As relações entre Executivo e o Congresso

Opinião|Televisão mantém Nunes em vantagem, mas não é garantia de vitória


Horário eleitoral permite que prefeito reforce mensagem de continuidade; mas noticiário também pode manter Marçal em evidência, deixando disputa em aberto

Por Silvio Cascione

A um mês do primeiro turno das eleições municipais, os candidatos a reeleição continuam em vantagem na maioria das capitais, independente do apoio do PT ou de Bolsonaro. São Paulo, porém, tem uma disputa mais interessante, com grande quantidade de eleitores mostrando-se indecisa. Pablo Marçal parou de crescer e Ricardo Nunes se recuperou assim que a televisão começou a transmitir a propaganda gratuita, na virada do mês.

O prefeito de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) cumpre agenda de campanha e na região central de São Paulo ao lado do seu candidato a vice Coronel Mello Araújo (de camisa verde). FOTO TABA BENEDICTO / ESTADAO Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Este é um bom momento para refletir sobre o papel da mídia tradicional e das redes sociais nas campanhas políticas. O desempenho recente de Nunes seria uma prova de que a TV ainda vale mais do que a Internet? Afinal, ele tem muito mais tempo de propaganda gratuita do que os outros candidatos (65% do total). Ou estaríamos diante de um caso atípico, influenciado pela derrubada das contas de Marçal e pela proibição do X?

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É difícil crer em um efeito significativo da restrição às redes sociais – e especialmente a proibição ao X. Em primeiro lugar, porque a influência do X no debate político sempre foi menor do que a de outras plataformas muito mais populares no Brasil, como YouTube, Instagram e WhatsApp. O número de usuários do X era menor do que o de todas essas outras redes, que continuam operando. Além disso, o monitoramento dessas redes sociais pelos institutos de pesquisa e pelas próprias campanhas mostra que Marçal mantém índices de engajamento muito superiores aos de seus concorrentes.

É possível, no entanto, que esse forte engajamento, neste estágio da campanha, esteja servindo mais para fidelizar aqueles que já apoiam Marçal do que para alcançar novos eleitores. Essa hipótese nos leva à outra pergunta – sobre o papel da televisão, em comparação com as redes sociais. Um dado recente, do Datafolha, sugere que, de fato, um grande contingente de eleitores ainda dá mais peso à televisão do que à Internet. Segundo o instituto, em São Paulo, 45% dos eleitores têm a televisão como fonte principal de informação sobre as eleições, e somente 21% preferem as redes sociais. Isso ajudaria a entender o crescimento de Nunes nesse período de campanha.

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Mas é preciso cautela para não exagerar nas conclusões. A televisão, afinal de contas, é apenas um meio, e não é capaz de eleger nenhum candidato por si só. O mais importante, no fim das contas, é o conteúdo da mensagem – e Nunes parece estar crescendo porque, como os prefeitos de muitas outras capitais do país, tem uma taxa de aprovação razoavelmente alta (acima de 40%, pelo menos). Se a taxa de aprovação de Nunes fosse mais baixa, o efeito da televisão poderia ser parecido ao da campanha de Geraldo Alckmin à Presidência em 2018: zero.

Da mesma forma, não se pode pensar que a televisão se resuma à propaganda gratuita. Em 2018, Bolsonaro cresceu nas pesquisas após a facada. Mesmo estando praticamente fora do horário eleitoral, ele dominou o noticiário de setembro. Nunes, portanto, não monopoliza a televisão. Nas próximas semanas, Marçal continuará a buscar oportunidades, em debates e entrevistas, para manter o foco da mídia e do eleitor em sua candidatura. Nunes continua a ter condições mais favoráveis para ir ao segundo turno, mas a disputa em São Paulo continua aberta.

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A um mês do primeiro turno das eleições municipais, os candidatos a reeleição continuam em vantagem na maioria das capitais, independente do apoio do PT ou de Bolsonaro. São Paulo, porém, tem uma disputa mais interessante, com grande quantidade de eleitores mostrando-se indecisa. Pablo Marçal parou de crescer e Ricardo Nunes se recuperou assim que a televisão começou a transmitir a propaganda gratuita, na virada do mês.

O prefeito de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) cumpre agenda de campanha e na região central de São Paulo ao lado do seu candidato a vice Coronel Mello Araújo (de camisa verde). FOTO TABA BENEDICTO / ESTADAO Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Este é um bom momento para refletir sobre o papel da mídia tradicional e das redes sociais nas campanhas políticas. O desempenho recente de Nunes seria uma prova de que a TV ainda vale mais do que a Internet? Afinal, ele tem muito mais tempo de propaganda gratuita do que os outros candidatos (65% do total). Ou estaríamos diante de um caso atípico, influenciado pela derrubada das contas de Marçal e pela proibição do X?

É difícil crer em um efeito significativo da restrição às redes sociais – e especialmente a proibição ao X. Em primeiro lugar, porque a influência do X no debate político sempre foi menor do que a de outras plataformas muito mais populares no Brasil, como YouTube, Instagram e WhatsApp. O número de usuários do X era menor do que o de todas essas outras redes, que continuam operando. Além disso, o monitoramento dessas redes sociais pelos institutos de pesquisa e pelas próprias campanhas mostra que Marçal mantém índices de engajamento muito superiores aos de seus concorrentes.

É possível, no entanto, que esse forte engajamento, neste estágio da campanha, esteja servindo mais para fidelizar aqueles que já apoiam Marçal do que para alcançar novos eleitores. Essa hipótese nos leva à outra pergunta – sobre o papel da televisão, em comparação com as redes sociais. Um dado recente, do Datafolha, sugere que, de fato, um grande contingente de eleitores ainda dá mais peso à televisão do que à Internet. Segundo o instituto, em São Paulo, 45% dos eleitores têm a televisão como fonte principal de informação sobre as eleições, e somente 21% preferem as redes sociais. Isso ajudaria a entender o crescimento de Nunes nesse período de campanha.

Mas é preciso cautela para não exagerar nas conclusões. A televisão, afinal de contas, é apenas um meio, e não é capaz de eleger nenhum candidato por si só. O mais importante, no fim das contas, é o conteúdo da mensagem – e Nunes parece estar crescendo porque, como os prefeitos de muitas outras capitais do país, tem uma taxa de aprovação razoavelmente alta (acima de 40%, pelo menos). Se a taxa de aprovação de Nunes fosse mais baixa, o efeito da televisão poderia ser parecido ao da campanha de Geraldo Alckmin à Presidência em 2018: zero.

Da mesma forma, não se pode pensar que a televisão se resuma à propaganda gratuita. Em 2018, Bolsonaro cresceu nas pesquisas após a facada. Mesmo estando praticamente fora do horário eleitoral, ele dominou o noticiário de setembro. Nunes, portanto, não monopoliza a televisão. Nas próximas semanas, Marçal continuará a buscar oportunidades, em debates e entrevistas, para manter o foco da mídia e do eleitor em sua candidatura. Nunes continua a ter condições mais favoráveis para ir ao segundo turno, mas a disputa em São Paulo continua aberta.

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O prefeito de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) cumpre agenda de campanha e na região central de São Paulo ao lado do seu candidato a vice Coronel Mello Araújo (de camisa verde). FOTO TABA BENEDICTO / ESTADAO Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Este é um bom momento para refletir sobre o papel da mídia tradicional e das redes sociais nas campanhas políticas. O desempenho recente de Nunes seria uma prova de que a TV ainda vale mais do que a Internet? Afinal, ele tem muito mais tempo de propaganda gratuita do que os outros candidatos (65% do total). Ou estaríamos diante de um caso atípico, influenciado pela derrubada das contas de Marçal e pela proibição do X?

É difícil crer em um efeito significativo da restrição às redes sociais – e especialmente a proibição ao X. Em primeiro lugar, porque a influência do X no debate político sempre foi menor do que a de outras plataformas muito mais populares no Brasil, como YouTube, Instagram e WhatsApp. O número de usuários do X era menor do que o de todas essas outras redes, que continuam operando. Além disso, o monitoramento dessas redes sociais pelos institutos de pesquisa e pelas próprias campanhas mostra que Marçal mantém índices de engajamento muito superiores aos de seus concorrentes.

É possível, no entanto, que esse forte engajamento, neste estágio da campanha, esteja servindo mais para fidelizar aqueles que já apoiam Marçal do que para alcançar novos eleitores. Essa hipótese nos leva à outra pergunta – sobre o papel da televisão, em comparação com as redes sociais. Um dado recente, do Datafolha, sugere que, de fato, um grande contingente de eleitores ainda dá mais peso à televisão do que à Internet. Segundo o instituto, em São Paulo, 45% dos eleitores têm a televisão como fonte principal de informação sobre as eleições, e somente 21% preferem as redes sociais. Isso ajudaria a entender o crescimento de Nunes nesse período de campanha.

Mas é preciso cautela para não exagerar nas conclusões. A televisão, afinal de contas, é apenas um meio, e não é capaz de eleger nenhum candidato por si só. O mais importante, no fim das contas, é o conteúdo da mensagem – e Nunes parece estar crescendo porque, como os prefeitos de muitas outras capitais do país, tem uma taxa de aprovação razoavelmente alta (acima de 40%, pelo menos). Se a taxa de aprovação de Nunes fosse mais baixa, o efeito da televisão poderia ser parecido ao da campanha de Geraldo Alckmin à Presidência em 2018: zero.

Da mesma forma, não se pode pensar que a televisão se resuma à propaganda gratuita. Em 2018, Bolsonaro cresceu nas pesquisas após a facada. Mesmo estando praticamente fora do horário eleitoral, ele dominou o noticiário de setembro. Nunes, portanto, não monopoliza a televisão. Nas próximas semanas, Marçal continuará a buscar oportunidades, em debates e entrevistas, para manter o foco da mídia e do eleitor em sua candidatura. Nunes continua a ter condições mais favoráveis para ir ao segundo turno, mas a disputa em São Paulo continua aberta.

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Opinião por Silvio Cascione

Mestre em ciência política pela UNB e diretor da consultoria Eurasia Group

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