de Lula com o eleitorado nunca foi muito intensa, em meio a um país dividido ao meio, mas, até agora, ela não terminou, e alimenta uma sensação crescente dentro do Congresso de que este governo “pode dar certo”.

Pode-se especular sobre os motivos para a popularidade de Lula não ter caído. O principal fator, provavelmente, foi a queda dos preços de alimentos e combustíveis, associada a um mercado de trabalho ainda em crescimento. Com os consumidores recuperando poder de compra, a confiança aumenta e o ambiente político se distensiona. Há uma boa dose de sorte nessa conjuntura.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto durante cerimônia que sancionou programa que amplia ensino integral no País Foto: Evaristo Sá/AFP - 31/07/2023

Os efeitos dessa popularidade estável, porém, são mais claros do que as causas. Mesmo com uma base precária no Congresso, Lula conseguiu empurrar alguns importantes itens de sua agenda econômica no primeiro semestre e caminha agora para incorporar partidos de centro-direita à aliança governista. Uma análise da Eurasia Group demonstrou que 358 dos 513 deputados já têm atuado como parte da base de Lula. O objetivo da reforma ministerial, além de ampliar um pouco mais esse número, é deixar de depender de negociações caso a caso e dar mais estabilidade e segurança a esse apoio ao longo do segundo semestre.

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Lula ainda enfrentará dificuldades em seu terceiro mandato. Há um risco cada vez maior de aumento dos combustíveis no curto prazo. Dada a tendência do mercado global. Entre o fim desse ano e o próximo, a atividade econômica deve perder força, com o efeito defasado dos juros altos. A combinação desses fatores pode baixar a popularidade de Lula, atualmente acima de 50% em uma escala binária, para próximo de 40% – níveis ainda razoáveis, mas que colocariam um pouco mais de pressão sobre o Planalto. Em 2024, o contingenciamento de verbas para o cumprimento de metas fiscais deixará aliados inquietos.

Diante desse cenário, Lula provavelmente terá que fazer repetidos ajustes em sua base de apoio, com novas trocas ministeriais. Mas essas perspectivas, certamente, trazem menos apreensão em Brasília depois de sete meses de governo estável. A política econômica fica mais previsível, e o risco de medidas intempestivas está mais baixo.

A grande surpresa da política brasileira no primeiro semestre foi a popularidade do presidente Lula. Pesquisas de opinião têm mostrado índices de aprovação relativamente estáveis desde as eleições, algo bastante incomum para o primeiro ano de governo no Brasil e na América Latina.

A lua de mel de Lula com o eleitorado nunca foi muito intensa, em meio a um país dividido ao meio, mas, até agora, ela não terminou, e alimenta uma sensação crescente dentro do Congresso de que este governo “pode dar certo”.

Pode-se especular sobre os motivos para a popularidade de Lula não ter caído. O principal fator, provavelmente, foi a queda dos preços de alimentos e combustíveis, associada a um mercado de trabalho ainda em crescimento. Com os consumidores recuperando poder de compra, a confiança aumenta e o ambiente político se distensiona. Há uma boa dose de sorte nessa conjuntura.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto durante cerimônia que sancionou programa que amplia ensino integral no País Foto: Evaristo Sá/AFP - 31/07/2023

Os efeitos dessa popularidade estável, porém, são mais claros do que as causas. Mesmo com uma base precária no Congresso, Lula conseguiu empurrar alguns importantes itens de sua agenda econômica no primeiro semestre e caminha agora para incorporar partidos de centro-direita à aliança governista. Uma análise da Eurasia Group demonstrou que 358 dos 513 deputados já têm atuado como parte da base de Lula. O objetivo da reforma ministerial, além de ampliar um pouco mais esse número, é deixar de depender de negociações caso a caso e dar mais estabilidade e segurança a esse apoio ao longo do segundo semestre.

Lula ainda enfrentará dificuldades em seu terceiro mandato. Há um risco cada vez maior de aumento dos combustíveis no curto prazo. Dada a tendência do mercado global. Entre o fim desse ano e o próximo, a atividade econômica deve perder força, com o efeito defasado dos juros altos. A combinação desses fatores pode baixar a popularidade de Lula, atualmente acima de 50% em uma escala binária, para próximo de 40% – níveis ainda razoáveis, mas que colocariam um pouco mais de pressão sobre o Planalto. Em 2024, o contingenciamento de verbas para o cumprimento de metas fiscais deixará aliados inquietos.

Diante desse cenário, Lula provavelmente terá que fazer repetidos ajustes em sua base de apoio, com novas trocas ministeriais. Mas essas perspectivas, certamente, trazem menos apreensão em Brasília depois de sete meses de governo estável. A política econômica fica mais previsível, e o risco de medidas intempestivas está mais baixo.

A grande surpresa da política brasileira no primeiro semestre foi a popularidade do presidente Lula. Pesquisas de opinião têm mostrado índices de aprovação relativamente estáveis desde as eleições, algo bastante incomum para o primeiro ano de governo no Brasil e na América Latina.

A lua de mel de Lula com o eleitorado nunca foi muito intensa, em meio a um país dividido ao meio, mas, até agora, ela não terminou, e alimenta uma sensação crescente dentro do Congresso de que este governo “pode dar certo”.

Pode-se especular sobre os motivos para a popularidade de Lula não ter caído. O principal fator, provavelmente, foi a queda dos preços de alimentos e combustíveis, associada a um mercado de trabalho ainda em crescimento. Com os consumidores recuperando poder de compra, a confiança aumenta e o ambiente político se distensiona. Há uma boa dose de sorte nessa conjuntura.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto durante cerimônia que sancionou programa que amplia ensino integral no País Foto: Evaristo Sá/AFP - 31/07/2023

Os efeitos dessa popularidade estável, porém, são mais claros do que as causas. Mesmo com uma base precária no Congresso, Lula conseguiu empurrar alguns importantes itens de sua agenda econômica no primeiro semestre e caminha agora para incorporar partidos de centro-direita à aliança governista. Uma análise da Eurasia Group demonstrou que 358 dos 513 deputados já têm atuado como parte da base de Lula. O objetivo da reforma ministerial, além de ampliar um pouco mais esse número, é deixar de depender de negociações caso a caso e dar mais estabilidade e segurança a esse apoio ao longo do segundo semestre.

Lula ainda enfrentará dificuldades em seu terceiro mandato. Há um risco cada vez maior de aumento dos combustíveis no curto prazo. Dada a tendência do mercado global. Entre o fim desse ano e o próximo, a atividade econômica deve perder força, com o efeito defasado dos juros altos. A combinação desses fatores pode baixar a popularidade de Lula, atualmente acima de 50% em uma escala binária, para próximo de 40% – níveis ainda razoáveis, mas que colocariam um pouco mais de pressão sobre o Planalto. Em 2024, o contingenciamento de verbas para o cumprimento de metas fiscais deixará aliados inquietos.

Diante desse cenário, Lula provavelmente terá que fazer repetidos ajustes em sua base de apoio, com novas trocas ministeriais. Mas essas perspectivas, certamente, trazem menos apreensão em Brasília depois de sete meses de governo estável. A política econômica fica mais previsível, e o risco de medidas intempestivas está mais baixo.

Opinião por Silvio Cascione

Mestre em ciência política pela UNB e diretor da consultoria Eurasia Group

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