A duas semanas das eleições, a maioria dos eleitores ainda não decidiu em quem votará para deputado federal, e muitos candidatos a governador continuam relativamente desconhecidos do eleitorado. Segundo a última pesquisa Datafolha em São Paulo, 56% dos eleitores dizem conhecer o governador Rodrigo Garcia e o ex-ministro da infraestrutura Tarcísio de Freitas – justamente os dois principais concorrentes de Fernando Haddad, do PT.
É normal que parte do eleitorado demore até o fim da campanha para se familiarizar com os candidatos, ainda mais quando as eleições presidenciais dominam tanto o noticiário e o debate público. As pesquisas de intenção de voto costumam errar mais as projeções para governador e especialmente senador não porque tenham problemas com a metodologia, mas porque grande parte dos participantes da pesquisa sequer conhece as opções até pouco tempo antes do voto.
Algumas das eleições estaduais deste ano estão mais sujeitas a essas ondas, justamente nos casos em que há candidatos importantes com alto grau de desconhecimento. Os dois principais casos são São Paulo e Bahia. Nesses estados, a incerteza a respeito do resultado final é maior.
Em São Paulo, onde o governo estadual foi relativamente mal avaliado – em comparação com o governo federal –, o mais provável é que Tarcísio conquiste a vaga para o segundo turno, contando com o apoio leal da base bolsonarista no estado. Mas a disputa com Garcia está acirrada. Para Tarcísio confirmar o favoritismo inicial, seria útil colar com força na imagem do presidente nessa reta final de campanha – mesmo que isso também aumente sua taxa de rejeição. Na Bahia, o candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, ainda tem bastante espaço para crescer, e tende a ser a principal surpresa das eleições a governador em 2022.
Pesquisas para presidente
Enquanto isso, na corrida presidencial, as pesquisas indicam que a semana passada foi boa para Lula, que continua com a esperança de vencer em primeiro turno. Há sinais de que parte dos eleitores de Ciro Gomes e Simone Tebet já começam a migrar para Lula – conforme indicado pela pesquisa FSB/BTG desta manhã. Lula ainda precisa avançar mais nesse eleitorado nessas próximas duas semanas, ou contar com um enfraquecimento de Bolsonaro, para conseguir eliminar o segundo turno. A viagem de Bolsonaro ao exterior não deve ter grande influência. O lugar onde o presidente está não é tão importante – e na campanha passada, boa parte do tempo foi dentro de um quarto de hospital. O mais relevante é a mensagem de campanha, em que Lula ainda tem vantagem sobre Bolsonaro nos principais temas que preocupam o eleitor.