As relações entre Executivo e o Congresso

Opinião|Próximo BC tende a frustrar desejo do governo por juros menores


Sem credibilidade contra a inflação, um Banco Central atrapalha mais do que ajuda

Por Silvio Cascione

A última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) reacendeu o debate sobre interferência política no Banco Central. Os quatro diretores indicados por Lula votaram por uma queda maior dos juros, a despeito da piora nas expectativas de inflação. Um desses diretores, Gabriel Galípolo, é o principal cotado para presidir o BC a partir de 2025. Os quatro foram voto vencido, mas formarão maioria no ano que vem, com as próximas indicações a serem feitas pelo Palácio do Planalto.

Parece bastante improvável, porém, que a próxima diretoria do BC quebre os atuais protocolos e reduza agressivamente os juros a pedido do governo. Pelo contrário: se Lula tiver a pretensão de baixar os juros na marra, provavelmente ficará frustrado. Ainda que a próxima diretoria possa ter um viés um pouco mais propenso a reduzir juros, ela ainda estará muito condicionada à dinâmica do mercado.

Governo pressiona por queda mais rápida dos juros, mas deve ficar frustrado se esperar uma guinada acentuada na próxima gestão Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO
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Em outras palavras, a intensidade e a velocidade dos cortes ainda dependerão, em grande medida, das expectativas de inflação. E, dado que elas estão acima da meta, não se pode sequer descartar que os juros tenham que subir em algum momento antes da eleição de 2026.

Essa não é uma mensagem fácil de transmitir, pois pode dar a impressão de que a próxima diretoria do BC terá um viés completamente técnico. Isso também seria um exagero. Se Galipolo for confirmado, por exemplo, é natural que, dada a sua proximidade com o governo - para o qual fez campanha em 2022 e atuou como secretário em 2023 -, o BC tenha alguma sensibilidade ao contexto político.

O ponto, entretanto, é que o BC terá pouca margem de manobra para qualquer desvio de seu mandato legal por considerações políticas. Isso ficou claro não apenas na ata da reunião do Copom, divulgada nesta terça-feira, mas também no comunicado da própria decisão, e em outros sinais emitidos pelos diretores por meio de comentários “off-the-record” à imprensa. Em todas essas oportunidades, e especialmente na ata, os diretores deixaram claro, por exemplo, que não permitirão que a inflação se afaste da meta. Eles mostram entender muito bem que, sem credibilidade contra a inflação, um Banco Central atrapalha em vez de ajudar. E, para manter credibilidade, eles terão que provar, a todo tempo, que tomarão suas decisões de forma autônoma, à luz dos dados, e não dos discursos.

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Se isso é verdade, a grande dúvida volta a ser a reação do próprio presidente. Em 2024, com popularidade ainda próxima aos 50%, Lula ainda se mostra confiante. Um pouco ansioso, sim, mas longe de estar desesperado com a economia. Mas como ele se comportará caso a situação piore mais perto da eleição, e com um BC que ainda se mostrará lento, na melhor das hipóteses, para responder “à altura”?

Essa possibilidade – a de um governo sob pressão e mais errático em política econômica – é o principal fator de risco do cenário político no Brasil. Se esse cenário de risco se concretizar, tende a haver ainda menos espaço para discussões importantes sobre problemas estruturais, em especial sobre a necessidade de controlar despesas – como benesses do Judiciário, emendas parlamentares, e vinculações ineficientes do orçamento, todas elas mantendo a situação fiscal do país em situação ainda precária.

A última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) reacendeu o debate sobre interferência política no Banco Central. Os quatro diretores indicados por Lula votaram por uma queda maior dos juros, a despeito da piora nas expectativas de inflação. Um desses diretores, Gabriel Galípolo, é o principal cotado para presidir o BC a partir de 2025. Os quatro foram voto vencido, mas formarão maioria no ano que vem, com as próximas indicações a serem feitas pelo Palácio do Planalto.

Parece bastante improvável, porém, que a próxima diretoria do BC quebre os atuais protocolos e reduza agressivamente os juros a pedido do governo. Pelo contrário: se Lula tiver a pretensão de baixar os juros na marra, provavelmente ficará frustrado. Ainda que a próxima diretoria possa ter um viés um pouco mais propenso a reduzir juros, ela ainda estará muito condicionada à dinâmica do mercado.

Governo pressiona por queda mais rápida dos juros, mas deve ficar frustrado se esperar uma guinada acentuada na próxima gestão Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

Em outras palavras, a intensidade e a velocidade dos cortes ainda dependerão, em grande medida, das expectativas de inflação. E, dado que elas estão acima da meta, não se pode sequer descartar que os juros tenham que subir em algum momento antes da eleição de 2026.

Essa não é uma mensagem fácil de transmitir, pois pode dar a impressão de que a próxima diretoria do BC terá um viés completamente técnico. Isso também seria um exagero. Se Galipolo for confirmado, por exemplo, é natural que, dada a sua proximidade com o governo - para o qual fez campanha em 2022 e atuou como secretário em 2023 -, o BC tenha alguma sensibilidade ao contexto político.

O ponto, entretanto, é que o BC terá pouca margem de manobra para qualquer desvio de seu mandato legal por considerações políticas. Isso ficou claro não apenas na ata da reunião do Copom, divulgada nesta terça-feira, mas também no comunicado da própria decisão, e em outros sinais emitidos pelos diretores por meio de comentários “off-the-record” à imprensa. Em todas essas oportunidades, e especialmente na ata, os diretores deixaram claro, por exemplo, que não permitirão que a inflação se afaste da meta. Eles mostram entender muito bem que, sem credibilidade contra a inflação, um Banco Central atrapalha em vez de ajudar. E, para manter credibilidade, eles terão que provar, a todo tempo, que tomarão suas decisões de forma autônoma, à luz dos dados, e não dos discursos.

Se isso é verdade, a grande dúvida volta a ser a reação do próprio presidente. Em 2024, com popularidade ainda próxima aos 50%, Lula ainda se mostra confiante. Um pouco ansioso, sim, mas longe de estar desesperado com a economia. Mas como ele se comportará caso a situação piore mais perto da eleição, e com um BC que ainda se mostrará lento, na melhor das hipóteses, para responder “à altura”?

Essa possibilidade – a de um governo sob pressão e mais errático em política econômica – é o principal fator de risco do cenário político no Brasil. Se esse cenário de risco se concretizar, tende a haver ainda menos espaço para discussões importantes sobre problemas estruturais, em especial sobre a necessidade de controlar despesas – como benesses do Judiciário, emendas parlamentares, e vinculações ineficientes do orçamento, todas elas mantendo a situação fiscal do país em situação ainda precária.

A última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) reacendeu o debate sobre interferência política no Banco Central. Os quatro diretores indicados por Lula votaram por uma queda maior dos juros, a despeito da piora nas expectativas de inflação. Um desses diretores, Gabriel Galípolo, é o principal cotado para presidir o BC a partir de 2025. Os quatro foram voto vencido, mas formarão maioria no ano que vem, com as próximas indicações a serem feitas pelo Palácio do Planalto.

Parece bastante improvável, porém, que a próxima diretoria do BC quebre os atuais protocolos e reduza agressivamente os juros a pedido do governo. Pelo contrário: se Lula tiver a pretensão de baixar os juros na marra, provavelmente ficará frustrado. Ainda que a próxima diretoria possa ter um viés um pouco mais propenso a reduzir juros, ela ainda estará muito condicionada à dinâmica do mercado.

Governo pressiona por queda mais rápida dos juros, mas deve ficar frustrado se esperar uma guinada acentuada na próxima gestão Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

Em outras palavras, a intensidade e a velocidade dos cortes ainda dependerão, em grande medida, das expectativas de inflação. E, dado que elas estão acima da meta, não se pode sequer descartar que os juros tenham que subir em algum momento antes da eleição de 2026.

Essa não é uma mensagem fácil de transmitir, pois pode dar a impressão de que a próxima diretoria do BC terá um viés completamente técnico. Isso também seria um exagero. Se Galipolo for confirmado, por exemplo, é natural que, dada a sua proximidade com o governo - para o qual fez campanha em 2022 e atuou como secretário em 2023 -, o BC tenha alguma sensibilidade ao contexto político.

O ponto, entretanto, é que o BC terá pouca margem de manobra para qualquer desvio de seu mandato legal por considerações políticas. Isso ficou claro não apenas na ata da reunião do Copom, divulgada nesta terça-feira, mas também no comunicado da própria decisão, e em outros sinais emitidos pelos diretores por meio de comentários “off-the-record” à imprensa. Em todas essas oportunidades, e especialmente na ata, os diretores deixaram claro, por exemplo, que não permitirão que a inflação se afaste da meta. Eles mostram entender muito bem que, sem credibilidade contra a inflação, um Banco Central atrapalha em vez de ajudar. E, para manter credibilidade, eles terão que provar, a todo tempo, que tomarão suas decisões de forma autônoma, à luz dos dados, e não dos discursos.

Se isso é verdade, a grande dúvida volta a ser a reação do próprio presidente. Em 2024, com popularidade ainda próxima aos 50%, Lula ainda se mostra confiante. Um pouco ansioso, sim, mas longe de estar desesperado com a economia. Mas como ele se comportará caso a situação piore mais perto da eleição, e com um BC que ainda se mostrará lento, na melhor das hipóteses, para responder “à altura”?

Essa possibilidade – a de um governo sob pressão e mais errático em política econômica – é o principal fator de risco do cenário político no Brasil. Se esse cenário de risco se concretizar, tende a haver ainda menos espaço para discussões importantes sobre problemas estruturais, em especial sobre a necessidade de controlar despesas – como benesses do Judiciário, emendas parlamentares, e vinculações ineficientes do orçamento, todas elas mantendo a situação fiscal do país em situação ainda precária.

A última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) reacendeu o debate sobre interferência política no Banco Central. Os quatro diretores indicados por Lula votaram por uma queda maior dos juros, a despeito da piora nas expectativas de inflação. Um desses diretores, Gabriel Galípolo, é o principal cotado para presidir o BC a partir de 2025. Os quatro foram voto vencido, mas formarão maioria no ano que vem, com as próximas indicações a serem feitas pelo Palácio do Planalto.

Parece bastante improvável, porém, que a próxima diretoria do BC quebre os atuais protocolos e reduza agressivamente os juros a pedido do governo. Pelo contrário: se Lula tiver a pretensão de baixar os juros na marra, provavelmente ficará frustrado. Ainda que a próxima diretoria possa ter um viés um pouco mais propenso a reduzir juros, ela ainda estará muito condicionada à dinâmica do mercado.

Governo pressiona por queda mais rápida dos juros, mas deve ficar frustrado se esperar uma guinada acentuada na próxima gestão Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

Em outras palavras, a intensidade e a velocidade dos cortes ainda dependerão, em grande medida, das expectativas de inflação. E, dado que elas estão acima da meta, não se pode sequer descartar que os juros tenham que subir em algum momento antes da eleição de 2026.

Essa não é uma mensagem fácil de transmitir, pois pode dar a impressão de que a próxima diretoria do BC terá um viés completamente técnico. Isso também seria um exagero. Se Galipolo for confirmado, por exemplo, é natural que, dada a sua proximidade com o governo - para o qual fez campanha em 2022 e atuou como secretário em 2023 -, o BC tenha alguma sensibilidade ao contexto político.

O ponto, entretanto, é que o BC terá pouca margem de manobra para qualquer desvio de seu mandato legal por considerações políticas. Isso ficou claro não apenas na ata da reunião do Copom, divulgada nesta terça-feira, mas também no comunicado da própria decisão, e em outros sinais emitidos pelos diretores por meio de comentários “off-the-record” à imprensa. Em todas essas oportunidades, e especialmente na ata, os diretores deixaram claro, por exemplo, que não permitirão que a inflação se afaste da meta. Eles mostram entender muito bem que, sem credibilidade contra a inflação, um Banco Central atrapalha em vez de ajudar. E, para manter credibilidade, eles terão que provar, a todo tempo, que tomarão suas decisões de forma autônoma, à luz dos dados, e não dos discursos.

Se isso é verdade, a grande dúvida volta a ser a reação do próprio presidente. Em 2024, com popularidade ainda próxima aos 50%, Lula ainda se mostra confiante. Um pouco ansioso, sim, mas longe de estar desesperado com a economia. Mas como ele se comportará caso a situação piore mais perto da eleição, e com um BC que ainda se mostrará lento, na melhor das hipóteses, para responder “à altura”?

Essa possibilidade – a de um governo sob pressão e mais errático em política econômica – é o principal fator de risco do cenário político no Brasil. Se esse cenário de risco se concretizar, tende a haver ainda menos espaço para discussões importantes sobre problemas estruturais, em especial sobre a necessidade de controlar despesas – como benesses do Judiciário, emendas parlamentares, e vinculações ineficientes do orçamento, todas elas mantendo a situação fiscal do país em situação ainda precária.

Opinião por Silvio Cascione

Mestre em ciência política pela UNB e diretor da consultoria Eurasia Group

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